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Higiene e Microbiologia dos alimentos Prof: Daniara Meira Calendário acadêmico formativas - 1000pts 08/04 Avaliação Oficial I Formativas – 1500 pts 03/06 Avaliação Oficial II • Nesta disciplina estudaremos os menores seres vivos existentes, denominados microrganismos, e a sua relação com os alimentos. • Os microrganismos são seres unicelulares, procariontes e estão presentes no solo, na água, nos alimentos, nos animais e nos humanos. • Quando encontram condições favoráveis, multiplicam-se em alta velocidade e podem promover a deterioração dos alimentos, causar doenças, ou promover a transformação em outro produto alimentício com benefícios. • O que são microorganismos? - Bactérias, vírus e fungos para crianças https://www.youtube.com/watch?v=02tP_8vzpYQ • A oferta de um alimento saudável e seguro está diretamente relacionada com o controle da proliferação dos microrganismos. • Para tanto, foram criados procedimentos de higiene e manipulação dos alimentos a fim de garantir a segurança e saúde dos consumidores. • É de suma importância que o nutricionista conheça a legislação que regulamenta os processos de controle sanitário e saiba como evitar a proliferação dos microrganismos indesejáveis. • Os objetivos desta disciplina são identificar os principais microrganismos que possam causar malefícios à saúde, conhecer as principais ferramentas de controle de qualidade dos alimentos e identificar o papel do nutricionista como responsável técnico, assessor ou consultor. • Os microrganismos estão presentes em todos os ambientes e têm uma relação com os alimentos porque dependem dos nutrientes para o crescimento e a multiplicação. Fazem parte desse grupo os vírus, as bactérias, os fungos (leveduras e bolores) e os protozoários. • A multiplicação e proliferação dos microrganismos acontecem de acordo com a combinação de condições favoráveis. • Essas circunstâncias podem ser referentes ao alimento (intrínsecas) ou ao ambiente externo (extrínsecas). • São considerados fatores intrínsecos: atividade de água, potencial de hidrogênio (pH), potencial de óxido-redução e tensão de oxigênio, presença de nutrientes e de fatores inibidores. • Os fatores extrínsecos dizem respeito às condições externas como a temperatura ambiente, a umidade relativa do ar e a composição gasosa do meio. • A maior proliferação de microrganismos ocorre no intervalo de temperatura de 15º a 45º C, sendo que os microrganismos que causam doenças (patogênicos) crescem em temperatura entre 25º e 45º C • Todos os alimentos, com exceção da água e do sal, são perecíveis, ou seja, são suscetíveis à deterioração e alteração. • A contaminação dos alimentos acontece de várias maneiras, principalmente porque os microrganismos estão largamente distribuídos no meio ambiente. • O solo é a primeira fonte de contaminação; os alimentos de origem vegetal apresentam uma carga microbiana inicial e, por isso, não é aconselhável o consumo destes diretamente da colheita, sem uma higienização prévia. • Os animais e humanos também são uma importante fonte de contaminação; os microrganismos estão presentes nos pelos, na pele, no couro, nas unhas e no trato intestinal. São considerados contaminantes de alimentos: • Biológicos: bactérias, vírus, parasitas e toxinas microbianas. • Químico: toxinas de origem biológica, pesticidas, tintas, antibióticos, produtos de limpeza, lubrificantes e aditivos. • Físico: fragmentos de vidros, metais, madeiras e pedras, cabelos, dentes e unhas • Os contaminantes podem ser provenientes das matérias-primas empregadas para a produção de um alimento ou ocorrer em qualquer uma das etapas do processamento. • O uso da mesma tábua de corte para carnes e verduras, ou a manipulação de alimentos por um indivíduo que não faz a higiene das mãos corretamente, são exemplos de risco de contaminação. Prevenção da contaminação • Para prevenir a contaminação dos alimentos, as regras básicas de higiene pessoal e o saneamento básico são de extrema importância. • Os indivíduos que manipulam alimentos devem atentar ao asseio como lavar as mãos com sabão após o uso dos sanitários, manter as unhas limpas e bem aparadas, não conversar, tossir ou espirrar sobre os alimentos • O ambiente de manipulação dos alimentos deve ser limpo e os alimentos devem ser armazenados em temperatura inferior ou superior ao intervalo ótimo de proliferação microbiana. • Os utensílios devem estar sempre limpos. • Além disso, pode-se destacar