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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 118 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola PREÇO E DISTRIBUIÇÃO EM MARKETING 9.1 INTRODUÇÃO A formação de preços no contexto agrícola assume um papel central, não apenas como uma das mais importantes ações de marketing, mas também como um elemento determinante na comercialização agrícola. Esta tarefa, longe de ser simples, exige uma compreensão profunda das variáveis do mercado, incluindo custos de pro- dução, demanda, concorrência, e as flutuações sazonais típicas do setor agrícola. O preço de produtos agrícolas, portanto, deve ser meticulosamente calculado para ma- ximizar a rentabilidade a longo prazo, ao mesmo tempo em que se sustenta a viabili- dade do negócio. Nesse sentido, o preço não somente deve alinhar-se aos objetivos estratégicos da empresa, mas também refletir um entendimento apurado das dinâmi- cas do mercado agrícola e dos fatores do marketing-mix. No âmbito da distribuição, a importância se intensifica quando consideramos os desafios logísticos inerentes ao setor agrícola. Colocar o produto agrícola à dispo- sição do consumidor final, no momento e local adequados, demanda uma estratégia de distribuição que contemple as especificidades dos produtos, como sua perecibili- dade, sazonalidade e requisitos de armazenamento. Uma distribuição eficaz é, por- tanto, fundamental para garantir que os produtos agrícolas cheguem ao mercado em condições ótimas, preservando sua qualidade e valor. Além disso, a comunicação efetiva com o consumidor final torna-se um as- pecto ainda mais crítico no contexto agrícola. A capacidade de informar os consumi- dores sobre a qualidade, origem e sustentabilidade dos produtos agrícolas pode sig- nificativamente influenciar a percepção de valor e fomentar uma relação de confiança e lealdade. Ferramentas de marketing digital, rótulos informativos, e iniciativas de mar- keting direto são apenas algumas das estratégias que podem ser empregadas para destacar as qualidades únicas dos produtos agrícolas e conectar produtores direta- mente com seus consumidores. AULA 9 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 119 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola Portanto, a formação de preços, juntamente com uma estratégia de distribui- ção bem planejada e uma comunicação eficaz, são fundamentais para o sucesso na comercialização agrícola. Esses elementos não apenas garantem a sustentabilidade e a rentabilidade do negócio agrícola, mas também promovem uma maior conexão entre o produtor e o consumidor, um aspecto cada vez mais valorizado em um mer- cado que se orienta pela qualidade, transparência e responsabilidade socioambiental. 9.2 O MACRO AMBIENTE DE MARKETING E AS ESTRATÉGIAS DE PREÇO Elementos do macroambiente exercem uma influência direta sobre os consu- midores e repercutem significativamente nos resultados das empresas. Consequen- temente, é essencial que as abordagens de marketing se ajustem ao contexto vigente. Como já discutido, este ambiente engloba diversos aspectos, incluindo fatores econô- micos, jurídicos, sociais, políticos, de competição, tecnológicos e ecológicos. No que tange ao aspecto econômico, períodos de recessão ou expansão eco- nômica influenciam o poder de compra dos consumidores. Durante recessões, com a queda na renda e o aumento da cautela ao gastar, torna-se imperativo para as com- panhias reavaliarem tanto a gama de produtos quanto as estratégias de precificação para torná-los mais acessíveis. Por outro lado, em fases de crescimento econômico, apresentam-se chances de incrementar o valor agregado aos produtos e serviços, permitindo uma elevação nos preços. Quanto aos fatores sociais e demográficos, é visível que tendências atuais impulsionam as empresas a adaptarem suas ofertas. A preocupação crescente com a saúde entre os consumidores e a preferência por alimentos benéficos à saúde, por exemplo, abrem portas para segmentos de mercado inovadores. Os consumidores estão dispostos a investir mais em produtos que percebem como de alta qualidade e valor. Este assunto tem sido recorrente nas discussões do setor agropecuário, tendo em vista o papel da alimentação tanto na prevenção da obesidade quanto da subnu- trição. A tendência do aumento da população idosa igualmente gera novas demandas por alimentos que se adaptem a este grupo demográfico. Se a população mais velha NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 120 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola foca em uma alimentação que suporte suas necessidades específicas, isso implica uma redução potencial nos gastos com medicamentos. Legislação, normas regulatórias e influências políticas têm um papel determi- nante nos mercados e nas estratégias adotadas por profissionais de marketing. Um exemplo recente é a legislação que estabeleceu diretrizes para a produção, comerci- alização e certificação de mel de abelhas nativas sem ferrão. Esta legislação não só introduziu normas de conformidade, mas também implementou um selo de certifica- ção ambiental, permitindo aos produtores comercializar espécies autóctones, o que agregou valor ao produto e beneficiou significativamente os produtores. Dentro do âmbito agropecuário, a análise de fatores climáticos e ambientais se mostra extremamente pertinente. A falta de água em certas áreas do Brasil, por exemplo, impacta diretamente o setor, uma vez que a produtividade agrícola e, con- sequentemente, os preços dos produtos agrícolas estão intrinsecamente ligados. Em 2016, a crise hídrica levou a um expressivo aumento no preço do feijão, que chegou a superar o valor