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Posicionamentos Teóricos sobre o Lazer

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Recreação e 
Lazer
Posicionamentos teóricos 
sobre o lazer
Prof. Dr. Anísio Calciolari Jr.
• Unidade de Ensino: 2
• Competência da Unidade: Conhecer o lazer e suas principais características.
• Resumo: O Lazer é um fenômeno estudado por diversos autores e perspectivas teóricas 
que se inserem na área de formação e atuação da educação física.
• Palavras-chave: Lazer e consumo, principais autores, sociologia, materialismo.
• Título da Teleaula: Posicionamentos teóricos sobre o lazer
• Teleaula nº: 2
Contextualização da Teleaula
1 - Como o LAZER se insere na Educação Física???
2 - Quais dimensões teóricas/conceituais do Lazer?
3 - Como o mundo ACADÊMICO E 
PROFISSIONAL se apropriou do LAZER?
Estudos sobre o 
Lazer
O lazer, desde os pequenos, aos grandes centros 
urbanos, passa por muitas transformações. 
Estudos sobre o Lazer
Lazer e sua dinamicidade
Lazer
Sentir
Viver
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Lazer e sua dinamicidade
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Lazer e sociedade do consumo
 Viagens, turismo, ir a shows, espetáculos e principalmente ao 
shopping center, são exemplos de práticas de lazer em que o mercado, 
o consumo é o grande mediador;
 No século XX e XXI o lazer não pode ser visto apenas em suas relações 
com o trabalho, mas também em um forte processo de 
mercantilização do tempo livre;
 O lazer, o tempo de trabalho e o tempo livre se 
manifestam, agora, em um confronto com novos
tempos e práticas sociais.
Lazer e sociedade do consumo
Sociedade de Consumo pode ser
compreendida como sendo fruto da
sociedade capitalista e do mundo
desenvolvido, que criou, de forma
padronizada e normatizada, produtos
e padrões de consumo que são
massificados.
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compras-arquitetura-escadas-
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Lazer e sociedade do consumo
 Sua origem decorre justamente de todo avanço tecnológico e 
industrial;
 Mas, em outra ponta, da capacidade de criação de necessidades, de 
desejos, de vontades; 
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Mídias e propagandas agem
criando novos hábitos, padrões
de comportamentos, linguagens
diretas para cada público.
Lazer e sociedade do consumo
O trabalho exercido com o lazer pode ser voltado
para a construção coletiva da satisfação, do prazer,
sabendo que na prática do lazer e, principalmente,
na atuação desse profissional, há espaço para a
ação político-pedagógica que busque promover
mudanças nos planos da cultura, promovendo seu
aspecto educativo preocupada com a educação dos
sujeitos (ISAYAMA, 2003).
Lazer e a sociedade do espetáculo
 Nessa condição hegemônica da ideologia do consumo, prevalece a 
ilusão da liberdade ou da consciência plena de escolha;
“TER” X “SER” X “PARECER”
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Lazer e a sociedade do espetáculo
Guy Debord, em sua obra A sociedade do espetáculo, de 1967:
1. incessante renovação tecnológica; 
2. a fusão econômico-estatal; 
3. o segredo generalizado; 
4. a mentira sem contestação e;
5. o presente perpétuo. 
“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma
relação social entre pessoas, mediada por imagens”
(DEBORD,1997, p. 14).
Lazer e a sociedade do espetáculo
Mauro Betti (1988): os meios de informação exercem forte influência, de
forma decisiva e constante, na vivencia da cultura corporal de
movimento, informando e ditando formas, construindo novos
significados e modalidades de entretenimento e consumo.
- crianças e adolescentes consomem a mídia com maior assiduidade,
principalmente nas etapas mais sensíveis da formação do sujeito.
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aplicativo-do-facebook-147413/
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Lazer, Consumo e Espetáculo
Espaço 
Privado
Espaço 
Público
Principais autores
Parte I
“Os animais brincam, tal como os homens”
 Nasceu na Holanda e viveu na Europa entre os anos de 1872 e 1945
 Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura
- obra foi publicada em 1939, em Amsterdã, na Holanda;
- no Brasil, ela foi publicada e divulgada a partir de 1980.
Tese central: estudo do jogo como elemento da cultura.
Johan Huizinga
 O jogo é considerado uma realidade originária, primitiva que está
fortemente marcada no ser humano;
 O jogo seria a condição para o nascimento da cultura, e estaria
materializado de diversas formas, como nos rituais, na poesia, nas formas
de competição, na linguagem, no discurso, na guerra, no trabalho, no lazer..
 O jogo é o lugar da manifestação do lúdico e, assim, 
relacionado ao prazer, a alegria, ao divertimento. 