as seguintes formas para a prevenção da contaminação: • Higiene em todas as etapas da cadeia alimentar, desde o fabricante até o consumo (englobando ambiente, equipamentos, utensílios e funcionários). • Armazenamento dos alimentos de forma a evitar a atração de pragas, contaminação de alimentos e multiplicação de microrganismos prejudiciais à saúde. • Manutenção e manuseio do produto de forma adequada durante a distribuição. • Treinamento dos funcionários quanto às boas práticas de fabricação. • Processamento adequado para a eliminação de microrganismos prejudiciais à saúde e fatores antinutricionais. • A maior parte dos microrganismos patogênicos são classificados como mesófilos, ou seja, que se multiplicam em temperatura entre 30 e 45º C . • Os microrganismos responsáveis pela deterioração da maior parte dos alimentos são classificados como psicrotróficos, cujo intervalo ótimo de temperatura é de 20 a 30º C. • Por isso, é importante manter os alimentos em temperatura de refrigeração (abaixo de 15ºC) ou acima de 60º C como forma de garantir a inocuidade e evitar a proliferação desses seres vivos. Principais microrganismos patogênicos em alimentos • Os principais microrganismos associados às doenças são aqueles que habitam o trato gastrintestinal dos animais, denominadas enterobactérias. A contaminação dos alimentos por esse tipo de microrganismo acontece por meio do contato das fezes com o alimento, seja em áreas de cultivo dos vegetais, ou após o abate do animal, ou por meio dos manipuladores dos alimentos. • Esse último caso ocorre pelos maus hábitos de higiene pessoal, como, por exemplo, não lavar as mãos após o uso do sanitário. • Um alimento contaminado com microrganismos patogênicos pode ter aspecto semelhante ao não contaminado, ou seja, não há qualquer alteração organolética que permita a detecção desses agentes. • O organismo humano tem alguns mecanismos de defesa para evitar os malefícios causados pelos microrganismos como, por exemplo, o pH ácido do estômago, a mucosa intestinal, os ácidos biliares e o próprio movimento peristáltico que também auxilia na eliminação de agentes patogênicos. • O indivíduo só será afetado pela presença dos microrganismos patogênicos quando estes forem suficientes para ultrapassar as defesas, e isso explica o porquê de nem todas as pessoas manifestarem sintomas ou adoecerem ao consumir um alimento contaminado Os microrganismos patogênicos podem causar uma infecção alimentar ou uma intoxicação alimentar. Infecção alimentar • Ocorre quando se consome alimentos contaminados com microrganismos, como bactérias, vírus ou parasitas • O microrganismo se multiplica no sistema digestivo, causando um processo infeccioso • Um dos sintomas mais comuns é a cólica Intoxicação alimentar •Ocorre quando se consome alimentos contaminados com toxinas produzidas por microrganismos •Não há ingestão de microrganismo, mas sim de toxinas produzidas por eles Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas são classificadas de acordo com a cor que adquirem após a coloração de Gram, um processo químico. A diferença de cor é devido à diferença na espessura e composição da parede celular. Gram-positivas Gram-negativas Coloração Azul ou violeta Vermelha ou rosa Parede celular Espessa, com várias camadas de peptidoglicano Fina, com uma camada estreita de peptidoglicano Exemplos S. aureus, C. difficile, P. vulgaris, P. mirabilis E. coli, K. pneumoniae,P. aeruginosa, S. enterica A coloração de Gram é um passo inicial para o diagnóstico de infecções bacterianas. Os principais microrganismos patogênicos e suas principais características. • Bacillus Cereus • É uma bactéria Gram-positiva, do tipo bacilo, altamente resistente e encontrada na forma de esporos termorresistentes. • Encontrada no solo e meio ambiente, está relacionada com a contaminação de grãos, verduras, legumes e alimentos de origem animal. • Pode causar tanto infecção quanto intoxicação alimentar, esta por meio de uma enterotoxina. • A contaminação dos alimentos acontece em temperaturas entre 10º C e 50º C, sendo que a temperatura ideal de multiplicação é de 25º a 45º C. • Essa bactéria tem um alto potencial patogênico porque produz toxinas termorresistentes e termoestáveis, isso significa que o aquecimento do alimento contaminado não é capaz de inativá- las. • Os principais sintomas, diarreia e crise emética, manifestam-se a partir de 8 a 16 horas após a ingestão do alimento Campylobacter jejuni • Bactéria Gram-negativa, do tipo