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Recreação e Lazer Posicionamentos teóricos sobre o lazer Prof. Dr. Anísio Calciolari Jr. • Unidade de Ensino: 2 • Competência da Unidade: Conhecer o lazer e suas principais características. • Resumo: O Lazer é um fenômeno estudado por diversos autores e perspectivas teóricas que se inserem na área de formação e atuação da educação física. • Palavras-chave: Lazer e consumo, principais autores, sociologia, materialismo. • Título da Teleaula: Posicionamentos teóricos sobre o lazer • Teleaula nº: 2 Contextualização da Teleaula 1 - Como o LAZER se insere na Educação Física??? 2 - Quais dimensões teóricas/conceituais do Lazer? 3 - Como o mundo ACADÊMICO E PROFISSIONAL se apropriou do LAZER? Estudos sobre o Lazer O lazer, desde os pequenos, aos grandes centros urbanos, passa por muitas transformações. Estudos sobre o Lazer Lazer e sua dinamicidade Lazer Sentir Viver 1 2 3 4 5 6 Lazer e sua dinamicidade https://pixabay.com/photos/wooden-spinning- top-top-mexican-3868460/ https://www.pexels.com/pt- br/foto/vassoura-cadeira- catedra-presidente-4867976/ https://www.pexels.com/pt- br/foto/curticao-prazer-jogos- brincadeiras-5213138/ https://www.pexels.com/pt- br/foto/foto-da-exibicao-de-fogos-de- artificio-durante-a-noite-3428285/ Lazer e sociedade do consumo Viagens, turismo, ir a shows, espetáculos e principalmente ao shopping center, são exemplos de práticas de lazer em que o mercado, o consumo é o grande mediador; No século XX e XXI o lazer não pode ser visto apenas em suas relações com o trabalho, mas também em um forte processo de mercantilização do tempo livre; O lazer, o tempo de trabalho e o tempo livre se manifestam, agora, em um confronto com novos tempos e práticas sociais. Lazer e sociedade do consumo Sociedade de Consumo pode ser compreendida como sendo fruto da sociedade capitalista e do mundo desenvolvido, que criou, de forma padronizada e normatizada, produtos e padrões de consumo que são massificados. https://www.pexels.com/pt- br/foto/shopping-center-centro-de- compras-arquitetura-escadas- rolantes-12212347/ Lazer e sociedade do consumo Sua origem decorre justamente de todo avanço tecnológico e industrial; Mas, em outra ponta, da capacidade de criação de necessidades, de desejos, de vontades; https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-caminham-na-time- square-1634278/ Mídias e propagandas agem criando novos hábitos, padrões de comportamentos, linguagens diretas para cada público. Lazer e sociedade do consumo O trabalho exercido com o lazer pode ser voltado para a construção coletiva da satisfação, do prazer, sabendo que na prática do lazer e, principalmente, na atuação desse profissional, há espaço para a ação político-pedagógica que busque promover mudanças nos planos da cultura, promovendo seu aspecto educativo preocupada com a educação dos sujeitos (ISAYAMA, 2003). Lazer e a sociedade do espetáculo Nessa condição hegemônica da ideologia do consumo, prevalece a ilusão da liberdade ou da consciência plena de escolha; “TER” X “SER” X “PARECER” 7 8 9 10 11 12 Lazer e a sociedade do espetáculo Guy Debord, em sua obra A sociedade do espetáculo, de 1967: 1. incessante renovação tecnológica; 2. a fusão econômico-estatal; 3. o segredo generalizado; 4. a mentira sem contestação e; 5. o presente perpétuo. “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens” (DEBORD,1997, p. 14). Lazer e a sociedade do espetáculo Mauro Betti (1988): os meios de informação exercem forte influência, de forma decisiva e constante, na vivencia da cultura corporal de movimento, informando e ditando formas, construindo novos significados e modalidades de entretenimento e consumo. - crianças e adolescentes consomem a mídia com maior assiduidade, principalmente nas etapas mais sensíveis da formação do sujeito. https://www.pexels.com/pt-br/foto/icone-de- aplicativo-do-facebook-147413/ https://pixabay.com/photos/children-tv-child- television-home-403582/ Lazer, Consumo e Espetáculo Espaço Privado Espaço Público Principais autores Parte I “Os animais brincam, tal como os homens” Nasceu na Holanda e viveu na Europa entre os anos de 1872 e 1945 Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura - obra foi publicada em 1939, em Amsterdã, na Holanda; - no Brasil, ela foi publicada e divulgada a partir de 1980. Tese central: estudo do jogo como elemento da cultura. Johan Huizinga O jogo é considerado uma realidade originária, primitiva que está fortemente marcada no ser humano; O jogo seria a condição para o nascimento da cultura, e estaria materializado de diversas formas, como nos rituais, na poesia, nas formas de competição, na linguagem, no discurso, na guerra, no trabalho, no lazer.. O jogo é o