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caso concreto aula 3 ação pauliana

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AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA/ES
	GERSON, brasileiro, solteiro, médico, portador da carteira de identidade nº xxxx, expedida pelo órgão xxx, inscrito no CPF sob o nº xxx, endereço eletrônico xxxx, residente a Rua XXXX, nº X, no bairro: XXXX, em Vitoria/ES, vem, mui respeitosamente, através de seu advogado devidamente qualificado, propor, pelo rito comum, 
AÇÃO PAULIANA/REVOCATÓRIA PARA ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO GRATUITO 
em face de BERNARDO, viúvo, residente em Salvador/BA, cujo cadastros nos registros gerais de pessoas físicas são ignorados, pelos motivos que passa a expor:
I. DAS PRELIMINARES
I-A. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
	Requer o Autor, que lhe seja deferido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita, conforme norma prevista no art. 98, do CPC/2015, vez que o mesmo não pode arcar com as custas processuais e com os honorários advocatícios sem o prejuízo do sustento próprio e de sua família.
II- DOS FATOS
	Ocorre que o Autor, é legítimo credor quirografário de Bernardo, conforme se extrai da nota promissória emitida em favor do mesmo no valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais), vencida em 10 de outubro de 2016, acostada aos autos. O cerne da ação está no fato de que Bernardo, dias após o vencimento da dívida e o não pagamento da mesma, fizera uma doação, de seus dois imóveis, um localizado em na cidade de Aracruz e o outro localizado em Linhares, ambos no Espírito Santo, no valor de R$ 300.000,00, para sua filha Janaina, menor impúbere, residente em Macaé /RJ, com sua genitora, com estabelecimento de cláusula de usufruto vitalício em favor do próprio Executado, além da cláusula de incomunicabilidade, conforme Certidão de Ônus Reais. Cumpre ressaltar que as dívidas de Bernardo já ultrapassam a soma de R$ 400.000,00, e o imóvel doado para sua filha encontra-se alugado para terceiros.
III- DOS FUNDAMENTOS
III-A. DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
	Excelência, o negócio jurídico do caso ora exposto, não deixa dúvidas sobre passividade de anulação, visto tratar-se de patente meio ilícito utilizado pelo devedor com o objetivo de resguardar os imóveis de uma possível execução judicial, proveniente, pois, das inúmeras dívidas que o Réu possui. Tanto é que as doações se deram, de modo impudico, acrescente-se, logo após o vencimento da dívida contraída, tornando-se insolvente. Restando em nítida fraude contra os credores, sujeitando-se, assim, a anulação das transações, em consonância ao que dita o artigo 158 do Código Civil. Nesse sentido:
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. (CC).
	Ressalta-se que o negócio jurídico também apresenta vício de nulidade, uma vez que é flagrante a simulação da doação, ocorrida a menor impúbere, com o estabelecimento de cláusula de usufruto vitalício para o Réu, mantendo este, o domínio de fato sobre os bens, e que outro objetivo não seria tal cláusula, senão burlar a justiça e os direitos dos credores, em uma ação executiva judicial? Nesse sentido expõe o artigo 167 do código civil:
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; (CC).
	Assim, por todo exposto, faz-se necessário à anulação do negócio jurídico gratuito que ocorrera, tendo em vista o claro objetivo de ferir o direito do credor.
III-B. DO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL
	O Autor emitiu em favor do ora Réu nota promissória no valor de R$80.000,00 (oitenta mil reais), sendo que o seguinte título executivo resta vencido desde 10 de outubro de 2016, assim, o Autor tornara-se legítimo credor quirografário de quantia líquida, certa e exigível, conforme o atendimento disposto no artigo 784, inciso II, do CPC, destaca-se que até a presente data,não conseguiu conciliar com o devedor, meios para saldar a dívida contraída, muito pelo contrário, a bem verdade, fora surpreendido com os recursos danosos utilizados pelo Réu afim de guarnecer seu patrimônio e deixar seus credores sem possibilidades de recuperarem os créditos expedidos.
III-C. DA PENHORA E ALIENAÇÃO DOS BENS DO EXECUTADO
	Uma vez exposta a nítida fraude contra os direitos de legítimos credores empregada pelo Réu, bem como comprovado o ato, espera que o douto magistrado declare a anulação dos negócios jurídicos ocorridos, vem, desta forma o Autor, requerer a alienação ou a penhora dos bens do mesmo, afim de que, deste modo, seja devidamente pago a dívida na quantia certa contraída, ou ainda, caso assim julgue o nobre magistrado, o Credor, desde logo, declara que aceita receber as quantias relativas aos alugueis dos imóveis até que ocorra o efetivo pagamento total do débito, qual seja o montante de R$ 80.000,000 (oitenta mil reais), como é sabido, tais bens encontram-se alugados e rendendo frutos financeiros ao Réu. Amparado pela força da norma dos artigos 824, 825 e 831 do CPC, vejamos: 
Art. 824.  A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais.
Art. 825.  A expropriação consiste em:
I - adjudicação;
II - alienação;
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos
Art. 831.  A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
IV-DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer a Vossa Excelência:
a citação do réu para comparecer a audiência de conciliação, não havendo acordo iniciará o prazo para contestação na forma da lei
sejam julgados procedentes todos os pedidos formulados pelos autores e declarados por sentença, anulando o negócio jurídico celebrado entre as partes
condenação do réu ao pagamento de custas judiciais e honorários advocatícios na base de X% sobre o valor da causa
DAS PROVAS
	Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de provas admitidas pelo Direito, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do réu.
Dá–se à causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), nos termos do art. 292, I, do CPC.
Nestes termos, pede deferimento.
Vitória/ES 12 de março de 2018
Nome do Advogado
OAB/UF do advogado