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Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 1 INTEGRAIS DUPLAS INTRODUÇÃO Considere uma função f : D R2 R, onde D é um conjunto fechado e limitado (também conhecido como conjunto compacto). Como D é limitado, então existe um retângulo R = [a, b] × [c, d], tal que D R. SOMA DE RIEMANN Para obter a soma temos que dividir o retângulo R em subretângulos Rij da seguinte maneira: dividimos os intervalos [a, b] e [c, d] em n subintervalos de mesmo comprimento ∆𝑥 = 𝑏−𝑎 𝑛 e ∆𝑦 = 𝑑−𝑐 𝑛 , respectivamente, traçamos retas horizontais e verticais pelas extremidades desses subintervalos. Escolhemos (𝑥𝑖 ∗, 𝑦𝑖 ∗) Rij, para formar a soma 𝑆𝑛 = ∑ ∑ 𝑓(𝑥𝑖 ∗, 𝑦𝑗 ∗). ∆𝑥. ∆𝑦 = ∑ 𝑓(𝑥𝑖 ∗, 𝑦𝑗 ∗). ∆𝐴 𝑛 𝑖,𝑗=1 𝑛 𝑖=1 𝑛 𝑗=1 onde f (𝑥𝑖 ∗, 𝑦𝑖 ∗) = 0 se (𝑥𝑖 ∗, 𝑦𝑖 ∗) D. Se existir o lim 𝑛→∞ 𝑆𝑛 = L, dizemos que f é integrável e que o número L é dito integral de f sobre D e é indicado por ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐷 ou ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 𝐷 ou ∬ 𝑓 𝑑𝐴 𝐷 . Assim, Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 2 ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐷 = lim 𝑛→∞ ∑ 𝑓(𝑥𝑖 ∗, 𝑦𝑗 ∗). ∆𝑥. ∆𝑦 𝑛 𝑖,𝑗=1 Se f (x, y) ≥ 0 é contínua em D, então o gráfico de f (Gf) está acima do plano xy. Então o volume do sólido W que está abaixo de Gf e acima de D é dado por V(W) = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐷 Propriedades: i) ∬ (𝑓 + 𝑔)𝑑𝐴 = 𝐷 ∬ 𝑓 𝑑𝐴 + ∬ 𝑔 𝑑𝐴 𝐷 = 𝐷 ii) ∬ 𝑘 𝑓 𝑑𝐴 = 𝑘 ∬ 𝑓 𝑑𝐴 𝐷 𝐷 iii) D = D1 D2 ∬ 𝑓 𝑑𝐴𝐷 = ∬ 𝑓 𝑑𝐴𝐷1 + ∬ 𝑓 𝑑𝐴 𝐷2 Teorema de Fubini: Se f (x, y) é contínua no retângulo D = [a, b] × [c, d], então ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐷 = ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑑 𝑐 ] 𝑑𝑥 = 𝑏 𝑎 ∫ [∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑏 𝑎 ] 𝑑𝑦 𝑑 𝑐 ou ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐷 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑑 𝑐 𝑑𝑥 = 𝑏 𝑎 ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑏 𝑎 𝑑𝑦 𝑑 𝑐 essas integrais são chamadas iteradas ou repetidas. Exemplo: Calcule ∬ 𝑥𝑦2 𝑑𝑥𝑑𝑦 𝐷 , sendo D = [0, 1] × [-1, 0]. Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 3 INTEGRAIS DUPLAS DE REGIÕES MAIS GERAIS Suponhamos agora, que D seja diferente do retângulo [a, b] × [c, d]. Então vamos definir dois tipos de região. Definição 1: Dizemos que D é uma região do tipo I ou uma região simples vertical se D for limitada à esquerda pela reta vertical x = a, à direita pela reta vertical x = b, inferiormente pela curva de equação y = g1(x) e superiormente pela curva y = g2(x), onde g1 e g2 são contínuas. Logo, para D = {(x, y) R2/a ≤ x ≤ b e g1(x) ≤ y ≤ g2(x)}. Prova-se que ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐷 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑔2(𝑥) 𝑔1(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Definição 2: Dizemos que D é uma região do tipo II ou uma região simples horizontal se D for limitada inferiormente e