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Gestão da Mudança Carlos Ferreira Manaia Adaptada por Ailton Takayama e Carlos Ferreira Manaia (junho/2012) APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Gestão da Mudança, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autôno- mo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 CONCEITO DE MUDANÇA ............................................................................................................... 7 1.1 Por que Realizar Mudanças ..........................................................................................................................................7 1.2 Modelo Teórico para Mudança ...................................................................................................................................8 1.3 O Autor do Modelo - Kurt Lewin ................................................................................................................................9 1.4 Desdobramentos do Modelo de Mudança de Kurt Lewin ...........................................................................10 1.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................11 1.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................11 2 EVOLUÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES VERSUS MUDANÇA ........................................... 13 2.1 Empresas no Início do Século XX até a Década de 1930 ...............................................................................13 2.2 Empresas em Meados da Década de 1930 até o início dos Anos 1970 ...................................................14 2.3 Empresas em Meados da Década de 1970 até o Final dos Anos 1980 ....................................................15 2.4 Empresas na Década de 1990 até o Início do Século XXI ..............................................................................17 2.5 Transformações no Mundo das Organizações - Ondas ..................................................................................20 2.6 Transformação do Gerenciamento ........................................................................................................................20 2.7 A Migração do Papel das Empresas .......................................................................................................................21 2.8 Motivos pelos quais as Organizações Mudam ..................................................................................................22 2.9 Tipos de Organização ..................................................................................................................................................23 2.10 Necessidade de Mudança .......................................................................................................................................25 2.11 Reflexões sobre Mudança .......................................................................................................................................25 2.12 Mudança Voluntária x Mudança Involuntária .................................................................................................26 2.13 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................26 2.14 Atividades Propostas ................................................................................................................................................27 3 FORÇAS MOTIVADORAS DA MUDANÇA ............................................................................ 29 3.1 Forças Motivadoras Externas ...................................................................................................................................29 3.2 Forças Motivadoras Internas ....................................................................................................................................29 3.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30 3.4 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................30 4 OS DIFERENTES TIPOS DE MUDANÇA ................................................................................. 31 4.1 Profundidade da Mudança .......................................................................................................................................31 4.2 Velocidade da Mudança .............................................................................................................................................32 4.3 Como a Mudança é Implementada .......................................................................................................................33 4.4 A Complexidade da Mudança .................................................................................................................................34 4.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................35 4.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................35 5 AS QUATRO ETAPAS DA MUDANÇA ...................................................................................... 37 5.1 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................38 5.2 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................39 6 FUNDAMENTANDO A MUDANÇA ........................................................................................... 41 6.1 Fase de Criatividade e Crise de Liderança - Fase 1 ...........................................................................................42 6.2 Fase de Orientação e Crise de Autonomia - Fase 2 ..........................................................................................42 6.3 Fase de Delegação e Crise de Controle - Fase 3 ................................................................................................43 6.4 Fase de Coordenação e Crise de Burocracia - Fase 4 .......................................................................................43 6.5 Fase de Colaboração - Fase 5 ...................................................................................................................................446.6 Evolução x Revolução .................................................................................................................................................44 6.7 Fatores que Indicam Necessidade de Mudança ...............................................................................................44 6.8 Desempenho Empresarial e Mudanças ...............................................................................................................45 6.9 Gestão da Mudança no Terceiro Setor ..................................................................................................................46 6.10 Dimensões da Mudança ..........................................................................................................................................47 6.11 Abordagens para a Mudança ................................................................................................................................47 6.12 Pilares que Sustentam a Dinâmica da Mudança ............................................................................................48 6.13 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................49 6.14 Atividade Proposta ....................................................................................................................................................49 7 CONSTRUINDO A MUDANÇA ..................................................................................................... 51 7.1 Intervenções para Facilitar o Processo de Mudança .......................................................................................51 7.2 Organizações que Aprendem ..................................................................................................................................52 7.3 As Cinco Disciplinas de Peter Senge .....................................................................................................................52 7.4 Os Sete Ss das Empresas ............................................................................................................................................53 7.5 Estratégia .........................................................................................................................................................................54 7.6 Forças Propulsoras da Mudança .............................................................................................................................55 7.7 Escolhendo as Pessoas para um Processo de Mudança ................................................................................56 7.8 Conceito de Mudança no Sistema de Gestão Integrada ...............................................................................57 7.9 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................58 7.10 Atividade Proposta ....................................................................................................................................................58 8 ESTRUTURANDO A MUDANÇA ................................................................................................. 