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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
AULA 1 - Conceito de educação: [...] que o caminho do futuro seja aquele que o passado nunca soube percorrer. 
[Com base no] passado criticamente revisado, o presente (também criticamente) se abre para o futuro, que se vê carregado dos impulsos não realizados do passado, mesmo o mais distante ou o mais marginalizado e sufocado.
Em suma, além de paixão pelas diversas formas de vida (pelo pluralismo do humano, podemos dizer), a memória está sempre carregada de escatologia.
[Essa carga torna] o presente projetado para o possível, para o enriquecimento do sentido e para a finalização (mesmo que seja constantemente atualizada), isto é, aberto sobre si mesmo, problemático e envolvido na sua transformação, na sua – sempre radical – construção/reconstrução. 
O que é educação? Este é um conceito bem amplo que nos remete à compreensão de muitos comportamentos. Por exemplo, alguns acreditam que uma pessoa educada é aquela que tem estudo, é bem instruída e sabe conviver em sociedade.
Dessa forma, há uma identificação da educação com os aspectos cognitivos, mas também com as perspectivas de socialização, convivência e afetividade.
Entretanto, essa noção não está necessariamente vinculada à prática pedagógica ou mesmo ao estudo sistemático. A educação está presente na vida de todas as pessoas e acontece de maneira espontânea.
Os povos primitivos tinham muito a nos ensinar acerca dessa concepção. Reconhecer sua existência e respeitar sua cultura é entender que convivemos com comunidades diferentes, e não inferiores ou superiores.
A educação existe onde não há escola, e, por toda parte, pode haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, [em que] ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado. Porque a educação aprende com o homem a continuar o trabalho da vida. Brandão, 2007.
Um filósofo importante que muito contribuiu para a História da Educação - Educação como condição da natureza - Jean-Jacques Rousseau deixou como herança a ideia de que, para criar um novo homem e uma nova sociedade, era preciso educar a criança de acordo com a natureza.
A proposta era desenvolver progressivamente seus sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar.
Neste modelo, a educação era concebida como condição natural, e não institucionalizada.
Deixemos que um momento da vida não carregue esse jugo que a natureza não nos impôs, e entreguemos à infância o exercício da liberdade natural, que, pelo menos por algum tempo, afasta-a dos vícios que se contraem na escravidão.
Venham, pois, com suas frívolas objeções esses professores severos, esses pais submissos a seus filhos e, antes de fazerem o elogio de seus métodos, aprendam uma vez o método da natureza. Rousseau, 2004.
Mas nem todos pensavam dessa forma, como veremos adiante.
Educação nas comunidades primitivas - Houve, há e sempre haverá uma sintonia simbiótica entre história e educação.
Nas comunidades primitivas, a educação era assistemática, difusa e de tradição oral. Não existia escola como precursora do conhecimento, e o ensino variava de acordo com a cultura de cada tribo.
[...] cada tipo de grupo humano cria e desenvolve situações, recursos e métodos empregados para ensinar às crianças, aos adolescentes e, também, aos jovens, e mesmo aos adultos, o saber, a crença e os gestos que os tornarão um dia o modelo de homem ou de mulher que o imaginário de cada sociedade – ou mesmo de cada grupo mais específico dentro dela – idealiza, projeta e procura realizar.
De duas tribos vizinhas de pastores do deserto, é possível que se dê franca importância a um artifício pedagógico em uma delas, como o castigo corporal, por exemplo, ou a atemorização de crianças, e ele seja simplesmente rejeitado na outra.
Mas, em uma e na outra, como em todas do mundo, nunca as pessoas crescem a esmo e aprendem ao acaso.
O pensador austríaco Ivan Illich apresentou uma teoria sobre a Sociedade sem escolas – título de seu livro muito influente na década de 1970. Os povos primitivos educavam sem a noção de que, um dia, haveria escola.
Nas comunidades tribais, por exemplo, os ensinamentos foram transmitidos pelo testemunho, pela convivência, pelos modelos e exemplos, já que partiam da naturalidade do cotidiano, promovendo o aprendizado de hábitos, atitudes e habilidades necessários à sobrevivência e à convivência.
TEXTO: A educação estava relacionada à organização econômica, política e social de cada povo, respeitando seu projeto de sociedade. Nas comunidades mencionadas, também havia esta diversidade: cada tribo tinha sua maneira de se organizar e de viver de acordo com seus costumes. 
Sobre o assunto, Brandão (2007) declara: [usa-se] a educação como um recurso a mais de dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante, com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos. A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário, como bem, como trabalho ou como vida. 
Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos. A educação precisa ir ao encontro da forma de vida de cada comunidade. Nesse sentido, história e educação se misturam e se completam: uma é parte da outra.
A história é o canal para a compreensão dos processos educativos que formaram – e formam – os sujeitos e as sociedades de cada período. Brandão (2007) continua sua reflexão: A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. 
Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam entre todos os que ensinam e aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia, que qualquer povo precisa para reinventar todos os dias a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, [por meio] de trocas sem fim com a natureza e entre os homens. [Essas] trocas existem dentro do mundo social [em que] a própria educação habita e desde onde ajuda a explicar, às vezes a ocultar, às vezes a inculcar de geração em geração a necessidade da existência de sua ordem. 
2. Para o autor, não existe programa educativo superior, e sim sistemas de ensino diferentes, que variam de acordo com o contexto histórico e cultural de cada povo. Não podemos, no entanto, negar que, atualmente, a sociedade está organizada de forma que a educação difusa deve ser complementada pela educação sistemática por meio do sistema escolar.
Evolução da História da Educação - No Brasil, esta disciplina surgiu como parte da Filosofia da Educação e se manteve dessa maneira até por volta dos anos 1960. Os cursos de formação de professores não possuíam tal cadeira, cujos temas eram trabalhados sob a perspectiva filosófica. Vejamos, a seguir, como a História da Educação se constituiu ao longo do tempo:
Até 1950 - Os programas curriculares da área destacavam em seus conteúdos os modelos de formação do homem, praticados pelas diferentes sociedades até o Período Medieval. Na época, estudavam-se os pensadores que se sobressaíam nas Idades Moderna e Contemporânea.
Década de 1950 - Neste período, surgiu entre os educadores da Universidade de São Paulo (USP) a preocupação pela organização da cadeira de História da Educação Brasileira, desatrelada da Filosofia.
Seus objetivos eram estudar o sistema escolar no País, bem como definir os limites da nova disciplina e o contato com a Filosofia e a Sociologia, que também ganhavaimportância nos cursos de Magistério.
1970 a 1980 - A disciplina consolidou-se como uma importante área do conhecimento humano, mas ainda estava vinculada apenas aos cursos de Pedagogia. Os temas se diversificavam e se aprofundavam com a intensificação das pesquisas.
Anos 2000 até a atualidade - Em pesquisas e áreas de interesse, a disciplina começou a voltar-se para temas educacionais, mas ainda carece de maior desenvolvimento nesse campo. Os estudos continuam bem vinculados ao âmbito da História Cultural. Portanto, há muito a se construir na área.
Assim, a disciplina conquistou sua autonomia e identidade, e, hoje, apresenta características específicas.
Nóvoa (1996) defende que ela fundou as Ciências da Educação em quatro ideias principais. Assim, a História da Educação:
1. “[...] deve ser justificada, em primeiro lugar, como História e [...] restituir o passado em si mesmo, isto é, nas suas diferenças com o presente.”
2. “[...] pode ajudar a cultivar um saudável ceticismo, cada vez mais importante num universo educacional dominado pela inflação de métodos, de modas e de formas educativas.”
3. “[...] fornece aos educadores um conhecimento do passado coletivo da profissão, que serve para formar a sua cultura profissional. Possuir um conhecimento histórico não implica ter uma ação mais eficaz, mas estimula uma atitude crítica e reflexiva.”
4. “[...] amplia a memória e a experiência, o leque de escolhas e de possibilidades pedagógicas, o que permite um alargamento do repertório dos educadores e lhes fornece uma visão da extrema diversidade das instituições escolares do passado”.
Apesar de constituir-se em uma área de investigação relativamente recente, a disciplina já comprovou sua importância para o conhecimento humano, sobretudo em relação aos debates pedagógicos.
Em outras palavras, a História da Educação contribui para o aprofundamento de outros campos do saber.
Ciências Naturais e Sociais - Estas ciências ampliam a possibilidade de conhecer os povos e, consequentemente, aproximam-nos da educação – inerente à condição de cada comunidade.
Assim, necessitamos, também, dos seguintes saberes:
- Química: Possibilita medir, aproximadamente, o tempo do objeto encontrado.
- Geologia: Estuda a constituição da Terra.
- Arqueologia: Revela, por meio dos objetos encontrados nas escavações, a cultura material desses grupos humanos.
- Paleontologia: Examina o aparecimento das diversas formas de vida de acordo com os períodos geológicos.
Conforme as descobertas da Geologia e da Paleontologia, os ancestrais do Homo sapiens surgiram no Paleolítico Inferior e pertenciam a espécies diferentes.
Atividade
1. Assinale a opção que não está de acordo com a educação difusa:
a) Os ensinamentos eram transmitidos pelo testemunho, pela convivência, pelos modelos e exemplos.
b) A educação possuía bases fragilizadas pela ausência da institucionalização do conhecimento por meio da escola.
c) Cada tribo tinha sua maneira de se organizar e de viver de acordo com seus costumes, o que também valia para a educação.
d) O conceito de educação era amplo e nos remetia à compreensão de muitos comportamentos, pois não havia uma única interpretação do ato educativo.
e) Os ensinamentos partiam da naturalidade do cotidiano, promovendo o aprendizado de hábitos, atitudes e habilidades necessários à sobrevivência e à convivência.