lugar da manifestação do lúdico e, assim, relacionado ao prazer, a alegria, ao divertimento. Johan Huizinga 13 14 15 16 17 18 O lúdico, não pode ser confundido com o lazer, mesmo a partir do jogo, da brincadeira, mesmo estando presente no lazer, eles são dimensões; O lúdico seria indissociável da condição humana e elemento criador da cultura, portanto, sendo mais abrangente que o lazer; O lúdico e o lazer possuem aspectos que podem ser compreendidos como fenômenos construtivos da vida em sociedade Johan Huizinga O sociólogo francês Jofree Dumazedier se dedicou aos estudos do lazer; Sua primeira obra: Lazer e cultura popular (1973); Sua definição de lazer foi a mais influente e presente na produção acadêmica brasileira a partir dos anos de 1970; Defensor do lazer como fruto da sociedade moderna; Tomando como referência a sociedade, estabelece critérios, formas e significados para elaborar sua proposta teórica-conceitual sobre o lazer Jofree Dumazedier Lazer e cultura popular (1973); Estabelece três funções para o lazer: - descanso: reparador das deteriorações físicas, do trabalho; - divertimento: recreação e entretenimento: fator e equilíbrio, um meio de suportar as disciplinas e as coerções necessárias à vida cotidiana; - desenvolvimento: desenvolvimento da personalidade, da participação social, uma cultura desinteressada. AS FUNÇÕES SÃO SOLIDÁRIAS E UNIDAS Jofree Dumazedier Lazer e cultura popular (1973); Atividades opostas ao lazer: 1. O trabalho profissional. 2. O trabalho suplementar ou trabalho de complementação; 3. Os trabalhos domésticos; 4. Atividades de manutenção; 5. As atividades rituais, cerimonial, familiar, social; 6. Atividades ligadas aos estudos interessados. Jofree Dumazedier Sociologia empírica do lazer (1979) Quatro caráteres: 1. Libertatório: livre escolha (ou um certo grau); 2. Desinteressado: sem fim lucrativo, utilitário, domestico, ideológico/religioso. 3. Hedonístico: busca de um estado de satisfação, prazer, alegria; 4. Pessoal: liberação das fadigas físicas, do tédio do cotidiano e surgindo uma capacidade criadora. Jofree Dumazedier Lazer e cultura popular (1973); [...] um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 1973, p. 34) Jofree Dumazedier 19 20 21 22 23 24 Principais autores Parte II Em seu livro As dimensões do Lazer no Brasil” (1969), o lazer seria uma ocupação não obrigatória, de livre escolha e que possui valores que possibilitam a recuperação psicossomática e também o desenvolvimento pessoal e social. Renato Requixa Em seu livro As dimensões do Lazer no Brasil” (1969), o lazer seria uma ocupação não obrigatória, de livre escolha e que possui valores que possibilitam a recuperação psicossomática e também o desenvolvimento pessoal e social. Renato Requixa Relacionou o Lazer com o processo de desenvolvimento e urbanização,e, nesse contexto, o papel do Estado como promotor de políticas públicas para o lazer. Estabeleceu algumas críticas ao pensamento de Dumazedier: - principalmente a visão funcionalista do lazer; - caracterizado como conservador, a serviços dos valores e poderes hegemônicos, que busca a manutenção da ordem. Nelson Carvalho Marcellino Não utiliza a dimensão “tempo livre”, mas sim tempo disponível; Para esse autor, não existe tempo que seja totalmente livre das pressões e coações e normas de condutas da vida em sociedade; E, também, ao colocar o lazer como cultura, supera a visão de simples atividades, ocupações, dando a ele um papel central e potencialmente transformador da vida em sociedade. Nelson Carvalho Marcellino 1) é a “cultura vivenciada no ‘tempo disponível’ das obrigações profissionais, escolares, familiares e sociais, combinando os aspectos tempo e atitude”; 2) é um fenômeno gerado historicamente e do qual emergem valores questionadores da sociedade e que sobre ele são exercidas influências da estrutura social vigente, Nelson Carvalho Marcellino 25 26 27 28 29 30 3) é um tempo privilegiado para a vivência de valores que contribuam para mudanças de ordem moral e cultural e; 4) o lazer tem duplo aspecto educativo, sendo veículo e objeto de educação. (MARCELLINO; 1987) Nelson Carvalho Marcellino possibilidade de analisar o tempo livre e o lazer como conceitos diferentes entre si: EXPECTRO DE TEMPO LIVRE principalmente, não assumindo o trabalho como ponto de partida dessas discussões, não mais como algo complementar ao trabalho; Processo Civilizador: controle como elemento central; Norbert Elias apenas às crianças são permitidas demonstrações de forte excitação (raiva, alegria, choro, medo); passam por instituições civilizatórias (família, escola, igreja, empresa, exército, clube social) que as educam, formando assim, adultos com comportamento racional, contido, um comportamento