59 8.1 Fatores que Interferem Negativamente nas Mudanças ................................................................................59 8.2 Aspectos Importantes na Estruturação da Mudança .....................................................................................60 8.3 O Comitê da Mudança ................................................................................................................................................61 8.4 Estruturação do Plano.................................................................................................................................................61 8.5 Estruturação das Equipes ..........................................................................................................................................63 8.6 Estruturação dos Projetos .........................................................................................................................................64 8.7 Modelo de Projeto da Mudança para Intervenção ..........................................................................................64 8.8 Implantação do Plano de Auditoria em RH Frente à Gestão da Mudança .............................................66 8.9 A Gestão da Mudança e o Endomarketing .........................................................................................................67 8.10 O Capital Intelectual, os Talentos e a Gestão da Mudança .........................................................................68 8.11 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................69 8.12 Atividades Propostas ................................................................................................................................................69 9 MOBILIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 71 9.1 Fundamentação ............................................................................................................................................................71 9.2 Alinhamento do Comportamento .........................................................................................................................75 9.3 Mobilização em Prática ..............................................................................................................................................75 9.4 Líderes em Ação na Mudança ..................................................................................................................................76 9.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................76 9.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................76 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 77 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 81 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), Vivemos um tempo em que compartilhar conhecimento é um dos fatores de sucesso e de realiza- ção, tanto para as pessoas quanto para as empresas. Aliados a esse momento estão os diversos processos de mudança que o mundo vive. Em particular, o mundo dos negócios tem sido atingido por uma onda de mudanças sem igual nos últimos anos. Conduzir processos de mudança é trabalhoso e difícil, pois exige muita dedicação, transpiração e uma boa dose de coragem para romper, em muitos casos, padrões existentes há anos. O processo de mudança organizacional é sempre “um salto no escuro”, ainda que se faça um pla- nejamento adequado e cuidadoso. Nele, cultivam-se inimigos e defensores tímidos. Essa constatação não é novidade; já em O Príncipe, Maquiavel cita diversas passagens sobre suas observações de grandes mudanças no reino e suas consequências para o relacionamento vivido pelo soberano. Todos que se colocarem à frente para uma empreitada desta deverão estar preparados para en- frentar o sucesso e o insucesso. Não existe “fórmula mágica” ou uma receita para eliminar o risco. Ter a coragem para mudar no momento adequado é um grande desafio, tanto no campo profissional quanto no pessoal. O grande dilema vivido pelas organizações é ter que mudar para poder sobreviver. Em um mundo cadavez mais competitivo, a empresa tem que conviver com todas as vantagens e desvantagens que essas mudanças trazem. Estar no mundo dos negócios assemelha-se à participação em uma guerra, em que a cooperação é vista como contrária à natureza humana e a competição, como parte da integridade das pessoas. Não estamos falando apenas da guerra empresarial por mercados, mas também da disputa ferrenha que, muitas vezes, domina a convivência das pessoas dentro das organizações. Por muitas razões, as mudanças são positivas, entre elas, porque as empresas precisam inserir co- nhecimentos essenciais capazes de gerar mudanças e trazer significados que deem sentido à sua existên- cia e à vida daqueles que contribuem com ela. Este material será dividido em capítulos, nos quais os principais conceitos serão abordados. Na primeira parte, vamos fundamentar conceitualmente a mudança. Serão discutidos o porquê de realizar mudanças nas empresas, as fases de evolução das organizações e os fatores internos e exter- nos que influenciam na necessidade de mudar. Também veremos quais são os pilares que sustentam uma mudança. A seguir, serão apresentados os conceitos, as ferramentas e os métodos importantes na constru- ção da mudança e a necessidade de avaliar ou reavaliar a estratégia da empresa frente a esse processo. Serão analisadas, nessa fase, as forças propulsoras da organização para que o processo seja facilitado. Uma estrutura de sustentação é essencial para que o projeto de mudança possa ter sucesso. Esse será o tema central da terceira parte deste trabalho, em que trataremos do dilema das empresas que Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 6 vivem entre as atividades rotineiras e a necessidade de inovar por meio das mudanças. O foco será a es- truturação do Projeto de Mudança, bem como das Equipes que atuarão nesse trabalho. Por fim, vamos tratar da mobilização para a mudança, das pressões que esse processo sofre e da avaliação da capacidade instalada para a mudança versus o grau de tensão existente para mudar. Aqui, faremos uma avaliação cuidadosa da cultura instalada e de sua influência nos processos existentes e no processo de mudança a ser iniciado. Esperamos que essa análise possa contribuir com seu desenvolvimento pessoal e profissional. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Prezado(a) aluno(a), Agora, vamos iniciar o estudo da Gestão da Mudança. Para isso, nada melhor que iniciarmos com a compreensão do próprio conceito de mu- dança, seus modelos teóricos e desdobramentos segundo alguns pensamentos dos estudiosos da ciência da administração. Podemos, então, citar algumas definições que são mais usuais no mundo das organizações e que estão no dia a dia dos gestores que admi- nistram as mudanças nas empresas: mudança é a transição de uma situação para outra diferente ou a passagem de um estado para outro diferente; mudança implica ruptura, transforma- ção, perturbação, interrupção; o mundo atual caracteriza-se por um ambiente dinâmico em constante mu- dança, que exige das organizações uma elevada capacidade de adaptação como condição básica de sobrevivên- cia; adaptação, renovação e revitalização significam mudança. Para mudar a cultura e o clima organizacio- nal, a organização precisa ter capacidade inova- dora, isto é: adaptabilidade: um alto poder de adap- tação, sem, contudo, deixar que as ativi- dades da rotina saiam de controle; perspectiva exata do meio ambiente: conhecimento do meio em que está in- serida; integração entre as pessoas: uma boa rede de relacionamentos entre as pes- soas que garanta a estabilidade nos processos organizacionais. CONCEITO DE MUDANÇA1 AtençãoAtenção Existem muitas formas para definir mudança, cada uma com um foco e uma finalidade que vão ao encontro da explicação que as pessoas e/ou organizações necessitam para implementar uma evolução em um ou mais sistemas. 