do café, devido à diminuição da produção feijoeira no país, causada principalmente por adversidades climáticas. Adicionando-se a isso, o fenômeno climá- tico El Niño afetou áreas cruciais para a agricultura brasileira; enquanto a seca casti- gava estados como Minas Gerais e Bahia, o Paraná enfrentava problemas devido ao excesso de chuvas. A discussão sobre mudanças climáticas também ganhou desta- que nas últimas duas décadas, com previsões de elevação na média de temperatura global, o que poderia resultar em diminuição da capacidade de irrigação, aumento da secura do solo e maior prevalência de pragas e doenças. Esse quadro de potencial desequilíbrio no setor agrícola acende um alerta para futuras perdas de produção e a possibilidade de migração de cultivos entre diferentes regiões. A inovação tecnológica está transformando o cenário do agronegócio no Bra- sil. Segundo a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), mais de 50% das fazendas já implementaram alguma forma de tecnologia para melhorar tanto a produção quanto a gestão empresarial. No domínio tecnológico agrícola, certas ten- dências, como análise preditiva, Big Data e a Internet das Coisas (IoT), estão contri- buindo positivamente para os empreendimentos. A utilização de análise preditiva, por exemplo, tem provado ser extremamente valiosa, possibilitando a previsão de impac- tos das mudanças climáticas nas colheitas, o que auxilia na decisão estratégica e na NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 121 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola redução de efeitos adversos na produtividade. A IoT introduz uma dimensão de ino-vação com a incorporação de tecnologias avançadas em equipamentos como tratores e maquinários agrícolas, habilitando o monitoramento remoto e em tempo real de ati- vidades agrícolas diversas, desde o plantio até a colheita. No que diz respeito ao ambiente competitivo e às diferentes formas de con- corrência, observa-se que a estratégia de precificação varia conforme o cenário. Em um contexto de concorrência perfeita, caracterizado por produtos homogêneos e con- sumidores informados – típico de commodities – os preços tendem a ser menores e uniformes. Em mercados com muitos fornecedores e algum grau de diferenciação en- tre eles, sem dominância de mercado, há maior liberdade para a adoção de estraté- gias de precificação variadas, dando ao consumidor maior influência. Contrastando, em um oligopólio, onde produtos semelhantes são oferecidos por poucos vendedores com significativa participação de mercado, estes têm mais autonomia na definição de preços. Em situações de monopólio, com um único fornecedor para o mercado, este detém quase total controle sobre os preços, independentemente das preferências dos consumidores. Tomando a produção de trigo como um exemplo de commodity, seus preços, sendo cotados internacionalmente, dependem fortemente das políticas de oferta e de- manda dos principais produtores globais. A Argentina, um dos maiores produtores de trigo e principal fornecedor para o Brasil, influencia diretamente os preços no mercado brasileiro. Um aumento na produção argentina de trigo pode levar à queda dos preços no Brasil. Por outro lado, a valorização cambial pode provocar ajustes de preço para cima. Frente a uma boa safra de trigo com preços baixos, os produtores podem optar por reduzir a área cultivada temporariamente, esperando por uma melhora nos preços, embora haja limitações imediatas para alterar os preços praticados. Para evitar que a rentabilidade fique à mercê de produtos comoditizados, aconselha-se a diversificação do portfólio, incluindo itens de maior valor agregado. No caso dos produtores de leite, existe a possibilidade de expandir para produtos como queijos e iogurtes, que podem oferecer margens de lucro superiores. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 122 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola 9.3 MERCADO E PREÇOS De forma simplificada, qualquer negócio que almeje maximizar seus ganhos deve estabelecer seus preços superiores aos seus custos e inferiores ao limite que o consumidor consideraria inacessível ou além do que estaria disposto a pagar pelo produto ofertado. O desafio reside em identificar o equilíbrio ideal entre esses dois extremos, ou seja, encontrar o "preço ideal". Tal preço depende grandemente da per- cepção do consumidor sobre o valor do preço. Contra a intuição de que um produto, quanto mais acessível, maior será sua venda, é crucial reconhecer que o consumidor nem sempre está em busca do menor preço ou da melhor relação custo-benefício. Às vezes, a decisão de compra é influen- ciada pela conveniência ou pela fidelidade a marcas reconhecidas, independente- mente do custo. Importante também é o fato de que, embora os consumidores geralmente fa- çam pesquisas de preços antes de realizar uma compra, isso não ocorre com tanta frequência no momento da compra propriamente dita, como dentro de um supermer- cado, por exemplo. Esta observação abre espaço para estratégias alternativas para atrair a atenção do consumidor, que não se limitam apenas à redução de preços. Geralmente, o consumidor estabelece mentalmente uma "faixa de preço de referência" para cada categoria de produto ou serviço, baseada em experiências de compras passadas, pesquisa de preços da concorrência, aquisição de produtos subs- titutos, informações de conhecidos, propaganda, entre outros. O preço que o consu- midor espera pagar se encontra dentro dessa faixa. Contudo, percebendo um valor agregado na transação, ele pode estar disposto a investir mais. Portanto, o conceito de caro ou barato é subjetivo e depende significativa- mente