Resp.: Com base na educação difusa, era possível transmitir, de forma oral, o conhecimento e os costumes de geração para geração. As sociedades tribais ensinavam a partir do saber mítico, que fundamentava os fenômenos naturais nos deuses da chuva, do sol etc.
2. É incorreto afirmar que a disciplina História da Educação:
a) Restringiu a memória e a experiência da prática pedagógica.
b) Se constituiu ao longo do tempo, conquistando sua autonomia e identidade recentemente.
c) Surgiu como parte da Filosofia da Educação e manteve-se dessa maneira até por volta dos anos 1960.
d) Forneceu aos educadores o conhecimento do passado coletivo, que serviu para formar sua cultura profissional.
e) Não constava nos cursos de formação de professores, cujos temas eram trabalhados nas aulas de Filosofia da Educação.
Resp: A História da Educação amplia – e não restringe – a memória e a experiência, bem como as possibilidades pedagógicas.
3. Sobre educação, é incorreto afirmar que:
a) Uma pessoa educada é aquela que tem estudo, é bem instruída e sabe conviver em sociedade.
b) É um conceito bem amplo que nos remete à compreensão de muitos comportamentos.
c) Esta noção está restritamente vinculada à prática pedagógica ou mesmo ao estudo sistemático.
d) “A educação existe onde não há escola, e, por toda parte, pode haver redes e estruturas sociais de transferência de saber”.
e) A educação pode ser identificada com os aspectos cognitivos, mas também com as perspectivas de socialização, convivência e afetividade.
Resp: Definir educação é uma tarefa muito complexa, pois esse conceito é amplo e cabe em muitas situações do comportamento humano.
AULA 2 – Educação na Antiguidade - Objetivos - Enumerar as contribuições da educação grega e romana para a história da humanidade; Explicar o modelo de formação humanística adotado pela civilização clássica (greco-romana) e seus desdobramentos para a educação atual.
Sócrates - entendia a Filosofia como a procura da verdade, trilhando o caminho da sabedoria.
Com a famosa frase “Conhece a ti mesmo”, o filósofo ateniense impulsionou a busca das verdades universais – o caminho para a prática do bem e da virtude. Em resumo, ele almejava que as pessoas se livrassem das falsas certezas para alcançar a verdade própria do ser humano.
Assim, no século IV a.C., Sócrates criou Maiêutica: método de ensino investigativo que se baseava nas interrogações para dar à luz o conhecimento.
Esse método tinha duas etapas que destruíam as falsas verdades para criar a universal. São elas:
1ª etapa: De início, implantava-se a dúvida, de modo que o saber adquirido fosse interrogado para revelar as fraquezas e contradições na forma de pensar.
2ª etapa: Depois, estimulava-se a busca de novos conceitos, de novas opiniões, o pensamento por si mesmo, a fim de desvelar a verdade, livrando-se do falso conhecimento.
Platão - valorizava a Academia como local da Filosofia. Na linha do mestre está a busca da verdade como condição do conhecimento filosófico. Seu método separa os dois mundos: sensível e inteligível. Os fenômenos estão em constantes mudanças, mas algo nunca se modifica. A realidade está além das coisas sensíveis ou aparentes, que precisam ser descobertas pelo intelecto.
É preciso conhecer as formas, a verdade e a razão de tudo o que existe no mundo sensível. Tudo o que nasce e desaparece não pode ser considerado o ser de maneira plena.
Neste mundo, tudo é instável, pois se transforma com o tempo. A verdade é o lugar para onde devemos retornar, pois viemos dela, das formas inteligíveis e das essências.
A instrução deve culminar na formação do cidadão e da cidade dos justos. Por isso, é necessário haver equilíbrio entre as três almas presentes no homem: animal, passional e intelectual. O intelecto (razão) tem de dominar as paixões e os instintos.
A educação precisa levar à reminiscência 2, que conduz o homem e a cidade à verdade. Nesse sentido, são canais de harmonização humana:
O aprendizado da música e da matemática;
O equilíbrio do corpo por meio da ginástica;
O exercício da dialética 3 para a contemplação da verdade.
Para ratificar suas concepções intelectuais, Platão criou a Alegoria da caverna. Nela, prisioneiros acorrentados de frente para a parede somente podiam ver as sombras. Quando um deles se libertou, encontrou uma realidade diferente.
Impressionado, o preso voltou para contar aos demais sobre o mundo real que existia fora da caverna e para livrá-los da escuridão. Mas eles se recusaram a acreditar no homem e o mataram.
Moral da história: A educação liberta, ilumina os que estão no mundo das sombras e leva à verdade.
Aristóteles- somente na pólis 4, o homem se realizava plenamente em busca do bem supremo.
No entanto, esse viver bem não era definitivamente alcançado, pois não estava preso a um tempo específico, mas se refazia – inclusive como sensação –, na medida em que o homem decidia por novas determinações em seu ato constitutivo e reconstitutivo.
Cada vez que o sujeito constituía sua determinação, o que somente podia acontecer a partir da vida na pólis, exercia a phrónesis: uma verdade prática que o contextualizava, humanizava e o colocava à frente da interrogação sobre sua existência, tornando-o criador e recriador de sua vida.
A preocupação para que as coisas fossem de outra maneira impelia ao não cumprimento apenas das determinações traçadas para ele. 
Somente pelo entendimento do conceito de pólis, era possível compreender seu projeto de educação como canal capaz de desenvolver as condições necessárias para a segurança do regime e para a saúde do Estado, que devia ocupar toda a vida do cidadão – desde sua concepção.
Contudo, só o que o Estado legislava tinha de contribuir para a educação, e a ele cabia:
01 - Guiar os cidadãos à prática das virtudes.
02 - Ocupar-se da educação dos jovens.
03 - Estabelecer leis que promovessem a educação conforme a moral, voltada à vida política, o que estabelecia seu equilíbrio.
04 - Tornar a educação um assunto público.
05 - Promover o fim do indivíduo em concordância com seu fim.
A educação era, portanto, uma condição da pólis e não podia ser negligenciada.
Para Aristóteles, a política era a ciência mais importante, e apenas por meio da educação, o homem desenvolvia a prática do bem-estar comum.
Mas, para que a educação alcançasse seus objetivos, era necessário um conjunto de atividades pedagógicas e coordenadas, que visassem a uma cidade perfeita e a um cidadão feliz.
O filósofo grego também deixou de herança o método peripatético 5, que discutia as questões filosóficas mais profundas, relacionadas à metafísica, à física e à lógica.
Democracia ateniense - Antes de começarmos a refletir sobre a educação grega, é importante conhecermos a democracia ateniense. A cidade de Atenas é considerada exemplo de democracia para as sociedades modernas. Somente os cidadãos – homens livres atenienses – podiam votar e ser votados.
O regime democrático de lá trouxe importantes modelos e práticas para as sociedades posteriores, tais como:
1 - Preenchimento dos cargos políticos por meio de eleições ou de sorteio.
2 - Duração limitada desses cargos.
3 - Participação dos cidadãos na vida política.
Além disso, a política ateniense instituiu o ostracismo.
Todas as assembleias, todos os debates e todas as votações aconteciam na praça central da cidade, chamada de Ágora: um ambiente livre, ladeado por prédios públicos e por mercados, onde também ocorriam as trocas, o comércio e as feiras. Era o espaço da cidadania.
Educação grega - O princípio da educação grega era a formação integral. A própria família tinha essa responsabilidade, conforme a tradição religiosa. Muitas atividades reuniam os gregos em comemoração. Esses eram os momentos que faziam a educação acontecer naturalmente. O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco mais para se difundir, pois, na formação escolar, a preocupação recaía, prioritariamente, sobre a prática esportiva.
Os gregos tratavam a educação como um processo de preparação para a vida social. O homem era visto como um ser racional: o centro do universo. 
A busca do conhecimento e o estudo da natureza, do ser humano e das artes, da observação e da investigação do mundo levaram ao desenvolvimento da Filosofia, entendida como a formação do homem, de seu espírito e de sua alma.
Assim como a intelectual, a educação pelas artes era fundamental para gerar esse homem. Esse processo era resumido pela palavra paideia, que não é possível traduzir em virtude de seus inúmeros significados.
[...] não se [pode] evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura ou educação. Nenhuma delas [coincide], porém, com o que os gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez. Todas as formas e criações espirituais e [do] tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por bildung ou pela palavra latina cultura.
A educação de cada pólis refletia a forma de organização e os ideais de cada sociedade.
As crianças atenienses que se tornariam cidadãos eram preparadas para o debate e a deliberação. Tinham um dia de estudos e de instrução para a cidadania.
Elas se encaminhavam para a palestra – local onde estudavam – duas vezes ao dia: de manhã, quando aprendiam música e ginástica, e à tarde, após o almoço em casa, para o ensino da leitura e da escrita, que era acompanhado por um escravo, chamado de pedagogo.
Educação ateniense: educar o cidadão. Como já vimos, na pólis ateniense, a Ágora era o local por excelência de manifestação da opinião pública, adequado à cidadania cotidiana, em que o povo se reunia em assembleia para debater e deliberar sobre as questões de interesse da comunidade.
A educação de Atenas tinha como finalidade preparar os futuros cidadãos para a política, ou seja, para a retórica, de modo que fossem capazes de se expressar oralmente, e que estivessem prontos para o diálogo e o convencimento.