1.1 Por que Realizar Mudanças Segundo Mandelli et al. (2003), toda orga- nização tem ambição, no mínimo, pela sobrevi- vência em um mercado altamente competitivo, porém seus objetivos não se restringem à sobre- vivência. As empresas também têm desejo de crescer e buscar novos posicionamentos, com maior estabilidade nos seus negócios, dentro do mercado em que estão inseridas. Melhor do que utilizar o verbo ‘crescer’, que parece deixar uma lacuna no seu entendimento, as empresas usam, hoje, o verbo ‘prosperar’, que carrega o sentido de ganhar condições de conti- Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 nuidade em estado crescente e de forma autôno- ma, até que se atinja a “perpetuidade”. De acordo com Mandelli et al. (2003), considerando os focos de ‘sobreviver, crescer e prosperar’, é óbvio que as orga- nizações passam a ser comparáveis a or- ganismos vivos. Estruturas que sofrerão doenças, traumas, etc..., mas que, etapa a etapa, tal qual um corpo humano, pre- cisarão de cuidados e intervenções para que se adaptem à nova situação de for- ma rápida, preferencialmente de maneira preventiva. Esperar que as doenças acon- teçam para que se busque um tratamen- to efetivo não nos parece ser o melhor caminho em ambientes competitivos. Portanto, encaramos os processos de mu- danças empresariais como fatos naturais. Observando a dinâmica no mundo empre- sarial, notaremos que o próprio processo de mu- dança tem mudado. Antigamente, as alterações eram eventuais e não tão comuns a esse meio. Já atualmente, as empresas que estão em ambien- tes competitivos precisam realizar movimentos de mudança como parte da sua dinâmica de ad- ministração. Trabalham, a maior parte do tempo, para que as mudanças ocorram de modo natural e não como uma intervenção. Ainda assim, as mu- danças não devem ser tratadas como algo nor- mal, mesmo que aconteçam com uma frequência ou de forma continuada. O caminho de uma solução para mudança molda-se em função de alguns fatores. Entre eles, podemos destacar: tipo do negócio; tipo do mercado em que está inserida; tipo de produto que produz; situação dos concorrentes; posicionamento nas cadeias finais de consumo. 1.2 Modelo Teórico para Mudança Um dos primeiros modelos teóricos sobre a mudança foi proposto por Kurt Lewin (entre 1951 e 1965), no quadro das suas investigações em psicologia social, as quais descrevem o pro- cesso de mudança com suas fases. O modelo envolve três fases ou etapas dis- tintas: descongelamento: velhas ideias e prá- ticas são “derretidas”, abandonadas e “desaprendidas”; mudança: novas ideias e práticas são aprendidas e exercitadas; recongelamento: novas ideias e práti- cas são incorporadas definitivamente ao comportamento. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Figura 1 – O modelo teórico de Kurt Lewin. Descongelamento Velhas ideias e práticas são “derretidas”, abandonadas e desaprendidas. Novas ideias e práticas são aprendidas e exercitadas. Identificação Suporte Novas ideias e práticas são incorporadas definitivamente ao comportamento. Mudança Recongelamento Internalização Reforço Fonte: Chiavenato (2001). Para cada uma das fases, temos os desdo- bramentos de ações que deverão ser administra- dos pelos responsáveis da mudança na organiza- ção. 1.3 O Autor do Modelo - Kurt Lewin Kurt Lewin nasceu na Alemanha, estudou em Freiburg, Munique e Berlim, onde se doutorou em 1914, quando foi para a Primeira Guerra Mun- dial como oficial do Exército Alemão, trabalhando no Instituto Psicanalítico de Berlim. Foi para os Estados Unidos em 1933, onde se refugiou durante a Segunda Guerra Mundial, pois suas teorias eram incompatíveis com o Na- zismo; então, não voltou mais para a Alemanha.Trabalhou nas Universidades de Cornell, Stanford e Iowa, e fundou o Centro de Pesquisa de Dinâmica de Grupo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em 1945, no qual fez di- versos trabalhos e formou muitos profissionais no campo da psicologia e da sociologia. Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Podemos observar, na Figura 2, os princi- pais desdobramentos para cada uma das fases do processo de mudança, segundo o modelo de Kurt Lewin: Figura 2 – Desdobramentos do modelo teórico de Kurt Lewin. 1.4 Desdobramentos do Modelo de Mudança de Kurt Lewin Fase Ênfase Implicações A Superar I. Deslocamento Criação de motivação para mudança. Diminuição da força dos valores e dos comportamentos vigentes. Resistência. II. Mudança Introdução de novos valores e comportamentos. Novas fontes de informação e reestruturação cognitiva. Falta de motivação. III. Congelamento Estabilização das mudanças. Consolidação emocional e cognitiva. Tempo variável. Fonte: Chiavenato (2001). Na fase de descongelamento, podemos notar que a ênfase está na criação de motivação para a mudança, o que implica trabalhar para que haja uma diminuição da força dos valores e comportamentos existentes na organização. Dessa forma, há a necessidade de criar condições para que a resistência natural às mudanças seja superada. Isso só acontece se as pessoas estão efetivamente engajadas no novo processo que está sendo estabelecido. No segundo momento, em que a mudança está sendo implementada de forma consistente, a ênfase é para a introdução dos novos valores e comportamentos, que traz um conjunto de no- vas fontes de informação e uma reestrutura- ção cognitiva para a empresa. Essa modificação na forma de pensar da organização pode acarre- tar uma falta de motivação interna, que precisa ser trabalhada e superada. Na terceira e última fase do processo, pre- cisamos congelar os novos pensamentos e com- portamentos, provocando uma estabilização das mudanças, com uma consequente conso- lidação emocional e cognitiva das pessoas en- volvidas no processo de mudança. Para que isso aconteça, o tempo é variável e não podemos afirmar com certeza uma data de finalização. Saiba maisSaiba mais Deve-se sempre analisar e observar as limitações do crescimento da empresa, pois a expansão não deve ser forçada, mas natural. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Caro(a) aluno(a), A mudança é a certeza da sobrevivência empresarial no mercado de trabalho, pelo motivo da com- petitividade, globalização e necessidade de aprimoramento dos profissionais. A mudança faz parte dos resultados organizacionais, com a visão interna e externa do ambiente de trabalho. 1.5 Resumo do Capítulo 1.6 Atividades Propostas 1. Como garantir que o que foi planejado é o que será realmente feito? 2. Por que fazer a mudança? 3. O que será feito na mudança? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Caro(a) aluno(a), Agora que já conseguimos compreender as questões básicas que envolvem a gestão da mudança, abordadas no capítulo 1, é muito im- portante compreendermos a evolução do pensa- mento organizacional e sua relação com a gestão da mudança. Vamos lá... Temos certeza que esse mergu- lho na evolução histórica lhe trará uma ótima vi- são da gestão e da mudança organizacional. Bom estudo! Segundo Ouro (2005), conhecer o processo de evolução das organizações ajuda a compreen- der as necessidades de mudanças. Dessa forma, vamos apresentar alguns quadros em que po- deremos observar a evolução das organizações e suas consequentes interfaces com o gerencia- mento das mudanças. Nossa análise mostrará, principalmente, como as organizações comportam-se frente à mu- dança, nos diversos períodos estudados. Podere- mos observar como são impactados o ambiente e o homem em cada um desses momentos. Além disso, será possível verificar em que velocidade a mudança ocorre. Ouro (2005) afirma que no século XX surgem indícios de que en- traríamos na época em que as mudanças seriam condicionantes para a sobrevivên- cia das organizações. Do início do século até a década de 30, as empresas basica- mente eram locais e familiares; a indús- tria era localizada em poucos países e a diversificação de produtos era algo que praticamente não existia. Clientes? Nem se sabia o que era isso! Vamos, então, apresentar a evolução das organizações a partir do início do século XX e ob- servar como eram seus comportamentos frente às mudanças. EVOLUÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES VERSUS MUDANÇA2 AtençãoAtenção Em todo processo de mudança, é fundamental conhecer a realidade das empresas antes de mu- dar. 2.1 Empresas no Início do Século XX até a Década de 1930 Essas empresas tinham características muito especiais. Em sua maioria, eram empresas locais e familiares; A atividade industrial estava concentra- da em poucos países, o que