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10/09/2020 1 NUTRIÇÃO NAS DOENÇAS RENAIS Profa. Laura Fantazzini Grandisoli 1 Material de estudo • CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. • SILVA, S. M. C. S. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Payá, 2016. • Ikizler TA, et al. KDOQI Nutrition in CKD Guideline Work Group. KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. Am J Kidney Dis. 2020;76(3)(suppl 1):S1-S107. 2 10/09/2020 2 Caso clínico • Paciente M.F., 48 anos, gênero masculino, solteiro, comerciante, natural de São Paulo. • Chegou à sua primeira consulta ambulatorial com queixa de náuseas, apetite reduzido, hálito urêmico, sonolência e cansaço, quadro que teve início há cerca de três meses e que se intensificou no último mês. Na data apresenta pressão arterial = 170/110 mmHg e ausência de edema. • AP: Sedentário e ex-tabagista, refere ser hipertenso há mais de dez anos, porém nunca procurou tratamento; o excesso de peso sempre foi notório em sua vida adulta, porém evoluiu com uma importante perda de peso nos últimos três meses (9 kg) • AF: Nega história familiar de diabetes; mãe é hipertensa e pai sofreu infarto agudo do miocárdio com 55 anos de idade • Medicamentos: Maleato de enalapril (anti-hipertensivo inibidor da enzima conversora de angiotensina) Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras). Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 3 Doença Renal Crônica - DRC • Síndrome clínica decorrente da perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. • Acúmulo de toxinas e outras substâncias no sangue: • Compostos nitrogenados como a uréia, a creatinina e o ácido úrico • Sódio, potássio, fósforo, ácidos, água Síndrome Urêmica 4 10/09/2020 3 Síndrome Urêmica CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 5 Síndrome Urêmica CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 6 10/09/2020 4 DRC – FATORES DE RISCO CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 7 DRC • Assintomática até os estágios mais avançados. • Estadiamento conforme a taxa de filtração glomerular Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras). Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009; CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 8 10/09/2020 5 DRC - Fase dialítica • https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=Rq1Zk- Z36WU&feature=emb_logo 9 Objetivos da Terapia Nutricional • Atenuar as manifestações clínicas da síndrome urêmica, especialmente os sintomas gastrintestinais. • Manter ou recuperar o estado nutricional. • Controlar as alterações metabólicas, de eletrólitos e o balanço hídrico. 10 10/09/2020 6 Avaliação Nutricional na DRC • Fornecer subsídios para a orientação nutricional adequada às necessidades clínicas. • Avaliar a resposta às intervenções dietéticas adotadas. Não há um perfil nutricional único dos pacientes com DRC Não existe um protocolo único ou um parâmetro isolado que possa avaliar adequadamente o EN. 11 12 10/09/2020 7 13 Avaliação Nutricional na DRC • Triagem nutricional • Em adultos com DRC 3-5D ou pós - transplante , é razoável considerar a triagem nutricional de rotina pelo menos semestralmente com o intuito de identificar aqueles que correm o risco de perda de energia protéica ( OPINIÃO ). • Avaliação Nutricional • Em adultos com DRC 3-5D ou pós - transplante , é razoável conduzir uma avaliação nutricional abrangente (incluindo, mas não se limitando a apetite, histórico de ingestão alimentar, peso corporal e índice de massa corporal, dados bioquímicos, medidas antropométricas e achados físicos focados na nutrição) pelo menos nos primeiros 90 dias do início da diálise, anualmente, ou quando indicado pela triagem nutricional ( OPINIÃO ). KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 14 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 8 Avaliação Antropométrica • Avaliação do peso, IMC e composição corporal • Usar o julgamento clínico para determinar o método de medição do peso corporal (ex. peso real medido; histórico de alterações de peso; medições de peso em série; ajustes para suspeita de impacto de edema, ascite) devido à ausência de normas de referência padrão ( OPINIÃO ). • Em adultos com DRC 1-5D ou pós-transplante que estão clinicamente estáveis, medir o peso corporal e o IMC na primeira consulta e monitorar as mudanças no peso corporal / IMC e na composição corporal conforme necessário ( OPINIÃO ) • Pelo