superiormente pelas retas horizontais y = c e y = d, respectivamente, à esquerda pela curva x = h1(y) e à direita pela curva x = h2(y), onde h1 e h2 são contínuas. Logo, para D = {(x, y) R2/c ≤ y ≤ d e h1(y) ≤ x ≤ h2(y)}. Prova-se que ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝐷 = ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 ℎ2(𝑦) ℎ1(𝑦) 𝑑𝑦 𝑑 𝑐 Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 4 Exemplos: 1- Calcule por meio dos dois métodos a integral de f (x, y) = xy sobre a região D limitada pelas curvas y = x e y = x2. Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 5 2- Calcule, utilizando integrais duplas, a área da região plana D limitada pelas curvas y = x3 e y = √𝑥. 3- Calcule o volume do tetraedro W com faces nos planos coordenados e no plano x + y + z = 3. Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 6 Exercícios 1- Calcule as integrais iteradas: a) ∫ ∫ 𝑦𝑒𝑥𝑦𝑑𝑥𝑑𝑦 2 1 2 1 = f) ∫ ∫ √ 𝑦 𝑥 𝑑𝑥𝑑𝑦 𝑦 𝑦2 4 1 = b) ∫ ∫ 𝑥2 𝑦2 𝑑𝑦𝑑𝑥 𝑥 1 2 1 = g) ∫ ∫ |𝑥 − 𝑦| 𝑑𝑦𝑑𝑥 1 0 1 0 = c) ∫ ∫ 𝑑𝑥𝑑𝑦 𝑦 0 4 0 = h) ∫ ∫ 𝑠𝑒𝑛 (4𝑥 − 𝑦) 𝑑𝑦𝑑𝑥 𝑥 0 𝜋 𝜋 2⁄ = d) ∫ ∫ 𝑥𝑦3 𝑑𝑦𝑑𝑥 2𝑥 0 2 1 = i) ∫ ∫ 4𝑒𝑥 2 𝑑𝑥𝑑𝑦 2 2𝑦 1 0 = e) ∫ ∫ √9 + 𝑦2 𝑑𝑥𝑑𝑦 𝑦 0 4 0 = j) ∫ ∫ 𝑦 𝑥.ln 𝑦 𝑑𝑦𝑑𝑥 5 𝑥 5 1 = 2- Esboce a região de integração e calcule as integrais: a) ∬ 𝑥𝑦3 𝑑𝑥 𝑑𝑦, 𝐷 D = {(x, y) R2/1 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ 2x} b) ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑑𝑥 𝑑𝑦, 𝐷 D = {(x, y) R2/x ≤ /2 e 0 ≤ y ≤ cos x}, f (x, y) = y.sen x 3- Esboce a região de integração e inverta a ordem das integrais iteradas em: a) ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑦 0 1 0 = c) ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥 √1−𝑥2 −√1−𝑥2 1 −1 = b) ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 𝑑𝑦 √𝑦 𝑦 1 0 = d) ∫ ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥 3𝑥 𝑥 1 0 = 4- Use a integral dupla para calcular a área da região D limitada pelas curvas y = 4x – x2 e y = x. 5- Encontre o volume do sólido W limitado pelos planos y = 0, z = 0, y = 4 e pelo cilindro parabólico z = 4 – x2. 6- Encontre o volume do sólido W limitado pelas superfícies z = 1 – y2, z ≥ 0, x = 0, z = 0 e x–y= 2. 7- Ache o volume do sólido limitado pela superfície f (x, y) = 4 − 𝑥2 9 − 𝑦2 16 pelos planos x = 3, y = 2 e pelos três planos coordenados. RESPOSTAS 1- a) (e4/2) – (3e2/2) + e; b) 5/6; d) 42; e) 98/3; f) 49/5; g) 1/3; h) 1/3; i) e4 – 1; j) 12. 2- a) 42; b) 0. 4- 9/2 u.v. 5- 128/3 u.v. 6- 8/3 u.v. 7- 21,5 u. v. Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 7 MUDANÇA DE VARIÁVEL NA INTEGRAL DUPLA Uma mudança de variáveis em um subconjunto do R2 é dada por uma transformação :Duv R2 R2 (u, v) (x, y) = (u, v) = (x(u, v), y(u, v)) de classe C1 e injetora no interior de Duv. Suponhamos que o jacobiano de , J(u, v) seja diferente de 0, isto é, J = J(u, v) = 𝜕(𝑥,𝑦) 𝜕(𝑢,𝑣) = | 𝜕𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑥 𝜕𝑣 𝜕𝑦 𝜕𝑢 𝜕𝑦 𝜕𝑣 | ≠ 0. Prova-se que dxdy = Jdudv. Seja Dxy = (Duv). Então, se f (x, y) é contínua em Dxy, temos: ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = 𝐷𝑥𝑦 ∬ 𝑓(𝑥, (𝑢, 𝑣), 𝑦(𝑢,𝑣))|𝐽|𝑑𝑢𝑑𝑣. 