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Gestão de Recursos Humanos UNIDADE 4 1 UNIDADE 4 – REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIOS SOCIAIS DISCIPLINA: FUNDAMENTOS CONTÁVEIS APRESENTAÇÃO Prezados(as) alunos(as), sejam-bem vindos(as) a mais essa unidade da disciplina de Gestão de Recursos Humanos. A disciplina tem como base o livro de Gestão de Pessoas de Idalberto Chiavenato, que vocês encontrarão na biblioteca virtual, além de alguns outros autores que utilizaremos ao longo do texto. A disciplina de Administração de Remuneração e Benefícios Sociais abrange os conteúdos relacionados a seguir: • Breve contextualização da organização no mundo do século XXI; • Entendendo a importância de uma política de remuneração; • Recompensas financeiras e não financeiras; • Remuneração X salário; • Fatores que interferem na composição do salário. Diariamente as organizações são afetadas pelo contexto socioambiental, econômico, tecnológico e jurídico, a qual está inserida. A organização faz parte de um gigantesco ambiente externo, que não depende apenas de ações internas, mas são influenciadas pelas turbulências e incertezas caracterizadoras do século que vivemos, a Era da Informação, discutidas na unidade 1. Portanto, as organizações eficientes se antecipam as constantes mudanças, adaptando-se continuamente e promovendo sua própria manutenção e ajuste ao ambiente externo. As organizações hoje, para atingirem suas metas, precisam se basear no gerenciamento estratégico do capital humano, tendo como recursos renováveis o conhecimento, as habilidades e competências das pessoas, conforme afirmava Thomas J. Watson: “pode-se obter capital e construir edifícios, mas é preciso ter pessoas para se montar uma empresa.” Ainda na unidade 1, vimos que além de se investir no desenvolvimento do capital humano, a empresa precisa retribuir em forma de recompensa justa as pessoas pelas novas atividades que são capazes de desempenhar. Neste momento, opto por citar Wood Jr. e Picarelli Filho (1996), que foi mencionado por Araújo e Garcia, na página 47 em seu livro Gestão de Pessoas, onde mostra que a questão central é transformar a visão usual da remuneração como fator de custo para uma visão de remuneração, como fator de aperfeiçoamento da organização e também como impulsionador de processos de melhoria e aumento de competitividade. 2 Portanto, a política de remuneração de uma organização constitui um conjunto de diferentes formas de recompensas complementares com a finalidade de alinhar comportamentos com as metas organizacionais. Enquanto as organizações esperam de seus colaboradores resultados, alcances de metas, estes esperam das organizações crescimento profissional, financeiro e reconhecimento de seus talentos. Para Idalberto Chiavenato (1990), no livro mencionado anteriormente, o desenho de uma política de remuneração exige cuidados, considerando que provoca impactos no desempenho das organizações e das pessoas. Podemos perceber que há dois principais desafios no desenho de uma política de remuneração: o primeiro desafio é o papel de capacitar a organização para o alcance de seus objetivos estratégicos e o segundo é que deve ser ajustada às características da própria organização e do ambiente ao qual está inserida. É a maneira em que é definida a política de remuneração e que passará uma mensagem de como a organização pensa, o que considera importante e quais são os tipos de atividades incentivadas. Mais uma vez, optamos por utilizar a bibliografia de Idalberto Chiavenato, pela didática e clareza com que ele expressa as condições para se formar um plano de administração de remuneração. Há nove critérios que ressalta na construção deste plano de remuneração: 1. Equilíbrio interno versus equilíbrio externo – preocupação com a equidade interna que obedece ao princípio da justiça distributiva e fixa os salários de acordo com as contribuições dos empregados. 2. Remuneração fixa ou remuneração variável: a remuneração pode ser paga através de salários mensais ou por hora - ou pode variar de conformidade com os critérios acordados entre ambas as partes. 3. Desempenho ou tempo de casa: a remuneração pode pelo desempenho ou pelo tempo de contribuições individuais ou grupais. 4. Remuneração do cargo ou remuneração da pessoa. 5. Igualitarismo ou elitismo. 6. Remuneração abaixo do mercado ou acima do mercado. 7. Prêmios monetários ou prêmios não monetários. 8. Remuneração aberta ou remuneração confidencial. 9. Centralização ou descentralização das decisões salariais. Neste momento, você já sabe da importância da criação de uma política de remuneração, mas como podemos definir o conceito de remuneração? Para Chiavenato, “ninguém trabalha de graça”. Toda pessoa recebe uma recompensa pela execução das atividades que realiza na organização. E essas recompensas podem ser financeiras e não financeiras. 