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TECNOLOGIA DO LEITE E DERIVADOS Profa. Dra. Roberta Juliano Ramos 2017-2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS Leite é definido a grosso modo como: Produto da secreção mamária de mamíferos. Ou, segundo o Regulamento Técnico de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA): É o produto normal, fresco, integral, oriundo da ordenha completa e ininterrupta de vacas sadias, sem outra especificação. GENERALIDADES • Devido a composição com nutrientes de alto valor biológico, amplamente utilizado na alimentação humana, sendo considerado como um dos mais completos alimentos in natura. Ao mesmo tempo, torna-se excelente meio para o desenvolvimento de microrganismos. Fatores como raça e alimentação do animal, idade e número de parições, variações climáticas, tempo de lactação são fatores que influenciam a quantidade e a qualidade do leite produzido. COMPOSIÇÃO DO LEITE Fatores que influenciam a composição do leite: A raça do animal, afetando principalmente os teores de gordura e proteína do leite. A porcentagem de gordura do leite varia entre diferentes ordenhas. Os diferentes quartos do úbere promovem variação: o úbere é dividido em quatro câmaras, a produção e a composição podem variar entre os quartos. COMPOSIÇÃO DO LEITE Fatores que influenciam a composição do leite: O período de lactação afeta a composição do leite. As estações do ano. Os alimentos ingeridos pelo animal e seus níveis nutricionais também influenciam na composição do leite. A sanidade e a idade do animal. ORDENHA DO LEITE Para o animal ter uma maior produção de leite, a ordenha deve ser feita com eficiência, de maneira higiênica e em ambiente calmo e familiar para a vaca. OBJETIVO DA ORDENHA HIGIÊNICA Obter um leite são, com a menor carga bacteriana possível, o que garantirá uma matéria-prima de qualidade para produção do leite propriamente dito, e de seus derivados, e assim, oferecer um produto de boa qualidade ao consumidor. ORDENHA DO LEITE Pré-requisitos para uma boa ordenha: • O rebanho deve ser saudável, isento de brucelose, tuberculose, verminoses e outras doenças. • Os animais não devem esperar a ordenha em ambiente sujo. • Vacas doentes ou em tratamento devem ser afastadas da produção. • O ambiente onde será realizada a ordenha deve estar limpo, em local mais elevado possível para facilitar as tarefas de limpeza e escoamento de águas e dejetos. • O ambiente deve estar distante de locais causadores de odores, como: esterqueiras, chiqueiros, galinheiros e fossas, pois o leite pode absorver odores. TIPOS DE ORDENHA MANUAL Consiste em apertar a base do teto entre o polegar e o indicador impedindo o retorno do leite para a cisterna do úbere, e, a seguir, forçando-o a sair pelo canal à medida em que os outros dedos vão se fechando sobre o teto e exercendo forte pressão interna. Para receber o leite devem ser utilizados baldes próprios, com cerca de três quartas partes de sua boca tampada para evitar, ao máximo, a queda de corpos estranhos no leite. TIPOS DE ORDENHA MECÂNICA Neste tipo de ordenha, a retirada do leite é feita de forma semelhante àquela do bezerro ao mamar, aplicando-se vácuo na extremidade do teto, utilizando-se para isso, ordenhadeiras mecânicas. Higiene na ordenha Adoção de medidas higiênicas em relação ao ordenhador, em relação aos procedimentos e ao local e na lavagem dos utensílios com cloro ativo a 10%. ETAPAS DO PROCESSAMENTO DO LEITE ETAPAS DO PROCESSAMENTO DO LEITE RECEBIMENTO • Operações de pesagem, filtração e resfriamento do produto. OBJETIVO → evitar o ingresso de leite de baixa qualidade na Usina. • O leite é recebido, pesado, filtrado, resfriado para 2 a 50C em trocador de calor de placas e estocado em tanques isotérmicos antes de ser pasteurizado e encaminhado para as seções de processamento. • O processamento do leite é feito com duas finalidades: Produção de leite para consumo ou de derivados ETAPAS DO PROCESSAMENTO DO LEITE ANÁLISE DO LEITE RECEBIDO • Do ponto de vista higiênico, o leite deve ter as seguintes características e propriedades: agradável preservando suas características sensoriais, limpo, fresco. SABOR • O leite fresco normal deve ter um sabor levemente adocicado, devido principalmente ao seu alto conteúdo de lactose. ODOR • O leite recém-ordenhado tem um odor relacionado ao ambiente de ordenha, que logo desaparece. Os elementos que influenciam o odor do leite são provenientes de alimentos, meio