menos mensalmente em pacientes em HD e DP • Pelo menos a cada 3 meses em pacientes com DRC 4-5 ou pós-transplante • Pelo menos a cada 6 meses em pacientes com DRC 1-3 KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 15 Avaliação antropométrica • Dobras cutâneas e circunferências • Em adultos com DRC 1-5D ( 1B ) ou pós-transplante ( OPINIÃO ), na ausência de edema, sugerimos o uso de medidas da espessura das dobras cutâneas para avaliar a gordura corporal. • Em adultos com DRC 5D , sugerimos que a circunferência da cintura pode ser usada para avaliar a obesidade abdominal, mas sua confiabilidade na avaliação das mudanças ao longo do tempo é baixa ( 2C ). O momento das avaliações da composição corporal é importante na DRC, porque as alterações no estado de hidratação interferem na interpretação precisa dos resultados (equilíbrio hidroeletrolítico alterado significativamente na DRC). 16 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 9 Ganho de peso interdialítico Peso seco (pós diálise) 17 Caso clínico • Paciente M.F., 48 anos, gênero masculino, solteiro, comerciante, natural de São Paulo. • Avaliação Nutricional • Peso atual = 69 kg Estatura = 172 cm • IMC = 23,3 kg/m2 (eutrofia) • Adequação do peso = 110% • Adequação da circunferência do braço = 96% • Adequação da circunferência muscular do braço = 88% • Adequação da dobra cutânea tricipital = 104% • Avaliação global subjetiva = desnutrição leve/moderada Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras). Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 18 10/09/2020 10 Caso clínico • Paciente M.F., 48 anos, gênero masculino, solteiro, comerciante, natural de São Paulo. • Avaliação Nutricional • Peso atual = 69 kg Estatura = 172 cm • IMC = 23,3 kg/m2 (eutrofia) • Adequação do peso = 110% (eutrofia) • Adequação da circunferência do braço = 96% (eutrofia) • Adequação da circunferência muscular do braço = 88% (desnutrição leve) • Adequação da dobra cutânea tricipital = 104% (eutrofia) • Avaliação global subjetiva = desnutrição leve/moderada Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras). Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 19 Avaliação bioquímica CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 20 10/09/2020 11 Avaliação do consumo alimentar • Independentemente do método empregado, o dia em que o paciente é submetido à sessão de HD deve ser contemplado entre os dias avaliados. • Náuseas, mal estar • Refeição versus lanche • Refeição extra • Alimentos “liberados” 21 Avaliação do consumo alimentar • Avaliar fatores além da ingestão alimentar (ex. uso de medicamentos, conhecimentos, crenças, atitudes, comportamento, acesso a alimentos, depressão, função cognitiva) para planejar intervenções nutricionais de forma eficaz ( OPINIÃO ). • Registro alimentar de 3 dias, realizado durante os dias de tratamento dialítico e não dialítico (quando aplicável), como método preferencial para avaliar a ingestão alimentar ( 2C ). • R24h e QFA podem ser métodos alternativos para avaliação da ingestão alimentar. KDOQI clinical practice guidelinefor nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 22 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 12 Caso clínico • Paciente M.F., 48 anos, gênero masculino, solteiro, comerciante, natural de São Paulo. • Dados dietéticos • Registro alimentar de três dias: 22 kcal/kg/dia e ingestão proteica de 0,74 g/kg/dia. • A ingestão proteica estimada pelo equivalente protéico do aparecimento de nitrogênio (PNA – protein nitrogen appearence) foi de 0,62 g/kg/dia. Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras). Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. Redução espontânea da ingestão alimentar devido sintomas urêmicos 23 Dietoterapia na DRC • Tratamento conservador (fase não dialítica) • Retardar o ritmo de progressão da doença renal • Prevenir complicações (acidose metabólica, hiperfosfatemia, hipercalemia) • Tratar as comorbidades • Controle da PA (<130/80mmHg) • Controle intensivo da glicemia no DM • Controle da DLP • Correção da anemia • Prevenção e tratamento da obesidade e da desnutrição 24 10/09/2020 13 Tratamento conservador: PROTEÍNAS • DRC 3-5 • 0,55-0,60 g de proteína /kg de peso corporal /dia ou • 0,28-0,43 g de proteína /kg de peso corporal /dia complementada com análogos de cetoácido /aminoácido adicionais para atender às necessidades de proteína (0,55-0,60 g/kg de peso corporal /dia). Pacientes metabolicamente