espiralado e largamente distribuída no intestino de animais silvestres e destinados ao consumo humano, como os bovinos. • Esse microrganismo se instala na região do íleo e cólon, produz uma enterotoxina capaz de provocar uma forte diarreia aquosa, semelhante à cólera. • Os principais alimentos relacionados à contaminação pelo Campylobacter jejuni são as carnes e o leite. O consumo de água não tratada também está relacionado com a contaminação por essa bactéria. • A proliferação ocorre em pH acima de 4,9 e temperatura ideal próxima de 42º C. • Os principais sintomas aparecem a partir de dois dias de contato com a bactéria e são semelhantes aos de uma gripe, como dor de cabeça, dores no corpo e febre. • Em seguida, um quadro de diarreia sanguinolenta e fortes dores abdominais se manifesta. Clostridium botulinum • Bacilo do tipo Gram-positivo e esporulado, é um microrganismo que apresenta elevado risco à saúde porque produz uma toxina neurotóxica. • A eliminação deste agente dos alimentos é difícil porque ele é termorresistente e anaeróbio. Está associado ao palmito e mel, mas é encontrado com frequência em embutidos cárneos como salames e salsichas. • A contaminação do mel por esse microrganismo só apresenta risco às crianças, principalmente as menores de um ano de vida. Isso porque a colonização do intestino pelas bactérias benéficas demora, isto é, acontece ao longo do primeiro ano de vida. Por isso, não é recomendável o consumo de mel por menores de 1 ano. • Para inativar o clostridium é necessário reduzir a umidade do alimento para 30%, reduzir o pH do meio para 4,5 e adicionar cloreto de sódio para a conservação • Os sintomas de intoxicação são midríase(pupila dilatada), ausência ou redução da saliva, ausência de sudorese, entre outros relacionados à perda de motricidade. Clostridium perfringens • Enterobactéria relacionada com toxinfecções alimentares, Gram-positiva, anaeróbia e esporulada. A produção de uma enterotoxina é a responsável pelo quadro agudo de diarreia. A transmissão desse agente é por meio da contaminação fecal-oral, portanto, um importante meio de prevenção é a higiene pessoal, dos animais e ambiental, para evitar a contaminação do solo e dos alimentos vegetais. • Os principais alimentos relacionados ao C. perfringens são as carnes. • A bactéria é capaz de se multiplicar em temperaturas inferiores a 20º C, mas o ótimo de proliferação é por volta dos 45º C Escherichia coli • Enterobactéria cujo habitat natural é o cólon dos animais e do homem. Suas principais características são: Gram-negativa, mesófila, anaeróbia facultativa e não esporulada. A contaminação dos alimentos é do tipo fecal-oral, por isso, a melhor maneira de evitá-la é a higiene pessoal e do ambiente. • O principal veículo de contaminação do E. coli é a água, mas também é comum a contaminação da carne bovina, do leite e dos queijos. • Os maus hábitos de higiene também são responsáveis pela contaminação pela bactéria. Para eliminar o E. coli dos alimentos, é necessário aquecê-los a temperaturas superiores a 60º C, além de reduzir o pH do alimento ou conservá-lo com sal. Salmonella sp • Bacilos Gram-negativos, não esporulados e anaeróbios facultativos. Essa bactéria está associada aos surtos de febre tifoide e quadros de diarreia aguda. O habitat natural é o intestino das aves e animais silvestres e os principais alimentos relacionados à contaminação são os ovos, as carnes e os produtos lácteos. A salmonela é uma bactéria mesófila cuja temperatura ótima de proliferação é 37º C, mas observa-se a multiplicação em temperaturas entre 7º e 49º C. • A taxa de multiplicação é tão elevada que em menos de cinco horas um alimento contaminado por esse microrganismo torna-se infectante. Staphylococcus aureus • Bactéria do tipo coco Gram-positivo, aeróbio, cujo habitat natural é a pele, mucosa e trato respiratório superior dos humanos. É uma das principais responsáveis pelas infecções hospitalares. A principal medida de prevenção de contaminação pelo S. aureus é o treinamento dos manipuladores dos alimentos e a aplicação dos bons hábitos de higiene pessoal. • O S. aureus produz uma enterotoxina responsável por fortes dores abdominais e diarreia. Os principais alimentos que veiculam esse microrganismo são as carnes, o leite e derivados e os produtos de confeitaria (tortas e doces recheados). • Trata-se de um microrganismo mesófilo cuja temperatura ótima de multiplicação é 37º C e de produção de toxinas é entre 40º e 45º C Principais