ambiente, utensílios que entram em contato direto com o leite e MOS. COR • A cor do leite que normalmente é um branco amarelado e opaco. ETAPAS DO PROCESSAMENTO DO LEITE PADRONIZAÇÃO • É a retirada parcial da gordura do leite. • Mantém constante o teor no produto final. • Os leites pasteurizados tipos integral (gordura original), padronizado (3% de gordura), semi-desnatado (1,5%) e desnatado (light, 0,5% máx.). • Feita por desnatadeiras centrífugas, a indústria de laticínios usa para si o creme retirado para a fabricação de derivados do leite. ETAPAS DO PROCESSAMENTO DO LEITE TRATAMENTOS TERMICOS: Os principais tratamentos térmicos do leite são: ESTERILIZACÃO: Seu objetivo e obter um produto bacteriologicamente estéril e que mantenha as características nutritivas e organolépticas do produto fresco. Leite UHT = Leite longa vida = 180 dias em temp. ambiente ETAPAS DO PROCESSAMENTO DO LEITE HOMOGENEIZACÃO É o processo que consiste em passar o leite através de válvulas a alta pressão com furos muito pequenos, reduzindo então o tamanho dos glóbulos de gordura. Serve para impedir a formação de nata no leite pasteurizado, sendo essencial para o leite longa vida, deixando o leite mais branco, melhorando o aspecto, palatabilidade e digestibilidade e ainda melhora a qualidade do queijo e iogurte. Em seguida o leite é resfriado a 40C e armazenado em tanques de estocagem isotérmicos ate o seu envase ou processamento de derivados. CLASSIFICAÇÃO DO LEITE PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE CREME DE LEITE É o produto lácteo relativamente rico em gordura retirada do leite por procedimento tecnologicamente adequado, que apresenta a forma de uma emulsão de gordura em água (RIISPOA). O creme obtido poderá ser submetido a pasteurização, a apertização ou ao tratamento UHT, sendo nestes casos denominados e a ele não é permitida a adição de nenhum aditivo ou coadjuvante para o creme pasteurizado, no entanto para os cremes esterilizado e UHT podem conter os agentes espessantes e/ou estabilizantes, tais como: Ácido algínico e seus sais de cálcio, sódio, potássio e amônio; carboximetilcelulose e seu sal de sódio, goma guar e pectina. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE IOGURTE Para a sua produção, o leite é padronizado com 2,5% de gordura e colocado em pasteurizador lento onde é adicionado de 11-11,5% de sacarose (açúcar cristal) e aquecido a 85-900C, onde permanece a esta temperatura durante 30 minutos. Decorrido os 30 minutos, é resfriado a 43- 450C, quando então é inoculado com o fermento láctico. Os MOS básicos utilizados na sua fabricação são o Lactococcus thermophilus e o Lactobacillus bulgaricus. Este fermento é previamente preparado em laboratório e inoculado na razão de 1,5% em relação ao volume de leite. O leite inoculado de fermento láctico permanece nos tanques maturador lento por um período de 3-4 horas, controlando-se a temperatura até a formação da coalhada. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE IOGURTE O ponto final da fermentação é controlado por meio da acidez Dornic (em torno de 70D). PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE IOGURTE Logo após ter atingidoa acidez desejada, é iniciada a refrigeração do produto até a temperatura do iogurte abaixar para 9-100C. Neste ponto o produto deverá atingir uma acidez em torno de 85D com aroma e flavor característicos. Procede-se então a quebra da coalhada no próprio tanque, dotado de agitador mecânico. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE IOGURTE Para aromatizar adicionam-se ao processo as polpas de frutas (morango, pêssego, etc.). Após a adição das polpas, o iogurte é envasado e colocado em câmaras de refrigeração de estocagem e mantido a temperatura de 40C até o momento de sua comercialização. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE MANTEIGA Todo excesso de gordura obtida pela padronização da matéria prima ou pelo desnate do leite ácido é utilizado, na forma de creme, para a obtenção de manteiga. O creme, obtido pela padronização do leite destinado a elaboração de outros produtos, é padronizado para um teor de gordura de 38-40%. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE QUEIJOS Obtidos por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial ou totalmente desnatado) ou de soros lácteos, coagulados, com ou sem agregação de substâncias alimentícias e/ou especiarias e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes. Devido à diversidade de processos tecnológicos empregados existe uma variedade de tipos de queijos tais como: Queijo Minas Frescal, Mussarela, Parmesão, Provolone, Prato e Ricota. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE QUEIJOS EX.: Queijo Tipo Mussarela O leite deve manter um teor de gordura de cerca de 3,5%. Logo após a pasteurização e padronização, o leite segue para os tanques de coagulação onde é aquecido a uma temperatura de 330C e adicionados os ingredientes da formulação. A aplicação das culturas utilizadas vai variar conforme o tempo de maturação, ou seja, fermentação lenta ou rápida. Na fermentação lenta da massa, emprega-se cultura mesófila enquanto na fermentação rápida da massa, onde será feita a filtragem no mesmo dia, utiliza-se uma cultura termófila. Nos dois casos a razão de adição das culturas varia de 0,5 a 2,0% em relação ao volume total de leite. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE O cloreto de cálcio é adicionado (50 ml de uma solução de 50% para cada 100 litros de leite), com o objetivo de restabelecer o teor de cálcio perdido durante o processo de pasteurização. O coalho é adicionado em quantidade suficiente para que a coagulação ocorra no tempo de 35 a 40 minutos. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE RICOTA É obtida com o soro de leite descartado durante o processamento de queijos, com grande % de albumina, PTN não coagulada e baixo teor de gordura. O soro do leite preferencialmente utilizado é o de queijos de massa crua. Faz-se o aquecimento lento até 65 0C, com agitação constante, atingindo esta temperatura é adicionado o leite fresco na proporção de 5 a 7% do volume de soro e aquece a mistura até 85-870C . Em seguida acidifica adicionando 5% de vinagre branco ou suco de limão. Sem fazer a agitação, aquece-se até a temperatura de 950C formando os flocos. Espere a formação da massa branca com soro esverdeado, deixe esfriar e em seguida colocar nas formas providas de dessoradores. Manter em câmara fria durante 24 horas onde então é embalado para comercialização. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE LEITES DESIDRATADOS Entende-se por “Leite desidratado” o produto resultante da desidratação (remoção de água) parcial ou total, em condições adequadas. Os produtos resultantes podem ser: o leite concentrado, evaporado, condensado e o doce de leite. Leite concentrado: produto resultante da desidratação de leite fluido, seguindo de refrigeração ou tratamento térmico condizente ao fim que se destina. Leite evaporado: ou “leite condensado sem açúcar” produto resultante da desidratação parcial do leite fluido, seguindo de homogeneização, enlatamento e esterilização (apertização) (RIISPOA—Art. 654). PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE Leite condensado: ou “leite condensado com açúcar” produto resultante da desidratação parcial do leite fluido ao qual é adicionado xarope (glicose ou sacarose) seguindo de envasamento. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE LEITES DESIDRATADOS Doce de leite: produto, com ou sem adição de outras substâncias alimentícias, obtido por concentração e ação do calor a pressão normal ou reduzida do leite ou leite reconstituído, com ou sem adição de sólidos de origem láctea e/ou creme e adicionado de sacarose (parcialmente substituída ou não por monossacarídeos e/ou outros dissacarídeos). É proibido adicionar gorduras estranhas, gelificantes ou substâncias impróprias de qualquer natureza, embora inócuas, exceto o Bicarbonato de Sódio em quantidades suficientes à do leite e estabilizadores de caseína (RIISPOA — Art. 659). PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE LEITE EM PÓ (RIISPOA—Artigos de 669 a 679; e Portaria N146 de 07/03/1996) Entende-se por leite em pó o produto obtido por desidratação do leite de vaca integral, desnatado ou parcialmente desnatado e apto para a alimentação humana, mediante processos tecnologicamente adequados. PROCESSAMENTO DOS DERIVADOS DO LEITE LEITE EM PÓ Secagem/desidratação O leite concentrado a 43% de sólidos é então bombeado a uma torre de secagem, onde é pulverizado em seu interior contra um fluxo de ar quente a 175ºC. O ar quente, ao entrar em contato com o leite pulverizado, absorve toda a umidade do mesmo, e o pó cai, em forma de partículas, no fundo da câmara de secagem. Os equipamentos utilizados para está operação chamados de “Spray Dryer”. OBRIGADA!
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