Foi nessa cidade que o ideal de uma educação integral, aliando mente e corpo, concretizou-se. O Estado era entendido como uma maneira de garantir a liberdade do cidadão, o que era possível por meio da prática educativa.
Até os 7 anos de idade, a educação das crianças era responsabilidade das famílias e ocorria no espaço doméstico. Entretanto, essa tarefa não era exclusiva dos pais. Cabia, preferencialmente, aos escravos e às amas (pedagogos) o cuidado de ensinar, iniciado pela educação física e musical, e pela alfabetização.
As meninas continuavam a ser educadas no ambiente familiar, especificamente no gineceu 10. Já a educação masculina organizava-se em três níveis: 1. Elementar (até os 13 anos); 2. Secundário; 3. Superior.
A partir da Educação Elementar, as crianças eram encaminhadas para aprender algum ofício, ou continuavam estudando e frequentando os ginásios. Inicialmente, esses lugares eram destinados apenas aos exercícios físicos, mas, com o tempo e as exigências da pólis, incluíram as práticas musicais e literárias.
A partir dos 16 ou 18 anos, o jovem se dedicava ao Ensino Superior. Esse foi o momento em que Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram suas reflexões e teorias.
O ensino profissional desenvolvia-se no cotidiano, durante a própria execução do trabalho.
Assim, a educação ateniense propiciou o surgimento e o desenvolvimento da Filosofia, que pode ser dividida em três fases:
1. Período pré-socrático - Aqui, buscava-se explicar as questões da natureza e a origem do mundo.
2. Período socrático - Aqui, a reflexão residia sobre o homem. Este foi o momento em os filósofos clássicos estudados se destacaram.
3. Período helenístico - Aqui, a Filosofia ficou marcada pela visão cristã e por soluções individuais em detrimento do coletivo.
Educação espartana: esculpir o guerreiro - A estrutura da educação espartana – chamada de agogê – foi organizada por Licurgo. O ensino era obrigatório e estava voltado para a formação militar. O poder político-militar deu o sentido da educação na cidade de Esparta, que, patrocinada pelo Estado, tinha como principal objetivo preparar os futuros soldados.
A prática educacional consistia, portanto, em desenvolver as habilidades físicas para a formação do guerreiro, tais como força, bravura e obediência – virtudes necessárias à guerra. 
Semelhante ao que ocorria em Atenas, até os 7 anos, os meninos permaneciam em casa sob os cuidados das mães, que os treinavam de forma rigorosa.
Após esse período, o Estado assumia a educação: os jovens eram afastados da famíliae encaminhados para as casernas públicas 12, onde recebiam ensinamentos militares e treinavam:
Ginástica; / Saltos; / Natação; / Corrida; / Lançamentos de dardo e de disco.
Eles também aprendiam a suportar a fome, o frio, a dormir com desconforto e a vestir-se de forma despojada. Além disso, estudavam as armas e manobras militares, com o propósito de se tornar hábeis, perspicazes e com autodomínio.
As mulheres também se preparavam fisicamente e eram criadas para viver de maneira saudável, a fim de conceber filhos sadios. A educação sexual fazia parte da instrução feminina a partir da puberdade e era de responsabilidade da mãe.
Em torno dos 20 anos, a moça recebia autorização do governo para casar e procriar, e era estimulada a engravidar, pois, quanto mais filhos nasciam, mais soldados havia na cidade.
A disciplina era um valor, e o respeito dos guerreiros a seus superiores era primordial. Assim, a educação moral espartana valorizava a obediência, a aceitação dos castigos e o respeito aos mais velhos, bem como privilegiava a vida comunitária.
Educação romana - Na fase latina da educação romana, havia resistência à influência helenística.
Os pequenos camponeses do Lácio 13 protegiam-se das inovações estrangeiras pelo respeito a uma tradição ancestral, de acordo com a qual a finalidade da educação era prática e social.
Esperava-se que se proporcionasse à criança o saber necessário para o exercício de sua profissão de soldado ou de proprietário rural.
Nesse período, a educação da criança era de responsabilidade da família, do pater familias [...]. Isso significa que, desde os primeiros tempos da cidade, a autonomia da educação paterna era uma lei do Estado – o pai é dono e artífice de seus filhos.
No século II a.C., o pater familias concedeu à mãe os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, incluindo as meninas, que também aprendiam os elementos iniciais do alfabeto. A criança crescia em casa e com os colegas, entre os brinquedos e as aprendizagens básicas.
A mulher adquiriu uma autoridade desconhecida na Antiguidade grega. Essa tradição permaneceu por muito tempo, inclusive no século I d.C., conforme destaca Manacorda (2006):
“Quintiliano também atribui à mãe a tarefa de ensinar aos filhos os primeiros elementos do falar e do escrever”.
Mas, por volta dos 7 anos de idade, essa função era de responsabilidade do pai, que deveria proporcionar ao filho a educação moral e cívica, baseada na tradição, bem como na aprendizagem de noções jurídicas e de conceitos estabelecidos na Lei das XII Tábuas, a fim de desenvolver sua consciência histórica e o patriotismo.
Para isso, a educação romana compreendia, também, os exercícios físicos e militares.
Em torno de 16 anos, finalmente livre da infância, o jovem dava início à aprendizagem da vida pública, militar ou política, acompanhado do pai ou, se necessário, de um parente e, até mesmo, de um escravo instruído, com o objetivo de se inserir na sociedade.
Durante cerca de um ano e antes de cumprir o serviço militar, adquiria conhecimentos de Direito, de prática pública e da eloquência.
Influência grega na educação romana - No início da República, o crescimento do comércio e a expansão de Roma propiciaram transformações na organização da sociedade. Inclusive, aos poucos, foi-se consolidando outro modelo de educação mais coerente com o novo momento vivido pelos romanos.
Provavelmente, a evolução histórica foi do escravo pedagogo e mestre da própria família ao escravo mestre das crianças de várias famílias e, enfim, ao escravo libertus, que ensina na sua própria escola. Grande parte desses escravos vieram da Grécia conquistada pelos romanos.
Assim, em Roma, esses vassalos foram gregos que, falando ou não latim, ensinaram a própria língua e transmitiram sua cultura aos romanos. Além disso, os etruscos que povoaram parte da Península foram influenciados pelos gregos, de quem buscaram o alfabeto.
De modo gradual, a educação tornou-se um ofício praticado, inicialmente, por escravos no interior da família e, em seguida, por libertos na escola. Em resumo, observamos a influência grega e etrusca sobre a origem de uma forma de educação não familiar, mas institucionalizada na escola.
Logo, a cultura grega converteu-se em patrimônio comum dos povos do Império Romano e, depois, foi repassada durante muito tempo à Europa medieval e moderna, chegando, assim, a nossa época.
Nesse período, os mestres eram mais desprezados do que estimados e, muitas vezes, lembrados pelos castigos corporais e pela pobreza. Apesar de sua severidade, é comum encontrarmos relatos de revoltas por parte dos alunos, que até os agrediam fisicamente.
A memorização e a repetição marcaram fortemente essa escola inicial. Certamente, o tédio de tal didática, o medo das varas e dos chicotes, e os conteúdos muito distantes da vida diária e dos interesses reais dos jovens e da sociedade não encorajaram a frequência aos estudos.
A crítica a esse modelo de educação se fez presente e partiu de dentro da própria sociedade, que, por meio de seus importantes pensadores ou filósofos, não só condenou como também externou proposições a respeito da escola. 
[...] em Roma, encontramo-nos, pela primeira vez, perante uma crítica fundamental da escola pelo que ela é, e não pelos acidentes de sua vida diária – assistimos, enfim, ao nascimento de uma consciência crítica sobre a escola e a educação.
TEXTO - Influência grega na Educação Romana - Por volta dos séculos III e II a.C., sob a influência grega, que possibilitou a alfabetização bilíngue dos romanos, surgiram as escolas dos gramáticos.
Nelas, os alunos preparados, na concepção dos professores, para continuar seus estudos entravam em contato com os clássicos gregos, além de disciplinas como Geografia, Aritmética, Geometria e Astronomia (ARANHA, 2000).
Da mesma maneira, desenvolviam a arte de bem falar e escrever, privilegiando a formação literária em detrimento da ciência, da educação musical e do atletismo.
As disputas políticas e o desenvolvimento da vida pública implicaram a necessidade de aprimorar os estudos de retórica. Assim, a partir do século I a.C., surgiram as Escolas Superiores, frequentadas pelas elites, que desejavam se preparar melhor para as assembleias e tribunas.
No final da República e no início do Império Romano, houve mudança de comportamento em relação aos mestres dos Ensinos Médio e Superior, que passaram a ser mais valorizados ao receber isenção de impostos e pagamentos em alguns cursos.
Os mestres gregos foram protegidos pelo imperador romano Augusto, à semelhança do que o líder Júlio César já havia feito.
Nessa época, algumas bibliotecas foram criadas, tais como as do:
* Templo de Apolo – no Palatino; / * Pórtico de Octávio – uma política imperial de cultura.
A primeira iniciativa voltada para os professores aconteceu no século I d.C., com autoria de Vespasiano (9 d.C.-79 d.C.), que reconheceu a utilidade social dos educadores. Com ele, iniciou-se uma série de retribuições e de imunidades fiscais atribuídas a gramáticos e retores.
Em seguida, foram criadas as cátedras de retórica nas grandes cidades. Além disso, houve favorecimento e promoção da instituição de escolas municipais de gramática e de retórica nas províncias.
