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AULA 4 - BRUCELOSE ANIMAL

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BRUCELOSE 
ANIMAL
• Definição
• Histórico
• Classificação
• Importância econômica
• Situação epidemiológica no país
• Patogenia
• Transmissão
• Resistência
• Diagnóstico (bacteriológico, sorológico)
• Profilaxia (vacinação)
• Controle (PNCEBT)
Definição
A brucelose é uma doença infecto-contagiosa provocada por 
bactérias do Gênero Brucella. Entre os bovinos, caracteriza-
se por, nascimento de bezerros fracos, retenção de placenta, 
repetição de cio e descargas uterinas com grande eliminação 
da bactéria, provocar abortos geralmente no terço final da 
gestação podendo ainda transmitir-se ao homem.
Animais: doença de Bang, aborto contagioso, aborto infeccioso. 
Homem: febre de Malta, febre ondulante.
Histórico
• Hipócrates (460 A.C. ) – “Epidemias” Descrição de uma doença
febril cujos sintomas eram muito semelhantes aos da Brucelose
• Martson (1859) – Primeira descrição da doença como entidade
nosológica isolada
• David Bruce (1887) – Isolamento do M. melitensis (baço de soldado
morto na Ilha de Malta)
• Wright & Smith (1897) – criação da prova de soroaglutinação lenta
• Bang & Stribolt (1897) – Isolamento e descrição do bacilo
responsável pelo aborto contagioso (Bacilus abortus bovis)
• Zammit (1905), Horrocks (1905) – demonstraram o papel das cabras
maltesas na contaminação humana por M. melitensis
Histórico
• Shoereder & Cotton (1911) – demonstraram que vacas infectadas 
também eliminavam bactéria no leite
• Hutyra (1909), Traum (1914) – isolamento de Brucela de feto de 
suíno abortado
• Evans (1918) – encontrou uma relação muito próxima entre o M.
melitensis e o B. abortus bovis
• Meyer & Shaw (1920) – propuseram a criação do gênero Brucella
em homegagem a D. Bruce
• F. Huddleson (1923) – propôs a criação de três espécies de Brucelas:
B. melitensis, B. abortus, B. suis
• Buddle (1953) – isolou B. ovis na Nova Zelândia
• Stoenner & Lackman (1957) – isolaram B. neotomae (N. lepida)
• Carmichael & Bruner (1968) – isolaram B. canis
• Ross et al. (1994), Ewalt et al. (1994) - isolaram Brucelas de 
mamíferos marinhos
• Cloeckaert et al. (2001) – B. pinipidiae e B. cetaceae
Histórico
PORQUE COMBATER A BRUCELOSE ?
• PERDAS NA PRODUÇÃO DE CARNE – 15% a 20%
• PERDAS NA PRODUÇÃO DE LEITE – 20% a 25%
• ZOONOSE
• IMAGEM INTERNACIONAL
BRUCELOSE BOVINA
Perdas para a pecuária:
• Aborto
• Diminuição na produção de leite
•Redução do tempo de vida produtiva
•Limitação na comecialização de animais
• Custos de reposição
• Bezerros fracos
• Repetição de cio
Situação Epidemiológica
1975 - Último levantamento
Região Sul 4,0%
Região Sudeste 7,5%
Região Centro-Oeste 6,8%
Região Nordeste 2,5%
Região Norte 4,1%
Outros Levantamentos
1975 
RS 2,0% - 0,3% (86)
SC 0,2% - 0,6% (96)
MS 6,3% - 6,3% (98)
MG 7,6% - 6,7% (80)
De 88 a 98: entre 4% e 5% (Brasil) 
PREVALÊNCIA DE ANIMAIS POSITIVOS
Prevalência de Fêmeas com Idade Superior a 24 Meses 
Soropositivas para Brucelose Bovina e Bubalina nas 
Unidades Federativas (2005)
UF Prevalência (%) UF Prevalência (%)
SP 3,81 GO 3,01
PR 2,34 DF 0,14
SC 0,06 MT 10,25
RS 1,01 RO 6,22
MG 1,09 TO 5,27
RJ 4,10 
ES 3,53
BA 1,34
SE 2,14
Prevalência de Focos (propriedades) de Brucelose 
Bovina e Bubalina nas Unidades Federativas (2005)
UF Prevalência (%) UF Prevalência (%)
SP 9,70 GO 16,20
PR 3,89 DF 2,79
SC 0,02 MT 41,19
RS 2,17 RO 34,57
MG 6,04 TO 20,99
RJ 15,48 
ES 9,00
BA 4,30
SE 11,24
Oral
Respiratório
Conjuntivas
Genital
Pele
Linfonodo regional
Disseminação
Hemática
Linfática
Macrófagos
Neutrófilos
Linfonodos
Baço
Fígado
Sistema reprodutivo
Útero
Úbere