estáveis 1 comp. a cada 5kg de peso corporal KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 25 Tratamento conservador • Ausência de doenças inflamatórias ou infecciosas ativas • Nenhuma hospitalização em 2 semanas • Ausência de diabetes mal controlada • Ausência de doenças hipercatabólicas, como câncer • Ausência de medicamentos antibióticos ou imunossupressores • Ausência de perda significativa de peso corporal em curto prazo Pacientes metabolicamente estáveis KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 26 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 14 Tratamento conservador - PROTEÍNAS CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 27 Tratamento conservador - PROTEÍNAS • DRC 3-5 + DM • 0,6-0,8 g de proteína / kg de peso corporal / dia, para manter o estado nutricional estável e otimizar o controle glicêmico. VALOR BIOLÓGICO DA PROTEÍNA?? KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 Não há evidências suficientes para recomendar um tipo específico de proteína (planta vs animal) em termos dos efeitos sobre o estado nutricional, níveis de cálcio ou fósforo ou perfil de lipídios no sangue 28 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 15 Tratamento conservador - PROTEÍNAS • ~ 250 g de proteína são catabolizados diariamente à escórias nitrogenadas, que prejudicam a função renal • A ingestão de proteína é responsável por uma grande fração da carga de trabalho renal à hiperfiltração renal, com efeitos deletérios para os rins. Restrição proteica Redução da uremia e toxinas urêmicas Melhora da hemodinâmica renal Melhora dos sintomas clínicos, melhora da qualidade de vida, retardo da progressão e do início do tratamento dialítico, redução na mortalidade. 29 Dietoterapia na DRC • Fase de terapia renal substitutiva – HD e DP (fase dialítica) • Maior risco de desnutrição proteico-energética (DEP) CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 30 10/09/2020 16 Dietoterapia na DRC • Fase de terapia renal substitutiva – HD e DP (fase dialítica) • Maior risco de desnutrição proteico-energética (DEP) CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 31 Tratamento dialítico - PROTEÍNAS • DRC 5D (HD ou DP) • 1,0-1,2 g proteínas/ kg de peso corporal /dia para manter um estado nutricional estável. • DRC 5D (HD ou DP) + DM • 1,0-1,2 g proteínas/ kg de peso corporal /dia para manter um estado nutricional estável. • Pacientes com risco de hiper e/ou hipoglicemia, considerar maior ingestão proteica para manter o controle glicêmico. Pacientes metabolicamente estáveis KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 32 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 17 Dietoterapia na DRC - ENERGIA • DRC 1-5D ou pós - transplante que são metabolicamente estáveis • 25-35 kcal / kg de peso corporal/dia com base em: • Idade • Sexo • Nível de atividade física Composição corporal • Metas de status de peso • Estágio de DRC e • Doença concomitante ou presença de inflamação. VISANDO MANTER BALANÇO NITROGENADO NEUTRO E ESTADO NUTRICIONAL NORMAL KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 33 Dietoterapia na DRC - ENERGIA • Pacientes em DP • Descontar a energia referente à glicose do dialisato que é absorvida pelo organismo (40 a 60%). 34 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 18 • Atual • Habitual • Ideal • Ajustado àJulgamento clínico frente às necessidades de saúde do paciente. àINDIVIDUALIZADO! PESO? KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 35 Dietoterapia na DRC • Normo a hipercalórica • Normoglicídica e normolipídica • Tratamento conservador: hipoproteica • Tratamento dialítico: hiperproteica CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 36 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 19 Dietoterapia na DRC CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. Avaliar comorbidades (ex. DM, DLP) e exames bioquímicos. 