acarreta- va uma escassez na diversificação e na oferta de produtos; O ambiente dessa época era relativa- mente estável, fazendo com que as mudanças ocorressem de forma lenta e previsível; O homem era considerado um recurso organizacional e era tratado dessa for- Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 ma quando da realização do planeja- mento organizacional; A ênfase estava no tamanho e na efi- ciência dos processos da empresa; O foco era no produto e na produção em massa. Muito pouca atenção era dada ao cliente ou ao empregado; Havia uma hierarquização muito gran- de, com uma forte centralização das decisões e com supervisão autocrática, além de uma obediência cega por parte dos empregados; A organização do trabalho era feita de forma burocrática e com uma fragmen- tação das tarefas. Figura 3 – Empresas – início do século XX até a década de 1930. Início do século XX - até a década de 1930 Empresas locais e familiares. Atividade industrial - poucos países. Pouca diversificação de produtos. Ambiente: relativamente estável. Mudanças: lentas e previsíveis. Homem: recurso oganizacional. Ênfase no tamanho e eficiência. Produção em massa. Foco no produto. Ausência de atenção a clientes/empregados. Organização burocrática. Fragmentação das tarefas. Hierarquização. Centralização das decisões. Supervisão autocrática. Obediência cega. Fonte: Ouro (2005). As empresas desse período passaram a produzir todo o conhecimento de que o setor necessitava. Assistimos a um crescimento vertiginoso no mercado de trabalho, em organizações formal- mente constituídas; Surgiram os grandes conglomerados e as grandes corporações. As empresas começaram a ter uma atuação mais re- gional, nacional e, em muitos casos, até internacional; A diversificação de produtos era um dos fatores de sucesso das empresas e teve início um desenvolvimento do co- 2.2 Empresas em Meados da Década de 1930 até o início dos Anos 1970 mércio internacional. Houve uma gran- de expansão da industrialização; O ambiente continuou relativamente estável, com as mudanças ocorrendo de forma lenta e previsível; O homem continuou sendo considera- do um recurso organizacional e tratado como insumo no planejamento organi- zacional; A ênfase passou para os objetivos orga- nizacionais. A racionalização nos meios de produção e a melhoria na eficiência dos processos eram fatores primordiais; Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 As empresas passaram a ter uma “visão sistêmica” e começaram a investir boa parte dos seus resultados financeiros em pesquisa e desenvolvimento; Além disso, aumentou a preocupação em observar o ambiente externo,como fonte de informação e conhecimento; A alta administração começou a se preocupar com o comando e o controle das atividades organizacionais e agre- gou a elaboração de um planejamento estratégico ao seu plano de negócio; O planejamento estratégico tornou-se um método eficaz de gestão empresa- rial. Meados da década de 1930 - até início dos anos 1970 Empresa produz todo o conhecimento necessário ao setor. Crescimento vertiginoso. Empresas regionais, nacionais e internacionais. Conglomerados, corporações. Diversificação de produtos. Desenvolvimento do comércio internacional. Industrialização em expansão. Ambiente: relativamente estável. Mudanças: lentas e previsíveis. Homem: recurso oganizacional. Racionalização na produção. Ênfase em objetivos. Pesquisa e desenvolvimento. Visão sistêmica. Preocupação com comando e controle. Visão de ambiente externo. Plano estratégico como método. Fonte: Ouro (2005). Saiba maisSaiba mais Visão sistêmica consiste na visão completa do sistema, sendo a empresa uma parte dele. Figura 4 – Empresas – meados da década de 1930 até o início dos anos 1970. Surgiu o conceito de empresas trans- nacionais e as empresas deixaram de ter “pátria”. Os capitais de investimento eram formados por dinheiro provenien- te de acionistas que estavam em todos os lugares do planeta; A ênfase das empresas voltou-se para a sua vocação de negócio, o core bu- siness, que determinava quais eram as principais atividades a serem realizadas e quais atividades podiam ser repassa- das para os parceiros de negócio; 2.3 Empresas em Meados da Década de 1970 até o Final dos Anos 1980 Os mercados ganharam uma segmen- tação cada vez maior e os clientes pas- saram a ser mais exigentes. Com isso, as organizações precisaram investir mais em aspectos de integração nos proces- sos produtivos e em assegurar a quali- dade; DicionárioDicionário Core business: a parte central dos negócios, o pon- to forte e estratégico da atuação de uma empresa. Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 O ambiente empresarial tornou-se ins- tável e ganhou um alto grau de incer- teza, o que fez com que as empresas tivessem que ser mais ágeis em seus processos e mais eficazes em seus re- sultados; O homem tornou-se “colaborador” da empresa, ganhou uma visão mais crítica do negócio e passou a utilizar mais sua criatividade para resolver problemas e encontrar soluções para os novos desa- fios. Dessa forma, transformou-se num elemento questionador que ajudava a organização na evolução necessária à continuidade dos negócios; O planejamento era visto, agora, como um valor da organização; Era imperativo que os aspectos tecno- lógicos e ambientais fossem considera- dos e que a empresa tivesse o foco na inovação e no mercado; Alianças estratégicas e parcerias com clientes e fornecedores eram funda- mentais para garantir a longevidade do negócio; Ter uma visão de futuro que possibili- tasse vislumbrar o caminho a ser segui- do, bem como conhecer o consumidor dos seus produtos, fazia parte do dife- rencial competitivo a ser desenvolvido; Surgiram novas formas de organização do trabalho. O trabalho individualizado cedeu lugar ao trabalho em equipe e a administração autocrática cedeu lugar à liderança participativa; As hierarquias foram reduzidas e a des- centralização do poder e das decisões tornou os processos e as respostas mais rápidos e ágeis. Cada vez mais, buscou-se uma melhor qualidade de vida para os colaborado- res das empresas; Apareceu um novo conceito, o de “efe- tividade”, para designar um resultado que tinha sustentação e podia ser re- produzido mais de uma vez. Figura 5 – Empresas – meados da década de 1970 até o final dos anos 1980. Meados da década de 1970 - até início dos anos 1980 Empresas transnacionais. Ênfase na vocação - core business. Várias correntes tecnológicas para um setor. Segmentação crescente de mercados. Ênfase na integração e na qualidade. Ambiente: alto grau de incerteza e instabilidade. Mudanças: ganhando velocidade. Homem: visão crítica; criativo; questionador. Planejamento como um valor. Imperativo tecnológico e ambiental. Organização para inovação. Foco no mercado. Alianças estratégicas e parcerias. Visão de futuro. Foco no consumidor. Descentralização. Busca de efetividade. Busca de qualidade de vida. Trabalho em equipe e liderança. Fonte: Ouro (2005). Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Alto grau de competição, empresas globalizadas e quebra de paradigmas estabelecidos como “verdades absolu- tas” marcaram essa nova era; Os valores empresariais ganharam uma nova dimensão e tornaram-se nortea- dores para a “terceirização” e para o outsourcing (o mundo todo passou a ter possibilidade de fornecer matéria- -prima ou subconjuntos para o produto final); A velocidade no desenvolvimento e no lançamento de novos produtos tam- bém era maior. O cliente queria, cada vez mais rápido, um produtor melhor e mais barato; As empresas tornaram-se social e am- bientalmente responsáveis por tudo aquilo que realizassem ou produzissem; Aumentou a descentralização em re- lação às soluções dos problemas e às tomadas de decisão. Havia uma maior flexibilidade nos processos e as pessoas ganharam autonomia; O foco do negócio passou a ser “o clien- te”, “o mercado” e “a sociedade”, numa visão integrada, em que cada um deles era parte do todo; A qualidade passou a ser vista como uma commodity, ou seja, era necessá- rio estar atento às exigências mínimas estabelecidas pelos clientes e pelo mer- cado consumidor; Houve uma diluição do poder, com a eliminação dos níveis hierárquicos e uma forte valorização das pessoas; Cada vez mais os aspectos culturais eram valorizados e as estratégias de marketing ganharam um espaço nunca visto anteriormente; O ambiente empresarial estava em constante mutação; As mudanças tornaram-se ainda mais frequentes e com velocidade cada vez maior. Dessa forma, as empresas preci- savam ter seu foco direcionado para a estratégia de gerenciar essas mudan- ças; O homem tinha mais autonomia e li- berdade e passou a ser um ator mais ativo no desenvolvimento humano e organizacional. Precisava estar “conec- tado” o tempo todo, para não ficar para trás; 2.4 Empresas na Década de 1990 até o Início do Século XXI DicionárioDicionário Paradigma: percepção geral e comum, nem sem- pre a melhor, de ver determinada coisa, seja um objeto, seja um fenômeno, seja um conjunto de ideias, limitando a capacidade de analisar os fatos. DicionárioDicionário Terceirização ou outsourcing: prática que permite à empresa abrir mão da execução de um proces- so e transferir para um terceiro, portador de uma base de conhecimento mais especializada, com o objetivo de agregar maior valor ao produto final (LEOCADIO). DicionárioDicionário Commodity: mercadoria. Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 A tecnologia da informação invadiu o mundo dos negócios e tornou cada co- laborador em um usuário final das suas ferramentas; Os produtos passaram a ser customiza- dos para as necessidades e vontades do cliente; A sociedade transformou-se e ganhou novas formas de comunicação e intera- ção com as informações. Vivia-se a era da informação e do conhecimento, em que todos estavam ligados a uma rede mundial, que possibilitava acesso às mais variadas formas de aprendizado e entretenimento; As organizações, por sua vez, estavam conectadas a grandes redes integra- doras de gestão e de relacionamentos, que possibilitavamuma diversidade de ações entre as pessoas, nos diversos as- pectos empresariais; Com a modificação no foco dos negó- cios, surgiram as megafusões e as aqui- sições de grandes conglomerados em- presariais; Dentro das empresas, estabeleceu-se o conceito de “centros de excelência” e houve uma mudança nos hábitos de trabalho, com uma valorização dos as- pectos de “qualidade de vida no tra- balho”. Essa alteração no ambiente interno das empresas fez surgir uma nova cultura organizacional, que via o homem como um “ser integral” (sem divisão entre a pessoa e o profissional); A mudança de paradigmas sociais, cul- turais e científicos fez com que fossem adotados conhecimentos de fora do campo da administração no dia a dia da gestão do negócio; A preocupação com as questões sociais e com o bem-estar das pessoas levou as empresas a uma reflexão mais profunda sobre os meios utilizados para o geren- ciamento empresarial. Isso se refletiu numa acentuada importância dos ges- tores organizacionais aos aspectos da ética organizacional. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Figura 6 – Empresas – década de 1990 até o início do século XXI. Da década de 1990 - até o Início do século XXI Empresas globalizadas. Alto grau de competição. Quebra de paradigmas na gestão. Valores empresariais. Terceirização. Outsourcing. Velocidade no lançamento de produtos. Responsabilidade social. Descentralização acentuada. Flexibilidade. Foco no cliente, mercado e sociedade. Qualidade como commodities. Valorização de projetos como método. Células de negócio. Valorização de processos produtivos. Sinergias, não desperdício. Participação. Foco na estratégia. Evolução do marketing. Redução de custos. Eliminação de níveis hierárquicos. Valorização das pessoas. Diluição do poder. Importância da cultura. Responsabilidade social. Ambiente: em constante mutação. Mudanças: constantes e em alta velocidade. Homem: conectado; mais autonomia; maior liberdade; ator do desenvolvimento. Tecnologia da informação - do usuário final ao uso doméstico. Customização de produtos. Sociedade da informação. Sociedade do conhecimento. Rede mundial de informações. Tecnologias de comunicação on-line. Fusões e aquisições de grandes conglomerados. Redes integradoras de gestão e relacionamentos. Centros de excelência. Mudança radical de hábitos de trabalho e culturais. Revolução na educação. Adoção de conhecimentos de fora do campo da administração. Mudança de paradigmas sociais, culturais, científicos etc. Importância mais acentuada à ética. Fonte: Ouro (2005). Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Segundo Alvin Tofler (apud OURO, 2005), podemos caracterizar as transformações no mun- do das organizações em quatro ondas, que re- presentam os quatro grandes momentos da hu- manidade em relação às formas de organização empresarial. Primeira Onda: Revolução Agrícola Na era agrícola, o homem organiza-se e pro- duz em parceria com a natureza, isto é, a principal fonte de obtenção de recursos para a geração de valor ou para o estabelecimento de uma organi- zação empresarial é a natureza. Segunda Onda: Revolução Industrial Durante a Revolução Industrial, reconhece- mos uma distinção entre o ser humano e a natu- reza e devemos competir para sobreviver. Surge a “era industrial”, em que a natureza é parceira, mas os insumos são transformados, recebendo agre- gação de valor antes de chegar às mãos do con- sumidor final. Terceira Onda: Revolução Pós-Industrial Neste momento, percebemos a nossa inter- dependência e queremos cooperar uns com os outros, de modo a obter mais resultados para to- dos. Surge, então, a “era da informação”, em que o conhecimento é democratizado e os clientes têm seus desejos e vontades atendidos. Quarta Onda: Globalização O mundo torna-se “menor” e as distâncias são encurtadas pela tecnologia. A visão é mais sistêmica e unificada sobre o todo. Percebemos a noção de “unidade” e escolhemos cocriar uma realidade melhor para todos. Surge a “era da ree- ducação”, em que precisamos “aprender a apren- der”, como forma de evolução e contribuição para a sociedade. 2.5 Transformações no Mundo das Organizações - Ondas 2.6 Transformação do Gerenciamento A transformação do gerenciamento organi- zacional precisa ser vista e interpretada sob duas perspectivas: a primeira é a própria transição de um ponto de vista para outro, em que avaliamos o que precisa ser mantido e o que deve ser muda- do; a segunda diz respeito à necessidade de mu- dar, sendo avaliados os reais riscos de manter o status atual e as consequências que as mudanças trarão para a organização. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Figura 7 – Transformação do gerenciamento. A Transição A Necessidade Propósitos As organizações se preparam para “exercer a cidadania”, além de garantir propósitos. Entendimento de que a organização tem na sua razão de ser: o que significa servir e ser servida. Compartilhamento com os colaboradores. Visão As empresas passam a ver as metas de longo prazo num panorama de sustentabilidade. Garantir compromisso com as gerações futuras. Rede Valores e princípios compartilhados aumentam a qualidade de conscientização que se reflete no que a empresa é. Alinhamento e valores empresariais e individuais. Premissa A percepção da rede cada vez mais abrangente conectada e dá sentido ao que a empresa faz e ao que ela representa para o mundo. Conscientização quanto à rede de interdependência que a empresa cria com outras empresas e com o ambiente. Ponto de Vista O sentido de identidade leva a empresa a entender o papel da diversidade. A empresa contribui para a diminuição da pobreza e se torna agente de prosperidade. Cultura A empresa delineia seu processo evolutivo baseada em uma visão de sustentabilidade. A história da empresa e o seu presente possibilitam um futuro promissor. Fonte: Ouro (2005). Ao longo da evolução das transformações das organizações, podemos notar que o papel das empresas também sofreu variação. Para que possamos ter uma melhor visualização dessa transformação, dividimos a análise nos seguintes 2.7 A Migração do Papel das Empresas itens: propósito da empresa, visão de futuro, rede de relacionamentos ou interesses, premissa bási- ca do negócio, ponto de vista de longevidade e cultura instalada. A Figura 8, a seguir, mostra essa análise e suas principais características. Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Figura 8 – Migração do papel das empresas. 