3 As recompensas financeiras podem ser diretas e indiretas: • As recompensas financeiras diretas consistem no pagamento que cada funcionário recebe na forma de salários, bônus, prêmios e comissões. • Compensação financeira indireta é o salário indireto decorrente de cláusulas da convenção coletiva do trabalho e do plano de benefícios e serviços sociais oferecidos pela organização. As recompensas não financeiras dizem respeito à oportunidade de desenvolvimento, reconhecimento e autoestima, qualidade de vida no trabalho, orgulho da empresa e do trabalho, promoções e liberdade e autonomia no trabalho (CHIAVENATO, 2008). Afetam, portanto, diretamente o desempenho do funcionário. As recompensas organizacionais podem ser motivadoras ou desmotivadoras para o empregado, dependendo da forma como é colocada para ele. É importante ressaltar que não apenas o dinheiro, que é representado através do salário, motiva o funcionário, embora não possamos negar sua importância, pois é por meio dele que as pessoas adquirem os produtos básicos à sua subsistência. Os incentivos, os benefícios, e também as recompensas não financeiras funcionam como motivação para que o empregado continue na empresa. Sendo assim, a remuneração é o processo que envolve todas as formas de pagamento ou de recompensas que um funcionário recebe em decorrência de seu trabalho. Inclui retornos financeiros e serviços tangíveis, além de benefícios aos empregados como parte das relações de emprego. Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001) entendem remuneração como um conjunto de vantagens que uma pessoa recebe em contrapartida pela prestação de um serviço. A remuneração básica é representada pelo salário mensal ou honorário. É o valor em dinheiro recebido pelo funcionário por seu trabalho, ou seja, é o montante em dinheiro ou em espécie, que o empregado recebe, de forma regular e periódica, como contrapartida do seu trabalho (CAMARA, 2000). Idalberto Chiavenato afirma que um dos aspectos mais importantes da organização é o salário, pois é o elemento essencial tanto na posição competitiva da organização no mercado de trabalho, como na relação da organização com seus funcionários. Para ele, o salário é a retribuição em dinheiro ao empregado em função do cargo que este exerce e dos serviços que presta durante determinado período de tempo. Uma combinação de fatores internos e externos pode influenciar, direta ou indiretamente, os níveis de salários pagos aos funcionários. A interação entre esses fatores é que constituem a composição de salário e é através de sua compreensão que se define qual o melhor indicador de mercado para análise salarial bem como qual é a melhor referência a ser utilizada na política salarial a ser adotada. Vejamos alguns dos fatores internos: 4 Valor do Trabalho: Consiste em determinar internamente, através de algum instrumento de Avaliação de Cargos, o Valor Relativo do Cargo, ou seja, o grau de importânciarelativa para a organização. Valor Relativo do Colaborador: Essa variável é determinada por ferramentas que meçam o desempenho do funcionário, seu poder de entrega, os resultados de sua força de trabalho, habilidades e competências. Nada mais justo do que recompensar os funcionários que mais se destacam. Fôlego Financeiro da Empresa: As condições econômicas da empresa podem também afetar significativamente os salários, assim a capacidade que uma empresa tem de pagar ao funcionário. Já os fatores externos são os seguintes: Mercado de Trabalho: Reflete as forças de oferta e demanda de mão de obra qualificada ou não na área de atuação da empresa em sua região. Custo de Vida: É o reajuste periódico para que os salários mantenham seu poder de compra frente à inflação medida. Negociação Sindical: É a ação dos sindicatos para obter ganhos que vejam a cobrir as perdas salariais com a inflação e na obtenção de ganhos reais para a categoria, bem como outras melhorias das condições de trabalho. É fácil observar que em regiões ou categorias profissionais onde a atuação sindical é mais forte os níveis salariais são mais altos. Legislação: São as garantias legais do Salário Mínimo, da Irredutibilidade do salário, das garantias mínimas de condições de trabalho, benefícios etc., regidos pela constituição e pela CLT. Você já deve ter percebido a existência de vários recursos assistenciais em algumas organizações, os quais geram certa disputa entre elas no sentido de atrair os melhores profissionais e mantê-los exercendo suas atividades. No entanto, nem sempre as organizações se preocupavam com essa questão, apenas entre os anos 60 e 70 é que os benefícios sociais passaram a ter espaço nas organizações, inicialmente com a pressão dos sindicatos com vista a assegurar melhores benefícios às pessoas, exigindo segurança e condições de trabalho adequadas. Será que você sabe o que significam os benefícios sociais? Saberia identificá-los? Bem, podemos dizer que Benefícios são certas regalias e vantagens concedidas pelas organizações a título de pagamento adicional aos salários, à totalidade ou parte de seus empregados. Geralmente