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22/11/2012 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA DE ALIMENTOS MATÉRIAS PRIMAS ALIMENTÍCIAS – TEC 321 Matérias primas de origem animal Carnes Profª Taís S. de Oliveira Brandão 2011.2 Matérias primas animais • Obtenção – Criação • Tecnologia racional e avançada • Bovinos, suínos, ovinos, caprinos, coelhos, aves, rã. – Captura: • Caça e pesca • Destino – Consumo in natura – Processamento industrial • Embutidos, emulsionados, empanados, carnes curadas, etc. Matérias primas animais • Inspeção – Ante-mortem • Tuberculose, tétano, aftosa, pneumonia, raiva, fraturas, abcessos – Post-mortem • Bovinos: cabeça, pulmões, fígado, coração, estômago e intestinos, útero, úbere,carcaça, cavidades torácicas e abdominal RIISPOA • Regulamento Industrial de Inspeção de Produtos de Origem Animal (1952) – www.agricultura.gov.br/sda/dipoa/RIISPOA.html#Índice • Órgãos encarregados de registro e fiscalização – SIF – SIE – SIM Definições • Animal • Carcaça – É o corpo do animal, eviscerado, sem pés, cabeça e sem o couro. • Músculos,ossos e gordura Esqueleto Músculo Gordura Vísceras Definições • Carnes → todos os tecidos comestíveis dos animais de açougue, englobando músculos, com ou sem base óssea, gorduras e vísceras, podendo os mesmos ser in natura ou processados. • Carnes Vermelhas → bovino, ovinos, caprinos, suínos, búfalo, cavalo e outras. • Carnes de aves → frango, perus, patos, marrecos, codorna. • Carnes de caça → animais não domesticados 22/11/2012 2 Definições • Carne in natura: é a carne fresca ou resfriada que não sofrido alterações na sua estrutura física, nem foi ainda submetida a qualquer processamento industrial. • RIISPOA - Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal: Carne de açougue são as massas musculares maturadas e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a base óssea correspondente, procedentes de animais abatidos sob inspeção veterinária. Definições • Carne mecanicamente separada de frango – A carne retirada a partir de ossos, carcaças ou partes de carcaças, com exceção dos ossos da cabeça, submetidos à separação mecânica em equipamentos especiais - Máquinas de Separação Mecânica (MSM), e imediatamente congelada, por processos rápidos ou ultra - rápidos, quando não for utilizada no momento seguinte. – Mortadela, salsichas, salames, sopas em pó Carne • Componente central da dieta humana; • Produto nobre – índice de desenvolvimento econômico; • Brasil maior exportador (volume) mundial de carne bovina; • Carne barata, de menor qualidade – febre aftosa, padrão, rastreabilidade e certificação, cor, sabor e maciez Conceito de abate humanitário Conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde as operações de embarque até a sangria. • Qualidade sanitária + Qualidade ética • Objetivos – Abate sem sofrimentos desnecessários – Sangria eficiente – Qualidade Condições essenciais - ABATE • Evitar sofrimento para o animal • Ser isento de perigo para o operador • Ser rápido e de fácil manejo • Atender a preceitos religiosos • De acordo com a legislação vigente Composição da carne Origem % água % proteina % gordura % carboidratos % cinzas Energia Kcal/100g Bovina 74 - 76 21 – 22 0,2 – 2,2 < 1 1,2 100 – 120 Suina 72 – 75 22 1,9 – 4,5 1 1,2 110 – 140 Ovina 74 – 75 19 – 20 4,0 < 1 1,1 115 – 125 Aves 53 – 73 15 – 22 6 – 31 1 1,0 120 – 200 Coelho 70 21 7 1 1,1 160 Tab. 1 Composição química aproximada e conteúdo energético da carne Fonte: Prata e Fukuda 2001 75% água; Em geral: 18% proteína; 3% gordura; 1% carboidrato; 1,5% cinzas; Espécie, raça, sexo, idade, nutrição, localização anatômica, Treinamento e exercício. 