Johan Huizinga
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 O lúdico, não pode ser confundido com o lazer, mesmo a partir do jogo, da
brincadeira, mesmo estando presente no lazer, eles são dimensões;
 O lúdico seria indissociável da condição humana e elemento criador da
cultura, portanto, sendo mais abrangente que o lazer;
 O lúdico e o lazer possuem aspectos que podem ser compreendidos como
fenômenos construtivos da vida em sociedade
Johan Huizinga
 O sociólogo francês Jofree Dumazedier se dedicou aos estudos do lazer;
 Sua primeira obra: Lazer e cultura popular (1973);
 Sua definição de lazer foi a mais influente e presente na produção
acadêmica brasileira a partir dos anos de 1970;
 Defensor do lazer como fruto da sociedade moderna;
 Tomando como referência a sociedade, estabelece 
critérios, formas e significados para elaborar sua 
proposta teórica-conceitual sobre o lazer
Jofree Dumazedier
Lazer e cultura popular (1973);
 Estabelece três funções para o lazer:
- descanso: reparador das deteriorações físicas, do trabalho;
- divertimento: recreação e entretenimento: fator e equilíbrio, um meio de
suportar as disciplinas e as coerções necessárias à vida cotidiana;
- desenvolvimento: desenvolvimento da personalidade, 
da participação social, uma cultura desinteressada. 
AS FUNÇÕES SÃO SOLIDÁRIAS E UNIDAS 
Jofree Dumazedier
Lazer e cultura popular (1973);
 Atividades opostas ao lazer:
1. O trabalho profissional.
2. O trabalho suplementar ou trabalho de complementação;
3. Os trabalhos domésticos;
4. Atividades de manutenção;
5. As atividades rituais, cerimonial, familiar, social;
6. Atividades ligadas aos estudos interessados.
Jofree Dumazedier
Sociologia empírica do lazer (1979)
Quatro caráteres:
1. Libertatório: livre escolha (ou um certo grau); 
2. Desinteressado: sem fim lucrativo, utilitário, domestico, ideológico/religioso.
3. Hedonístico: busca de um estado de satisfação, prazer, alegria; 
4. Pessoal: liberação das fadigas físicas, do tédio do 
cotidiano e surgindo uma capacidade criadora.
Jofree Dumazedier
Lazer e cultura popular (1973);
[...] um conjunto de ocupações às quais o indivíduo
pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar,
seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou,
ainda para desenvolver sua informação ou formação
desinteressada, sua participação social voluntária ou
sua livre capacidade criadora após livrar-se ou
desembaraçar-se das obrigações profissionais,
familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 1973, p. 34)
Jofree Dumazedier
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Principais autores
Parte II
Em seu livro As dimensões do Lazer no Brasil” (1969), o lazer
seria uma ocupação não obrigatória, de livre escolha e que
possui valores que possibilitam a recuperação psicossomática e
também o desenvolvimento pessoal e social.
Renato Requixa
Em seu livro As dimensões do Lazer no Brasil” (1969), o lazer seria uma
ocupação não obrigatória, de livre escolha e que possui valores que
possibilitam a recuperação psicossomática e também o desenvolvimento
pessoal e social.
Renato Requixa
Relacionou o Lazer com o processo de
desenvolvimento e urbanização,e, nesse
contexto, o papel do Estado como promotor de
políticas públicas para o lazer.
 Estabeleceu algumas críticas ao pensamento de Dumazedier:
- principalmente a visão funcionalista do lazer;
- caracterizado como conservador, a serviços dos valores e poderes
hegemônicos, que busca a manutenção da ordem.
Nelson Carvalho Marcellino
 Não utiliza a dimensão “tempo livre”, mas sim tempo disponível;
 Para esse autor, não existe tempo que seja totalmente livre das
pressões e coações e normas de condutas da vida em sociedade;
 E, também, ao colocar o lazer como cultura, supera a visão de simples 
atividades, ocupações, dando a ele um papel central e 
potencialmente transformador da vida em sociedade. 
Nelson Carvalho Marcellino
1) é a “cultura vivenciada no ‘tempo disponível’ das obrigações
profissionais, escolares, familiares e sociais, combinando os aspectos
tempo e atitude”;
2) é um fenômeno gerado historicamente e do qual emergem valores
questionadores da sociedade e que sobre ele são exercidas influências
da estrutura social vigente,
Nelson Carvalho Marcellino
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3) é um tempo privilegiado para a vivência de valores que contribuam para
mudanças de ordem moral e cultural e;
4) o lazer tem duplo aspecto educativo, sendo veículo e objeto de
educação. (MARCELLINO; 1987)
Nelson Carvalho Marcellino
 possibilidade de analisar o tempo livre e o lazer como conceitos
diferentes entre si: EXPECTRO DE TEMPO LIVRE
 principalmente, não assumindo o trabalho como ponto de partida
dessas discussões, não mais como algo complementar ao trabalho;
 Processo Civilizador: controle como elemento central;
Norbert Elias
 apenas às crianças são permitidas demonstrações de forte excitação
(raiva, alegria, choro, medo);
 passam por instituições civilizatórias (família, escola, igreja, empresa,
exército, clube social) que as educam, formando assim, adultos com
comportamento racional, contido, um comportamento civilizado.