constituem um pacote de benefícios e serviços que compões a remuneração do pessoal, sendo, portanto uma variedade de vantagens e 5 facilidades, tais como a assistência médico-hospitalar, seguro de vida, pagamento de tempo não trabalhado, planos de pensão e aposentadoria, entre outros. Em algumas situações, junto a níveis mais elevados, podendo incluir fornecimento de moradia, escola para filhos, carro, clube para a família, passagens, viagens, cartões de crédito, com vista a proporcionar maior qualidade de vida aos empregados e um ambiente mais produtivo na organização. Em síntese, o que você precisa ter claro é que o salário constitui a remuneração direta e está relacionado com as funções, responsabilidades e atividades de rotina de cada cargo, enquanto que a remuneração indireta, ou seja, os benefícios sociais são incentivos internos que têm como objetivo atender às necessidades pessoais do empregado, como já foi mencionado anteriormente. Para Chiavenato (2009), os pacotes de benefícios sociais são constituídos de facilidades, serviços, vantagens e conveniências oferecidos aos empregados, para suprir suas necessidades, sejam elas fisiológicas, de segurança, sociais e de autorrealização, em sequência cronológica. Os benefícios sociais correspondem às condições de trabalho que as organizações oferecem para manter as pessoas, ao contrário do salário, o qual varia de acordo com a posição ocupada. Na verdade, os benefícios além do seu aspecto pecuniário ou financeiro servem para livrar os funcionários de uma série de transtornos, como a busca de meios de transporte até a empresa ou a procura de restaurantes onde se alimentar. É fato que algumas organizações beneficiam apenas parte de sua estrutura social, como carros de luxo e viagens. Os benefícios sociais variam de acordo com os objetivos organizacionais, que são relacionados à produtividade, desejo das pessoas e a outros aspectos ligados ao planejamento estratégico. Chiavenato (2000) corrobora com o mencionado, ao apresentar novos termos como benefícios recreativos e supletivos, ao afirmar que “os planos de serviços e benefícios sociais são planejados para auxiliar o empregado em três áreas de sua vida, sendo elas: no exercício da posição; fora dela, mas dentro da empresa; e ,finalmente, fora da empresa”. Assim, veremos adiante que aspectos importantes são relacionados aos benefícios: • Aspectos legais: São os benefícios que toda organização tem que oferecer em função de determinações legais. • Atividades exercidas: São benefícios individuais, mas muitas vezes diferenciados seja pelo salário, seja pela posição exercida. São desenvolvidos para estimular a produtividade e a satisfação profissional, podendo ser destacado a participação nos lucros e resultados (PLR). • Condições internas da organização: São os benefícios supletivos e são 6 oferecidos a todas as pessoas independentemente da posição que ocupa. • Aspectos sociais: São as responsabilidades assumidas pela organização com vistas ao bem estar dos empregados, tais como refeitório, cantina, transporte, academias, etc. Enfim, os benefícios sociais apresentam-se de acordo com seus tipos, classificações e ramificações. Lacombe (2005, pág. 151) ressalta que “enquanto são mantidas na organização, as pessoas precisam ser agradadas e os benefícios são úteis para isso”. Sendo assim, para que isso aconteça, é preciso que a organização identifique quais benefícios estão sendo oferecidos, e as vantagens de cada um desses benefícios. Outro aspecto muito importante é avaliar até que ponto determinado cada benefício é atrativo para todos os empregados ou para a maior parte deles, pois ao contrário, o investimento poderá estar funcionando como uma armadilha. Milkovich e Boudreau (2000, p. 440): “Benefícios são os aspectos indiretos da remuneração total dos empregados.” Incluem remuneração fora do trabalho, pagamento de seguro e assistência médica, serviços aos empregados e renda de aposentadoria. Chiavenato (2010) afirma que “há uma variedade de benefícios sociais, o que dificulta, até certo ponto, a sua classificação adequada”. E ele classifica os benefícios sociais quanto a sua exigência legal, quanto a sua natureza e aos seus objetivos: 1. Quanto à sua exigência legal, temos os legais ou espontâneos, conforme a sua exigibilidade: a) Benefícios legais: São os benefícios exigidos pela legislação trabalhista, previdenciária ou por convenção coletiva entre empresas e sindicatos, tais como: 13º Salário; Férias; Aposentadoria; Seguro de acidentes de trabalho; Auxílio doença; Salário-família; Salário-maternidade; Horas-extras; Adicional por trabalho noturno; etc. Alguns desses benefícios são pagos pela empresa, enquanto outros são pagos pelos órgãos previdenciários. b) Benefícios espontâneos: São os benefícios concedidos por liberalidade das empresas, uma vez que não são exigidos por lei, nem por negociação coletiva, e incluem: Gratificações; Seguro de vida em grupo; Refeições; Transporte; Empréstimos; Planos