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1 A pirâmide alimentar adaptada para a população brasileira (PHILIPPI e col., 1999) foi desenvolvida com o objetivo de transformar e reunir os conhecimentos científicos sobre a in- gestão alimentar em um instrumento que facilitasse a seleção e o consumo de todos os grupos de alimentos. Para tanto, foram utilizados alimentos habituais e tradicionais da popu- lação brasileira, sugerindo modificações a partir da proposta do Guia Alimentar americano na década de 1990 e incluindo ,por exemplo, o feijão como parte do hábito alimentar brasi- leiro para consumo juntamente com o arroz.. Após algumas modificações, os alimentos estão distribuídos na Pirâmide Alimentar em oito grupos de alimentos e em qua- tro níveis, de acordo com o nutriente que mais se destaca na sua composição. Para cada grupo são estabelecidos valores energéticos, fixados em função da dieta e das quantidades dos alimentos, permitindo estabelecer os equivalentes em energia (kcal). Os nomes dos grupos de alimentos foram de- finidos para a pirâmide Brasileira a partir da identidade da população com o nome do alimento presente no grupo, con- siderando o hábito alimentar e o valor nutritivo do alimento. Os valores dos alimentos nas porções foram apresentados em gramas, quilocalorias (kcal) e medidas usuais para facilitar o entendimento da população e a transmissão das orientações . As porções são estabelecidas com base nas medidas usuais, ou seja, a quantidade de alimento em sua forma de consumo, expressa em medidas como xícaras, fatias colheres de sopa ou unidades (4 gomos de laranja, 1 fatia de mamão, 4 unidades de biscoitos, 1 copo de leite). A adoção da medida usual de consumo permite um melhor entendimento da quantidade do alimento, uma vez que está presente na prática alimentar di- ária do indivíduo e na cultura do país. Para o planejamento de uma dieta adequada com base nos grupos dos alimentos da pirâmide alimentar deve-se conside- rar “dieta” o conjunto de preparações culinárias, alimentos e bebidas consumidos nas 24horas a fim de atender às ne- cessidades nutricionais de indivíduos e grupos. Os grupos de alimentos devem ser distribuídos ao longo dia e os alimentos de um grupo não podem ser substituídos por alimentos de outros grupos, pois, todos são importantes e necessários, e nenhum grupo deve ser excluído ou inadequadamente subs- tituído. A pirâmide alimentar adaptada para a população brasileira (PHILIPPI e col., 1999) publicada em 1999, evoluiu para a atual com 2000 kcal (Quadro 1), proposta após a modifica- ção da recomendação energética média diária para a popu- lação brasileira pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2005. Redesenho da Pirâmide Alimentar Brasileira para uma alimentação saudável Profa. Dra. Sonia Tucunduva Philippi 12/4/2013 Redesenho da Pirâmide Alimentar Brasileira para uma alimentação saudável 32 Redesenho da Pirâmide Alimentar Brasileira para uma alimentação saudável Quadro 1- Valor energético e número de porções por grupo de alimentos da Pirâmide Alimentar no exemplo da dieta de 2000 kcal. Grupos alimentares porção (kcal) nº de porções total (kcal) Arroz, pão, massa, batata, mandioca 150 6 900 Legumes e verduras 15 3 45 Frutas 70 3 210 Carnes e ovos 190 1 190 Leite, queijo e io- gurte 120 3 360 Feijões 55 1 55 Óleos e gorduras 73 1 73 Açúcares e doces 110 1 110 Total - - 1943 Uma dieta adequada deve ser baseada em alimentos de todos os grupos alimentres da pirâmide, principalmente em alimen- tos em sua forma natural,reforçando o consumo dos grupos das frutas e dos legumes e verduras). As informações nutricio- nais obrigatórias presentes nos rótulos dos alimentos devem ser objeto de orientação, para que a população desenvolva a prática da busca e do entendimento destas informações. Uti- lizando-se corretamente o número de porções de cada grupo da pirâmide alimentar, mantendo sua proporção e variedade, a dieta deve ser distribuída entre os macronutrientes confor- me a recomendação da Organização Mundial da Saúde, ou seja, 55 a 75% do VET proveniente de carboidratos, 10 a15% de proteínas e 15 a 30% de lipídios (FAO, 2003) e um consumo adequado, segundo as recomendações para vitaminas, minerais e fibras (DRIs). Box • Valor Energétivo Total (VET) • Carboidratos 55 a 75% • Proteína 10 a 15% • Lipídio 15 a 30% Planejamento das refeições segundo os grupos de alimentos A alimentação deve ser composta por 4 a 6 refeições di- árias, distribuídas em três refeições principais (café da manhã, almoço, jantar), com 15 a 35% das recomendações diárias de energia, e em até três lanches intermediários (manhã, tarde e noite), com 5 a 15% das recomendações diárias de energia. Ao compor a refeição principal, pode-se considerar a partici- pação de uma preparação básica, como por exemplo, arroz com feijão ou massa (ou outro alimento do grupo do arroz) e outro alimento do grupo dos feijões (feijão, lentilha, grão de bico ou soja). Às preparações básicas são acrescidas de acompanhamentos, que devem ser: • Carne, peixe, frango ou ovos em suas diferentes formas de preparo (cozido, assado, grelhado, e outras). • Verduras e/ou legumes cozidos, refogados, grelhados, no vapor, servidos em temperatura quente. • Verduras e/ou Legumes, crus