2ª Onda 3ª Onda 4ª Onda Propósitos Maximizar lucros. Criar valor. Atuar como servidor global. Visão Ganhar dinheiro. Ganhar dinheiro e ajudar a resolver problemas sociais. Deixar um legado de valor para o futuro. Rede Lucro, crescimento, controle. Criação de valor, confiança, aprendizagem. Responsabilidade pelo todo; serviço; realização humana; identidade. Premissa Donos do negócio/ acionistas. Acionistas, empresários, famílias, fornecedores, clientes, comunidades, governo. Ponto de Vista Autopreservação: o próprio negócio como prioridade. Cooperação: negócio como um todo de levar as pessoas a crescerem. Unidade: negócio como um meio de promover ativamente a justiça social, econômica e a dignidade para todos. Cultura Nacional e local, considerando visão de 5 a 10 anos no futuro. Compartilha responsabilidade pelo bem-estar de comunidades locais, nacionais e globais, considerando décadas no futuro. Compartilha liderança em assuntos locais, nacionais e globais, considerando gerações ou séculos no futuro. Fonte: Ouro (2005).Segundo Ouro (2005), vários são os fatores que influenciam ou forçam as mudanças nas or- ganizações. Entre eles, podemos destacar: a exis- tência ou o aparecimento de novas tecnologias, novos produtos, novos concorrentes, possibilida- de de novos negócios etc. Vamos apresentar, a seguir, uma lista dos principais motivos pelos quais uma organização muda: evolução da economia global; aumento da pressão competitiva (pre- ços e qualidade); 2.8 Motivos pelos quais as Organizações Mudam tecnologia disponível (para novos pro- dutos); exigências da sociedade (menores cus- tos); adequação a novas cadeias de negócio (valor agregado); necessidade de redução de desperdício (responsabilidade social); demanda de mercado (exigente e dife- renciada); defasagem nos sistemas de gestão; ofertas de tecnologia da informação (nível avançado); Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 redução de prazos para o lançamento de novos produtos; crescentes necessidades dos clientes; possibilidades de benefícios antes ine- xistentes; legislação para proteção do planeta; posicionamento empresarial cada vez mais ético; alto índice de inovação de produtos (acompanhamento do setor); necessidade cada vez mais emergente de reorganizar as atividades humanas de forma mais inclusiva. 2.9 Tipos de Organização A classificação a seguir, segundo Ouro (2005), tem por objetivo organizar as diversas ca- tegorias de organização, levando em considera- ção a sua cultura e o seu comportamento diante do novo ou diante das mudanças. Dessa forma, a classificação fica como a apresentada na Figura 9: Fonte: Ouro (2005). Figura 9 – Tipos de organização. Provocativas Passivas Prospectivas Reativas Proativas Defensivas Analíticas Apáticas Organizações Provocativas Este grupo é formado por organizações que estão sempre prontas para os novos desafios. São as empresas com grandes chances de sobrevivên- cia e prosperidade. Elas têm aptidão para mudan- ças. Entre as empresas provocativas, encontra- mos três subgrupos: as organizações prospecti- vas, que podem ser consideradas as que influen- ciam o setor e o ambiente em que estão inseridas; as organizações proativas, que são criativas, mesmo não extrapolando as características do seu setor; e as organizações analíticas, que, após observar o ambiente, adotam o que havia sido caracterizado no início, com ceticismo. Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Figura 10 – Organizações provocativas. Organizações Provocativas Organizações Prospectivas: • Inovadoras, influenciam o setor. • Mudança como valor. Organizações Proativas: • Criativas, dentro dos parâmetros tradicionais do setor. • Mudança como um valor. Organizações Analíticas: • Adotam o novo somente após experiência de outras. • Alguma facilidade para absorção de mudanças. Fonte: Ouro (2005). Organizações Passivas Neste grupo, encontramos aquelas orga- nizações que poderíamos dizer que “estão em hibernação”, ou seja, aquelas empresas que rea- gem, defendem-se, mas não agem. DicionárioDicionário Hibernação: estado letárgico pelo qual muitos animais mergulham num estado de sonolência e inatividade, em que as funções vitais do organis- mo são reduzidas ao absolutamente necessário à sobrevivência. Essas organizações têm um elevado poten- cial não utilizado e ficam esperando que o am- biente dos negócios dê-lhes as ordens ou o di- recionamento, mas geralmente não conseguem interpretar esses sinais em tempo hábil para a ação. São organizações que não ousam, vivem a esperar e a se justificar, sem fazer nada que não esteja nos padrões culturais seguros e conheci- dos. São empresas completamente desprepara- das para mudar. Figura 11 – Organizações passivas. Organizações Passivas Organizações Reativas: • Potencial subutilizado, à espera que o ambiente lhe “dê as ordens”. • Dificuldades para aceitação de mudanças, mas sensíveis às suas estratégias. Organizações Defensivas: • Sobrevivem, apesar dos poucos ganhos. • Totalmente reativas às mudanças; fazê-las requer muito esforço. Organizações Apáticas: • Não sustentam a pressão do mercado e sucumbem em pouco tempo. • Não admitem agregar novos conhecimentos ou mudanças. Fonte: Ouro (2005). Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 De acordo com Grouard e Meston (2001), nenhuma empresa consegue escapar da necessi- dade de mudança, pois cresce em um ambiente em que as mudanças acontecem rapidamente. As empresas podem provocar ou, simples- mente, submeter-se às mudanças, como vimos anteriormente. São várias as razões que criam a necessida- de de mudança nas organizações. Vamos listar, a seguir, algumas delas: reestruturação; reorganização; reorientação; reengenharia; implantação de novas tecnologias; novos métodos de trabalho; novos métodos de distribuição; fusões e/ou aquisições; ambiente empresarial em constante al- teração; ciclo de vida dos produtos cada vez me- nor; concorrência mais acirrada; crescente número de inovações. 2.10 Necessidade de Mudança DicionárioDicionário Reengenharia: “[...] consiste no repensar funda- mentalmente e no redesenhar radicalmente os processos de trabalho com o objetivo de obter melhorias dramáticas nas medidas contemporâ- neas é uma crítica à performance da empresa, seja nos custos, na qualidade, no serviço ou no tempo.” (HAMMER; CHAMPY). A seguir, temos uma série de reflexões im- portantes sobre as questões que envolvem mu- dança nas organizações: o índice e a frequência das mudanças são diferentes entre as diversas empre- sas; mudar significa sair de um estado de estabilidade para um de evolução; algumas mudanças causam reviravoltas completas e toda a empresa é transfor- mada (alteração na cultura); algumas podem ser profundas, mas li- mitadas à parte da empresa; podemos ter mudanças com grau e extensão limitados (ajustes de procedi- mentos); 2.11 Reflexões sobre Mudança no passado, a mudança era considerada estranha e eventual. Era um “mal neces- sário”, um “estágio de transição breve”; atualmente, mudança é parte integran- te da rotina e das funções empresariais; a busca pela estabilidade foi substituída pela busca pela fluidez; nada é imutável. Tudo se torna ultrapas- sado; o ciclo de vida de um produto é, desde o início, reconhecido como temporário ou sujeito a mudanças; nada dura para sempre; a mudança não é uma condição “natu- ral” nas empresas; trabalho e mudança não são sinônimos; Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 as empresas estão equipadas para agir, não para mudar; extrema perfeição nos processos torna a empresa rígida; a mudança necessita da desestabiliza- ção do estado existente. Quanto mais estável for, mais difícil será a realização da mudança; as mudanças precisam se tornar uma função “natural” dos negócios; a mudança pode ser voluntária ou in- voluntária; a diferença entre os dois tipos de mu- dança depende basicamente de quan- do a decisão é tomada. 2.12 Mudança Voluntária x Mudança Involuntária Segundo Grouard e Meston (2001), nenhu- ma empresa consegue escapar da necessidade de mudança. No entanto, seus administradores podem tanto forçar quanto serem forçados a rea- lizar a mudança. Existe uma considerável diferença entre os tipos de decisão, sendo que a mudança volun- tária é muito mais confortável para as pessoas e, normalmente, mais eficiente. Além disso, essa di- ferença depende, basicamente, de quando a de- cisão é tomada.Mudança Voluntária É iniciada enquanto a empresa ainda apresenta bom desempenho e não existe a necessidade aparente de reor- ganização; A decisão de mudar é tomada tanto para melhorar a situação atual quanto para evitar uma possível deterioração. Mudança Involuntária Foi adotada tardiamente e, por essa ra- zão, tornou-se um pré-requisito para a sobrevivência da empresa; Uma das causas desta mudança é a falta de visão por parte da Alta Administra- ção da empresa; O adiamento na tomada de decisão é outra causa deste tipo de mudança; Outro fator é a inabilidade dos gestores em colocar as ideias em prática. 