Nesse contexto, pela primeira vez, os romanos desenvolveram um sistema de ensino: um organismo centralizado que coordenava inúmeras instituições escolares espalhadas por todas as províncias do império e constituídas em carácter oficial pela intervenção do Estado.
Esse processo ocorreu de forma lenta, mas, aos poucos, com o passar dos anos e até mesmo dos séculos, verificamos avanços nesse sentido.
ATIVIDADE
1. O método investigativo, criado por Sócrates no século IV a.C., que se baseava nas interrogações para dar à luz o conhecimento e que destruía as falsas verdades para gerar uma universal, era conhecido como:
a) Arché b) Dialética c) Maiêutica d) Pedagogia e) PeripatéticoResp: Este método tinha duas etapas. De início, implantava-se a dúvida, de modo que o saber adquirido fosse interrogado para revelar as fraquezas e contradições na forma de pensar. Depois, estimulava-se a busca de novos conceitos, de novas opiniões, o pensamento por si mesmo, a fim de desvelar a verdade, livrando-se do falso conhecimento.
2. Aristóteles deixou muitas heranças para a educação grega e romana. Uma delas foi um método de ensino que discutia as questões filosóficas mais profundas, relacionadas à metafísica, à física e à lógica, conhecido como:
a) Phisis b) Aleteia c) Dialética d) Maiêutica e) Peripatético
Resp: A origem do nome deste método vem do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, caminhando, enquanto lia e dava preleções sob os portais cobertos do Liceu (perípatos) ou sob as árvores que o cercavam. Sempre pelas manhãs, mestre e discípulos debatiam sobre os temas mencionados.
AULA 3 – Educação na Idade Média
Idade Média - A Idade Média abrange um longo período de quase 10 séculos (V-XV). Teve início com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e fim com a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453.
Com o declínio do poder temporal dos papas até o início da Reforma Protestante, em 1517, veio a transição para a Idade Moderna.
Esse foi um momento de crescimento e expansão do cristianismo, que ficou conhecido como cristandade e se tornou uma grande força no mundo ocidental. Toda a vida social girava em torno da cristã.
Os historiadores dividem a Idade Média em duas partes: * Alta Idade Média (meados do século V até o fim dos séculos X e XI); * Baixa Idade Média (meados do século XV).
Os monges copistas foram os responsáveis pela armazenagem do saber, pois copiavam e guardavam os registros escritos. Assim, toda a produção de conhecimento nas civilizações antigas – principalmente dos sábios gregos – foi preservada e retomada no período do Renascimento.
A cultura também foi muito influenciada pelo catolicismo. As pinturas, as esculturas e os livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas apresentavam cenas bíblicas, pois era uma forma didática de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por analfabetos.
Ainda nessa época, São Gregório (papa entre os anos 590 e 604) criou o canto gregoriano – outra forma de disseminar as informações e os conhecimentos religiosos por meio de um instrumento simples e interessante: a música.
Patrística - O Concílio de Niceia, realizado em 325 d.C., estabeleceu a fidelidade e a padronização nas questões de fé. Isso tornou possível à Igreja enfrentar os inúmeros desafios representados pelas dissidências internas e pelos sistemas rivais.
Após sua conversão, que aconteceu aos 32 anos, depois de uma vida pregressa e do encontro com a fé, Agostinho de Hipona (354 d.C.-430 d.C.) retomou a patrística, combinando elementos da fé com princípios filosóficos de nomes importantes, como Platão e Plotino.
Essa foi a grande contribuição de Santo Agostinho para a época, que, conservando os argumentos da fé cristã, evocou a razão para manter a unidade da Igreja por longo tempo.
A autoridade do grupo que comandava essa Filosofia – formado por autores eclesiásticos – em assuntos dogmáticos tinha peso especial e era utilizada de forma eficaz só quando se doutrinava por unanimidade. Os ensinos individuais não eram considerados infalíveis, mas deviam ser respeitados.
Além dos conceitos de pecado original, livre arbítrio e predestinação divina, um dos focos da patrística era: “A fé vai à frente, seguida da inteligência [...]”. 
Escolástica - A partir do século IX, surgiram reflexões teológicas e filosóficas que envolviam os intelectuais oriundos do clero, das escolas catedralícias e das universidades.
O foco de estudo recaiu sobre os tratados filosóficos antigos, propiciando a formação de movimentos como o escolasticismo e o humanismo. A escolástica compreendia os filósofos antigos, a Bíblia e os padres da Igreja: autores dos primeiros séculos cristãos, e fontes de autoridade da fé e da santidade.
Seu principal objetivo era conciliar o ideal de racionalidade – corporificado pela tradição grega do platonismo e do aristotelismo – e a experiência de contato direto com a verdade revelada – a essência da fé cristã.
Essa vertente da Filosofia Medieval veio das artes ensinadas nas escolas do século XII, que incluíam dois grupos. São eles: TRIVIUM – Lógica / Gramática / Retórica // QUADRIVIUM – Aritmetica / Música / Geometria / Astronomia
TEXTO: O sentido da Filosofia Medieval
[...] Sócrates e Platão [...] eram considerados os filósofos precursores do pensamento cristão, embora pagãos. Eram “os sábios do mundo” e “os professores do povo”, e tinham como tarefa a exploração da natureza profunda de todas as coisas.
O círculo interior da Rainha Filosofia e de seus discípulos Sócrates e Platão é envolto por outro círculo, maior, onde estão as disciplinas necessárias para o estudo da Filosofia. São as Sete Artes Liberais: a primeira parte, introdutória, chamada de Trivium, por conter a Gramática, a Dialética e a Retórica. Na ordem: aprender a escrever e a ler corretamente, a argumentar e a fazer isso com beleza.
[...] Após aprender as disciplinas do Trivium, o aspirante à Filosofia deveria passar para as do Quadrivium, matérias matemáticas: Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.
[...] O sentido retilíneo do círculo é claramente do físico para o metafísico (isso porque, desde os antigos pitagóricos, os filósofos pensavam que o mundo fora criado pela divindade, de acordo com as regras da harmonia e da ordem). Assim, estudar Geometria, por exemplo, significava seguir a máxima da Academia de Platão: “Que ninguém, exceto os geômetras, entrem aqui”. 
No grande círculo exterior, há os seguintes versos: “A Filosofia ensina as artes por sete ramos. Investiga os segredos dos elementos e de todas as coisas. O que descobre, retém em sua memória e escreve para transmitir aos alunos”.
Na busca da harmonização entre fé e razão, a escolástica transitou pelo pensamento de dois teólogos:
Santo Agostinho – defensor da primazia da fé, a que a razão devia se subordinar, a fim de restaurar a condição decaída da racionalidade humana;
São Tomás de Aquino – defensor de certa autonomia da razão para obter respostas (base do aristotelismo), sem negar sua subordinação à fé.
No século XIII, o filósofo que promoveu a transição real do platonismo para uma forma mais sofisticada de Filosofia foi Tomás de Aquino: o grande nome da escolástica. Sua obra-prima Summa Theologica (1485) é o maior exemplo desse método de aprendizagem.
Nesse período, também se destacaram: Erígena – filósofo e teólogo irlandês; Scoto – filósofo e teólogo inglês; / 
Occam – frade franciscano inglês.
Com a atualização de suas bases pelo pensamento de Platão e a sintonia de aspectos da natureza com os valores espirituais, a escolástica ampliou-se quando São Tomás de Aquino introduziu ao método elementos da Filosofia de Aristóteles. Para esse frade católico, a Filosofia era como serva da Teologia. Em suas palavras:
Uma vez que a intenção principal desta ciência sagrada é transmitir o conhecimento de Deus, e não só segundo o que é em si (secundum quod in se est), mas também segundo o que é como princípio e fim das coisas, especialmente da criatura racional, como é manifesto a partir do que foi dito; tencionando nós expor esta ciência, trataremos, primeiro, de Deus; em segundo lugar, do movimento da criatura racional para Deus; e, em terceiro lugar, de Cristo, que, segundo a sua humanidade, é, para nós, via de acesso a Deus.
Historicamente, na Idade Média latina, a partir da segunda metade do século XIII e no século XIV, a Filosofia apresentava-se de duas formas distintas. Vejamos:
Filosofia articulada à Teologia - Sob a regência normativa da Teologia – ou, como diria Tomás de Aquino, subalternada a essa ciência –, tal Filosofia era oficialmente praticada nas Faculdades de Artes das universidades.Esse era o degrau necessário para atingir a Faculdade de Teologia.
Filosofia voltada à tradição antiga - Esta Filosofia retomava, pela mediação do ideal de vida filosófica – renascido em terras do islã –, a tradição antiga do exercício de filosofar como fonte do mais alto prazer e da felicidade.
Renascimento - No século XIV, a escolástica retomou os ideais da patrística. Tendo como pontos de partida as bases dessa Filosofia elaborada pelos primeiros padres da Igreja, a escolástica aprofundou-se e expandiu a defesa da fé.
Assim, converteu-se em um método de ensino para conciliar fé e razão, protegendo os princípios teológicos defendidos pela Igreja e valorizando as contribuições primordiais da Filosofia – predominantemente da grega.
As escolas monásticas representavam o berço dessa Filosofia cristã, que se tornou a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a cristandade.
Seu surgimento teve influência direta com as atividades de ensino desenvolvidas no interior dos mosteiros e das catedrais, que culminaram com o aparecimento das primeiras universidades. Conjugadas, todas essas mudanças permitiram a chegada do Renascimento no início do século XIV, que perdurou até o fim do século XVI.