civilizado. Norbert Elias As atividades de lazer podem produzir um descontrole controlado de emoções, de modo agradável, e também podem possibilitar a vivência, em público, de fortes emoções, a partir de atividades de lazer que provoquem o aumento das tensões, da satisfação, de sentimentos fortes, agradáveis, quase sempre ausentes no cotidiano. Norbert Elias https://www.pexels.com/pt-br/foto/vitoria-victory-celebracao- comemoracao-8911267/ CATARSE Elias utiliza o termo “mimético”: relação entre os sentimentos experimentados no lazer e as situações da vida real; significa que no lazer (como nos jogos, nos esportes, nas artes, etc.) há a presença de emoções intensas que se manifestam de forma livre de restrições, de controle, e que manifesta tensões prazerosas, sem correr o risco de viver um emocional violento na vida social . Norbert Elias Perspectivas teóricas do lazer 31 32 33 34 35 36 Karl Marx: não produziu uma obra pensando a dimensão teórica do lazer; Lazer e trabalho são fenômenos da vida moderna que estão dialeticamente relacionados; Para Marx, o trabalho constitui a essência da vida humana, sendo o aspecto distintivo da nossa relação com a natureza; Ao se relacionar e transformar a natureza para produzir suas condições de existência, o homem produz a si mesmo A perspectiva materialista dialética Karl Marx: Marx estabelece uma forte crítica ao modo de produção capitalista; Como afirma Vieitez (2002, p. 126), “embora não sistematizada, a crítica do trabalho coloca concomitantemente em evidência que o lazer é uma atividade fundamental para o desenvolvimento das pessoas e da sociedade”. A perspectiva materialista dialética Karl Marx: Capitalismo: é um sistema em que a força de trabalho se torna mercadoria, passível de ser colocada no mercado para ser vendida e comprada como qualquer outro objeto de troca; O resultado de seu trabalho é o produto, artigo ou valor de uso, a própria mercadoria; O Tempo do não trabalho passa a ter valor: recuperção A perspectiva materialista dialética Karl Marx: tanto a organização social do trabalho como as formas concretas que ele assume ao longo do desenvolvimento das sociedades irão determinar a maneira como o lazer será vivido; A perspectiva materialista dialética Fernando Mascarenhas: Em sua tese de doutorado Entre o ócio e o negócio: teses acerca da anatomia do lazer (2005): - volta-se para a compreensão do lazer a partir de suas relações com o sistema econômico capitalista; - a lógica do lazer enquanto consumo e mercadoria torna-se a regra quase geral na sociedade atual; A perspectiva materialista dialética Fernando Mascarenhas: Mas, também para Marx, o lazer constitui o espaço para o desenvolvimento humano. Portanto, ele porta um forte potencial transformador da vida social. Assim, precisamos compreender o lazer não apenas como um fenômeno necessário e a serviço do capital. A perspectiva materialista dialética 37 38 39 40 41 42 Fernando Mascarenhas: Mascarenhas publicou, em 2003, a obra Lazer como prática da liberdade: proposta educativa para a juventude. - proposta de intervenção pedagógica, em uma educação pelo lazer, reconhece o potencial transformador por meio de práticas e vivencias lúdicas e educativas, sendo possível compreender, de forma mais radical, a sociedade onde estão inseridos. A perspectiva materialista dialética Edmund Husserl (1859-1938): Superar o pensar a partir da oposição entre idealismo e realismo, da dicotomia entre sujeito e objeto, corpo e espírito, o homem e o mundo, determinadas pelas vertentes do pensamento hegemônico, principalmente do positivismo, cartesianismo. Lazer e a Fenomenologia Merleau-Ponty (2006): Intencionalidade: categoria central para a fenomenologia, dando a ela o suporte para compreender o sentido que está presente nas vivências, na percepção que emerge nas relações do homem com o mundo. Lazer e a Fenomenologia Não temos um corpo, nós somos o nosso corpo!!! Merleau-Ponty (2006): E é esse corpo uno, o ser corpo que realiza, que interage na sociedade, nas dimensões do trabalho, do esporte, do jogo, do lazer, da arte, da cultura que estabelece as relações e mediação com o mundo. Lazer e a Fenomenologia Merleau-Ponty (2006): Na dimensão do lazer, esse corpo em movimento é capaz de vivê-lo com intencionalidade, constituindo significados às experiências do lazer. Assim, o lazer deve ser compreendido e partir da complexidade dos fenômenos cotidianos e das múltiplas possibilidades e significados que os sujeitos o vivem. Lazer e a Fenomenologia Recapitulando 43 44 45 46 47 48 Recapitulando Principais linhas de estudo do lazer; Autores; Perspectivas teóricas do lazer; Lazer e Trabalho; Dumazedier e os estudos no Brasil; Perspectivas do lazer no consumo, na sociedade. 49 50