Norbert Elias
 As atividades de lazer podem produzir um descontrole controlado de
emoções, de modo agradável, e também podem possibilitar a vivência,
em público, de fortes emoções, a partir de atividades de lazer que
provoquem o aumento das tensões, da satisfação, de sentimentos
fortes, agradáveis, quase sempre ausentes no cotidiano.
Norbert Elias
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comemoracao-8911267/
CATARSE
Elias utiliza o termo “mimético”:
 relação entre os sentimentos experimentados no lazer e as situações da
vida real;
 significa que no lazer (como nos jogos, nos esportes, nas artes, etc.) há a 
presença de emoções intensas que se manifestam de forma livre de 
restrições, de controle, e que manifesta tensões 
prazerosas, sem correr o risco de viver um emocional
violento na vida social . 
Norbert Elias
Perspectivas 
teóricas do lazer
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Karl Marx:
 não produziu uma obra pensando a dimensão teórica do lazer;
 Lazer e trabalho são fenômenos da vida moderna que estão 
dialeticamente relacionados;
 Para Marx, o trabalho constitui a essência da vida humana, sendo o 
aspecto distintivo da nossa relação com a natureza;
 Ao se relacionar e transformar a natureza para 
produzir suas condições de existência, o homem 
produz a si mesmo 
A perspectiva materialista dialética
Karl Marx:
 Marx estabelece uma forte crítica ao modo de produção capitalista;
Como afirma Vieitez (2002, p. 126), “embora não sistematizada, a crítica do
trabalho coloca concomitantemente em evidência que o lazer é uma
atividade fundamental para o desenvolvimento das pessoas e da
sociedade”.
A perspectiva materialista dialética
Karl Marx:
 Capitalismo: é um sistema em que a força de trabalho se torna
mercadoria, passível de ser colocada no mercado para ser vendida e
comprada como qualquer outro objeto de troca;
 O resultado de seu trabalho é o produto, artigo ou valor de uso, a
própria mercadoria;
 O Tempo do não trabalho passa a ter valor: recuperção
A perspectiva materialista dialética
Karl Marx:
 tanto a organização social do trabalho como as formas concretas que ele
assume ao longo do desenvolvimento das sociedades irão determinar a
maneira como o lazer será vivido;
A perspectiva materialista dialética
Fernando Mascarenhas:
 Em sua tese de doutorado Entre o ócio e o negócio: teses acerca da
anatomia do lazer (2005):
- volta-se para a compreensão do lazer a partir de suas relações com
o sistema econômico capitalista;
- a lógica do lazer enquanto consumo e mercadoria torna-se a regra
quase geral na sociedade atual;
A perspectiva materialista dialética
Fernando Mascarenhas:
 Mas, também para Marx, o lazer constitui o espaço para o
desenvolvimento humano. Portanto, ele porta um forte potencial
transformador da vida social. Assim, precisamos compreender o
lazer não apenas como um fenômeno necessário e a serviço do
capital.
A perspectiva materialista dialética
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Fernando Mascarenhas:
 Mascarenhas publicou, em 2003, a obra Lazer como prática da
liberdade: proposta educativa para a juventude.
- proposta de intervenção pedagógica, em uma educação pelo lazer,
reconhece o potencial transformador por meio de práticas e vivencias
lúdicas e educativas, sendo possível compreender, de forma mais
radical, a sociedade onde estão inseridos.
A perspectiva materialista dialética
Edmund Husserl (1859-1938):
 Superar o pensar a partir da oposição entre
idealismo e realismo, da dicotomia entre sujeito e
objeto, corpo e espírito, o homem e o mundo,
determinadas pelas vertentes do pensamento
hegemônico, principalmente do positivismo,
cartesianismo.
Lazer e a Fenomenologia
Merleau-Ponty (2006):
 Intencionalidade: categoria central para a fenomenologia,
dando a ela o suporte para compreender o sentido que está
presente nas vivências, na percepção que emerge nas relações
do homem com o mundo.
Lazer e a Fenomenologia
Não temos um corpo, nós somos o nosso corpo!!! 
Merleau-Ponty (2006):
 E é esse corpo uno, o ser corpo que realiza, que interage na
sociedade, nas dimensões do trabalho, do esporte, do jogo, do lazer,
da arte, da cultura que estabelece as relações e mediação com o
mundo.
Lazer e a Fenomenologia
Merleau-Ponty (2006):
 Na dimensão do lazer, esse corpo em movimento é capaz de vivê-lo
com intencionalidade, constituindo significados às experiências do
lazer. Assim, o lazer deve ser compreendido e partir da
complexidade dos fenômenos cotidianos e das múltiplas
possibilidades e significados que os sujeitos o vivem.
Lazer e a Fenomenologia
Recapitulando
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Recapitulando
 Principais linhas de estudo do lazer;
 Autores;
 Perspectivas teóricas do lazer;
 Lazer e Trabalho;
 Dumazedier e os estudos no Brasil;
 Perspectivas do lazer no consumo, na sociedade.
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