microrganismos deteriorantes em alimentos • As bactérias, fungos e leveduras podem ser considerados microrganismos deteriorantes • A deterioração dos alimentos pode ser percebida pelas alterações das características organoléticas, como a aparência, o odor e o sabor. • Os microrganismos deteriorantes consomem os nutrientes dos alimentos e os produtos do metabolismo são percebidos pelo consumidor. • Os agentes envolvidos na deterioração dos alimentos não provocam doenças e são distintos dos patogênicos, sendo principalmente os fungos e as bactérias. • As principais alterações sensoriais percebidas pelo consumidor são a rancidez, provocada pela hidrólise dos lipídeos, o sabor azedo, provocado pela fermentação, e a putrefação, produto da proteólise e liberação de produtos sulfurados. A proliferação de microrganismos deteriorantes está diretamente relacionada com as perdas e o desperdício dos alimentos • A ação do mesmo microrganismo pode apresentar resultados diferentes, dependendo do alimento em que está inserido. • Um exemplo é o da levedura responsável pela fermentação da massa do pão e das bebidas alcóolicas, nesses dois casos o alimento e a bebida são próprios para o consumo. • Essa mesma levedura em contato com outro vegetal e um suco de fruta pode ser responsável pela redução dos nutrientes e consequente deterioração. • Por outro lado alguns microrganismos exercem um papel transformador nos alimentos, tornando-os mais apetitosos e duradouros. • A fermentação é o uso do alimento para uma reação de obtenção de energia pelo microrganismo. • As principais fontes de energia são os carboidratos ou o álcool e os tipos de fermentação são a alcoólica, láctica e acética. • Fermentação alcoólica •É responsável pela produção de álcool em bebidas e pães •É realizada principalmente por leveduras Fermentação lática •É responsável pela produção de iogurte, coalhada e alguns tipos de queijo •É realizada por bactérias lácticas Fermentação acética •É responsável pela produção de vinagre acético •Transforma o etanol, produzido pela fermentação alcoólica, em ácido acético • Além dos efeitos benéficos nos alimentos, os microrganismos exercem um papel muito importante no trato intestinal do homem. • Bactérias e fungos atuam inibindo a proliferação de microrganismos patogênicos e promovem reações importantespara o hospedeiro, como a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que são responsáveis pela redução do pH intestinal, e inibição da produção de compostos potencialmente tóxicos. • Os principais benefícios dos probióticos são uma relação de simbiótica com o organismo humano, aumento da motilidade intestinal, prevenção da constipação, melhora no estado de humor e concentração. Doenças Veiculadas por Alimentos (DVA) • As Doenças Veiculadas por Alimentos (DVA) são provocadas por agentes químicos, microrganismos ou parasitas. • Os agentes químicos podem ser resultado de reações próprias dos alimentos ou pela adição/ incorporação acidental. • Os principais agentes químicos de adição encontrados nos alimentos são resíduos de agrotóxicos, fármacos e hormônios. Outro exemplo de agente químico são as toxinas produzidas pelos microrganismos patogênicos. • As DVAs provocadas por microrganismos representam mortalidade em várias regiões do planeta. Os principais sintomas são crises eméticas e diarreia, provocando uma desidratação importante. Quando esses sintomas são ignorados, ou há demora nos cuidados e na reidratação dos doentes, o óbito é quase uma certeza. As regiões com altos índices de DVAs são as que têm condições precárias de saneamento e oferta de água. • Um centro de saúde notificará um surto de DVA quando mais de duas pessoas que consumiram o mesmo alimento apresentarem os sintomas característicos ou a doença manifestada. • Como os sintomas são muito parecidos e há urgência em recuperar os indivíduos com DVAs, não é comum a coleta das fezes ou vômitos para análise e identificação do agente etiológico em serviços de emergência de um indivíduo. • Uma identificação geralmente é conduzida quando muitas pessoas de uma região apresentam os sintomas, o que pode indicar problemas de abastecimento de água ou de algum alimento. • O tratamento das DVAs tem como foco a hidratação e o monitoramento dos sintomas até que desapareçam. Em casos mais graves, como febre persistente, é recomendada a antibioticoterapia. • A identificação do alimento contaminado e a retirada de exposição e consumo de terceiros são meios eficazes de controlar