2.13 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Trabalhamos, neste capítulo, o histórico da década de 1930 ao início do século XXI, período em que as empresas passaram por mudanças consideráveis para produzir conhecimento de acordo com o que o ambiente necessitava. Nesse contexto, apareceram as grandes corporações, com mais competitividade e diversidade de produtos e serviços, e, até mesmo, o comércio internacional. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 1. Como é desenvolvida a mudança? 2. Quando acontece a mudança? 2.14 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Parabéns, caro(a) aluno(a)! Você está indo bem em seus estudos... Ago- ra, vamos introduzir as questões motivadoras da mudança, que justificam a sua aplicação nas or- ganizações. Vamos lá! A mudança afeta todas as empresas. No entanto, existem muitos motivos para executá-la numa organização. Cada situação de mudança é única, uma vez que cada empresa tem uma necessidade e uma regra diferente. De qualquer forma, os fatores que irão mo- tivar a mudança podem ser vistos como portado- res de diversas características comuns e os ele- mentos que serão propulsores dessas mudanças podem ser externos ou internos. FORÇAS MOTIVADORAS DA MUDANÇA3 AtençãoAtenção A mudança será sempre o resultado de um pro- cesso decisório, que poderá ser manifestado de modo formal ou informal. 3.1 Forças Motivadoras Externas 3.2 Forças Motivadoras Internas Fatores que surgem fora da entidade que deve ser mudada; Geralmente, são elementos intermediá- rios do ambiente comercial, tais como: • clientes; • concorrentes; • inovações tecnológicas; • alterações no estilo de vida; • avanços legislativos ou fiscais; • mudança no grupo de acionistas. Quando as mudanças são iniciadas pela própria empresa, como resultado do desejo de evoluir e da nova visão da gestão; Geralmente, são elementos internaliza- dos na cultura, tais como: • aumento da produtividade; • mudança nos canais de distribui- ção; • conquista de novos clientes; • visão dos dirigentes. Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Caro(a) aluno(a), Os fatores que irão motivar a mudança podem ser entendidos como portadores de diversas carac- terísticas comuns e os elementos que serão propulsores dessas mudanças podem ser internos ou exter- nos e dependem de cada pessoa buscar subsídios que contribuam para praticar e atuar com as forças motivadoras, o que é determinante para obter resultados. 3.3 Resumo do Capítulo 3.4 Atividade Proposta 1. Quais são as forças que motivam a mudar? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Caro(a) aluno(a), Agora que você já compreendeu a mudan- ça e sua evolução no pensamento das organiza- ções empresariais, bem como as forças motiva- doras de sua aplicação, vamos avançar um pouco mais... Vamos estudar os tipos de mudança, sua implementação e complexidade. Bom estudo! Grouard e Meston (2001) afirmam que exis- tem diversas causas que provocam as mudanças e, consequentemente, existem vários tipos de mudança. Em alguns casos, a mudança pode ser extremamente curta e limitada; em outros, pode ser abrangente e prolongada ou, ainda, rápida e violenta. A mudança pode ocorrer por imposição da Alta Administração da empresa ou pode ser intro- duzida por consenso. Os diversos tipos de mudança podem ser classificados em três variáveis básicas, que estão intimamente interligadas. OS DIFERENTES TIPOS DE MUDANÇA4 Os Diferentes Tipos de Mudança Podem ser classificados em três variáveis básicas: • Profundidade da mudança: profunda, superficial. • Velocidade da mudança: recursos alocados, capacidade das pessoas. • Como a mudança é implementada: imposta à força, resultado de consenso. Fonte: Ouro (2005). Figura 12 – Tipos de mudança. É o grau com que a mudança afeta a nature- za da empresa. Pode ser profundo ou superficial ou, ainda, uma variedade infinita de graus inter- mediários. Mudança Profunda É aquela que transforma completamen- te a natureza da empresa. É necessária, mas não 4.1 Profundidade da Mudança deve ocorrer com muita frequência, pois é muito dispendiosa. Não só requer investimento direto (novas instalações, equipamentos, novas contra- tações etc.), como também exige a utilização de uma grande quantidade de energia. As mudanças profundas afetam, principal- mente, a estratégia, a estrutura organizacional e a cultura da empresa. Surgem como um grande choque para os empregados, algumas vezes posi- tivo, outras vezes negativo. Causam um impacto Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 profundo e duradouro, e geram altas expectativas ao serem introduzidas. Quando bem-sucedidas, causam efeito positivo, que normalmente é per- cebido fora da área em que as mudanças acon- teceram. Entretanto, quando fracassam, em geral, provocam resultados devastadores. Mudança Superficial Nunca deve ser considerada secundária ou de menor importância, pois desempenha, em ge- ral, um papel fundamental na empresa. Essas mudanças, que podem afetar qual- quer aspecto da empresa, são soluções ideais para empresas que precisam se desenvolver con- tinuamente e responder aos aspectos de um am- biente mutável. No Japão, essas pequenas e constantes mu- danças são chamadas kaizen. As mudanças superficiais precisam ser reali- zadas de forma ágil e rápida, e são essenciais para a sobrevivência da organização. Além disso, mes- mo sendo superficiais, podem requerer o empe- nho de grandes esforços. Muitas vezes, são conse- guidas por meio de campanhas envolvendo cada área interessada. Uma das principais características das mu- danças superficiais é que a decisão de implemen- tação normalmente é fácil de ser tomada, pois as consequências não são tão grandes ou sérias e os custos são relativamente baixos, o que acarreta poucos prejuízos, caso não funcionem. Na verdade, podem ocorrer tantas mudan- ças superficiais que, em conjunto, acabam geran- do uma mudança profunda na empresa. Por esse motivo, elas acabam sendo consideradas ferra- mentas essenciais na estratégia empresarial. A profundidade das mudanças varia entre os dois extremos observados anteriormente. De- pendendo da posição e da situação da empresa, o nível dessa profundidade poderá ser uma ques- tão de escolha ou de casualidade. Se a empresa, por exemplo, estiver em dificuldades, ela prova- velmente será obrigada a introduzir uma mudan- ça profunda, mesmo não querendo. DicionárioDicionário Kaizen: palavra de origem japonesa com o signi- ficado de melhoria contínua, gradual, na vida em geral, pessoal, familiar, social e no trabalho. 4.2 Velocidade da Mudança É uma medição resultante da combinação da profundidade e da duração da mudança. É mais abrangente do que a simples duração, que não significa muito, isoladamente. Qualquer mudança deve levar o menor tempo possível, por duas razões: necessidade de alocar os recursos empresariais durante o processo de mudança; capacidade das pessoas deficarem envolvidas no processo de mudança. O fator determinante para a sobrevivência de uma empresa é a capacidade de efetuar dife- rentes tipos de mudança de forma simultânea e rápida. AtençãoAtenção As empresas são obrigadas a se submeter a mu- danças simultâneas quando estão em constante e crescente estado de pressão. Enquanto, numa situação normal, poderiam realizar as mudanças isoladamente e com calma. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 A velocidade da mudança varia considera- velmente não somente de uma empresa para ou- tra, mas também dentro de uma mesma empre- sa, de acordo com as mudanças que precisam ser realizadas. Ela atinge seu ponto máximo quando a mudança é ditada pelas circunstâncias, a Alta Ad- ministração da empresa está ciente da sua neces- sidade e a própria empresa está adequadamente adaptada a ela. Quando todas essas condições são atendidas, mesmo as mudanças mais profun- das podem ser realizadas num período curto. Quanto mais familiarizada estiver uma em- presa com os processos de mudança, mais rapi- damente ela irá realizá-los. 4.3 Como a Mudança é Implementada O modo pelo qual a mudança é provocada pode variar substancialmente: pode ser imposta à força ou ser resultado de um consenso. Conside- rando que as mudanças “não são naturais”, ainda hoje, são normalmente impostas numa extensão maior ou menor. Mudança Imposta à Força Em muitos casos, os gestores que desejam realizar mudanças tentam convencer as pessoas, preocupados com a validade da ideia e a conquis- ta de apoio para a execução da ação. Em outros casos, entretanto, a mudança é conduzida sem qualquer consulta anterior. Uma vez que a mu- dança “imposta” tem origem na autoridade dos diretores ou na Alta Administração, este tipo de implementação acontece em empresas com uma forte hierarquia, em que a autoridade é acatada sem questionamentos. As mudanças