𝐷𝑢𝑣 Exemplo: Calcule, utilizando uma mudança de variáveis conveniente, a integral ∬ (𝑥+𝑦)6 𝑦−𝑥𝐷𝑥𝑦 𝑑𝑥𝑑𝑦, sendo Dxy a região limitada pelas retas y + x = 3, y + x = 5, y – x = 1 e y – x = 3. Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 8 Mudança de Variáveis com Coordenadas Polares Da figura, vemos que x = r.cos , y = r. sen , portanto x2 + y2 = r2. Então consideremos a mudança de variáveis dada por 𝜑: { 𝑥 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑦 = 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 , onde r ≥ 0 e 0 ≤ ≤ 2, para algum 0 R. O jacobiano de é dado por J = J = 𝜕(𝑥,𝑦) 𝜕(𝑟,𝜃) = | 𝜕𝑥 𝜕𝑟 𝜕𝑥 𝜕𝜃 𝜕𝑦 𝜕𝑟 𝜕𝑦 𝜕𝜃 | = | 𝑐𝑜𝑠 𝜃 −𝑟. 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑟. cos 𝜃 | = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠2𝜃 + 𝑟. 𝑠𝑒𝑛2𝜃 = 𝑟. Então, ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 = ∬ 𝑓(𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃, 𝑟. 𝑠𝑒𝑛 𝜃)𝑟 𝑑𝑟𝑑𝜃 𝐷𝑟𝜃𝐷 . Obs: 1- O termo dxdy é substituído por rdrd. 2- A área de D, em coordenadas polares, é dada por A(D) = ∬ 𝑟 𝑑𝑟𝑑𝜃 𝐷𝑟𝜃 Exemplos: 1- Calcule ∬ 𝑒𝑥 2+𝑦2 𝑑𝑥𝑑𝑦 𝐷 , onde D é a região limitada pela curva y = √1 − 𝑥2 e pelo eixo x. Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 9 2- Calcule I = ∬ 𝑦𝑑𝑥𝑑𝑦 𝐷 , onde D é limitado por x2 + y2 = 2y. Curso de Cálculo Diferencial e Integral III Profª Mara Freire 10 Exercícios 1- Calcule ∬ 𝑥−𝑦 𝑥+𝑦 𝑑𝐴 𝐷 , onde D é a região compreendida pelas retas x – y = 0, x – y = 1, x + y = 1 e x + y = 3. 2- Use a transformação u = 𝑦 𝑥 e v = xy para determinar ∬ 𝑥𝑦3 𝑑𝐴 𝐷 na região D do primeiro quadrante, limitada por y = x, y = 3x, xy = 1 e xy = 4. 3- Calcule a integral dupla ∬ 𝑒−(𝑥 2+𝑦2) 𝑑𝐴 𝐷 , onde D é a região contida na circunferência x2 + y2 = 1. 4- ∬ √𝑥2 + 𝑦2𝑑𝑥𝑑𝑦 𝐷 , onde D é o disco centrado fora da origem, dado pela desigualdade x2 + y2 ≤ 2y ou x2 + (y – 1)2 ≤ 1. 5- Calcule ∬ 𝑦 √𝑥2+𝑦2 𝑑𝐴 𝐷 , onde D é a região no primeiro quadrante fora da circunferência r = 2 e dentro do cardioide r = 2.(1 + cos ). 6- Calcule as integrais transformando-as em coordenadas polares: a) ∫ ∫ (𝑥2 + 𝑦2)3 2⁄ 𝑑𝑦𝑑𝑥 √1−𝑥2 0 1 −1 b) ∫ ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥2 + 𝑦2 + 1) 𝑑𝑦𝑑𝑥 √18−𝑥2 𝑥 3 0 7- Determine o volume do sólido W, limitado pelo paraboloide z = 4 – x2 – y2 e pelo plano xy. 8- Determine o volume do sólido W no interior da esfera x2 + y2 + z2 = 4 e do cilindro x2 + (y – 1)2 = 1 e acima do plano z = 0. 9- Calcule ∬ cos (𝑥−𝑦) 𝑠𝑒𝑛(𝑥+𝑦) 𝑑𝑥𝑑𝑦 𝐷 , onde D = {(x, y) R2/1 ≤ x + y ≤ 2, x ≥ 0, y ≥ 0}. 10- ∬ 𝑠𝑒𝑛(𝑥2 + 𝑦2)𝑑𝑥𝑑𝑦 𝐷 , onde D = {(x, y) R2/x2 + y2 ≤ 1, y ≥ 0}. 11- Ache o volume do sólido no primeiro octante limitado pelo cone z = r e pelo cilindro r = 3.sen, = 0 e = /2. RESPOSTAS 1- 1 4 ln 3. 2- 21. 3- (1 – e-1). 4- 32/9. 5- 8/3. 6- a) /5; b) 1 8 (cos 1 − cos 19). 7- 8 u.v. 8- 8 9 (3𝜋 − 4) u. v. 9- 1 u.v. 10- 𝜋 2 (1 − cos 1). 11- 6. 12-
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