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MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. p.110-128
Kabengele Munanga nasceu em 1942, na República Democrática do Congo (antigo Zaire), naturalizando-se brasileiro aos 43 anos. Professor titular do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, onde se doutorou em 1977, realiza pesquisas nas áreas de Antropologia Africana e Antropologia da População Afro-Brasileira. Escreveu, entre outras obras, Negritude: usos e sentidos (1986) e Estratégias e Políticas de combate à discriminação racial (1996).
 Neste livro o autor Kanbengele Munanga discute as ideias de vários autores sobre o efeito da mestiçagem e as suas consequências para a construção da identidade brasileira e a sua relação para formação da identidade negra. O autor ainda discute o conceito e a história da mestiçagem no Brasil e também nos Estados Unidos. O livro está dividido em cinco capítulos e possui um total de 129 páginas. O autor rediscute a questão da mestiçagem no Brasil e conclui argumentando sobre o racismo e a relação entre a própria mestiçagem e a identidade negra. 
 Nesta obra o autor fala que desenvolveu um modelo racista universalista, isso após ele ter feito uma análise da produção discursiva da elite formada pelos intelectuais brasileiros. Munanga se faz uma pergunta querendo saber o significado de 136 cores levantada na pesquisa do censo de 1980, e ele conclui que esse número de cores, mostra como o próprio brasileiro foge de sua identidade étnica, procurando tornar-se superior, tido pela “sociedade” como o branco.
 O estudo feito por Munanga serve para as pessoas refletirem sobre as relações raciais nos dias de hoje. O que se percebe no texto é que alguns intelectuais das ideias racistas buscavam um Brasil homogenia, onde existe uma única etnia, que seria a branca. Porém, o Brasil é diversificado por existir diversas raças e culturas diferentes, o que dificulta para que o mesmo seja representado de uma forma homogenia. Na verdade, Munanga traz uma discussão referente ao conflito entre identidade nacional e a identidade negra.
 Em relação à manifestos promovidos pelos movimentos sociais negros, desde 1970 essas organizações vem ganhando destaque em meio á sociedade brasileira. Um exemplo que teve grande resultado foi a implementação da lei 10.639./03, que torna obrigatório o ensino de História e cultura afro-brasileira nos currículos escolares de todos os níveis de ensino. Outro importante passo, foi o sistema de cotas adotado por todas as Universidades, onde o indivíduo se declara da cor que realmente é, se identificando enquanto negro, por exemplo.
 Portanto, se faz necessário a visibilidade das relações sociais, e não apenas só na educação e sim em outras áreas para que possa ser debatido em meio a sociedade. No jornalismo, por exemplo essa questão da negritude não passa do campo da invisibilidade, pois se vê que são poucos os negros que atuam nessa profissão. De acordo com pesquisas constatou-se que nessa área é pouca a presença de afro-brasileiros, o que provoca um desaceleramento em relação ao racismo, pois o jornalista muitas vezes cria uma visão diferente sobre a pessoa negra, e ao invés de confrontálo ele o reproduz. 
 Considero a obra de Munanga muito importante para entendermos um pouco sobre a construção da ideologia da mestiçagem no Brasil. É importante que haja muito debate acerca da temática afro-brasileira, para que assim a mesma saia do campo da invisibilidade. Essa obra é indicada para todos os leitores, principalmente graduandos em História ou Geografia.
 José Fábio dos Santos Silva. Acadêmico em Geografia pela Universidade Estadual de Alagoas(UNEAL).