da avaliação do consumidor sobre o valor, levando em conta tanto os benefí- cios tangíveis e intangíveis associados ao produto quanto o custo total envolvido na transação, que inclui não somente o aspecto financeiro, mas também o tempo e o esforço despendidos. O comportamento de compra varia de acordo com a natureidade do produto e a complexidade da decisão de compra pelo consumidor. Para aquisições rotineiras NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 123 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola ou produtos de conveniência, a dinâmica de avaliação de preços difere significativa- mente em comparação com compras mais deliberadas ou produtos de maior valor agregado, onde a análise de custo é mais criteriosa. Adicionalmente, a decisão de compra é moldada por variados fatores, como a frequência com que o produto é adquirido, a ocasião e o local de compra, além do grau de familiaridade e interesse do consumidor pelo produto ou serviço em questão. Naturalmente, espera-se que um consumidor aceite pagar um preço mais alto por uma lata de cerveja em um ambiente de casa noturna do que em um supermercado, mesmo se tratando do exato mesmo item. A sensibilidade ao preço se torna evidente em compras habituais, onde o con- sumidor tende a estar muito atento a variações de preço. Assim, o mesmo consumidor que pechincha por uma pequena diferença no preço de um pacote de fraldas pode acabar comprando um pacote de salgadinhos por impulso em uma loja de conveniên- cia sem considerar o preço. Há uma notável sensibilidade a preços em categorias como medicamentos, enquanto em outros casos, como pacotes turísticos, a pressão para encontrar o melhor preço pode ser menor. No contexto de serviços, a avaliação de preços pelo consumidor se torna mais desafiadora, dada a dificuldade de comparar serviços antes de sua utilização. Fatores como o custo de mudança influenciam na sensibilidade ao preço; consumidores po- dem mostrar relutância em mudar fornecedores de serviços essenciais, como planos de saúde ou operadoras de telefonia móvel, mesmo diante de promoções ou aumen- tos nos preços, embora a portabilidade numérica tenha reduzido esses custos de mu- dança. A formação de preços no mercado organizacional contrasta com o mercado consumidor. No mercado organizacional, as compras são realizadas por um número menor de compradores, que adquirem em grande volume e possuem expertise, au- mentando seu poder de negociação e pressionando por preços mais competitivos e margens reduzidas. Exemplos incluem cooperativas agrícolas, que centralizam com- pras e influenciam preços e regras do mercado. Quando se trata de vendas para redes de varejo, a definição de preço pode incluir custos adicionais relacionados a treina- mentos, verbas de marketing cooperado, eventos, assistência técnica, promotores de vendas e materiais de merchandising. Esses fatores adicionais devem ser considera- NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 124 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola dos no cálculo dos preços. Por outro lado, as compras governamentais são conduzi- das de forma mais regimentada, geralmente por meio de editais e processos licitató- rios. 9.4 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS PARA PRECIFICAÇÃO Porter (1996) destacou três estratégias genéricas essenciais para estabelecer uma posição de destaque sustentávelno mercado a longo prazo, estratégias estas que estão intrinsecamente ligadas à política de preços de produtos e serviços. A estratégia de liderança em custos coloca o preço baixo como seu principal atrativo ao consumidor. Empresas que adotam essa abordagem concentram seus es- forços em melhorar a eficiência da produção, aumentar o volume de produção e redu- zir despesas com marketing, suporte ao cliente, distribuição, pesquisa e desenvolvi- mento. A estratégia de diferenciação, por outro lado, envolve um investimento maior em inovação, serviços adicionais, canais de distribuição, pesquisa e desenvolvimento, marketing, recursos humanos, estudos de mercado e qualidade. O objetivo é criar atributos únicos que distingam o produto dos concorrentes, justificando um preço pre- mium baseado no valor percebido. Quando uma empresa não consegue competir com base em custos baixos ou não possui recursos para investir em diferenciação ampla, a estratégia de foco se torna uma alternativa viável. Esta abordagem direciona a atenção para um nicho de mercado específico, buscando atender às necessidades particulares desse segmento com qualidade e preço adequados. A estratégia de foco pode se concentrar tanto em custos quanto em diferenciação. Independente da estratégia escolhida, é crucial que a definição de preços es- teja alinhada com os objetivos de preço da empresa, refletindo metas estratégicas mais abrangentes. Existem diversos objetivos de preço que uma organização pode perseguir, incluindo: • Maximização da lucratividade: foco no aumento do lucro, seja atra- vés da redução de custos, seja pelo aumento dos preços. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 125 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola • Maximização do faturamento: busca ampliar as vendas ao máximo preço viável. • Maximização da participação de mercado: frequentemente requer ajustes nos preços para atrair mais clientes e ganhar terreno frente aos concor- rentes. • Acompanhamento da concorrência: estratégia comum entre mar- cas seguidoras, que definem seus preços com base nas líderes do mercado, porém a um nível mais acessível. • Aumento de prestígio: elevação do preço para adicionar valor ao produto. • Sobrevivência de curto prazo: aplicada quando a empresa enfrenta declínio, reduzindo preços para liquidar estoques existentes. 