37 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • Em adultos com DRC 3-5D ou pós - transplante , é razoável que o nutricionista incentive a ingestão de uma dieta que atenda às DRIs (RDA ou AI) para ingestão adequada de todas as vitaminas e minerais ( OPINIÃO ). • Em adultos com DRC 3-5D ou pós - transplante, é razoável que o nutricionista, em estreita colaboração com um médico ou assistente médico, avalie a ingestão de vitaminas na dieta periodicamente e considere a suplementação multivitamínica para indivíduos com ingestão inadequada de vitaminas ( OPINIÃO ). KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 38 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 20 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • Em adultos com DRC 3-5D ou pós - transplante , é razoável que o nutricionista incentive a ingestão de uma dieta que atenda às DRIs (RDA ou AI) para ingestão adequada de todas as vitaminas e minerais ( OPINIÃO ). • Em adultos com DRC 3-5D ou pós - transplante, é razoável que o nutricionista, em estreita colaboração com um médico ou assistente médico, avalie a ingestão de vitaminas na dieta periodicamente e considere a suplementação multivitamínica para indivíduos com ingestão inadequada de vitaminas ( OPINIÃO ). KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 39 Dietoterapia na DRC MICRONUTRIENTES • POTÁSSIO • Hiperpotassemia ou hipercalemia: arritmias cardíacas. • Controle dietético mais rigoroso em pacientes em hemodiálise, especialmente os anúricos (que não urinam). • Pacientes em DP: raramente apresentam hipercalemia. 40 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 21 Dietoterapia na DRC MICRONUTRIENTES Potássio nos alimentos: FrutasHortaliças Leguminosas Oleaginosas Cocção em água reduz ~ 60% do potássio. 41 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • POTÁSSIO CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 42 10/09/2020 22 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • POTÁSSIO • Recomendação anterior: < 70mEq/dia de K (~ 3g) na DRC • Recomendação atual: • Ajustar a ingestão de K para manter o potássio sérico na faixa de normalidade. • Na hipo e hipercalemia, ingestão de K baseada nas necessidades individuais e no julgamento médico. KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 43 Dietoterapia na DRC MICRONUTRIENTES • Hipercalemia - orientação inicial: • FRUTAS: 3 porções/dia com pequena e média quantidade de potássio ou 1 a 2 porções/dia com elevada quantidade de potássio. • HORTALIÇAS: 2 porções/dia com pequena e média quantidade de potássio ou 1 a 2 porções/dia com elevada quantidade de potássio. • EVITAR: caldo de feijão, de soja, de grão-de-bico e de lentilha; amendoim, nozes, castanhas, avelã, amêndoas, pinhão; tomate seco, molho, extrato e massa de tomate; chocolate e achocolatados; água de coco; chimarrão; frutas secas (ameixa, uva passa, damasco, etc.), caldas das compotas de frutas; vinhos; suco de fruta concentrado; refrigerantes à base de laranja. Adaptar ao potássio sérico e hábito alimentar do paciente. 44 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 23 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • FÓSFORO • Hiperfosfatemia: hiperparatireoidismo secundário, doenças ósseas e calcificação vascular. • Diálise é pouco eficiente na remoção de fósforo. • Pacientes em diálise têm elevada ingestão de fósforo (dieta hiperproteica). 45 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • FÓSFORO • Recomendação anterior: 800 – 1000mg • Recomendação atual: • Ajustar a ingestão de P dietético para manter o fósforo sérico na faixa de normalidade. • Ao tomar decisões sobre a restrição, considerar a biodisponibilidade de fósforo. KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 46 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 24 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 47 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • Escolher alimentos naturais com baixo teor de fósforo biodisponível. Alimentos de origem animal e vegetal contêm a forma orgânica de fosfato. • Fósforo de origem animal: 40% a 60% absorvido. • Fósforo de origem vegetal: 20% a 50% absorvido. • Alimentos naturais com apenas fósforo orgânico são mais densos em nutrientes e têm maior valor nutricional em comparação com alimentos processados contendo aditivos de fosfato, que também podem conter aditivos de sódio e potássio. • Aditivos de fósforo: preservar a umidade ou a cor, emulsionar os ingredientes e realçar o sabor e estabilizar os alimentos. • Contêm fósforo inorgânico: 100% absorvido. • Produtos de panificação, carnes e queijos processados. • Preparar os alimentos em casa, usando caloe úmido, como fervura (e descarte a água). Esses métodos são capazes de remover cerca de 50% do conteúdo de fósforo dos alimentos, mas resultam em perda de textura e menor palatabilidade. KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 48 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 25 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • Quelantes de fósforo • Se ligam ao fósforo do alimento no intestino, reduzindo sua absorção. • Sais de cálcio: carbonato de cálcio (40% de cálcio) e acetato de cálcio (25% de cálcio). • Cautela na utilização para pacientes com hipercalcemia e/ou com risco ou presença de calcificação de tecidos moles. • Cloridrato de sevelamer. 