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PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS Profa. Dra. Roberta Juliano Ramos 2017-2 CONCEITO CARNE Tecido muscular que reveste a carcaça, com cor e consistência próprias, diafragma, esôfago, língua e vísceras. TIPOS DE CARNES: Carne vermelha; Carne branca Características organolépticas da carne: • COR A cor da carne é considerada o principal aspecto no momento da comercialização (apelo visual). A mioglobina é a principal substância na determinação da cor da carne. O teor de hemoglobina só influenciará a cor da carne se o processo de sangria for mal executado. Aspectos como idade, sexo, músculo e atividade física afetam a cor da carne. A cor natural e ideal da carne é um vermelho brilhante. Características organolépticas da carne: • ODOR E SABOR Por serem aspectos complementares, o aroma e o sabor podem ser agrupados em um complexo denominado de flavor, sendo que ao eliminar-se o odor, o sabor de um alimento fica alterado. O flavor da carne é aumentado com a idade do animal, sendo que em algumas espécies, a carne de machos inteiros apresenta sabor diferente. O sabor cárneo varia com teor e a qualidade da gordura presente em cada espécie animal. E a composição de ácidos graxos que torna a carne peculiar quanto ao sabor. Características organolépticas da carne: • MACIEZ Fatores externos ao animal - uso ou não de processos visando ao amaciamento da carne e distúrbios de refrigeração. Encurtamento pelo frio: o músculo é resfriado imediatamente após o abate, apresenta energia para contrair-se fortemente sob ação do resfriamento, que, em geral, ocorre quando um músculo atinge 10 0C em 10 horas post-mortem. Rigor pelo descongelamento: quando um músculo congela antes de atingir o rigor mortis, posteriormente, após o descongelamento ocorre o encurtamento pelo frio e uma excessiva perda de suco. Eletroestimulacão: uma corrente elétrica que, provocando contrações, faz com que os músculos consumam energia e no momento do resfriamento não possam contrair-se demasiadamente. Características organolépticas da carne: MACIEZ Maturação: mantendo-se os cortes cárneos em embalagem a vácuo e em temperatura, por exemplo, de 1ºC a 2ºC por cerca de 14 dias, ocorre desnaturação proteica desagregando as fibras musculares e ocasionando maciez. Também ocorre desenvolvimento de sabor. Substâncias amaciantes da carne: pode-se fazer o amaciamento artificial da carne por uma série de ingredientes, como vinagre, suco de limão, sal e enzimas vegetais. A papaína proveniente do mamão, a bromelina proveniente do abacaxi e a ficina proveniente do figo possuem efetiva ação amaciante, sendo que o efeito não é apenas sobre as proteínas miofibrilares mas também sobre o tecido conjuntivo, principalmente sobre a fração de colágeno solubilizada pelo calor. ABATE ABATE ABATE ABATE RIGOR MORTIS Metabolismo do Glicogênio: Animal vivo: funções vitais dependentes das rotas metabólicas para produção de ATP. Animal morto: funções vitais não cessam de imediato; Modificações bioquímicas e estruturais ocorrem simultaneamente; CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE Dependentes de: • processo de abate; •tratamentos pos-mortem; • técnicas de armazenamento. RIGOR MORTIS As enzimas de carne, catepsinas, provocam o fim do "rigor mortis" e a maturação própria da carne: A carne perde sua rigidez, torna-se macia e desenvolve o sabor típico de carne. RIGOR MORTIS A condição fundamental para ocorrer o rigor mortis é não ter mais ATP no músculo: Queda do pH • Com a sangria ocorre o fim do sistema aeróbico • Glicose começa o metabolismo pela via anaeróbia: glicólise com produção de ácido láctico. • Quanto maior for as reservas de glicogênio no músculo maior vai ser a quantidade de ácido láctico formado e mais baixo será o pH. Com o abaixamento muito brusco do pH alterações: • Pouca retenção de água e o seu branqueamento. Com pouco glicogênio, os valores do pH serão altos e consequentemente a qualidade da carne também será alterada. RIGOR MORTIS RIGOR MORTIS ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA – utilizada com o objetivo principal de antecipar o rigor mortis, queimando ATP. Paralelo a isto, tem-se outras vantagens: Economia de energia elétrica (câmara-fria), espaço físico e mão-de-obra; Auxilia na retirada do sangue, diminuindo contaminações; Melhora a maciez da carne, pois rompe o lissosoma liberando enzimas proteolíticas (catepsinas), que agem sobre proteínas miofibrilares; Favorece a desossa a quente; Evita o encurtamento pelo frio (cold shortning), que enrijece a carne. PROBLEMAS NA COLORACAO DA CARNE A cor da carne é considerada como o principal aspecto no momento da comercialização (apelo visual). Carnes PSE (Pálida, Flácida e Exsudativa) - Problemas de estresse no momento do abate levam a um acúmulo de lactato (redução de pH) que, juntamente com a temperatura alta do músculo, provocam um estado em que a carne libera água, torna- se flácida e com coloração amena. Carnes DFD (Escura, Firme e Seca) - problemas de