e evitar que mais pessoas adoeçam. Definição, manifestação e sintomas de infecções alimentares • As infecções alimentares são causadas pela fixação e multiplicação de microrganismos no intestino delgado ou grosso. São mais comuns em menores de um ano de vida e indivíduos imunocomprometidos (que têm menor capacidade de resposta imunológica). • O organismo humano possui defesas naturais que dificultam e, muitas vezes, impedem a fixação de microrganismos no trato gastrintestinais. • Os indivíduos com o sistema imunológico comprometido apresentam menor capacidade de defesa, facilitando a fixação de hospedeiros indesejáveis. Os agentes causadores de infecções alimentares são, principalmente, bactérias e protozoários. • A principal via de transmissão dos protozoários é a água, mas a transmissão por alimentos contaminados também acontece. Ao contrário das bactérias, leveduras e fungos, os protozoários não se multiplicam nos alimentos. Eles estão na forma de cisto e multiplicarão no intestino do hospedeiro. •Protozóarios •São seres microscópicos •São eucariontes, ou seja, têm núcleo delimitado por envoltório nuclear •São heterotróficos, ou seja, não produzem o seu próprio alimento •Podem ser encontrados em diversos ambientes, como água doce e salgada, solo, e até mesmo no interior de outros organismos •A maioria deles é aquático de vida livre, mas alguns são parasitas e vivem dentro do corpo de outros seres vivos, inclusive dos humanos Doenças causadas por protozoários Malária, Doença de Chagas, Giardíase, Toxoplasmose, Leishmaniose, Amebíase. Transmissão de protozoários •Ingestão de cistos, geralmente em alimentos e/ou água contaminadas com fezes contendo o parasita •Picadas de insetos •Inalação •Ingestão de carne contendo o protozoário •Relação sexual desprotegida •Contato de feridas com fezes de animal infectado Amebíase Amebíase é uma infecção intestinal causada pelo parasita Entamoeba histolytica, popularmente conhecido como ameba. A doença pode também afetar o fígado e outros órgãos. Transmissão •A transmissão ocorre por meio de água ou alimentos contaminados •Pode ser transmitida sexualmente por contato oral-anal Sintomas •Diarreia leve ou disenteria grave •Dor abdominal generalizada ou no quadrante superior direito •Perda de peso •Febre •Tosse •Fraqueza dos membros Tratamento •O tratamento é feito com antiparasitários e antibióticos Prevenção •Lavar bem as mãos com água e sabão após usar o banheiro e antes de manipular alimentos •Lavar e bem frutas e verduras antes de comê-las •Beber somente água filtrada •Evitar leite, queijo e outros produtos lácteos não pasteurizados •Evitar alimentos com origem desconhecida A amebíase é mais comum em áreas tropicais sem saneamento. Giardíase • Giardíase é uma infecção no intestino delgado causada pelo protozoário Giardia lamblia. A infecção ocorre principalmente quando a pessoa ingere cistos do protozoário (forma que o parasita adquire para resistir a condições ambientais desfavoráveis até conseguir um hospedeiro) presentes em alimentos contaminados por fezes e água sem tratamento. • A ingestão do parasita também pode ocorrer por falta de higiene, ao não lavar as mãos adequadamente, por exemplo, ou pelo contato sexual com uma pessoa infectada. • Sintomas • A maioria das infecções ocorre em crianças e é assintomática, mas mesmo sem sintomas o paciente elimina cistos que podem infectar outras pessoas. Quando a infecção é sintomática, o paciente costuma apresentar: • Cólicas abdominais; • Flatulência; • Distensão abdominal; • Náuseas; • Eliminação de fezes gordurosas e fétidas; • Perda de peso; • Diarreia. • Tratamento de giardíase • Na maior parte dos casos, a doença regride espontaneamente em algumas semanas. Quando é necessário tratamento, ele é baseado em medicamentos antiprotozoários, como tinidazol, metronidazol e nitazoxanida por cerca de dez dias. https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/intestino-delgado/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/diarreia/ As infecções alimentares apresentam sintomas agudos que devem ser tratados rapidamente para evitar a desidratação. Os principais meios de evitar infecções alimentares são saneamento básico e hábitos básicos de higiene, por exemplo, lavar as mãos com sabão após o uso dos sanitários. Microrganismos produtores de toxinas e intoxicações ali mentares • As intoxicações alimentares são causadas por um composto químico, denominado toxina, produzido pelos microrganismos. • Estes geralmente