Esse momento se originou do renascimento das cidades, em consequência da recuperação dos negócios e do comércio, e de uma nova classe social (a burguesia), o que exigiu a presença de novos profissionais e o aparecimento dos colégios.
Essas instituições nasceram desvinculadas da Igreja e dos conceitos religiosos. A ideia era formar um novo homem, que passou a buscar explicação para fenômenos além das respostas baseadas unicamente na fé.
Rabelais resumiu o Renascimento da seguinte forma:
Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito; Hebraico; Caldeu; Latim [...]. O mundo inteiro está cheio de acadêmicos, pedagogos altamente cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que me parece que nem nos tempos de Platão, de Cícero ou Papiniano, o estudo era tão confortável como o que se vê a nossa volta. [...] Eu vejo que os ladrões de rua, os carrascos, os empregados do estábulo, hoje em dia, são mais eruditos do que os doutores e pregadores do meu tempo.
As características mais importantes do movimento renascentista foram:
1. Antropocentrismo: Em contraste com a postura medieval, em que prevalecia o teocentrismo, o Renascimento colocou o homem como o centro do universo.
2. Hedonismo: Busca pela felicidade humana, na medida em que o ser humano readquiriu importância frente às questões religiosas.
3. Individualismo: Expressão de preponderância do indivíduo sobre o coletivo.
4. Racionalismo: O conhecimento deve ser explicado à luz da razão, que se sobrepunha às explicações divinas e religiosas.
5. Classicismo: Revalorização da cultura greco-romana, que buscou romper com os padrões medievais. Os valores da Antiguidade se expressavam nas pinturas, na arquitetura, nas esculturas, na Filosofia e na literatura.
Humanismo renascentista - Considerado uma das principais características do Renascimento, o humanismo foi fundado no século XIV, em Florença, por Francesco Petrarca (1304-1374), cuja inspiração veio da Antiguidade Clássica (greco-latina), e perpassou o século XVI, expandindo-se por toda a Europa.
A palavra humanismo ainda não era usada nos séculos XIV e XV. A expressão da época que deu origem a essa Filosofia moral foi studia humanitatis.
Entre seus seguidores estão Dante Alighieri e Boccaccio. Esse movimento renascentista valorizava o ser humano, como se todas as coisas pudessem ser explicadas no e pelo homem – portador de qualquer capacidade intelectual.
Outros animais tinham certos poderes inerentes a sua natureza. Por exemplo, o cavalo corria, e as aves voavam, mas o desejo de conhecer foi dado ao indivíduo. Disso resultava sua paideia ou perfeição.
Nas palavras de Guarino (2002): “Pois aquilo que os gregos chamam de paideia nós chamamos de erudição e educação nas artes liberais”. 
Muitos desenvolveram habilidades em várias áreas do conhecimento, o que gerou a noção do homem renascentista polímata. A partir da crença ilimitada na capacidade humana, surgiu a proposta de educação humanista, que tinha como objetivo central desenvolver as capacidades próprias do indivíduo.
Tal forma contundente de pensar o homem na centralidade promoveu a reforma de universidades e a criação de colégios por toda a Europa em sintonia com essa causa.
No século XV, a invenção da imprensa por Johann Gutenberg (1394-1468): 
01 - Acelerou a divulgação do humanismo.
02 - Modificou a história da leitura e da circulação de ideias mundialmente.
03 - Agilizou a expansão das línguas vernáculas em detrimento do latim, gerando a necessidade de padronizar e armazenar o conhecimento.
A publicação e difusão de textos aumentou, de forma impressionante, o número de livros em circulação, e o movimento do humanismo espalhou-se por todo o continente.
Mais tarde, essa Filosofia modificou a relação com as Sagradas Escrituras, tornando-as acessíveis, em 1516, pela tradução de Erasmo de Roterdão. Tal fato marcou o século XVI, quando o Renascimento humanista ganhou força ainda maior.
Arte renascentista - O ser humano era o foco principal do Renascimento, em contraste com o divino do mundo feudal.
A preocupação com o indivíduo refletia-se, inclusive, nas artes: os artistas buscavam conhecer o homem, seus sentimentos e sua conformação física, estudando e reproduzindo o corpo humano.
Para que você tenha uma ideia mais bem formada do movimento artístico do período e conheça os principais autores da época, destacamos na pintura renascentista alguns quadros importantes:
Na escultura, novamente, despontaram os trabalhos de Michelangelo (1475-1564): 
- Pietà (Michelangelo, 1499) Basílica de São Pedro – Vaticano
- Figura feminina da Sibila Cumeia (Michelangelo) Capela Sistina – Vaticano
Essas obras demonstram a perfeição, do ponto de vista técnico, do trabalho artístico, destacando a figura humana, bem como valorizando suas expressões e emoções.
ATIVIDADE
1. A Filosofia cristã dos primeiros séculos de nossa era, formulada pelos padres e baseada em conceitos da Filosofia grega, que elaborou as doutrinas religiosas do cristianismo no combate ao paganismo e às heresias, ficou conhecida como:
a) Paideia b) Patrística c) Maiêutica d) Escolástica e) Peripatética
Resp: A patrística priorizava a análise dos textos bíblicos, mas, atualizada por Santo Agostinho, passou a contemplar, também, os textos filosóficos. Suas contribuições foram essenciais para o desenvolvimento dos métodos de ensino e da Filosofia.
2. São Tomás de Aquino representou a Filosofia cristã na Idade Média, cujo método de pensamento crítico ficou conhecido como:
a) Paideia b) Patrística c) Maiêutica d) Escolástica e) Peripatética
Resp: O principal objetivo da escolástica era conciliar o ideal de racionalidade e a experiência de contato direto com a verdade revelada pela fé cristã.
3. Herdadas da Antiguidade Clássica e organizadas na Idade Média, as artes liberais eram divididas em:
a) Trivium (lógica, gramática e música) e Quadrivium (aritmética, lógica, música e gramática).
b) Quadrivium (música, química e retórica) e Trivium (lógica, astronomia, música e geometria). 
c) Trivium (astronomia, música e retórica) e Quadrivium (retórica, astronomia, música e geometria).
d) Trivium (lógica, matemática e retórica) e Quadrivium (aritmética, retórica, música e geometria). 
e) Trivium (lógica, gramática e retórica) e Quadrivium (aritmética, astronomia, música e geometria).
Resp: As sete artes liberais – que representavam disciplinas acadêmicas – eram desempenhadas por homens livres.
AULA 4 – Educação na Idade Média I
Século XVI: Reforma de Lutero e educação - A Reforma Protestante aconteceu no século XVI e foi liderada por Martinho Lutero (1483-1546).
A Igreja Católica detinha a centralidade da fé e buscavamaior expansão pelas descobertas ultramarinas, mas, apesar disso, já lidava com conflitos em seu cotidiano. As contestações tomaram força com a liderança de Lutero, que estabeleceu na Igreja Romana a maior crise da história – aquela que geraria a Reforma Protestante.
Em minha opinião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante Deus, e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as crianças quando as educamos [...]. Para ensinar e educar bem as crianças, precisa-se de gente especializada.
A crise que assolou o contexto do século XVI e permitiu a Lutero liderar a reforma religiosa também apontava para outras crises – entre elas a necessidade de mudança na educação.
Caros senhores. Anualmente, é preciso levantar grandes somas para armas, estradas, pontes, diques e inúmeras outras obras semelhantes, para que uma cidade possa viver em paz e segurança temporal. Por que não levantar igual soma para a pobre juventude necessitada, sustentando um ou dois homens competentes como professores?
Para Lutero, a formação ministrada nos conventos e nas escolas tinha o único objetivo de formar intelectuais que pudessem dar continuidade à hegemonia religiosa da Igreja Católica. Além de uma reforma religiosa, ele pensava em uma reforma educacional e expressava com clareza seus ideais.
A formação de Lutero foi fundamentada na escolástica medieval. Por isso, tinha bases teóricas sólidas. Mas ele fez uma crítica severa ao ensino universitário e, nos conventos, sugeriu o estabelecimento de novos métodos no processo educativo.
[...] se as universidades e [os] conventos continuarem como estão, sem a aplicação de novos métodos de ensino e modos de vida para os jovens, preferiria que nenhum jovem aprendesse qualquer coisa e ficasse mudo.
Lutero (1987) também se preocupou com o papel da família na educação dos filhos. No Catecismo Menor, afirmou:
Aqui, também deves insistir, particularmente, com as autoridades e os pais, para que governem bem e levem os filhos à escola, mostrando-lhes por que é sua obrigação fazê-lo e que pecado maldito cometem se não o fazem.
Pois, com isso, derrubam e assolam tanto o reino de Deus [quanto] o reino do mundo, como os piores inimigos de Deus e dos homens. E frisa bem que horrível dano causa se não cooperam na educação de crianças para serem pastores, pregadores, notórios etc., de sorte que, por isso, Deus lhes há de infligir medonho castigo.
Pois é necessário pregar sobre essas coisas. Os pais e governantes pecam nisso agora de maneira indizível. O diabo também leva de mira algo de cruel com isso.
Compreendendo o dever do Estado, Lutero entendia a educação como um fecundo canal para a formação das consciências a partir do acesso à Bíblia. Para ele, as Sagradas Escrituras deviam ser lidas e conhecidas por todos.
Assim, o monge traduziu a Bíblia para o alemão, facilitando o acesso dos fiéis aos textos sagrados. Além disso, exigiu das autoridades políticas a criação de Escolas Cristãs (1524), diferenciadas dos modelos escolásticos, que pudessem levar à frente seu projeto educativo evangelizador.