49 Dietoterapia na DRC MICRONUTRIENTES • SÓDIO E LÍQUIDOS • Redução de sódio auxilia no controle da HAS e potencializa a resposta aos anti-hipertensivos. • Pacientes em HD: restrição de sódio indicada também para o controle da ingestão de líquidos e para minimizar o ganho de peso interdialítico. 50 10/09/2020 26 Dietoterapia na DRC - MICRONUTRIENTES • SÓDIO • < 2300mg (equivalente a 5-6g de sal) à dieta hipossódica. • Sal light (cloreto de sódio e cloreto de potássio) não deve ser utilizado. • LÍQUIDOS • HD: 500 a 1000mL + volume de urina residual de 24 horas. KDOQI clinical practice guideline for nutrition in CKD: 2020 update. AJKD, volume 76, issue 3, supplement 1, s1-s107, september 01, 2020 51 Dieta Hipossódica • Alimentos preparados sem adição de sal. • Acrescenta-se 1g de sal no almoço e no jantar. • Evitar alimentos enlatados (molho de tomate, milho, ervilha). • No preparo dos alimentos utilizar temperos naturais como salsinha, cebolinha, alho etc. • Preferir alimentos naturais (frescos). 52 https://www.ajkd.org/issue/S0272-6386(20)X0010-2 10/09/2020 27 Dieta Hipoproteica • Quantidade controlada de alimentos ricos em proteínas: carnes, leite, leguminosas • Priorizar proteínas de alto valor biológico • Padrão 20g, 30g, 40g, 50g • Determinar o tamanho da porção de cada alimento e quantas porções são permitidas por dia. • Alimentos cuidadosamente controlados (pesagem das preparações). 53 Dieta Hipoproteica SND HU/USP 54 10/09/2020 28 Dieta Hipocalêmica • Método de cocção para diminuir a quantidade de potássio dos alimentos. • Verduras, legumes e frutas cozidas, algumas frutas cruas. • Sem feijão e caldo de feijão 55 Caso clínico • Paciente M.F., 48 anos, gênero masculino, solteiro, comerciante, natural de São Paulo. • Chegou à sua primeira consulta ambulatorial com queixa de náuseas, apetite reduzido, hálito urêmico, sonolência e cansaço, quadro que teve início há cerca de três meses e que se intensificou no último mês. Na data apresenta pressão arterial = 170/110 mmHg e ausência de edema. • AP: Sedentário e ex-tabagista, refere ser hipertenso há mais de dez anos, porém nunca procurou tratamento; o excesso de peso sempre foi notório em sua vida adulta, porém evoluiu com uma importante perda de peso nos últimos três meses (9 kg) • AF: Nega história familiar de diabetes; mãe é hipertensa e pai sofreu infarto agudo do miocárdio com 55 anos de idade • Medicamentos: Maleato de enalapril (anti-hipertensivo inibidor da enzima conversora de angiotensina) Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras). Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 56 10/09/2020 29 Caso clínico • Paciente M.F., 48 anos, gênero masculino, solteiro, comerciante, natural de São Paulo. • Avaliação Nutricional • Peso atual = 69 kg Estatura = 172 cm • IMC = 23,3 kg/m2 (eutrofia) • Adequação do peso = 110% (eutrofia) • Adequação da circunferência do braço = 96% (eutrofia) • Adequação da circunferência muscular do braço = 88% (desnutrição leve) • Adequação da dobra cutânea tricipital = 104% (eutrofia) • Avaliação global subjetiva = desnutrição leve/moderada Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras). Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 57 Caso clínico • Paciente M.F., 48 anos, gênero masculino, solteiro, comerciante, natural de São Paulo. • Exames laboratoriais • Creatinina sérica = 4,7 mg/dL (nl: 0,8 a 1,2 mg/dL) • Clearance de creatinina = 14 mL/min/1,73m2 (nl: 80 a 120 mL/min/ 1,73m2) • Uréia sérica = 131 mg/dl (nl: 10 a 45 mg/dL) • Volume urinário = 1.343 mL/dia • Uréia urinária = 740 mg/dL • Bicarbonato sérico = 17 mmol/L (nl: 23 a 27 mmol/L) • Potássio sérico = 5,7 mEq/L (nl: 2,5 a 5,0 mEq/L) • Fósforo sérico = 6,1 mg/dL (nl: 2,5 a 4,5 mg/dL) • Cálcio iônico = 1,39 mmol/L (nl: 1,12 a 1,42 mmol/L) • Paratormônio = 538 pg/mL (nl: 10 a 65 pg/mL) • Albumina = 4,0 g/dL (nl: 2,5 a 4,0 g/dL) Aquino, R.C. de; Philippi, S.T. (organizadoras).Nutrição clínica: estudos de casos comentados. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 58 10/09/2020 30 Caso clínico • Prescrição dietoterápica? • Energia • Proteínas e demais macronutrientes (%VCT) • Micronutrientes CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 59 Caso clínico • Prescrição dietoterápica? • Energia – 25 a 35kcal/kg à TOTAL? • Proteínas e demais macronutrientes • 0,6g/kg proteínas àTOTAL? % VCT • Lipídios e CHO à%VCT • Micronutrientes • Potássio? • Fósforo? • Sódio? 60 10/09/2020 31 Caso clínico • Prescrição dietoterápica? • Energia – 30 kcal x 69kg = 2070kcal • Proteínas e demais macronutrientes • 0,6g/kg proteínas x 69 = 41,4g à 41,4 x 4kcal/g = 165,6kcal à 8% VCT • CHO à 60%VCT = 1242kcal / 4kcal/kg = 310g • Lip à 32% VCT = 662,4 kcal / 9kcal/kg = 74g (saturados < 10%) • Micronutrientes • Potássio – dieta pobre em potássio ou hipocalêmica: priorizar frutas e hortaliças com pequena/média quantidade de potássio, evitar leguminosas e seus caldos, oleaginosas, chocolate, molho de tomate, frutas secas. • Fósforo – dieta hipoproteica é pobre em P. • Sódio – dieta hipossódica. 61 Dieta hipoproteica 2120kcal 40g proteínas PTN 7,7% CHO 57,4% LIP 34,9% REFEIÇÃO ALIMENTO QUANTIDADE CA FÉ D A M AN HÃ Leite 1 copo 180ml Café A gosto Margarina ou geléia 1 colher sobremesa Pão de forma 1 fatia Melancia 1 fatia AL M OÇ O E JA NT AR Alface 5 folhas Arroz 4 colheres sopa Caldo de feijão 1 colher sopa Carne moída 1 colher de sopa Cenoura refogada 3 colheres de sopa Azeite 3 colheres chá Farinha de mandioca 1 colher de sopa Goiabada 1 fatia (90g) LA NC HE T AR DE Leite 1 copo 180ml Morango 8 unidades Bolacha maisena 6 unidades Geléia 1 colher sobremesa CE IA Chá 1 xícara Pão de forma 1 fatia Geléia 1 colher sobremesa HU/USP 62 10/09/2020 32 NUTRIÇÃO NAS DOENÇAS RENAIS Profa. Laura Fantazzini Grandisoli 63 Material de estudo • CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. • SILVA, S. M. C. S. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Payá, 2016. • RIELLA, M.C.; MARTINS, C. Nutrição e o rim. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2001. 64 10/09/2020 33 Insuficiência Renal Aguda IRA • A Insuficiência Renal Aguda (IRA) ou Lesão Renal Aguda (LRA) é caracterizada por uma redução abrupta da função renal (TFG) que resulta em acúmulo de substâncias nitrogenadas no sangue e desequilíbrio hidroeletrolítico (retenção hídrica, acidose, hipercalemia). 65 IRA • https://www.youtube.com/watch?v=DayJ6z7YVVw 66 10/09/2020 34 IRA • Incidência no ambiente hospitalar • 5% pacientes internados • 20% pacientes UTI • Alterações hemodinâmicas • Alterações inflamatórias • Citocinas e mediadores inflamatórios que desencadeiam lesões oxidativas, lesões endoteliais e catabolismo. 67 IRA IRA PRÉ-RENALMais comum. Redução do fluxo plasmático renal e do ritmo de filtração glomerular. Principais causas: hipotensão arterial, hipovolemia (hemorragias, diarréias, queimaduras, sepse). IRA RENAL A principal causa é a necrose tubular aguda (NTA isquêmica e/ou tóxica). Outras causas: nefrites tubulo-intersticiais (drogas, infecções), pielonefrites, glomerulonefrites e necrose cortical. Evolução mais benigna. IRA PÓS-RENAL (OBSTRUTIVA) – Secundárias a obstrução intra ou extra- renal por cálculos, traumas, coágulos, tumores e fibrose retroperitoneal. Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2007 68 10/09/2020 35 IRA • Objetivos da dietoterapia: • Manter ou recuperar o estado nutricional (catabolismo intenso). • Contribuir para a redução da taxa de mortalidade 69 IRA • Causas de desnutrição • Catabolismo intenso • Doença de base • Injúria Renal • Catabolismo associado ao procedimento dialítico • Perdas de aminoácidos, proteínas e outros nutrientes na Terapia Renal Substitutiva (diálise) • Diálise contínua: perda de até 25g de N/dia • Hemodiálise / Diálise peritoneal: perda de 6 a 10g de AA/proteínas 70 10/09/2020 36 IRA – Avaliação Nutricional • Não há um único método eficaz para o identificação precisa do EN • Inflamação • Alteração do estado de hidratação • Utilizar o maior número de marcadores do EN possíveis, em especial • Marcadores bioquímicos (albumina, pré-albumina – cautela) • Perda de peso corporal • Perda de massa muscular • Baixa ingestão proteico-calórica 71 Tratamento dietético na IRA • Considerar estado nutricional, doença subjacente e grau de catabolismo. Eutrófico Subnutrido Necessidade de TNE/TNP Necessidade de Terapia de Substituição Renal (TSR) Catabolismo intenso Sepse (UTI) Rápido retorno à dieta normal (até 1 semana) IRA pré-renal de rápida resolução 72 10/09/2020 