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04/09/2018 1 Microrganismos Indicadores 1 Prof. Carlos Pasqualin Cavalheiro Salvador, setembro de 2018 Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Microbiologia de Produtos de Origem Animal – MEV C18 Microrganismos Indicadores. Introdução ● Microrganismos que quando presentes indicam: - Ocorrência de contaminação fecal; - Provável presença de patógenos; - Deterioração potencial do alimento; - Condições higiênico-sanitárias de processamento, produção e armazenamento. 2 Microrganismos Indicadores. Introdução ● Indicam a qualidade microbiológica dos alimentos; ● Auxiliam na determinação da vida de prateleira; ● Refletem a segurança do produto; ● Alternativa a difícil detecção de microrganismos patogênicos; 3 Microrganismos Indicadores. Introdução ● Características dos microrganismos indicadores: - Fácil e rápida detecção; - Facilmente distinguível de microrganismos da microbiota; - Não deve estar presente como contaminante natural do alimento; - Deve estar presente quando o patógeno associado estiver; 4 Microrganismos Indicadores. Introdução ● Características dos microrganismos indicadores: - Seu número deve se correlacionar com o do patógeno; - Deve apresentar necessidades e velocidade de crescimento e morte semelhantes às do patógeno; - Estar ausente nos alimentos livres do patógeno, ou presentes em quantidades mínimas; - Sua concentração deve ter correlação inversa à qualidade do produto. 5 Microrganismos Indicadores. Introdução Figura: Relação entre a quantidade de microrganismo patogênico e seu indicador. 6 04/09/2018 2 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária ● Características: -Ter como habitat exclusivo o trato intestinal do homem e animais; - Ocorrência em número muito alto nas fezes; - Apresentar alta resistência ao ambiente extra-enteral; - Existência de técnicas rápidas, simples e precisas para sua detecção e/ou contagem. 7 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 1) Coliformes Totais - Bactérias do grupo Enterobacteriaceae; - Fermentam a lactose com produção de gás; - Incubados a 35-37ºC por 48 horas; - Bacilos Gram negativos e não formadores de esporos. 8 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 1) Coliformes Totais - Escherichia, Enterobacter, Klebsiella, Citrobacter; - Apenas Escherichia coli tem como habitat o trato intestinal; - As demais podem ser encontradas também no solo e em vegetais; - Presença de Coliformes Totais no alimento não indica necessariamente a contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatógenos. 9 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 2) Coliformes Fecais e Escherichia coli - Coliformes termotolerantes – fermentam lactose a 44-45ºC com produção de gás; - 90% das culturas são de E. coli; - Fornece com maior segurança informações sobre as condições higiênico-sanitárias do produto e melhor indicação da presença de enteropatógenos. 10 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 2) Coliformes Fecais e Escherichia coli Figura: Fermentação da lactose com produção de gás por Escherichia coli em Caldo EC. 11 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 2) Coliformes Fecais e Escherichia coli - Alimentos vegetais frescos – único indicador válido de contaminação fecal é a E. coli. 12 04/09/2018 3 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 2) Coliformes Fecais e Escherichia coli - Alimentos processados – presença de E. coli pode significar: - Processamento inadequado ou recontaminação; - Proliferação microbiana que pode permitir a multiplicação de microrganismos patogênicos. - Em processados – Não devemos encontrar coliformes!! 13 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 3) Enterococos - Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium; - Utilização tem restrições: também encontrados fora do intestino; - Apresentam maior resistência – desidratação, exposição à desinfetantes e oscilações de temperatura; - Indicam condições de higiene e processamento inadequadas. 14 Microrganismos Indicadores. Indicadores de Contaminação Fecal ou Qualidade Higiênico-Sanitária 3) Enterococos - Produtos fermentados por bactérias: números elevados não indicam características inadequadas. - Enterococcus utilizados como probióticos e conferem características organolépticas diferenciadas. 