Contrarreforma, Companhia de Jesus e educação - A Igreja Católica respondeu aos ataques de Lutero e implantou a Contrarreforma. Para isso, o Papa João III, nomeado em 1534, convocou o Concílio de Trento, que se estendeu entre os anos 1545 e 1563.
A Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas foi fundada em 1534 por um pequeno grupo, sob a liderança de Inácio de Loyola, e, em 1540, foi definitivamente reconhecida pela Igreja.
Essa foi uma das estratégias para conter o avanço do protestantismo e um dos maiores movimentos de cristandade da história, que se espalhou por muitos países. Os jesuítas propagaram o catolicismo por toda a Europa, na Ásia e nas Américas.
A Companhia de Jesus era composta de membros que tinham caráter regular e secular, pois faziam parte de uma ordem religiosa com estatutos e autoridades próprias. Eram sacerdotes ordenados que exerciam todas as funções dos demais sacerdotes.
Ao contrário das outras ordens religiosas, esses membros viviam no mundo, e a Companhia de Jesus tinha natureza empreendedora e combativa.
Sua mesma designação de companhia já indicava o caráter de milícia, bem como a organização, a disciplina e o espírito de obediência: tudo para a maior glória de Deus – Omnia ad Majorem Dei Gloriam (AMDG).
Os membros dependiam de um geral e, em cada nação, de um provincial, embora estivessem submetidos à autoridade do papa. Sua organização se assemelhava a de um exército pela disciplina e pelo empenho, voltado para a expansão da influência da Igreja no mundo.
Os sacerdotes assumiram, também, o papel de educadores, criando estabelecimentos de ensino, em que as disciplinas fundamentais eram combinadas com a instrução religiosa e o desenvolvimento da fé, principalmente nas colônias ibéricas.
Método Ratio Studiorum - São muitas e fecundas as contribuições dos jesuítas à educação.
O Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis – mais conhecido como Ratio Studiorum – foi o método de ensino instituído pelo jesuíta líder da Companhia de Jesus (Inácio de Loyola), que também se baseava nas artes ensinadas nas escolas medievais:
- Trivium – gramática, retórica e dialética;
- Quadrivium – aritmética, geometria, astronomia e música.
O método estabelecia o currículo, as normas e as orientações nas atividades educacionais das escolas em qualquer lugar que estivessem.
Essa metodologia jesuíta de educação foi fundamentada nas teorias de Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) e de São Tomás de Aquino (1225-1274) e na cultura europeia, principalmente no momento em que o movimento renascentista era a centralidade da época.
Além disso, difundiu a educação humanista de caráter universal, e tinha na música e na literatura aliadas essenciais da formação humana. Seus fundamentos básicos estavam direcionados para o ensino religioso e a catequese.
Os jesuítas demonstraram em seu trabalho profundo conhecimento da alma humana e da Psicologia, buscando em suas perspectivas a adaptação do currículo proposto (2012).
Século XVII: Revolução Científica - A Igreja Católica teve imensa contribuição para o avanço da ciência. Muitos cientistas eram Padres ou estudiosos que se formaram em suas escolas. Foram vários séculos de apoio à pesquisa e ao estudo.
Na Idade Média, inúmeros padres eram cientistas. Isso comprova, definitivamente, que não havia para a Igreja Católica divisão entre razão e religião, e entre razão e fé.
Todos os campos científicos carregam a marca do catolicismo. Os padres e outros estudiosos católicos deixaram heranças fecundas e irrefutáveis nas mais diversas áreas do conhecimento e em vários ramos científicos, tais como: Astronomia, medicina, geologia, antropologia, psicologia, pedagogia, geografia, física, química, filosofia, teologia.
Justamente no campo científico, foi possível verificar a grande contribuição que a Igreja Católica prestou à humanidade. Nesse contexto, os filósofos empiristas queriam provas de que a natureza está em constante movimento, causando impacto sobre a teologia.
Nos primeiros anos de pesquisa, o também cristão Galileu Galilei (1564-1642) teve o apoio incondicional da Igreja, assim como os diversos cientistas. Dois papas e os jesuítas o apoiaram em suas muitas buscas científicas e em seus grandes feitos, que, inclusive, condecoraram-no.
Esse físico e matemático continuou arduamente as investigações sobre a natureza e fez da Astronomia a ciência experimental em busca das verdades sobre o universo.
Para isso, apoiou-se na teoria de Nicolau Copérnico (1473-1543), selando para sempre a ruptura com a Igreja, que o levou à excomunhão devido à defesa do heliocentrismo e a comprovação científica do equívoco do geocentrismo, fundamentado em ensinamentos do relato da Bíblia sobre a criação.
Somente nessa ocasião, ao contestar o geocentrismo, Galilei foi chamado pela Congregação do Santo Ofício para prestar esclarecimentos.
O sistema aristotélico, que ainda predominava e serviade base para o pensamento teológico, havia estabelecido a verdade da teoria geocêntrica. Dessa forma, conceber a natureza em constante movimento implicava perceber as instituições sociais como suscetíveis a mudanças.
Muitos outros filósofos e cientistas defensores da filosofia natural experimental tiveram o século XVII como cenário. Também foram influenciados por Francis Bacon (1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632-1704).
Além de Galieli, Copérnico e Bacon, alguns nomes importantes marcaram a Revolução Científica, que começou no século XVI e prolongou-se até o século XVIII. São eles:
Giordano Bruno (1548-1600); Johannes Kepler (1571-1630); René Descartes (1596-1650);
Francesco Redi (1626-1697); Robert Boyle (1627-1691); Isaac Newton (1643-1727);
Richard Lower (1631-1691); Louis Pasteur (1822-1895).
Não aconteceu somente uma Revolução Científica com esse grupo, mas uma evolução teológica, pois as explicações de ordem empírica divina foram influenciadas pelas explicações de ordem empírica-racional científica.
O método experimental, que instalou a Revolução Científica deu origem ao racionalismo e ao empirismo, que anunciaram novos paradigmas de conhecimento dos fenômenos.
A teologia os envolveu, pois todos eles, de alguma forma, apresentaram elementos novos – alguns buscando, inclusive, nas bases do cristianismo o respaldo para suas pesquisas.
A filosofia natural nasceu, cresceu e fecundou-se nas bases do cristianismo – época em que fé e razão conviviam naturalmente.
Século XVIII: Didática moderna - Na transição do século XVI para o XVII, a história nos apresentou Iohannes Amos Comenius, que definiu a Didática como “a arte de ensinar”, retomando os clássicos para construir sua própria Didática.
A infância era a fase privilegiada para essa formação, pois partia da vivência e das experiências. Comenius ajudou a refletir sobre a questão da seguinte forma:
A natureza de todas as coisas que nascem é tal que se plasmam e se moldam com grande facilidade quando ainda são tenras, ao passo que, endurecidas, recusam-se a obedecer. A cera, quando está mole, pode ser plasmada e replasmada; endurecida, porém, quebrar-se-ia. Uma arvorezinha pode ser plantada, transplantada, podada, dobrada para um lado ou para o outro; uma árvore crescida, nunca. Quem quiser dobrar uma vara deverá colhê-la ainda verde e jovem; velha, seca e nodosa, não poderia ser dobrada. (Comenius)
A Didática de Comenius estava fundamentada nas artes liberais. De acordo com seu currículo, haveria o estudo disciplinas das artes liberais embutidas no nível equivalente ao Ensino Médio: gramática, física, matemática, ética, dialética e retórica, além das línguas clássicas e modernas.
Em seus termos:
[...] que os escolásticos conservem para si a sua língua; nós, agora, pensamos apenas nos simples e no modo de os levar também a entender as artes liberais e as ciências.
[...] uma arte universal de ensinar tudo a todos: de ensinar fácil, portanto, sem que docentes e discentes se molestem ou enfadem, mas, ao contrário, tenham grande alegria; de ensinar de modo sólido.
Ainda que tenha estado, de modo atuante, na Inglaterra, Comenius não exerceu influência sobre os principais educadores ingleses.
Iluminismo - Desde os séculos XV e XVI, o pensamento racionalista ganhou espaço e força no mundo europeu. Além disso, exerceu profunda influência sobre a época, sobretudo nos aspectos político, social e intelectual.
No século XVIII, na França, o iluminismo se manifestou de forma radical na França, que passava por uma grande crise política, a qual inflamava o povo contra o rei Luiz XVI (1754-1793).
O iluminismo atingiu seu apogeu na luta contra a monarquia absolutista, no movimento conhecido como Revolução Francesa, que tinha como lema: Liberdade, igualdade e fraternidade.
Nesse momento, o debate acerca dos direitos humanos se fortaleceu e se concretizou por meio do texto da Declaração dos Direitos do Homem, que defendia a liberdade política e econômica, bem como a igualdade de todos perante a lei.
Em setembro de 1792, a revolução foi proclamada e, no ano seguinte, o rei foi executado.
O desejo dos iluministas era iluminar as trevas, porque identificavam todo o pensamento anterior como equivocado pelo obscurantismo do pensamento religioso.
Por isso, o século XVIII ficou conhecido como o Século das Luzes. Foi o apogeu da razão, que combatia o teocentrismo da Idade Média. Cabia à razão – e somente a ela – responder as indagações humanas.
Qualquer outra concepção, inclusive advinda da teologia, atrapalhava o desenvolvimento da humanidade. Para isso, o iluminismo colocou o homem como centro do universo e arrancou-lhe a fé.