37 Tratamento dietético na IRA • Cálculo do catabolismo proteico pelo aparecimento de nitrogênio ureico (ANU): *pacientes em diálise: acrescentar perda de nitrogênio ureico no dialisato. CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 73 Tratamento dietético na IRA CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. • Determinação do balanço nitrogenado: Balanço nitrogenado = nitrogênio dietético ingerido – ANU Nitrogênio dietético ingerido = proteína ingerida (g)/6,25 74 10/09/2020 38 Tratamento dietético na IRA • Catabolismo leve (BN 0 a -4,9) • IRA causada por nefrotoxinas (ex. contrastes radiológicos). • Boa recuperação da função renal. • Normalmente alimentando-se por VO. • Dieta normocalórica, hipo a normoproteica (0,6 a 1,0g/kg) • Catabolismo moderado (BN – 5 a – 10) • Infecção, peritonite, grau de agressão moderado (ex. PO grandes cirurgias). • TSR geralmente necessária para prevenir acúmulo de escórias nitrogenadas. • TNE/TNP geralmente necessária. • Oferta calórica conforme quadro clínico e doença de base, hiperproteica (conforme perdas nitrogenadas). • Catabolismo grave (BN acima de -10) • Trauma grave, sepse, queimaduras extensas. • TSR, muitas vezes com procedimentos contínuos. • Suporte hemodinâmico e ventilatório. • TNE/TNP. • Suporte nutricional elevado para minimizar o catabolismo e depleção proteica. • Oferta calórica conforme quadro clínico e doença de base, hiperproteica (conforme perdas nitrogenadas). A melhora do balanço nitrogenado impacta positivamente na sobrevida 75 L I T Í A S E R E N A L 76 10/09/2020 39 Litíase renal – Fatores de risco Urinários Não – dietéticos Dietéticos Baixo volume urinário Hipercalciúria Hiperoxalúria Hipocitratúria Hiperuriosúria Cistinúria História Familiar Doenças Sistemicas: • Hipertensão Arterial • Diabetes Mellitus • Obesidade • Gota • DII • Insuficiência pancreática • Hiperparatireoidismo Baixa ingestão de líquidos Baixo consumo de cálcio Consumo de oxalato ? Elevado consumo de sal Elevado consumo de proteína Elevado consumo de Vitamina C Equilíbrio dos fatores dietéticos promotores e inibidores da formação de cálculos. 77 Litíase renal CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 2. ed. Barueri: Manole, 2005. Mais comum – 85% 78 10/09/2020 40 Litíase renal • Cálcio • Cristais de oxalato de cálcio à reduzir o consumo de cálcio?? • Baixa ingestão de cálcio: hiperoxalúria, além de perda óssea. • Recomendação: 800 a 1000mg/d. 79 Dieta baixa em cálcio x Dieta normal em cálcio, baixa em proteínas e sal 80 10/09/2020 41 Litíase renal • Oxalato • Cristais de oxalato de cálcio à reduzir oxalato?? • Oxalato da dieta contribui com 10 a 20% do oxalato urinário. • Relação Ca/Ox na urina: 5:1 (pequenas variações na quantidade de oxalato influenciam mais de grandes variações na quantidade de Ca na urina). • Não há estudos que comprovem que a redução de oxalato da dieta diminua a formação de cálculos. • Entretanto, estudos apontam que oxalúria pode aumentar de 20 a 213% após sobrecarga de oxalato. • Ingestão de cálcio tem efeito importante na oxalúria. 81 Litíase renal CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 2 e 3. ed. Barueri: Manole, 2005 e 2014.Consumo médio: 150mg Alimento mg oxalato/100g Espinafre cozido 750 Beterraba cozida 675 Cacau em pó 623 Germe de trigo 299 Chocolate amargo 190 Chocolate ao leite 120 Amêndoa 452 Amendoim 100 Nozes 87 Tomate cru 39 Cenoura crua 22 Oleaginosas: maior biodisponibilidade 82 10/09/2020 42 Litíase renal • Sódio • Aumenta o cálcio urinário (transportador comum no túbulo proximal). • Sal: < 9g/dia (3600mg Na) • Evitar alimentos industrializados com sal (temperos prontos, enlatados, embutidos, conservas, carnes salgadas, sopas desidratadas, etc.) 83 Litíase renal • Potássio • Alimentos ricos em potássio normalmente são ricos em precursores de bicarbonatos, causando alcalinização sistêmica, reduzindo a reabsorção renal de citrato (fator protetor) e aumentando a sua excreção. • Dieta rica em frutas e hortaliças aumenta o citrato urinário em indivíduos hipocitratúricos. CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. 84 10/09/2020 43 Litíase renal • Vitamina C • Pode ser metabolizada a oxalato à hiperoxalúria. • Estudos sobre o consumo de suplementos de vitamina C: • Não aumentou o risco de cálculos em indivíduos sadios; • Aumentou a oxalúria em indivíduos litiásicos (1 a 2g/dia vitamina C) • Evitar suplementação de vitamina C superior a 500mg. • Atingir as recomendações de consumo de vitamina C com alimentos in natura, especialmente frutas (ricas em citrato). 