Articulações
Porta de Entrada
PATOGENIA
Via oral
Via genital
Transmissão
Assistência ao parto Diagnóstico Laboratorial
Brucelose - doença ocupacional
Aborto
Bezerros fracos
Natimortos
Tropismo pelo útero de 
animais prenhes e placenta
Placentite necrótica
Retenção de placenta
Endometrite
Infertilidade
Doença na fêmea
sem brucelose
Úteros de vacas
com brucelose
Lesão no Feto Abortado
Pleuropneumonia fibrinosa com comprometimento vascular
PATOGÊNESE
- fêmeas infectadas são geralmente assintomáticas
- período de incubação - 2 semanas a 2 meses ou mais
- bactéria eliminada no meio ambiente no periparto
- durante incubação a bactéria localiza-se na mucosa local: útero
(epitélio trofoblástico), placenta, úbere e linfonodos regionais
- quanto mais próximo do parto mais susceptível o animal se torna à 
infecção por B. abortus e aborta mais facilmente
- bezerras filhas de vacas brucélicas podem nascer persistentemente 
infectadas: 
2,5% (WILESMITH, 1978) a 5% (CRAWFORD et al., 1986) 
Inflamação aguda sistema reprodutivo
Cronificação
(assintomática)
Testículo
Epidídimo
Vesículas seminais
Ampolas seminais
Orquite uni ou bilateral
(necrose, fibrose ou pús)
Doença no macho
ORQUITE EPIDIDIMITE
Fonte: FAO
Fonte: FAO
Abscesso -
ligamento nucal Artrite
Fonte: FAO
Outras Lesões
Doença no rebanho
- Fatores de risco para transmissão entre rebanhos
• Aquisição de animais: frequência, fonte, histórico da doença 
no rebanho
(Sargent et al., 1973 apud Crawford et al., 1990)
Rebanhos que compravam animais de reposição – 72% 
infectados
Rebanhos que não compravam animais de reposição – 34,6%
• Movimentação de gado (arrendamento de pastos)
• Proximidade com rebanhos infectados (Kellar et al., 1976)
Doença no rebanho
- Fatores de risco para transmissão no rebanho
• Nível de vacinação dos animais
• Densidade populacional do rebanho
• Eliminação de animais positivos
O ANIMAL POSITIVO NÃO PODE PARIR NO REBANHO
• Nível de contaminção ambiental e condições de 
exploração
FATORES DE RISCO PARA O REBANHO 
NACIONAL
(fonte: PNCEBT-MAPA / VPS-USP, 2005)
• Aluguel de Pastos
• Compra de reprodutores
• Tamanho dos rebanhos
• Uso de IA (?)
Brucelose em animais selvagens
• Gambá comum (Didelphis marsupialis) – ISOLADO
De la Veja et al., 1979 (Argentina)
• Capivaras (Hidrochaeris hidrochaeris)– ISOLADO 
Lord & Flores., 1983 (Venezuela)
• Catetos (Tayassu tajacu) – ISOLADO 
Lord & Lord, 1991 (Venezuela)
• Cervos do Pantanal (Blastocerus dichotomus) –
1 reagente/116 NÃO REAGENTES
Roxo & Gasparini,1996 (Brasil – SP)
Diagnóstico Bacteriológico
- Diagnóstico definitivo da brucelose
• Desvantagens:
• Isolamento em 68,1% de animais não vacinados soro 
positivos (Hornitzky & Searson, 1989)
• Taxa de isolamento x tempo pós-parto
• Demora nos resultados
• Risco de contaminação (EPI’s e EPC’s)
Equipamentos de Proteção 
Individual
- Reação antígeno-anticorpo em resposta à infecção
- Brucelas lisas poduzem Anticorpos contra brucelas lisas
- reação cruzada: B. abortus, B. melitensis, B. suis
- Brucelas rugosas produzem anticorpos contra brucelas rugosas
- reação cruzada: B. canis, B. ovis
- Principal antígeno envolvido: Lipopolissacarídeo
Diagnóstico Indireto da Brucelose
VANTAGENS:
- Rapidez na obtenção dos resultados
- Baixo custo (triagem e algumas confirmatórias)
- Fácil execução e interpretação
- Maioria das provas padronizadas internacionalmente
Diagnóstico Indireto da Brucelose
DESVANTAGENS:
- Nem todo animal negativo está livre da infecção (per.inc., 
prozona, imundo depressão)
- Nem todo animal positivo está infectado (vacinados, outros 
agentes – reações inespecíficas)
- Especificidade e sensibilidade variáveis conforme o teste