A exaltação à razão convidava ao desprezo qualquer outra forma explicativa ou especulativa da verdade.
Estabelecia-se, assim, a legitimidade científica racional como caminho de mão única, tendo o antropocentrismo como bandeira. No homem, pelo homem, com o homem e somente nele estava a possibilidade de progresso, que aconteceria pela valorização exclusiva da razão.
A célebre frase atribuída ao iluminista Voltaire (1694-1778) ficou muito conhecida: “O mundo apenas estará verdadeiramente livre, quando o último rei for enforcado com as tripas do último padre”.
Não havia dúvidas acerca do ataque não somente contra o absolutismo, mas também conta a fé.
Voltaire foi um dos mais agressivos ao atacar o pensamento teocêntrico com base em sua opção pelo deísmo, que reconhecia a existência de Deus apenas presente na natureza. Somente o homem, pela razão, tinha capacidade de dominar o mundo e de chega à sabedoria e à verdade. A religião também devia propagar a razão.
Pensando dessa forma, Voltaire tornou-se o mais ferrenho divulgador das ideias liberais do iluminismo. Para isso, combateu a Igreja, a fé e a teologia.
Projeto de educação de Jean-Jacques Rousseau - No contexto de mudanças a que nos referimos, Jean-Jacques Rousseau traçou todo um projeto pedagógico que possibilitava identificar, muito mais do que um modo de educar, um sentido para a educação.
Ele questionou a postura dos educadores 6 modernos para justificar o contraste necessário ao aprendizado, pois o homem estaria cheio de paixões contraditórias que deviam ser apreendidas e compreendidas desde a infância.
Assim, o filósofo propôs uma educação que não agredisse a criança (aluno) nem sua natureza, permitindo a ela obedecer a seu ritmo natural com uma razão autônoma tanto do ponto de vista cognitivo quanto ético.
Dessa forma, era possível que o aluno, por vontade própria, devolvesse-lhe a autoridade abdicada:
“Meu amigo, meu protetor, meu mestre, retomas a autoridade de que queres abdicar no momento em que é mais importante para mim que permaneças; até [o momento], só a tinhas por causa de minha fraqueza, mas, agora, a terás por minha vontade, e, assim, ela será mais sagrada para mim.
Defende-me de todos os inimigos que me assaltam e, sobretudo, dos que trago comigo e que me traem; cuida de tua obra para que eu permaneça digno de ti.
Quero obedecer às tuas leis, quero-o sempre, é a minha vontade constante; torna-me livre, protegendo-me contra as minhas paixões que me violentam; impede que eu seja escravo delas e força-me a ser meu próprio senhor, não obedecendo aos sentidos, mas a razão”. ROUSSEAU
Em pleno período de retificação da razão, Rousseau alertou que a educação estaria se esquecendo de um elemento fundamental. Em suas palavras:
[...] tentaram-se todos os instrumentos [concebidos pela razão], menos um, exatamente o único que pode dar certo: a liberdade bem regrada. ROUSSEAU,1995.
A Idade Moderna terminou com a Revolução Industrial no final do século XVIII e no início do século XIX, quando o trabalho artesanal, em que o produtor dominava todo o processo produtivo, foi substituído pelo assalariado, com o uso das máquinas.
ATIVIDADE 
1. Quem definiu que a “Didática é a arte de ensinar tudo a todos” e ficou conhecido como o pai da Didática? a) Luterob) Rousseau c) Comenius d) Inácio de Loyola e) Tomás de Aquino
Resp. Comenius foi o primeiro teórico a respeitar a inteligência das crianças. Para ele, a prática escolar devia imitar a natureza. Esse pedagogo eternizou seu pensamento na obra Didática Magna.
2. O método de Inácio de Loyola difundiu a educação humanista de caráter universal e tinha as artes liberais como aliadas essenciais à formação humana. Recomendava que o professor nunca se afastasse do estilo filosófico de Aristóteles e da teologia de São Tomás de Aquino. Esse método foi:
a) Paideia b) Patrística c) Maiêutica d) Peripatética e) Ratio Studiorum
Resp. Ratio Studiorum surgiu com a necessidade de unificar o procedimento pedagógico dos jesuítas diante da explosão do número de colégios confiados à Companhia de Jesus.
AULA 5 – Educação na Idade Moderna II
Jesuítas - É possível pensar a História da Educação no Brasil sem fazer referência e reverência aos jesuítas?
A resposta, advinda das pesquisas, inclusive as que não têm ligação religiosa, é não.
A Companhia de Jesus chega ao Brasil expandindo a busca de novos horizontes de Evangelização pela Catequese. Chegaram para difundir o cristianismo, em uma Catequese direcionada, no primeiro momento, aos Indígenas.
Junto com Tomé de Souza, Governador Geral, os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Padre Manuel de Nóbrega lidera o grupo na 1ª Missão.
Os jesuítas aqui chegaram pela negociação feita por Dom João III, conhecido como o Piedoso. Em Salvador, construíram a Primeira Escola Elementar Brasileira tendo como Mestre o Irmão Vicente Rodrigues que se dedicou a estudar e aperfeiçoar os moldes europeus de educação e a propagação da fé. O Irmão Vicente tinha apenas 21 anos.
Manuel de Nóbrega pede reforço para o trabalho de Evangelização no Brasil e o Provincial indica Simão Rodrigues envia José de Anchieta que chega ao Brasil, com menos de 20 anos, em 13 de julho de 1553.
José de Anchieta, mesmo com saúde frágil por causa da tuberculose óssea, vem para o Brasil e se dedica integralmente à causa da Fé. Em Carta, o próprio Anchieta confirma o desejo de partir para o Brasil:
“Entre padres e irmãos, enviaram-se este ano para a índia cinco e para o Brasil, sete, todos generosamente dispostos, para quaisquer trabalhos.
Não obstante serem a maioria deles seriamente doentes, este fato, pela bondade de Deus, não só não lhes serviu de impedimento para a viagem, mas antes tomaram a enfermidade como argumento e motivo eficaz para persuadir ao padre doutor que os deixassem ir morrer entre os infiéis, porque quando menos, para o ensino das crianças lá poderiam servir. “(Piratininga)
José de Anchieta talvez não esperasse, pelo conteúdo de sua Carta, viver tanto tempo e fazer tanto, mas se tornou um referencial de grande importância para a educação.
Ficou por apenas três meses em Salvador e foi para Capitania de São Vicente, com o padre jesuíta Leonardo Nunes, lugar onde conheceu seu Mestre Manuel de Nóbrega e por 12 anos lá permaneceu produzindo conhecimento, evangelizando e aprendendo a Língua Tupi e ensinando o Latim aos índios. Um processo de enculturação no respeito aprendendo e ensinando.
Também escreveu a primeira gramática sobre uma língua do tronco tupi a Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil, publicada em Coimbra em 1595: José de Anchieta, como os demais jesuítas, deixaram heranças inesquecíveis para a educação brasileira.
A data da fundação de São Paulo, 25 de Janeiro, fundamenta-se na carta de Anchieta aos superiores da Companhia de Jesus: “A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!”.
Educação jesuítica - o método jesuíta de educação foi fundamentado nas Teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino e pela cultura europeia, principalmente no momento em que o Movimento Renascentista era a centralidade da época.
O método de Inácio de Loyola difundiu a educação humanista de caráter universal e tinha na música e na literatura aliadas essências à formação humana.
No Brasil, a atuação dos jesuítas foi extremamente fecunda no campo da educação contribuindo decisivamente com a construção de colégios, Universidades e desenvolvimento da Pedagogia. 
Elaboraram, tendo como base o Ratio Studiorum, um plano de estudos:
“[...] diversificada, com o objetivo de atender à diversidade de interesses e de capacidades. Começando pelo aprendizado do português, incluía o ensino da doutrina cristã, a escola de ler e escrever.
Daí em diante, continua, em caráter opcional, o ensino de canto orfeônico e de música instrumental, e uma bifurcação tendo em um dos lados, o aprendizado profissional e agrícola e, de outro, aula de gramática e viagem de estudos à Europa. (RIBEIRO)
TEXTO - Os Jesuítas
Os jesuítas chegaram ao Brasil buscando a conquista de territórios e a reconquista da centralidade do cristianismo Romano. Lançaram-se sobre as terras de Ultramar para a colonização do novo território. Logo, a conquista da América (basicamente toda a América Latina) expande a fé católica, que passa trabalhar pela conversão dos povos indígenas. Esse era o primeiro e principal objetivo, mas logo se envolveram com a educação de forma mais abrangente.
A Contribuição dos jesuítas na educação não pode ser desprezada ou analisada pela vertente do ataque às práticas da Idade Média.
- O Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis, mais conhecido por de Ratio Studiorum, foi o método de ensino instituído pelo Jesuíta líder da Companhia de Jesus.
- O método estabelecia o currículo, as normas e as orientações que todos os jesuítas deveriam seguir nas atividades educacionais das escolas em qualquer lugar que estivessem, seja na Colônia como na Metrópole.
- O método jesuíta de educação foi fundamentado nas Teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino e também pela cultura europeia, principalmente no momento em que o Movimento Renascentista era a centralidade da época.
- O método de Inácio de Loyola difundiu a educação humanista de caráter universal e tinha na música e na literatura aliadas essências à formação humana.
Na quarta parte das Constituições, a que trata da educação, o único autor cristão que é citado como fonte de estudos tanto na universidade, no caso da Teologia, quanto nas faculdades menores, ou seja, a Filosofia é São Tomás de Aquino.