15 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação ● Quando presentes podem causar a deterioração e redução da vida de prateleira; ● Fornecem informações gerais sobre as condições de processamento do alimento; 16 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação 1) Bactérias Aeróbias Mesófilas - Usada para indicar qualidade sanitária dos alimentos; - Altas contagens Alimento insalubre – mesmo sem patógenos ou alterações organolépticas; - Fermentados: encontramos altas contagens devido à adição de bactérias iniciadoras; 17 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação 1) Bactérias Aeróbias Mesófilas - Todas as bactérias patogênicas de origem alimentar são mesófilas. - Alta contagem de mesófilos significa que houve condições para que bactérias patogênicas pudessem se multiplicar; - Perecíveis: abuso durante o armazenamento em relação ao tempo e à temperatura; - Uso de matéria-prima contaminada; 18 04/09/2018 4 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação 1) Bactérias Aeróbias Mesófilas - Alimentos deteriorados – 106 UFC/g - Alimentos fermentados – 108 UFC/g – sem estar deteriorado 19 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação 2) Bactérias Psicotróficas - Avaliam o grau de deterioração de alimentos refrigerados. 3) Bactérias Termófilas - Avaliam o grau de deterioração de alimentos submetidos à tratamento térmico. 20 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação 4) Bactérias Anaeróbias - Indicam condições favoráveis para multiplicação de microrganismos patogênicos como Clostridium botulinum e Clostridium perfringens. 21 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação 5) Bolores e Leveduras - Ocorrem em alimentos ácidos e de baixa atividade de água quando armazenados em condições inadequadas; - Responsáveis pela deterioração de sucos, queijos, alimentos congelados, alimentos em conserva; - Importância: produção de micotoxinas por bolores – Grave problema de Saúde Pública. 22 Microrganismos Indicadores. Indicadores Gerais de Contaminação 6) Outros Microrganismos Indicadores - Estafilococos: Presença de enterotoxina estafilocócica; - Clostrídios: Formação de esporos; - Esporos de termófilos: Sanificação de vegetais; - Geotrichum candidum: Sanificação de equipamentos. 23 Padrões Microbiológicos em Alimentos 24 Prof. Carlos Pasqualin Cavalheiro Salvador, setembro de 2018 Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia Microbiologia de Produtos de Origem Animal – MEV C18 04/09/2018 5 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Introdução ● Qualidade do Alimento depende de: - Características organolépticas; - Características físicas; - Características químicas; - Características nutricionais; - Características microbiológicas. 25 Padrões Microbiológicos em Alimentos.Introdução ● Padrões Microbiológicos são: Práticas e recomendações apresentadas em formato padronizado para avaliação da qualidade de um alimento. 26 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Introdução ● Avaliação Microbiológica: - Estabelecidos pela legislação de cada país; - Brasil: RDC nº 12 de 2001 da ANVISA. - Nível Internacional – CODEX ALIMENTARIUS juntamente com a FAO/WHO da Organização das Nações Unidas; 27 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico ● Objetivo de fixar Padrões Microbiológicos: - Garantia de: - Alimentos saudáveis do ponto de vista de saúde pública; - Alimentos de qualidade satisfatória; - Alimentos aceitáveis do ponto de vista estético; - Aderência às Boas Práticas de Fabricação; - Manutenção da qualidade e determinar vida de prateleira; - Utilização de matérias-primas de qualidade. 28 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico ● Itens que compõem um Padrão Microbiológico: - Plano de Amostragem – número de amostras a serem analisadas - Tipos de microrganismos e suas toxinas - Classificação dos microrganismos de acordo com risco epidemiológico - Metodologia de análise a ser utilizada - Estabelecimento de padrões, normas e especificações que definirão se o produto está conforme ou não. 29 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Plano de Amostragem ● Definição do número e tamanho de unidades que serão coletadas; ● Proposto pelo ICMSF: Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos; ● Deve-se levar em consideração: - Tipo de alimento; - Condições para o seu consumo; - Plano de Amostragem aplicável em cada situação. 30 04/09/2018 6 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Plano de Amostragem ● Colheita deve ser feita diretamente na embalagem original; ● Quantidade mínima de 200 g ou mL; ● Envio ao laboratório devidamente identificada e em condições adequadas: - Data; - Hora da colheita; - Temperatura (se necessário); - Motivo; - Outras informações que possam auxiliar na análise. 