22/11/2012 3 Composição da carne • Água: 75% – Relação inversa ao conteúdo de gordura; – Propriedades físicas: cor, textura e firmeza da carne crua, suculência, palatabilidade, dureza quando cozida • Cinzas e Vitaminas: 1,5% – Minerais: potássio, fósforo, sódio, cloro, magnésio, cálcio, ferro e zinco; – Vitaminas do complexo B e vitaminas A e C; – Carne de porco – tiamina; • Carboidratos: 1% – Glicogênio polissacarídeo de reserva animal; – Redução no post mortem para produção de ATP e transformação em ácido lático com abaixamento do pH. Composição da carne • Gordura: 3% – Varia com: cortes, nutrição, composição, idade; – Susceptível a reações de oxidação e hidrólise levando a rancificação, com produção de glicerol e ac. graxos livres. • Proteína: 18% – Constituinte mais importante (quantidade e valor nutritivo); – Sarcoplasmáticas 30 a 35% (enzimas, mioglobina, hemoglobina) – solúveis em salinas diluídas; – Miofibrilares 52 a 56% (miosina, actina e outras) – solúveis em salinas concentradas; – Estromáticas (membrana celular e tec. Conjuntivo) – insolúveis; • Colágeno (40 a 60%) e elastina (10 a 20%) – ossos, cartilagens, tendões, pele Tecidos que constituem as carnes • Epitelial: – Removido no abate; – Em aves - Crocância; – Fígado e rins • Nervoso: – Impulsos nervosos; – Entremeado no tec. Muscular; – Menos de 1% • Conjuntivo: – conecta, liga / coesão, continuidade, sustentação, proteção; – fibroso, adiposo e de sustentação (ossos e cartilagem); • Muscular: – Liso (involuntário) e estriados (movimentos); Tecido Conjuntivo Parte volumosa da carne e subprodutos Trabalho muscular Elementos de estrutura fibrilar : • Colágeno: mais abundante (maciez e dureza); – industrialmente – colas, adesivos, cosméticos e curtume; – sob aquecimento solubilizam, gelatinizando. • Elastina: força e maleabilidade; – resistência a variação de temperatura e pH • Reticulina: proteínas extracelulares (estromáticas) – São insolúveis. Transformação do Músculo em Carne • Contração muscular • Instalação do Rigor Mortis ou Rigidez Cadavérica • Resolução do Rigor – Maturação Tratamento ante mortem Processo de abate Técnicas de armazenamento Contração muscular Estímulo nervoso (cérebro ou na medula espinhal) transmitido ao músculo (nervo) Fibras musculares Impulso elétrico (potencial de ação) Contração muscular • Contração muscular “Formação do complexo actomiosina” – actina, miosina, tropomiosina e troponina Contráteis Reguladoras Proteínas Miofibrilares 22/11/2012 4 Instalação do Rigor Mortis • Falência sanguínea • Abaixamento do pH – de 7,0 → 5,5; – Causa: Metabolismo anaeróbico do Glicogênio de reserva gerando Ácido Lático; • Intensa contração muscular – Complexo Actomiosina; • Causa: Consumo total do ATP celular; – Rigor mortis / rigidez cadavérica Tempo de instalação e acidificação • Frango: menos de 30 min.; • Peru: menos de 1 hora; • Suínos: entre 25 min. e 3 horas; • Bovinos: entre 6 e 12 horas; • Animais descansados X Animais exaustos • Acidificação – Até 24 horas; – Mais rápida em suínos; Resolução do Rigor - Maturação • A resolução do rigor mortis é indicada pelo amaciamento das massas musculares e resulta de alterações causadas por degradação da ultraestrutura da fibra muscular; • Do ponto de vista tecnológico, considera-se carne o músculo que tenha passado pelo rigor mortis; • O valor final do pH (5,4 – 5,8) da carne influi na conservação e nas propriedades tecnológicas da carne. Qualidade • Conceito subjetivo dependente da percepção, da necessidade e do desejo do consumidor; • Um produto de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura, e no tempo certo, às necessidades do cliente, podendo-se incluir os conceitosde valor nutritivo, sanidade e características organolépticas; • Rastreabilidade Qualidade • Para os criadores: “um nível ótimo de produção de acordo com os recursos disponíveis”; • Para os engordadores: “máximo rendimento de carcaça”; • Para as industrias e frigoríficos: “maior margem de lucro, alto rendimento em cortes, marca forte”; • Para os varejistas: “margem de lucro, retorno rápido, boa aparência e extensa vida de prateleira”; • Para os consumidores: “sanidade, valor nutritivo, segurança alimentar, aspectos sensoriais e PREÇO”; Atributos de qualidade • SENSORIAIS (cor, textura, suculência, sabor, odor, maciez) • TECNOLÓGICOS (pH, capacidade de retenção de água) • NUTRICIONAIS (quantidade de gordura, perfil dos ácidos graxos, grau de oxidação, porcentagem de proteínas, vitaminas e minerais) • SANITÁRIOS (ausência de agentes contagiosos como tuberculose, encefalopatia espongiforme bovina, Salmoneloses) • AUSÊNCIA DE RESÍDUOS QUÍMICOS E FÍSICOS (antibióticos, hormônios, dioxina ou outras substâncias contaminantes) • ÉTICOS (bem-estar do homem e do animal) • PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (se o modo de produção não afeta a sustentabilidade do sistema ou provoca poluição ambiental) 22/11/2012 5 Alterações na qualidade das carnes Carnes PSE – Pale, Soft, Exsudative • Fatores pré-abate como genética, nutrição e manejo; • Caracterizam-se por serem pálidas, flácidas e exsudativas; • Relacionam-se com o genótipo de algumas raças suínas (seleção para conversão alimentar e carcaças magras); • Decomposição acelerada do glicogênio após o abate; • pH 5,5 (mais rápido) e temperatura elevada levam a desnaturação das proteínas, baixa capacidade de retenção de água (CRA) e exsudação; Alterações na qualidade das carnes Carnes DFD - Dry, Firm, Dark • Fatores pré-abate como genética, nutrição e manejo; • São carnes de aspecto escuro, firme e seco (dark, firm, dry), ou carnes de corte escuro (dark cutting beef); • pH acima de 6,0 em bovinos; • Em carne bovina - superfície de corte pegajosa; • Em suínos - carne escura com aspecto vitrificado; Alterações na qualidade das carnes Fatores negativos da DFD: • Falta de sabor e aroma, pior qualidade degustativa; • Vida-de-prateleira inferior a dois dias a 0ºC; • Baixa atratividade devido a sua cor e textura; • Menor capacidade de difusão do sal durante a cura. Fatores positivos da DFD; • Maior capacidade de retenção de água; • Menor perda de água por exsudação (0,5%); • Menores perdas no cozimento (5%); Corte PSE Corte NORMAL Corte DFD http://www.fao.org/DOCREP/005/x6909S/x6909s04.htm Avicultura Industrial . Nº 05/2006 Atualidades em Ciência e Tecnologia de Carnes/2006 22/11/2012 6 Alterações na qualidade das carnes Encurtamento pelo frio • Instalação do rigor mortis em temperatura abaixo de 14°C e pH superior a 6,8, predispõem à contração muscular intensa; • Encurtamento é mais intenso quanto mais próxima da temperatura de congelamento (carne extremamente dura quando cozida); • Frio excessivo, liberação rápida e em grandes quantidades de íons cálcio pelo retículo sarcoplasmático (contração mais intensa); • Ou paralisação da bomba de cálcio, impedindo que o retículo sarcoplasmático retire o cálcio do sarcoplasma, mesmo na presença de ATP suficiente; Alterações na qualidade das carnes Rigor do descongelamento • O congelamento das carcaças em pré-rigor interrompe os processos bioquímicos do músculo post mortem; • No descongelamento ocorre uma intensa e repentina liberação de íons cálcio e uma intensa atividade ATPásica. • Em conseqüência disto, uma forte contração, com grande encurtamento das fibras musculares, que pode chegar a 80% do comprimento original, além da intensa perda de suco (até 30-40%). Controle • Descongelamento lento das carnes congeladas em pré-rigor; • Proporcionar o descanso regulamentar antes do abate; • Garantir a refrigeração ideal para cada espécie; • Suspensão da carcaça pela pélvis; • A estimulação elétrica após a sangria (90V) ou na primeira hora após o abate (500 a 1000V); Resumindo... • A carne é o resultado de diversas transformações físicas, químicas e bioquímicas sofridas pelos músculos após o abate. As transformações que ocorrem nas primeiras 24 h determinam as características e propriedades da carne e são dependentes do manejo pré e pós abate.
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