Diagnóstico Indireto da Brucelose
- O resultado sorológico de um animal é pouco confiável 
quando interpretado isoladamente
Diagnóstico Indireto da Brucelose
Teste do Anel em Leite
(Ring Test)
Prova do Antígeno Acidificado Tamponado
(AAT)
Teste do 2-Mercaptoetanol
(2-ME)
Teste de Fixação de Complemento
Antígeno Acidificado 
Tamponado (AAT) 
pH 3,65
Rosa de Bengala
Ag “o” B. abortus
220C ± 40C
Sensibilidade – 63 a 97%
Especificidade – 70 a 99%
Estrutura da IgM
Teste do 2-Mercaptoetanol (2-ME)
Teste do 2-Mercaptoetanol
(2-ME)
Aglutinação lenta em 
tubos
• IgG e IgM
•Ag B abortus
• pH fisiológico
• Específica
• IgG
• Ag B abortus
• pH fisiológico
• Pode ocorrer efeito de 
Prozona • Reação positiva completa
• Reação positiva incompleta
• Reação negativa
• Especificidade – 99,8%
Teste do Anel em Leite
(Ring Test)
Evidencia aglutininas 
contra Brucella no leite
• Detectar rebanhos 
infectados
•Monitorar rebanhos 
leiteiros
• Baixa concentração de 
Ag – alta sensibilidade
• Ag de B. abortus
corado com hematoxilina
Pofilaxia e Controle
- Imunidade contra a Brucelose
Resposta Imune Celular x Resposta Imune Humoral
Papel da Cadeia O na resposta imune contra B. abortus
Nramp 1 – Natural Resistance-Associated Macrophage Protein 1
Paixão et al., 2007 – ausência de correlação entre presença do 
alelo do gene e resistência dos animais à infecção
Pofilaxia e Controle
- Imunidade adquirida
VACINAÇÃO CONTRA A BRUCELOSE
Vacina viva atenuada - amostra 19
Profilaxia - Vacinação
•É de reduzida virulência e estável
• Protege 65-75% das fêmeas 
• Grau e duração da proteção nas bezerras é igual ao das adultas
• A vacinação apenas não erradica a enfermidade
• Reduz a prevalência para aprox. 1%
• Persistência de anticorpos é evitada com vacinação 3-8 meses
• Vacinação de infectados não altera curso da doença
• Vacinação previne mais contra sintomas clínicos
• Pode provocar o aborto quando aplicado em fêmeas prenhes
PATOGÊNICA PARA O HOMEM
Dr John M. Buck
VACINA RB51
Uma vacina deste tipo deveria reunir as seguintes características 
mínimas:
1. Ser atenuada, de preferência mais atenuada que as vacinas 
existentes
2. Ser capaz de replicar no animal por um período curto para 
induzir uma boa reação imunológica do tipo celular
3. Proteger contra o aborto e infecção
Vacinação com amostra rugosa que carece de cadeia O 
evitaria a formação de anticorpos contra cadeia O e por isso, 
não daria sorologia positiva
LIPID A CORE
 Cadena - O
 LISA
 RUGOSA
MUY INMUNODOMINANTE
ANTICUERPOS
B.abortus
B melitensis
B. suis
Muito imunodominante
ANTICORPOS
RB51
B19
Rev 1
Cadeia O
Vacina RB51
B. abortus 2308 rifampicina RB51
WboA – codifica glicosiltransferase – responsável pela síntese do LPS
Wzt - transporte da cadeia O para a superfície
Dr. Gerhardt Schurig
R = Rough (rugosa)
B = Brucella
51 = nomenclatura interna do laboratório
Recomendações para uso da vacina RB51
(PNCEBT – IN nº. 33 de 24 de agosto de 2007)
1. Vacinação de fêmeas bovinas com idade superior a 8 meses e que 
não foram vacinadas com amostra 19 entre 3 e 8 meses de idade.
2. Vacinação de fêmeas bovinas adultas, não reagentes aos testes 
diagnósticos, em estabelecimentos de criação com focos de 
brucelose.
3. Não vacinar bovinos machos ou fêmeas gestantes.
4. Vacina potencialmente patogênica para o homem, devendo ser 
utilizado equipamento de proteção individual na sua manipulação e 
os materiais com resíduos de vacina devem ser esterilizados pelo 
calor. 
Recomendações para uso da vacina RB51
(OLSEN & STOFFREGEN, 2005)
Baixa prevalência, preferencialmente, quando o programa estiver na 
sua fase de erradicação
Locais onde a brucelose é endêmica, os autores recomendam o uso 
da amostra B-19