31 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Plano de Amostragem ● Amostra indicativa – número de unidades amostrais inferior ao estabelecido pela legislação ● Amostra representativa – número de unidade amostrais igual ou superior ao estabelecido pela legislação 32 Padrões Microbiológicos em Alimentos. ICMSF propôs critérios para o exame microbiológico Tipo de Risco a Considerar Condições de manuseio e consumo Subdividiu em 15 categorias Gravidade variável Planos de amostragem específicos para cada categoria 33 Padrão Microbiológico Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico ● Tipo de Risco; - 15 categorias com gravidade variável; - Controle torna-se gradativamente mais rígido do 1 ao 15; ● Condições normais de manuseio e consumo: - Condições que reduzem o risco; - Condições que mantém o risco inalterado; - Condições que aumentam o risco; 34 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico ● Definições: - n = número de unidades a serem colhidas aleatoriamente de um mesmo lote e analisadas individualmente; - c = número máximo aceitável de unidades com contagens entre os limites m e M. em um plano de três classes; - m = limite que, em um plano de três classes, separa o lote aceitável, do lote com qualidade intermediária; - M = limite que, em plano de três classes, separa o produto aceitável do inaceitável. 35 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico ● Rigidez do Controle Microbiológico: - Exige maiores números de amostras analisadas (n); - Menor tolerância para unidades defeituosas (c); - Menor tolerância dos níveis de contaminação (m e M); 36 04/09/2018 7 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico Plano de 3 Classes Plano de 2 Classes Aceitável ≤ m; Intermediária aceitável > m e ≤ M; Inaceitável > M; Limites Quantitativos (contagens) Aceitável ≤ m; Inaceitável > m; Limites Qualitativos – presença ou ausência 37 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico ● Categorias 1, 2 e 3 – Sem risco direto à saúde: Ex: microrganismos deteriorantes, aeróbios mesófilos, psicotróficos, termófilos, bolores, leveduras e coliformes totais. ● Categorias 4, 5 e 6 – Risco baixo à saúde: Ex: coliformes termotolerantes, Escherichia coli. ● Categorias 7, 8 e 9 – Risco moderado à saúde, difusão restrita: microrganismos patogênicos – doenças leves: Ex: Bacillus cereus, Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, Yersinia enterocolitica. 38 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico ● Categorias 10, 11 e 12 – Risco moderado, difusão extensa: microrganismos patogênicos – doenças leves: Ex: Salmonella tiphymurium, Shigella sp., Vibrio parahemolyticus, Escherichia coli enteropatogênica. ● Categorias 13, 14 e 15 – Risco grave: patogênicos – doenças graves. Ex: Clostridium botulinum, Salmonella typhi, Shigella dysenteriae, Brucella melitensis, Vibrio cholerae. RDC nº 12/2001 define os tipos de microrganismos a serem investigados em cada tipo de alimento. 39 Condições Presumíveis de Manipulação e Consumo Tipo de risco à Saúde Condições que reduzem o risco Condições que mantém o risco Condições que aumentam o risco Sem risco direto a saúde Categoria 1 3 classes n =5 c=3 Categoria 2 3 classes n=5 c=2 Categoria 3 3 classes n=5 c=1 Risco baixo a saúde Categoria 4 3 classes n=5 c=3 Categoria 5 3 classes n=5 c=2 Categoria 6 3 classes n=5 c=1 Risco moderado, direto e de difusão restrita Categoria 7 3 classes n=5 c=2 Categoria 8 3 classes n=5 c=1 Categoria 9 3 classes n=10 c=1 Risco moderado, direto e de difusão extensa Categoria 10 2 classes n=5 c=0 Categoria 11 2 classes n=10 c=0 Categoria 12 2 classes n=20 c=0 Risco direto, grave Categoria 13 2 classes n=15 c=0 Categoria 14 2 classes n=20 c=0 Categoria 15 2 classes n=60 c=0 Padrão Microbiológico 40Padrões Microbiológicos em Alimentos. 41 42 04/09/2018 8 43 44 45 46 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Exemplo ● Doce de Leite Coliformes termotolerantes. CATEGORIA 5 mantém o risco inalterado. n = 5 c = 2 m = 10 UFC/g M = 5x10 UFC/g 47 Plano de 3 Classes 2 unidades podem apresentar contagem entre 10 e 5x10 UFC/g 3 unidades devem apresentar contagem inferior a 10 UFC/g Padrões Microbiológicos em Alimentos. Exemplo ● Doce de Leite Staphylococcus coagulase positiva. CATEGORIA 8 mantém o risco inalterado. n = 5 c = 1 m = 10 UFC/g M = 10² UFC/g 48 Plano de 3 Classes 1 unidade pode apresentar contagem entre 10 e 10² UFC/g 4 unidades devem apresentar contagem inferior a 10 UFC/g 04/09/2018 9 Padrões Microbiológicos em Alimentos. Exemplo ● Doce de Leite Salmonella sp. em 25g. CATEGORIA 11 mantém o risco inalterado. n = 10 c = 0 m = Aus M = - 49 Plano de 2 Classes 10 unidades devem apresentar AUSÊNCIA de Salmonella sp. em 25 g do produto (m) Padrões Microbiológicos em Alimentos. Metodologia analítica a ser usada ● Verificação de padrões microbiológicos legais: Métodos legalmente reconhecidos e aprovados. ● Monitoramento de Pontos Críticos de Controle (PCC’s) em indústria alimentícia: Método reconhecido e aceito pelos responsáveis pelo controle. ● Produtos para exportação: Métodos internacionais reconhecidos. 50 Instrução Normativa nº 62/2003 do MAPA oficializa os Métodos Analíticos Oficiais para Análise Microbiológica para Controle de Produtos de Origem Animal e Água. Padrões Microbiológicos em Alimentos. Padrão Microbiológico 51 A aprovação ou rejeição de qualquer produtoalimentício submetido à análise está na dependência dos resultados de análise e dos padrões microbiológicos adotados!