de saúde; Complementação de aposentadoria; etc. 2. Quanto à sua natureza, podem ser classificados em monetários ou não monetários. a) Benefícios monetários: São os benefícios concedidos em dinheiro, através da folha de pagamento e gerando encargos sociais decorrentes de seu pagamento: 13º Salário; Férias; Aposentadoria; Complementação de aposentadoria; Gratificações; Planos de empréstimos; Complementação de salário nos afastamentos prolongados por doenças; Reembolso ou 7 financiamento de remédios; etc. b) Benefícios não monetários: São os benefícios oferecidos na forma de serviços, vantagensou facilidades para os usuários, a saber: Refeitórios; Assistência médico-hospitalar e odontológica; Serviço social e aconselhamento; Clube ou grêmio; Seguro de vida em grupo; Condução ou transporte de casa para a empresa e da empresa para casa; Horário flexível de entrada e saída do trabalho; etc. 3. Quanto a seus objetivos, podem ser classificados em: a) Planos Assistenciais: São os benefícios que visam oferecer ao empregado e a sua família determinadas condições de segurança e previdência em casos de imprevistos ou emergências, que muitas vezes ocorrem fora do controle do colaborador. b) Planos recreativos: São serviços e benefícios que visam proporcionar ao empregado condições de repouso, diversão, recreação, higiene mental ou lazer construtivo. Em alguns casos, esses benefícios também se estendem à família do empregado. c) Planos supletivos: São serviços e benefícios que visam proporcionar aos empregados certas facilidades, conveniências e utilidades, para melhorar sua qualidade de vida. Os planos supletivos constituem as facilidades que, caso não sejam oferecidas pela empresa, o empregado teria de provê-las sem a ajuda da empresa. • Alguns cuidados precisam ser tomados ao estruturar um sistema de recompensa, levando-se em conta a cultura e os objetivos estratégicos da organização, assim evitamos cair em armadilhas que poderão trazer verdadeiros custos a organização: • “O salário não é um fator de motivação” para os empregados, pois não é este que leva a execução de um trabalho bem feito. • As recompensas em algumas situações podem ser encaradas como um castigo ou uma obrigação a ser cumprida pelo empregado, pois ,ao contrário, poderão ser punidos. Nessa situação, lembro das argumentações que muitas vezes usamos: “se fizer isso, ganhará aquilo”. • Utilização de condições básicas de trabalho como incentivos. • Algumas recompensas desencorajam o risco e a criatividade, dentre outros cuidados que devemos tomar ao criarmos um plano de recompensas. Eis a pergunta que não podemos deixar de fazer: Que tipo de recompensas sociais podem ser utilizadas pelas organizações como fator motivador? Para Araújo e Garcia (2009) os benefícios sociais são oferecidos por diferentes razões e de acordo com os objetivos organizacionais. Os objetivos da organização se relacionam com a produtividade e outros aspectos definidos nos planos estratégicos de Benefícios Sociais. 8 Chiavenato, como já mencionamos, ao apresentar os benefícios recreativos e supletivos, afirma que os mesmos são “planejados para auxiliar o empregado em três áreas de sua vida, sendo elas: no exercício da posição; fora dela, mas dentro da empresa; e, finalmente, fora da empresa”. Portanto, tais aspectos têm objetivos voltados a satisfação pessoal de acordo com as necessidades individuais. Araújo e Garcia ( 2009) os colocam de forma inovadora: • Aspectos legais: Serão oferecidos por todas as instituições por lei, e asseguram as condições adequadas de trabalho. • Atividades exercidas: São benefícios individuais, podendo ser diferenciados de acordo com critérios adotados pela empresa, e servem para estimular a produtividade e a satisfação do profissional, tais como: participação nos lucros e resultados (PLR). • Condições internas da organização: São os conhecidos benefícios supletivos, que favorecem a todas as pessoas independentes da posição ocupada, a exemplo, os refeitórios e transporte. • Aspectos sociais: São responsabilidades assumidas pela organização para o bem estar das pessoas dentro de grupos específico, são os recreativos. É com os temas Administração de Remuneração e Benefícios Sociais que finalizamos a disciplina de Gestão de Recursos Humanos do curso EAD. Esta disciplina contribui para qualquer profissional que busca assumir cargos de liderança e atuar nas mais diversas instituições e seus segmentos, pois, conforme foi explicitada na primeira unidade, a gestão de pessoas é pertencente ao cotidiano de qualquer líder e profissional que procure trabalhar integrado na organização, junto com seu planejamento estratégico e equipes. Os tutores estão à disposição para eventuais dúvidas e orientações, assim como toda a equipe do EAD. Espero que esta disciplina tenha sido proveitosa e que, no dia a dia, vocês consigam praticar o conteúdo oferecido. Até um próximo encontro!
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