85 Litíase renal • Proteína (animal): tem efeito sobre quase todos os fatores de risco dietéticos. • 0,8 a 1,0g/kg/dia, 50% PAVB. • Não restringir leite e derivados (cálcio). Hiperuricosúria (purinas) Hiperoxalúria (aumento da síntese) Hipocitratúria (maior reabsorção tubular) Hipercalciúria (aumento da TFG e menor reabsorção tubular, sobrecarga ácida) 86 10/09/2020 44 Litíase renal • Purinas • Metabolizadas a ácido úrico. • Cálculos de ácido úrico podem estar mais relacionados à redução do pH do que ao aumento da excreção urinária de ácido úrico. • Síndrome metabólica: Resistência insulínica à < produção e excreção de amônia à menor pH urinário à maior risco cálculos ácido úrico • Alimentos ricos em purinas: vitela, bacon, cabrito, carneiro, fígado, língua, rim, miolo, anchova, sardinha, arenque, bacalhau, truta, ovas, marisco, galeto, peru, porco, coelho, pato e ganso. 87 Litíase renal • Líquidos • Efeito diluidor da urina. • Uma das medidas mais importantes para a prevenção. • Ingestão suficiente para gerar ~2 litros de urina/dia (30mL/kg/dia). Ricos em citrato Efeito alcalinizante da urina Citrato – complexo solúvel com cálcio, inibindo a cristalização Chás de ervas Chá preto e mate: ricos em oxalato Aumenta a excreção de oxalato e reduz de citrato 88 10/09/2020 45 Litíase renal • Recomendações dietéticas • Dieta individualizada de acordo com o distúrbio metabólico (quando possível). • Evitar o excesso de peso. • Ingestão de cálcio entre 800 e 1.000 mg/dia (em balanço com a ingestão de oxalato) . • Ingestão proteica entre 0,8 e 1 g/kg/dia. • Evitar a ingestão excessiva de sal. • Elevado consumo de citrato por meio de sucos de frutas cítricas e não cítricas (melão, cramberry, groselha). • Elevado consumo de potássio por meio de frutas, verduras e legumes. • Não fazer uso de suplementos de vitamina C. • Ingestão de líquidos para manter diurese em torno de 30 mL/kg/dia. 89 S Í N D R O M E N E F R Ó T I C A 90 10/09/2020 46 Síndrome nefrótica • Conjunto de doenças, de evolução crônica, que se identificam pela perda da capacidade dos rins em reter proteínas filtradas na urina (perda da barreira glomerular à proteína). Pode evoluir para DRC. • Perda urinária de proteínas à hipoalbuminemia • Aumento da reabsorção de sódio à edema • Manifestações sistêmicas: hiperlipidemia, distúrbios de coagulação, distúrbios do metabolismo da vitamina D, cálcio e outros minerais, anemia. Principais causas (> 95% casos) • Diabetes mellitus • Lupus eritematoso sistêmico (LES) • Amiloidose 91 Síndrome nefrótica • https://www.youtube.com/watch?v=jUtt2KOnAKo 92 10/09/2020 47 Síndrome nefrótica • Caso clínico (retirado do 4º Congresso Brasileiro de Pediatria – SBP) • 1 ano e 9 meses • Peso da internação: 12.600g • Edema na face, nos pés e nas pernas há três semanas • Exames: • Albumina na urina: positivo +++ • Proteína urinária: 6,36 g/L • Albumina sérica: 1,8 g/dL • Colesterol total: 621 mg/dL • Triglicerídeos: 434 mg/dL 93 S Í N D R O M E N E F R Ó T I C A A V A L I A Ç Ã O N U T R I C I O N A L ? 94 10/09/2020 48 Síndrome nefrótica • Objetivos da dietoterapia: • Manter ou recuperar o estado nutricional • Compensar a desnutrição proteica • Prevenir o catabolismo proteico • Diminuir o ritmo de progressão da nefropatia (controle da PA e lipídios séricos) • Melhorar a anorexia • Controlar a hipertensão e a ingestão de sódio 95 Síndrome nefrótica • Proteínas • Dieta normoproteica • Adultos: 0,8 a 1,0g/kg • Crianças: 1,0 a 2,0 g/kg (conforme faixa etária) + 1g/dia para cada grama de perda na urina 96 10/09/2020 49 Síndrome nefrótica • Lipídios • Hiperlipidemia: produção hepática elevada e catabolismo anormal das lipoproteínas. • ↑ VLDL, LDL, CT, TG. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, 2017 97 Síndrome nefrótica • Sódio • Controle do edema • Dieta hipossódica ou acloretada (sem adição de sal) • Potássio • Hiper ou hipocalemia podem ocorrer, dependendo dos diuréticos utilizado e tempo de uso. • Dieta rica ou pobre em potássio, conforme concentações séricas de K. 98 10/09/2020 50 Síndrome nefrótica • Cálcio e vitamina D • Aumento da perda urinária de cálcio. • Alterações no metabolismo da vitamina D (incluindo perda urinária). • Suplementação é indicada, principalmente em crianças. Risco de perda óssea 99
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