são moléculas de lipopolissacarídeos (LPS) e a sua atividade resulta em danos às células do trato gastrintestinal. • As bactérias produzem toxinas em diferentes estágios do ciclo reprodutor para evitar competição e garantir condições favoráveis à sua perpetuação • As toxinas produzidas pelos microrganismos podem atuar de diferentes formas, mas a principal consequência é a perda acentuada de líquidos, que precisa ser contida e tratada. • O Clostridium botulinum produz uma exotoxina cujo efeito neurotóxico é irreversível. • Essa intoxicação acontece por meio da ingestão da toxina que é produzida durante a multiplicação da bactéria no alimento. • O seu efeito é letal porque a absorção é rápida e, na corrente sanguínea, começa a agir nos neurônios periféricos. • A melhor maneira de evitar as intoxicações alimentares é esquivando-se da contaminação e proliferação dos microrganismos. Isso porque a maior parte das toxinas será produzida durante a proliferação no intestino do hospedeiro. • Alimentos associados às bactérias mais perigosas, como os ovos, as carnes e o leite, devem ser manipulados em condições higiênicas e mantidos em temperaturas de menor risco (refrigeração ou cocção). • A cocção dos alimentos deve ser feita em temperaturassuperiores a 70º C e devem ser mantidos nessas condições. • A temperatura de refrigeração recomendada para evitar o crescimento microbiano é inferior a 5º C Principais vírus presentes na água e nos alimentos • Existe uma grande discussão entre os cientistas sobre a classificação e natureza dos vírus. • Isso acontece pelo fato de serem muito rudimentares e não apresentarem uma estrutura celular. • Por serem dotados somente de material genético, dependem da hospedagem em outras células para a proliferação. • Assim como as bactérias, esses seres vivos estão amplamente distribuídos na natureza e podem causar uma série de doenças aos humanos, especialmente aos que estão com a imunidade baixa. • Os vírus são contaminantes dos alimentos e da água e podem causar os mesmos sintomas das gastroenterites provocadas pelas bactérias. • A eliminação dos vírus é mais difícil porque os procedimentos de higiene foram desenvolvidos para eliminar bactérias e, na maioria das vezes, não são suficientes para os vírus A classificação dos vírus pode ser feita de acordo com o tipo de doença que provocam: • a. Gastroenterites: rotavirus, adenovírus entérico, norovirus e Sapporo. • b. Hepatite A e E: transmitidos via oral-fecal e prejudicam o funcionamento do fígado. • c. Vírus causadores de outras doenças: citomegalovírus. • Os principais agentes de gastroenterites são o norovirus e o rotavirus e a água contaminada com esgoto é uma das principais causas da infecção. • Além disso, pescados provenientes de águas contaminadas, contaminação por má higiene pessoal dos manipuladores de alimentos e o contato com superfícies contaminadas são outros meios de infecção por vírus. • A detecção dos vírus nos alimentos ou na água não é feita no laboratório de microbiologia porque o teste utilizado é o do tipo Elisa, uma reação imunoenzimática para a identificação de anticorpos O teste ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) é um exame laboratorial que detecta a presença de anticorpos ou antígenos no sangue, urina, saliva ou líquido cerebrospinal. É um método sensível e específico que pode ser usado para diagnosticar doenças, rastrear infecções e detectar alergias. indicado principalmente para detectar infecções, como HIV, sífilis, toxoplasmose, Zika, hepatites A, B ou C, ou candidíase, ou doenças autoimunes, câncer ou alergias • A manifestação dos sintomas provocados pelos vírus gastroentéricos é semelhante à provocada por bactérias, ou seja, os primeiros sintomas aparecem após 12 horas de ingestão do produto contaminado. • A contaminação pelo vírus da hepatite apresentará os primeiros sintomas após duas semanas, por exemplo, náusea, urina escura, fezes pálidas e icterícia. • Os demais causam sintomas como diarreia, vômitos, febre e perda de apetite. • O norovirus e o rotavirus estão associados aos surtos de DVA em escolas, hospitais, asilos e restaurantes. • O principal veículo de contaminação é a água, por isso, pode atingir um número maior de pessoas de uma região. • As infecções por esses agentes são denominadas autolimitantes porque apresentam um período limitado de infestação e manifestação dos sintomas, que dura no máximo 6 dias nas crises gastroentéricas e 4 semanas na hepatite. • O melhor meio de