9.5 MÉTODOS DE DEFINIÇÃO DE PREÇOS Há três vertentes para a formação de preços, são elas: • Estratégia de Precificação Baseada em Custos: Esta técnica é a mais direta e se foca na soma de uma margem de lucro específica ao custo de produção do produto. Contudo, não leva em consideração o impacto do preço sobre a demanda ou a reação dos concorrentes. A margem de lucro pode ser adicionada de duas formas principais: através do Markup, que é o acréscimo de uma margem de contribuição sobre os custos - método amplamente utili- zado por varejistas e distribuidores - e o acréscimo de margem sobre o preço de venda. Pequenas propriedades agrícolas, por exemplo, costumam aplicar o método de Markup, adicionando uma margem de lucro sobre o custo das ma- térias-primas. No entanto, para uma apuração de custos mais precisa, é neces- sário considerar não só os custos diretos, como matéria-prima, mas também o processo produtivo completo, custos indiretos e despesas gerais. • Estratégia de Precificação Baseada na Concorrência: Este método ajusta os preços em relação aos praticados pelos concorrentes, podendo esta- belecer preços menores, iguais ou superiores, a depender de vários fatores NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 126 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola como qualidade do produto, valor da marca e posicionamento no mercado. Essa abordagem considera tanto os concorrentes diretos quanto os indiretos, além de produtos substitutos. Por exemplo, no mercado de refrigerantes de cola, seriam considerados não apenas outros refrigerantes de cola, mas tam- bém refrigerantes de outros sabores e bebidas alternativas como sucos ou chás. Os líderes de mercado geralmente servem como referência para os pre- ços adotados pelos demais. Em mercados de produtos padronizados ou quando o preço é o principal critério de compra, é crucial posicionar-se dentro da média de preços do mercado. • Estratégia de Precificação Baseada na Demanda e Valor para o Cli- ente: Esta abordagem determina o preço baseando-se no quanto se estima que os clientes estariam dispostos a pagar pelo produto, utilizando-se de pesquisas primárias, análise histórica, comparação com produtos concorrentes ou simila- res. Estratégias de tentativa e erro, bem como testes de mercado em regiões específicas, podem ser empregadas para ajustar o preço idealmente. Essa me- todologia permite a criação de uma curva de demanda que reflete a disposição de compra dos consumidores, variando de acordo com a estrutura do mercado. 9.6 ADMINISTRAÇÃO DE PREÇOS E POLÍTICAS DE COMERCIALIZAÇÃO As empresas necessitam ajustar e revisar os preços dos seus produtos e ser- viços regularmente devido a uma série de fatores, incluindo alterações nas quantida- des vendidas, modificações nas preferências do público-alvo, entrada em novos mer- cados geográficos e canais de distribuição, resposta dos consumidores às ações da concorrência, e variações nas condições gerais do mercado. Dentro da perspectiva de marketing, existem diversas estratégias de precifi- cação projetadas para capturar a atenção dos consumidores. Algumas dessas técni- cas incluem: • Preço Psicológico: estabelecimento de preços que pareçam mais acessíveis, como definir o preço de um item em R$ 199 em vez de R$ 200. A percepção é que o preço mais específico é menos caro. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 127 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola • Preço Isca: utilização de preços baixos em determinados produtos para atrair clientes, com a expectativa de que eles comprem outros itens a preços regulares. Supermercados e farmácias frequentemente adotam essa tática. • Preço a Prazo: oferecimento de condições de pagamento facilitadas, destacando o valor das parcelas, o que ajuda os consumidores a entenderem melhor sua capacidade de pagamento. Esse método é comum em lojas de eletrodomésticos e eletrônicos, dada a alta valorização desses produtos. • Preço com Desconto: aplicação de diferentes tipos de descontos, in- cluindo reduções para pagamentos à vista, compras em volume, períodos es- pecíficos do ano, ou para segmentos específicos de clientes. É vital identificar as preferências de preço de seus consumidores e manter uma oferta ativa e atraente, especialmente para produtos de maior demanda. A esco- lha da estratégia de precificação correta pode significar a diferença entre atrair e reter clientes ou perdê-los para a concorrência. Reduzir preços pode ser uma estratégia adequada em diversas circunstân- cias, como quando a empresa possui capacidade produtiva ociosa, deseja aumentar rapidamente sua fatia de mercado, responde a cortes de preços feitos pela concor- rência, ou busca incentivar a experimentação de seus produtos para ampliar sua pe- netração de mercado. Contudo, é crucial ter cautela ao reduzir preços para evitar que os consumidores passem a associar permanentemente a marca a preços baixos. Por isso, as promoções devem, idealmente, ser temporárias, para transmitir a ideia de uma oportunidade limitada.Ajustes de preços para cima, por outro lado, geralmente seguem a inflação, refletem aumentos nos custos de produção, ou são efetuados em resposta a um rea- linhamento estratégico com o mercado ou em função de uma demanda aquecida, que pode ser sazonal ou não. Como alternativa ao aumento de preços, que poderia afetar negativamente a demanda sem comprometer a rentabilidade, empresas podem optar por reduzir o tamanho dos produtos, alterar o volume das embalagens, simplificar os produtos, substituir componentes por outros mais baratos, ou eliminar serviços adici- onais. É fundamental reconhecer que toda alteração de preço, seja para mais ou para menos, provocará reações tanto dos concorrentes quanto dos consumidores. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 128 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola Portanto, a gestão de preços é um processo contínuo e dinâmico. Igualmente impor- tante é a capacidade de antecipar mudanças nos preços praticados pelos concorren- tes. Se um concorrente diminuir seus preços, a empresa deve avaliar se irá ajustar os seus para não perder participação de mercado, especialmente se o custo para recon- quistá-la for elevado, ou se manterá seus preços, apostando na lealdade de seus cli- entes ou na inelasticidade da demanda pelo seu produto. Embora o preço desempenhe um papel central na comercialização de produ- tos e serviços, existem outros elementos que afetam a percepção de valor pelo con- sumidor, incluindo opções de pagamento e financiamento. Esses aspectos, parte in- tegrante das estratégias comerciais das empresas, frequentemente influenciam a de- cisão de compra. Em muitos casos, a escolha de onde comprar não se baseia apenas no preço mais baixo, mas também na flexibilidade do parcelamento ou na aceitação de determinados cartões de crédito pelo vendedor. Da mesma maneira, a política de descontos exerce impacto direto na disposi- ção do consumidor para adquirir um produto ou serviço. Ofertas que incluem descon- tos progressivos por volume de compra podem encorajar o consumidor a adquirir mais itens e desenvolver uma lealdade ao ponto de venda. Serviços adicionais também contribuem significativamente para a percepção de valor da compra. Exemplos incluem a oferta de entrega gratuita, suporte técnico facilitado ou programas de fidelidade que recompensam os consumidores leais com descontos ou produtos e serviços selecionados de um catálogo, baseados nos pontos acumulados em compras anteriores. Companhias aéreas e empresas de cartões de crédito são exemplos de setores que utilizam programas de fidelidade robustos para atrair e reter clientes, especialmente aqueles que utilizam seus serviços frequente- mente. Portanto, fica claro que a estratégia de comercialização é um aspecto com- plexo e deve ser abordado de forma estratégica, indo além da simples gestão de pre- ços. Além disso, é crucial que as práticas de precificação mantenham a integridade ética, evitando práticas como preços predatórios, vendas abaixo do custo (dumping), acordos ilegais de preços ou estratégias de precificação que possam enganar os con- sumidores. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 129 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola 9.7 – DISTRIBUIÇÃO: CANAIS Existem várias rotas através das quais os produtos são entregues aos consu- midores, conhecidas como Canais de Distribuição. Estas são redes de entidades que colaboram para cumprir as funções necessárias para conectar fabricantes aos usuá- rios finais. Canais de distribuição podem assumir responsabilidades variadas, incluindo a aquisição e venda de mercadorias, estocagem e a logística de distribuição. Algumas organizações podem gerenciar todas essas operações, enquanto outras se especiali- zam em funções específicas. Os fabricantes têm a opção de distribuir seus produtos diretamente aos con- sumidores, o que é conhecido como distribuição direta (ou canal direto), eliminando a necessidade de intermediários. Por exemplo, um cultivador de vegetais pode fornecer seus produtos diretamente para restaurantes. Este método é considerado o mais di- reto e oferece a vantagem de aproximar o fabricante do consumidor, permitindo um entendimento mais aprofundado das necessidades do cliente para um melhor serviço. As outras formas de distribuição, que envolvem um ou mais intermediários, são referidas como distribuições indiretas (ou canais indiretos). Há prós e contras na inclusão de intermediários na cadeia de distribuição. Um ponto negativo é que, quanto mais intermediários, maiores são os custos acumulados na cadeia. À medida que o produtor se distancia do consumidor final, a clareza das infor- mações sobre o consumidor pode diminuir. Contudo, os distribuidores possuem suas especializações e, em muitos casos, não é viável para a empresa manter uma distri- buição direta em todos os mercados ou para todos os produtos. Não é raro que um Vá no tópico VÍDEO COMPLEMENTAR em sua sala virtual e acesse os vídeos “Métodos de precificação – fundamentos de marketing” e “Estratégias de precificação – fundamentos de marketing”. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 130 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola fabricante utilize tanto canais diretos quanto indiretos em sua estratégia de distribui- ção. Um exemplo típico de distribuição indireta no setor de bens de consumo ocorre quando um fabricante vende seus produtos a um varejista, que então vende ao consumidor final. O fabricante pode também optar por vender para um atacadista, que por sua vez vende ao varejista, e este ao consumidor. Outra alternativa inclui a figura de um agente ou representante de vendas que facilita a transação entre o produtor e outros intermediários. Figura 9.1 – Canais de bens de consumo. Fonte: Rodrigues, 2018. Mais recentemente surgiu um novo canal, o Atacarejo, que mescla atacado e varejo na mesma loja, com conceitos de self-service (autosserviço) e cash & carry (pague e leve). Nesse caso, o produtor, em geral, vende direto ao Atacarejo e esses, por sua vez, vendem a varejistas e consumidores finais, em lotes mínimos. A escolha dos canais de distribuição deve ser feita com base na análise de uma série de variáveis, como a estrutura da empresa, o tipo do negócio, a natureza dos produtos, a localização dos clientes e a pulverização ou concentração de compra, entre outros. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 131 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola 9.8 SELEÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DOS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO A seleção de canais e métodos de distribuição representa um desafio com- plexo que demanda a avaliação de diversos fatores relacionados à empresa, ao pro- duto, aos clientes, aos concorrentes, aos intermediários e até ao macroambiente. Uma análise cuidadosa do consumidor final é essencial, incluindo estimativas sobre sua quantidade, localização geográfica, padrões de compra, entre outras características. Ao considerar canais intermediários ou clientes empresariais finais, é crucial que a empresa identifique os níveis de serviço que esses clientes esperam, abrangendo as- pectos como volume do pedido, tempo de entrega, facilidade de acesso, diversidade de produtos e suporte.O custo associado ao canal tende a aumentar proporcionalmente ao nível de serviço oferecido. Por exemplo, um fornecedor de frutas e verduras para um super- mercado deve atender a requisitos específicos, como frequência e volume de entrega e embalagens apropriadas. Características do produto como custo unitário, perecibilidade, sazonalidade, volume de vendas, uniformidade, bem como requisitos de instalação, assistência téc- nica ou manutenção também precisam ser considerados. É igualmente importante en- tender as estratégias de canal adotadas pelos concorrentes, incluindo informações sobre parceiros, condições financeiras e vantagens competitivas. Levar em conta questões econômicas, políticas, jurídicas, sociais e tecnológi- cas é crucial na seleção de canais de distribuição, já que o distribuidor atua como um representante do produtor diante do consumidor, inclusive compartilhando responsa- bilidades legais em potenciais litígios. Independente da estratégia de distribuição ado- tada, os produtores precisam considerar toda a cadeia de distribuição, não apenas suas próprias operações, garantindo que a entrega ao consumidor final seja efetuada de maneira adequada, pois é a reputação da marca que está em jogo. A importância de uma coordenação e integração eficazes ao longo de toda a cadeia de distribuição é fundamental para agregar valor ao consumidor final. Essa cadeia deve ser encarada como uma rede de valor, que requer construção e manu- tenção contínua. A priorização da geração de valor ao cliente deve ser o foco central na tomada de decisões sobre os canais de distribuição. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 132 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola O manejo eficiente dos canais de distribuição vai além da seleção adequada; implica no treinamento contínuo e motivação dos intermediários. A gestão de eventu- ais conflitos dentro do canal também é necessária, o que demanda confiança e coo- peração entre seus membros. É vital destacar que a escolha dos canais de marketing influenciará outras decisões do marketing-mix, incluindo estratégias de precificação e comunicação. 9.9 COBERTURA DE MERCADO E TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO O canal selecionado precisa assegurar o nível adequado de alcance no mer- cado de forma eficaz. Existem três estratégias principais de distribuição, cada uma visando diferentes graus de penetração de mercado: distribuição exclusiva, seletiva e intensiva. A distribuição exclusiva é realizada através de um parceiro único (seja ataca- dista ou varejista) que obtém do fabricante os direitos exclusivos de venda de uma ou mais linhas de produtos em um determinado território. Esta estratégia é aplicada quando se requer uma especialização avançada na venda dos produtos e pressupõe uma relação de lealdade com o distribuidor. Concessionárias de automóveis são um exemplo típico, vendendo novos modelos de uma marca específica exclusivamente. Por outro lado, a distribuição seletiva envolve a colaboração com múltiplos intermediários em uma área geográfica específica, selecionados de acordo com crité- rios como localização, clientela e reputação. Este método é frequentemente empre- gado para produtos de compra mais deliberada e direcionados a segmentos específi- cos de consumidores, como é o caso dos relógios de luxo, disponíveis apenas em determinadas joalherias. A distribuição intensiva busca a comercialização dos produtos através do maior número possível de intermediários dentro de uma área, visando alcançar uma ampla penetração de mercado e um volume elevado de vendas. Este método é ideal para produtos de consumo massivo de valor unitário baixo e compra frequente, que devem estar acessíveis em múltiplos pontos de venda para atender as diversas oca- siões de compra dos consumidores. Chocolates, por exemplo, são distribuídos não apenas em supermercados, mas também em lanchonetes, padarias, restaurantes, NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 133 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola quiosques, farmácias, postos de gasolina, estádios esportivos, entre outros locais, atendendo aos impulsos de compra dos clientes. 