Os outros assuntos relativos à Teologia e Filosofia são tratados de forma genérica, como, por exemplo, assegurar ao estudante a melhor doutrina com base nos melhores autores.
No caso específico da filosofia natural e moral e na metafísica, as Constituições recomendam seguir a doutrina de Aristóteles, o que na prática significa ratificar a teoria escolástica tomista.
Apenas esses dois autores, S. Tomás e Aristóteles, são citados no livro das regras e normas da Companhia de Jesus, o que por si só, poderia caracterizar como escolástica a formação do futuro jesuíta. O currículo do colégio definido pelo Ratio era composto de: 1) Gramática média; 2) Gramática superior; 3) Humanidades; 4) Retórica; 5) Filosofia; 6) Teologia.
O plano de estudos propriamente dito foi elaborado de forma diversificada, com o objetivo de atender à diversidade de interesses e capacidades. Começando pelo aprendizado do português, incluía o ensino da doutrina cristã, a escola de ler e escrever.
Daí em diante, em caráter opcional, o ensino de canto orfeônico e de música instrumental, e uma bifurcação tendo em um dos lados o aprendizado profissional e agrícola e, de outro, aula de gramática e viagem de estudos à Europa.
A educação dos gentios, principalmente dos curumins, prosseguia e Padre José de Anchieta foi um de seus mais atuantes pedagogos. Utilizando entre outros recursos o teatro, a música e a poesia, Anchieta pode ser apontado como um dos nomes de maior destaque da História da Educação.
Há correntes que ocultam ou desvirtuam sobre o querealmente representaram os jesuítas para a educação no Brasil. Na busca de interação com os nativos, utilizavam elementos da cultura na qual estavam inseridos, permitindo-se entrar no processo de inculturação.
Os jesuítas aprenderam os costumes e língua dos indígenas e ensinaram seus costumes e línguas. Dessa forma didática iam também Catequizando e Evangelizando.
Além de terem inaugurado diretrizes básicas a partir do Ratio Studiorum, também organizaram uma educação estruturada e regimentar intensa, conforme um processo catequético, mas com grande êxito na formação ampla, plena e profunda.
Devemos aos jesuítas a fundação de colégios e universidades organizados em rede, método pedagógico e um currículo comum. Visão holística de Mestres que compreendiam os sentidos profundos e primeiros da educação.
O método pedagógico buscava o equilíbrio das potencialidades do ser humano. Grande destaque era dado ao estudo do latim, como base da cultura geral. Nesse idioma, os alunos deviam se comunicar durante o dia, exceto nos tempos de recreio e feriados, e escrever os textos mais importantes.
Não se estudava grego, como nos colégios jesuítas da Europa, mas, de acordo com Leite (2004), estudava-se o grego da terra, que era o idioma tupi.
Por isso, ao escolher os professores, os jesuítas não abriam mão do rigor e investiam na formação integral deles.
Em um dos trechos de uma das regras do Ratio Studiorum, diz: “Se alguns forem amigos de novidades ou de espírito demasiado livre, devem ser afastados sem hesitação do serviço docente.” (PAIM)
Conforme Puentes, o próprio Ratio aponta: “[...] do começo ao fim, para o sentido da preocupação dos jesuítas pela seleção de funcionários e professores de provada postura virtuosa e bons costumes [...].” 
Também Franca afirma: “Num conceito justo e integral da missão educadora, a formação do mestre deve ser também inteira e completa, abraçando todos os aspectos.
A pedagogia da essência e as bases epistemológicas da formação do professor no Ratio Studiorum da perfeição humana. Não é só pela sua inteligência culta e ilustrada, é pela sua personalidade toda que o educador modela no educando o homem perfeito de amanhã. A formação moral é a primeira preocupação da Companhia de Jesus. Ao entrar nas suas fileiras, o futuro formador de almas começa por dedicar dois anos inteiros exclusivamente a formação da alma própria.
São anos benditos e fecundos em que se adquire o conhecimento próprio, o governo das paixões, o domínio sobre as tendências impulsivas. A razão sobrepõe-se aos poucos à volubilidade dos caprichos.
As virtudes cristãs da caridade, da paciência, da renúncia de si mesmo, da piedade sólida, transformam-se aos poucos em hábitos vivos, que pautam as ações dos futuros educadores. FRANCA, 1952. 
De acordo com Rocha (2010), o sistema de ensino jesuítico estruturou-se em: “[...] quatro graus de ensino sucessivos e propedêuticos: curso elementar; de Humanidades; de Artes; e de Teologia”.
Os colégios jesuítas eram classificados conforme o nível de estudos:
Cursos Inferiores - Eram as escolas elementares de ler e aprender, como uma extensão da catequese, onde se ofereciam a doutrina cristã, conhecimentos elementares e, para os alunos mais dotados, iniciação musical.
Curso Médio - Oferecia Gramática, Humanidades e Retórica para os alunos que haviam se destacado intelectualmente na fase anterior, alguns dos quais eram enviados depois à Universidade de Coimbra ou da Espanha, para realizar os estudos superiores. A maioria dos alunos do Curso Médio era direcionada para o aprendizado profissional e agrícola, que teve início no Colégio de São Vicente.
Ciclo Superior - Era integrado pelas Faculdades de Filosofia e Teologia, criadas pela primeira vez no Brasil, em Salvador da Bahia, em 1572. A Filosofia abrangia Lógica, Física, Metafísica, Ética, Matemática e Ciências Naturais.
A Teologia abarcava a Teologia Especulativa, com o estudo dos dogmas e a Teologia Moral, com a reflexão sobre casos de consciência. Os textos para estudo eram solicitados a Portugal. O padre Antonio Vieira foi o autor do primeiro tratado filosófico escrito no Brasil.
No Brasil existe O Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, popularmente conhecido como Ruínas de São Miguel das Missões, e originalmente denominado Misión de San Miguel Arcángel, é o conjunto de remanescentes da antiga redução jesuítica de São Miguel Arcanjo, integrante dos chamados Sete Povos das Missões.
Localiza-se no município de São Miguel das Missões, na região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, no Brasil.
Como já sinalizado, há correntes contrárias aos jesuítas que apontam os mesmos integrantes de um sistema que colaborou com sistema de opressão dos nativos.
“O trabalho braçal, concebido como embrutecedor, era tarefa que Deus havia reservado a uma parcela da população que, expiando, assim, os seus pecados, teria o reino dos céus garantido. Era aos que desse trabalho eram poupados que se destinava a tarefa de instruir, para melhor e mais ‘justamente’ gerir os negócios e a vida social.” Xavier, 1994
Para esse mesmo autor, os jesuítas estavam a serviço da Coroa Portuguesa que ordenava domesticar e amansar a população da nova colônia que se formava.
Xavier continua com a crítica: “Ao mesmo tempo, os jesuítas deveriam cuidar da reprodução interna do contingente de sacerdotes, necessário para a garantia da continuidade da obra. Sua tarefa educativa era basicamente aculturar e converter ‘ignorantes’ e ‘ingênuos’, como os nativos, e criar uma atmosfera civilizada e religiosa para os degredados e aventureiros que para aqui viessem.
Isso constituía uma empreitada que exigia muita criatividade no que diz respeito aos métodos de ação, considerada a heterogeneidade da clientela que tinham diante de si. [...]
Tratava-se de dominar, pela fé, os instintos selvagens dos donos de terra, que nem sempre recebiam pacificamente os novos proprietários [...]. 
Nessa mesma direção, as correntes contrárias aos jesuítas, não poupam críticas ao Ratio Studiorum. De acordo com Ribeiro: “Nota-se que a orientação contida no Ratio, que era a organização e plano de estudos da Companhia de Jesus publicado em 1599, concentra sua programação nos elementos da cultura europeia.” Ribeiro, 1998.
Evidencia-se, dessa forma, um desinteresse ou a constatação da impossibilidade de instruir também o índio. Era necessário concentrar pessoal e recursos em pontos estratégicos, já que aqueles eram reduzidos. E tais pontos eram os filhos dos colonos em detrimento do índio, os futuros sacerdotes em detrimento do leigo, justificam os religiosos.
Verifica-se, dessa maneira, que os colégios jesuíticos foram o instrumento de formação da elite colonial. O plano legal (catequizar e instruir os índios) e o plano real se distanciam. Os instruídos serão descendentes dos colonizadores. Os indígenas serão apenas catequizados.
As críticas de estendem à ideia de uma suposta confusão que misturava educação com Cristianização do modelo renascentista que invadia o mundo, inclusive acusando os Jesuítas de usar um modelo pedagógico tradicional, ou seja, a própria filosofia cristã da educação, a assim chamada educação humanista.
Ainda sobre esse enfoque, Romanelli (2001) destaca que: “[...] o ensino que os padres jesuítas ministravam era completamente alheio à realidade da vida da Colônia”.
A expulsão dos jesuítas do Brasil é comemorada ainda hoje por muitos, sem que seus legados, construções e contribuições sejam reconhecidas e conhecidas por alguns que não tiveram a chance por causa das ocultações de seus benéficos feitos e ampla divulgação dos ataques contra eles como no relato de Monlevade (2000).
Em 1759, o Marquês de Pombal acorrenta os jesuítas nos porões de seus próprios navios. O Brasil perde 17 colégios monumentais e mais de duzentas escolas de primeiras letras.
As fazendas dos padres, certamente com mais de um milhão de cabeças de gado, passam, para a Fazenda Real. E dela, para os cofres dos banqueiros ingleses, que mandam