ou cozidos servidos em temperatura fria. Recomenda-se o consumo antes da preparação básica, na forma de salada. Para o planejamento da dieta, deve-se levar em consideração o seguinte esquema, que poderá variar conforme o padrão alimentar do indivíduo: • Café da manhã: 1 porção do grupo do arroz, 1 porção do grupo do leite e 1 porção do grupo das frutas; Exemplo : pão integral, café com leite, banana • Almoço e Jantar: 1 porção do grupo do arroz; 1 porção do grupo das verduras e legumes; 1 porção do grupo das fru- tas; 1 porção do grupo dos feijões e oleaginosas e 1 porção do grupo das carnes e ovos; Exemplo: arroz com feijão, 1 bife, salada de alface e tomate, couve à mineira, salada de fruta • Lanches e outras refeições intermediárias: 1 porção do grupo do arroz, 1 porção do grupo do leite ou 1 porção do grupo das frutas; Exemplo: iogurte, fruta, pães • Uso moderado dos grupos de óleos e gorduras e açúcares e doces (escolher entre um doce ou uma bebida adoçada por dia). Escolhas alimentares inteligentes para auxiliar na seleção dos alimentos pode-se utilizar a abor- dagem de escolhas alimentares inteligentes, que impli- ca na seleção mais adequada baseada no conhecimento e na preservação sobre o valor nutritivo. Visa também escolher alimentos e/ou preparações com a finalidade de diminuir o consumo de gorduras e açúcares, aumentando o consumo de frutas, legumes, verduras, grãos integrais, leite, queijo e io- gurte. Além disso, visa o estímulo ao consumo dos alimentos regionais e locais, pois além da valorização cultural, provavel- mente serão consumidos alimentos com melhor valor nutri- tivo e mais saborosos, além de reduzir o consumo de alguns alimentos com maior teor de gordura (principalmente trans e saturada), sódio e açúcares. O redesenho da pirâmide dos alimentos e o papel dos lácteos na alimentação A pirâmide é um marco referencial e um ícone ilustrativo dos grupos de alimentos. Faz parte dos desenhos que a popula- ção reconhece como guia alimentar pelo seu uso em vários materiais instrucionais desde seu lançamento por Philippi em 1999. Apresenta visibilidade, clareza e nomenclatura apropriada Existe por parte da população identificação com as figuras dos alimentos, considerando os hábitos alimentares regionais e a diversidadecultural da população brasileira. Apresenta os alimentos, dos diferentes grupos, com seu peso em gramas e na sua forma usual de consumo. Após todos estes anos a figura da pirâmide alimentar é facilmente reconhecida e apre- senta fixação de conceitos importantes como variedade dos grupos alimentares e tamanho das porções de alimentos. A proposta do redesenho foi para inclusão e destaque de alimentos importantes na dieta do brasileiro. As alterações foram: No Grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca des- tacou-se a presença do arroz integral, pão de forma integral, pão francês integral, farinha integral, biscoito integral, aveia, e inclusão da quinoa e do cereal tipo matinal. No Grupo das frutas houve o realce maior para as frutas regionais: caju, goiaba, graviola e a inclusão dos sucos e sa- lada de frutas. No Grupo das verduras e legumes foram incluídas as fo- lhas verdes escuras, repolho, abobrinha, berinjela, beterraba, brocolis, couve flor, cenoura com folhas, e a salada com diferentes vegetais. No Grupo do leite, queijo e iogurte maior visibilidade a todos os alimentos do grupo como fonte importante de ribo- flavina (B2) e principal fonte de cálcio na alimentação. No Grupo das carnes e ovos maior destaque para os pei- xes do tipo salmão e sardinha e peixes regionais e para os cortes mais magros e grelhados, frango sem pele e ovos. No Grupo dos feijões e oleaginosas o feijão e a soja como preparação culinária , a lentilha e o grão de bico, e as oleaginosas como castanha do brasil e castanha de caju No grupo dos óleos e gorduras houve destaque para o azeite e no Grupo de açúcares e doces colocou-se o cho- colate e o açucareiro. Foram incluídas as mensagens sobre a importância das 3 refeições principais (café da manhã,almoço e jantar) e das intermediárias chamadas de lanches da manhã, lanche da tarde e lanche da noite. O destaque para a necessidade da prática da atividade física diária foi mantida considerando-se a importância do binômio alimentação saudável e atividade física diária, tanto para prevenção como para promoção de uma boa qualidade de vida. Redesenho da Pirâmide Alimentar Brasileira para uma alimentação saudável 4 Compare as duas pirâmides. Antiga Pirâmide: Nova Pirâmide: Atividade física: no mínimo 30 minutos diários” As recomendações sobre a utilização dos grupos de alimen- tos, da Pirãmide Alimentar Brasileira, para o planejamento de uma alimentação saudável, estão baseadas no conceito de segurança alimentar e nutricional e em práticas ali- mentares saudáveis, Deve-se garantir a todos os indivíduos condições de acesso aos chamados alimentos básicos, com qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais que contribuam com uma existência digna em um contexto de desenvolvimento integral e saudável . A pirâmide alimen- tar no processo de educação alimentar e nutricional, apre- senta-se como um guia eficaz para o cumprimento destas recomendações.
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