estresse prolongado antes do abate podem esgotar as reservas de glicogênio, impedindo que o pH decline; dessa forma, o músculo passa a reter mais água, ficando estruturado e de coloração escura. PROBLEMAS NA COLORACAO DA CARNE PROBLEMAS NA COLORACAO DA CARNE PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS MATURAÇÃO Procedimento utilizado na indústria, visando o desaparecimento do “rigor mortis”, através do armazenamento em determinadas condições de temperatura e UR, que irá definir o tempo de armazenamento. Atuação de enzimas proteolíticas sobre proteínas miofibrilares, formando compostos de peso molecular menor e desenvolvendo o odor e sabor característico da carne maturada. O Amaciamento da carne na maturação se dá principalmente pela separação do complexo actomiosina, através de enzimas. • 0ºC – 15 dias • 8 a 10 ºC - 2 a 4 dias • 20 ºC – 2 dias MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DA CARNE A utilização do frio na conservação da carne é o princípio mais usado. As carnes e seus derivados, de uma maneira geral se adaptam muito bem ao congelamento, facilitando sua conservação por muito tempo. Com a utilização do frio, tem-se as seguintes vantagens: • Diminuem as reações enzimáticas; • Retardam as reações químicas; • Inibir o crescimento microbiano. Refrigeração: • Fatores ligados ao meio: temperatura da câmara, velocidade e direção do vento e umidade relativa do ar no interior da câmara. Controlando estes fatores, temos poucas perdas no peso da carne (2 a 3%); MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DA CARNE Fabricação de embutidos O RIISPOA (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal) apenas define embutidos e alguns produtos isoladamente, sem classificá-los, sendo a classificação influenciada por hábitos regionais, podendo ser: • Produtos frescais; • Defumados não-cozidos; • Cozidos e defumados; • Cozidos a temperaturas mais elevadas, como mortadelas e salsichas; • Produtos secos, semi-secos, maturados. Matérias-primas para fabricação de embutidos cárneos • São utilizadas carnes desossadas (segmentos musculares), aparas de carne, coração, fígado, língua e outras vísceras, gorduras, pele, sangue, ligamentos. • A carne deve ser adequada ao consumo, não contaminada, refrigerada, limpa, sem odores anormais, ossos e cartilagens. MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DA CARNE Matérias-primas para fabricação de embutidos cárneos • A Legislação, mesmo prevendo e quantificando percentualmente certas categorias de carnes em determinados produtos, não as identifica a ponto de permitir distinção precisa. • Pode ser sugerida como adequada a seguinte classificação em três categorias:1a: carne magra, sem gordura aparente, totalmente desprovida de tecido conjuntivo aparente (tendões, nervos) e vasos sanguíneos maiores, glândulas, nodos linfáticos e sangue - da superfície e intermuscularmente; MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DA CARNE Matérias-primas para fabricação de embutidos cárneos •2a: carne magra, sem gordura aparente, privada grosseiramente de nervos, vasos sanguíneos e desprovida por completo de glândulas, nodos linfáticos e sangue; •3a: carne de cabeça, de esôfago, de faringe, de toalete de língua, de diafragma, sangue, toucinho e vísceras (exceto pulmões e baço); • Amido, proteínas vegetais (soja), caseinato: São substâncias consideradas "enchedoras", utilizadas para reduzir o custo em formulações; alguns tem ação estabilizante e outros, ação emulsificante (ex: caseinato). MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DA CARNE Matérias-primas para fabricação de embutidos cárneos •Água/gelo: Dissolução dos ingredientes, resfriamento da massa; Melhorar a textura e suculência; Aumentar a fluidez, facilitando o embutimento. •Condimentos e especiarias: •Sal de cozinha (NaCl): Importante ação sobre o sabor, característico e desejável em produtos cárneos; efeito bacteriostático, pela redução da atividade da água; auxiliar na dissolução das proteínas miofibrilares, estabilizando misturas e emulsões. •Açúcares (pequena cadeia - dextrinas, maltose, glicose, sacarose): Mascarar o sabor amargo do sal, diminuir a atividade da água, favorecer o crescimento de microrganismos desejáveis, maior brilho e melhor cor. •Glutamato monossódico, inosinato e hidrolisados de proteínas MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DA CARNE Matérias-primas para fabricação de embutidos cárneos • Aminoácidos potencializadores de sabor. • Especiarias: Partes de certas plantas (raízes, bulbos, cascas, folhas, flores, frutos, sementes) em estado natural ou dessecadas, que temperam e fornecem sabor aos alimentos. • Principais aditivos: • Conservadores: nitrito e nitrato de socio (curas), sorbato de sodio; • Emulsificantes: polifosfatos, carragenas, etc; • Antioxidantes: ascorbato, eritorbatos (fixadores de cor), etc.; • Umectantes: propileno glicol, lactato de sodio; • Acidulantes: glucona-d-lactona; • Corantes: urucum (película), hemoglobina (massa). PRODUÇÃO DE EMBUTIDOS OBRIGADA!