9.9.1 Distribuição física A logística de distribuição física abarca o transporte, armazenagem, gerenci- amento de estoques e processamento de ordens, enfocando na entrega eficiente dos produtos aos consumidores finais. Isso inclui decisões sobre a utilização de transporte próprio versus terceirizado, escolha dos modais de transporte mais eficazes, além da determinação do número e localização de armazéns para otimizar a logística de dis- tribuição. Outro aspecto crítico na gestão logística é definir o volume de estoque ade- quado. Um nível de estoque elevado garante melhor capacidade de atendimento ao cliente, assegurando a disponibilidade dos produtos. Contudo, estoques maiores im- plicam em custos mais altos para a empresa, tanto em termos de espaço físico quanto financeiro, já que representam capital investido sem retorno imediato. Fabricantes frequentemente segmentam clientes e produtos em diferentes ní- veis de prioridade para balancear seus estoques e assegurar uma distribuição efici- ente. Em situações onde não é possível garantir a entrega de 100% dos produtos a todos os clientes, a empresa pode focar em assegurar a completa disponibilidade dos itens mais lucrativos para seus clientes mais valiosos. Uma ferramenta útil para iden- tificar quais produtos priorizar é a análise da curva ABC, que organiza os itens de estoque baseando-se em sua importância ou impacto. Esta análise destaca os produ- tos que, apesar de serem em menor quantidade, contribuem significativamente para a rentabilidade e/ou receita da empresa. Os produtos são organizados em categorias conforme seu valor e impacto no faturamento, como demonstrado abaixo: • Classe A: Representa os itens de maior valor ou importância, que embora constituam apenas 20% do inventário total, são responsáveis por 65% do faturamento. • Classe B: Esses itens possuem importância e valor médios, for- mando 30% do total de produtos e contribuindo com 25% do faturamento. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 134 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola • Classe C: São os produtos menos significativos, que, apesar de comporem 50% do total de itens, geram apenas 10% das receitas. A logística de distribuição de produtos agrícolas apresenta desafios únicos, especialmente devido à natureza perecível desses itens. Cada produto demanda um cuidado específico pós-colheita, exigindo transporte e armazenamento com condições controladas, como embalagens adequadas, temperaturas específicas e até controle da umidade relativa do ar. A sazonalidade é outro fator distintivo na distribuição de produtos agropecuá- rios, influenciada pelas variações climáticas que determinam períodos de colheita úni- cos ao longo do ano em diferentes regiões. O transporte desses produtos precisa ser adaptado para preservar a qualidade, o que é crucial para o sucesso na comercializa- ção e para facilitar o escoamento da produção. Embora a distribuição física possa não ser diretamente responsabilidade dos profissionais de marketing, é essencial que eles estejam integrados a esse processo para assegurar que as estratégias de marketing sejam efetivamente implementadas e alcancem o consumidor final como planejado. Por exemplo, realizar uma campanha promocional semgarantir a disponibilidade do produto promovido ou sem a logística necessária para sua entrega pode resultar em problemas significativos de reputação para a empresa, devido à insatisfação dos consumidores. 9.9.2 O atacado O atacadista é a entidade que adquire e revende mercadorias tanto para va- rejistas quanto para fabricantes. Geralmente, além de comprar em volume, o ataca- dista desempenha a função de armazenar e dividir esses bens em quantidades me- nores para venda ao varejo. Esse canal é frequentemente utilizado por produtores visando facilitar as transações em mercados amplos e com clientes volumosos, con- tribuindo também para a redução de custos por meio da otimização da eficiência. Os varejistas, por sua vez, se beneficiam ao adquirir de atacadistas que disponibilizam uma ampla variedade de produtos de diferentes origens. Para serem bem-sucedidos, os atacadistas devem elaborar estratégias de marketing que atraíam tanto os fornecedores quanto os compradores varejistas. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 135 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola Atualmente, o setor de atacado vem se destacando por significativos investi- mentos em tecnologia e sistemas de gestão de informação. Uma inovação no mercado é o surgimento do "Atacarejo", uma modalidade que combina características do atacado de autosserviço com o formato de varejo dos hipermercados. Esta abordagem permite que consumidores finais adquiram produtos a preços de atacado, embora em quantidades maiores. Muitas famílias optam por re- alizar compras volumosas nos Atacarejos para economizar no custo unitário dos itens, organizando, inclusive, compras coletivas com parentes e amigos. No entanto, o prin- cipal público do Atacarejo inclui pequenos e médios comerciantes que buscam abas- tecer seus negócios regularmente sem a necessidade de manter grandes estoques. Frequentemente, os preços praticados pelos Atacarejos são inferiores aos oferecidos diretamente pelos fabricantes, devido a estratégias comerciais específicas voltadas para esse canal. 