prevenção dessas doenças é o controle da água para o consumo, higiene pessoal e ambiental. Fungos e micotoxinas nos alimentos • Os fungos são microrganismos com células do tipo eucarionte, ou seja, apresentam o núcleo celular delimitado protegendo o DNA. • Na maioria das vezes, esses seres vivos atuam de forma benéfica nos alimentos e na saúde dos comensais. • Entretanto, alguns fungos produzem toxinas durante a sua proliferação nos alimentos. • Esses compostos produzidos pelos fungos têm um nome específico, micotoxinas, e algumas delas têm potencial carcinogênico. • Os principais fungos produtores são o Aspergillus sp, Fusarium e Penicillium. • O número de micotoxinas identificadas, bem como as suas diferentes estruturas químicas catalogadas, e os efeitos podem ser em diferentes órgãos-alvo como rins, sistema nervoso e fígado. • Além disso, as micotoxinas podem provocar alergias e danos maiores como câncer de fígado. • A categoria mais estudada é a aflatoxina, que está presente nos cereais, nas sementes oleaginosas, no leite e derivados. • Os principais alimentos relacionados a intoxicações são o milho e o amendoim. • Os efeitos da ingestão desses compostos são observados em médio e longo prazo e, portanto, a melhor medida de prevenção é o cuidado no plantio, na colheita e no armazenamento dos grãos. • A limpeza do ambiente e dos equipamentos utilizados na colheita é fundamental para evitar a proliferação de fungos. • O controle de temperatura e umidade durante o armazenamento dos grãos é necessário para a inibição da proliferação e o controle das micotoxinas. • O consumo habitual do milho é por meio de preparações em que em algum momento houve o aquecimento do alimento, portanto pode parecer mais inofensivo. • Contudo, quando o milho contaminado é utilizado como ração animal, produtos como carnes e leite podem apresentar contaminação. • O alimento fortemente associado ao risco de ingestão de aflatoxinas é o amendoim, por ser uma leguminosa cuja vagem é mais lenhosa e, aparente mente, mais resistente. É recomendado somente o consumo de amendoim de origem confiável, sem sinais de acúmulo de umidade e que passou por algum processo térmico. Prevenção da contaminação e proliferação de microrganismos nos alimentos • A melhor maneira de prevenção das infecções e intoxicações alimentares é a aplicação de procedimentos que impeçam a contaminação e a proliferação dos microrganismos nos alimentos. Porém, é importante ressaltar que a oferta de um alimento estéril, isto é, livre de qualquer microrganismo, não condiz com a realidade. • Um local que produz refeições deve adotar uma série de condutas para prevenir a contaminação e oferecer alimentos que não tragam riscos à saúde dos comensais. • Uma das primeiras medidas seria providenciar uma infraestrutura de abastecimento de água e de rede de esgoto adequadas. • A escolha de fornecedores de matéria-prima deve ser cuidadosa, é necessário verificar a procedência e as condições de transporte, além da embalagem e do armazenamento dos ingredientes. • Deve-se também respeitar as indicações de temperatura de armazenamento dos alimentos e controlar a umidade relativa do estoque. • Além disso, é de extrema importância treinar e acompanhar a equipe de manipuladores de alimentos, para que mantenham o asseio e a higiene pessoal, lavando as mãos com sabão constantemente. • Manter o ambiente de manipulação dos alimentos limpo, com equipamentos e utensílios devidamente higienizados e com locais distintos para a manipulação de alimentos crus e cozidos. As facas de corte e tábuas das carnes devem ser de uso exclusivo, assim como os utensílios para a manipulação dos vegetais crus. O controle da temperatura dos alimentos servidos em balcão de distribuição deve ser monitorado com termômetros, para avaliar e assegurar que alimentos cozidos estejam sempre acima de 60º C. • Os alimentos que foram expostos para consumo não devem retornar à panela ou serem reaproveitados. • A oferta de um alimento considerado seguro, de acordo com as normas higiênico-sanitárias, é regulamentada por uma série de leis que visam padronizar as etapas de produção e, dessa forma, minimizar riscos à saúde. Bibliografia BLACK, Jacqueline G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. COELHO, Karina Dantas. Higiene e microbiologia dos alimentos. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. GERMANO, Pedro Manuel Leal. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. 6. ed. Barueri: Manole, 2019.