9.9.3 O varejo O varejista atua como o elo final na cadeia de distribuição, vendendo direta- mente aos consumidores finais. Ele agrega valor tanto para atacadistas quanto para fabricantes ao disponibilizar os produtos aos consumidores de maneira eficaz. Além disso, os varejistas podem fornecer insights valiosos sobre as tendências de consumo e preferências dos clientes aos seus fornecedores. Assumindo o risco das vendas, os varejistas têm responsabilidades significativas, incluindo a promoção dos produtos e a criação de um ambiente que incentive a compra. Assim como os atacadistas, os varejistas necessitam desenvolver estratégias de marketing direcionadas tanto aos fornecedores quanto aos consumidores finais. Para os consumidores, o varejo oferece conveniência, tornando produtos dis- poníveis e satisfazendo suas necessidades e desejos. Os varejistas facilitam o pro- cesso de compra oferecendo uma ampla gama de produtos, informações detalhadas sobre esses itens, promoções, variadas opções de pagamento e serviços adicionais, como entrega em domicílio, quando aplicável. Na hora de escolher seus parceiros de varejo, fabricantes e atacadistas de- vem levar em consideração o público-alvo de cada varejista e seu posicionamento de NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 136 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola marca, já que a imagem do ponto de venda pode influenciar a percepção do consumi- dor sobre a marca dos produtos adquiridos. Por exemplo, se uma marca de roupas é vendida em uma loja de luxo, ela pode ser percebida como uma marca de luxo pelo consumidor. As vendas varejistas podem ocorrer tanto em lojas físicas quanto por meio de formatos de varejo online. O varejo físico ainda predomina como o formato mais comum, apresentando uma diversidade de tipos de lojas, cada uma com suas características únicas. Existem lojas especializadas que focam em categorias específicas de produtos e frequente- mente se tornam pontos de referência para consumidores interessados em obter in- formações aprofundadas sobre esses produtos. Supermercados e lojas de frutas e vegetais são exemplos típicos desses estabelecimentos especializados. O conceito de varejo sem loja engloba as vendas realizadas por meio de ca- tálogos e telemarketing, métodos tradicionalmente menos utilizados no setor agrícola. Contudo, essa categoria também abrange o comércio eletrônico, que tem ganhado força em diversos segmentos, especialmente após a pandemia da Covid-19. Historicamente, a agricultura depende significativamente de interações físicas e redes de distribuição complexas. No entanto, a evolução tecnológica e a crescente adoção de meios digitais têm revolucionado a comercialização de produtos agrícolas. Uma vantagem notável do e-commerce no setor agrícola é sua capacidade de ampliar o mercado. Produtores que antes estavam restritos a suas localidades agora têm a possibilidade de atingir clientes globais, abrindo caminhos para expandir seus negócios e aumentar a rentabilidade. Além disso, o comércio eletrônico oferece aos consumidores a comodidade de acessar uma diversidade de produtos agrícolas dire- tamente de suas casas. A transparência na cadeia de suprimentos é outro benefício relevante. Através do e-commerce, consumidores podem verificar a procedência dos alimentos, conhe- cer as técnicas de cultivo e até mesmo estabelecer contato direto com os produtores, fortalecendo a confiança na qualidade e segurança dos produtos e incentivando prá- ticas de cultivo sustentáveis. Ademais, o e-commerce propicia eficiência e praticidade para todos os envol- vidos no processo. Produtores conseguem administrar estoques, processar pedidos e realizar transações financeiras de maneira mais ágil e eficiente, sem necessitar de um NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 137 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola espaço físico para vendas. Distribuidores podem aprimorar a logística, cortar custos e encurtar os tempos de entrega, enquanto os consumidores desfrutam de uma maior variedade de produtos, preços competitivos e flexibilidade nas opções de entrega. Contudo, é crucial considerar os desafios enfrentados na implementação do e-commerce na agricultura. Problemas como o acesso limitado à internet em áreas rurais, infraestrutura de transporte deficiente e questões de segurança online são obs- táculos que demandam atenção e soluções adequadas. 9.9.4 Cooperativas agropecuárias Ao decidir sobre os canais de comercialização para produtos agropecuários, é essencial considerar as peculiaridades do setor. A sazonalidade é um fator marcante para muitos produtos agrícolas, e variações na produção podem afetar significativa- mente a comercialização. Problemas como superprodução ou escassez podem surgir devido a condições externas ao controle do produtor. Frequentemente, supermerca- dos e hipermercados estabelecem contratos de fornecimento que não levam em conta essas flutuações, podendo resultar em perdas para o produtor. Uma estratégia para contornar essas dificuldades é o desenvolvimento de sis- temas cooperativos de distribuição, como as cooperativas, que têm se mostrado uma força econômica significativa no Brasil. Dentro de uma cooperativa, os produtores po- dem ajustar suas safras para atender melhor à demanda do mercado. As cooperativaspermitem a redução de custos e a melhoria do nível de serviço oferecido aos clientes. A colaboração proporcionada pelas cooperativas forma um pilar essencial para o desenvolvimento do agronegócio no país, especialmente benéfico para peque- nos e médios produtores que enfrentam desafios para implementar projetos de grande escala ou adotar novas tecnologias. As cooperativas facilitam o acesso a insumos, equipamentos, tecnologia e serviços, oferecendo soluções integradas aos seus mem- bros. Por meio da participação em cooperativas, os produtores conseguem expan- dir seu alcance de mercado, fortalecer sua capacidade de negociação com compra- dores e se manter competitivos, garantindo uma posição mais robusta no setor. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 138 E-mail:secretariaead@funec.br GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola . BIBLIOGRAFIA 1. ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos do Agronegócio. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 2. PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1996. 3. RODRIGUES, A. F. B. B. Gestão : marketing no agronegócio. Curitiba: SENAR AR/PR., 2018.