também podem ser impostas em situações nas quais existam interesses opos- tos e não possa ser estabelecido um denomina- dor comum. Ainda, são consideradas impostas quando resultam na redução do quadro de pes- soal ou numa piora das condições de trabalho. Mesmo quando a mudança é “imposta”, deve posteriormente obter um determinado nível de consenso para que possa ser bem-sucedida. Mudança por Resultado de Consenso A mudança por consenso é caracterizada, desde o início, pelo apoio total de todos os envol- vidos. Embora possa ser difícil obter esse apoio, o objetivo é aumentar as chances de sucesso por meio de alto nível de motivação e participação das pessoas. O trabalho necessário para a obtenção do consenso e das concessões que devem ser feitas é justificado pela maior probabilidade de sucesso e pelo andamento tranquilo do processo. A mudança “por consenso” é mais adequada em empresas cuja cultura organizacional valoriza a motivação, em detrimento do autoritarismo. Este tipo de mudança é adequado quando se necessita de apoio de grupos externos à orga- nização, como, por exemplo, em mudanças en- volvendo a participação de sindicatos. Grouard e Meston (2001) afirmam que as alternativas dos diferentes tipos de mudança, assim como a própria mudan- ça, podem ser voluntárias ou involuntá- rias. Não é uma boa opção iniciar uma série de mudanças superficiais, num estilo con- sensual, caso o ambiente empresarial e a própria empresa não estejam preparados para isso. Um bom planejamento facilita Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 o processo por meio de inúmeras peque- nas mudanças. O firme controle do am- biente cria mais tempo e possibilita que a empresa escolha o melhor momento e a velocidade ideal para as mudanças que deseja efetuar. Caso a empresa seja alta- mente flexível, estará apta para progredir mais rápida e constantemente, sem colo- car em risco o consenso. Os administra- dores raramente possuem total liberdade para escolher o tipo de mudança inicial, considerando que essa escolha depende, parcialmente, das suas próprias inten- ções e, parcialmente, das oportunidades existentes e das restrições tanto internas quanto externas da empresa. 4.4 A Complexidade da Mudança Não se pode negar que a empresa moderna é uma entidade complexa. Pode parecer muito simples, uma vez que qualquer empresa é o resul- tado de três elementos facilmente identificáveis e claramente definidos: recursos humanos; ativos tangíveis (construções, equipa- mentos, terrenos etc.); ativos negociáveis (patentes, marcas comerciais, know-how etc.). No entanto, os componentes desses ele- mentos, bem como os relacionamentos e as in- terações entre eles, são diversos o bastante para criar um conjunto altamente complexo. Dessa forma, a eficiência de uma empresa depende da capacidade de seus administrado- res para fazer com que cada elemento integrante funcione da melhor maneira e de acordo com as metas da organização. O “gerenciamento da diversidade” pode, então, ser definido como a obtenção de um equi- líbrio satisfatório entre a consistência e a incon- sistência (ambiguidade) e entre a uniformidade e a disparidade. Todas as empresas devem pos- suir essas quatro características, mesmo que em diferentes proporções, se desejarem operar ade- quadamente. Consistência É o que faz com que todos os recursos da empresa trabalhem em conjunto para atingir os mesmos objetivos e garante que sejam tomadas as decisões corretas para as principais questões. É o alinhamento de objetivos e de recursos. Ambiguidade Apesar das suas conotações negativas, a ambiguidade é igualmente necessária para a efe- tividade das empresas, pois ela gera o desequilí- brio, que, por sua vez, estimula as empresas a mu- dar e a se desenvolver. A ambiguidade cria situações instáveis e, algumas vezes, conflitos que precisam ser re- solvidos, o que sempre estimula a empresa a se analisar. Desde que mantida dentro de limites aceitáveis, ajuda a evitar que a empresa fique es- tagnada. Uniformidade A uniformidade facilita a comunicação e, por consequência, reduz o tempo para reação durante uma mudança. Considerando que existe uma linguagem comum e que os sinais são facil- mente interpretados, ninguém é surpreendido pelas decisões ou medidas tomadas. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Pode se manifestar na maneira como as pessoas comportam-se, pensam ou funcionam, solucionam os conflitos e até no modo como se vestem. Disparidade Considerando que todas as pessoas são di- ferentes, assim como as habilidades, as máquinas e as localizações geográficas, uma empresa pode liberar forças vitais por meio da utilização efeti- va dos elementos díspares que possui. Isso pode criar uma explosão de ideias e iniciativas para a exploração da criatividade, das oportunidades, da resolução de problemas e da melhoria nas condições de trabalho. O conjunto de diferentes tipos de conheci- mento e experiência pode trazer resultados que não seriam possíveis de conseguir com esses ele- mentos isoladamente. As técnicas de trabalho ou vendas usadas em Londres ou Milão não são as mesmas usadas em Nova Iorque ou Toronto, assim como os recur- sos humanos são administrados diferentemente na Alemanha, nos Estados Unidos e no Japão. Para que tenhamos eficiência, as diferenças desse tipo devem ser permitidas e incentivadas. Além disso, devem ser desenvolvidas especificamente em resposta a cada necessidade específica. A disparidade é um dos mais preciosos ati- vos que a empresa pode ter. AtençãoAtenção A uniformidade tende a aumentar a consistên- cia, por meio da redução das discrepâncias que podem ser geradas entre as diversas divisões ou funções existentes na empresa. AtençãoAtenção Éessencial para uma empresa a adaptação a no- vos ambientes, para poder causar um impacto positivo no seu desempenho, pois nem mesmo a disparidade isolada pode fazer isso. 4.5 Resumo do Capítulo 4.6 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), Pudemos perceber que há diferentes tipos de mudança. A mudança pode ser extremamente curta e limitada; em outros casos, pode ser abrangente e prolongada ou, ainda, rápida e violenta. 1. Quais são as três variáveis básicas da mudança? 2. Onde é aplicada a mudança? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 37 Ótimo! Você está indo bem, caro(a) aluno(a)... Vamos ao estudo das etapas da mu- dança! Para melhor compreensão sobre o processo de mudança, adotamos a divisão em etapas que faz Mandelli et al. (2003), ou seja, vamos conside- rar as quatro etapas que melhor representam a mudança: etapa 1: fundamentando a mudança; etapa 2: construindo a mudança; etapa 3: estruturando o processo de mudança; etapa 4: mobilização para a mudança. Cada uma dessas etapas será tratada em um capítulo diferente. No primeiro deles, falare- mos sobre a etapa de fundamentação da mudan- ça, em que discutiremos o porquê de se realizar mudanças, as fases de evolução das organizações e os fatores externos e internos que interferem e influenciam a necessidade de mudar. A seguir, na etapa de construção da mudan- ça, apresentaremos o conceito, as ferramentas e os métodos que sustentam a mudança, a neces- sidade de avaliação ou reavaliação da estratégia da empresa e sua compatibilização com esse pro- cesso. Serão analisados as forças propulsoras da organização e o desenho da estrutura organiza- cional. Em seguida, veremos a etapa da estrutura- ção do processo de mudança, em que apresenta- remos o dilema que as empresas vivem entre as atividades rotineiras e a necessidade de construir equipes para o desenvolvimento de projetos de mudança. O foco será a estruturação do plano de mudança, das equipes que irão trabalhar nele e dos resultados a serem alcançados. Finalmente, na etapa de mobilização para a mudança, trataremos das pressões que o proces- so de mudança sofre, da avaliação da capacida- de instalada e do grau de tensão existente para mudar. Também, serão abordados os principais erros cometidos em programas de mobilização. Os atributos de um líder de mudança encerram esse tema. AS QUATRO ETAPAS DA MUDANÇA5 Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 38 Figura 13 – As quatro etapas da mudança. As 4 Etapas da Mudança Etapa 1: Fundamentando a Mudança • O porquê de se realizar a Mudança. • As fases de evolução da organização. • Fatores externos e internos envolvidos. • Questão vital: qual a dimensão da Mudança? Etapa 2: Construindo a Mudança • Conceitos, ferramentas e métodos para construção da Mudança. • Avaliação da estratégia da empresa. • Elaboração de um raciocínio estratégico. • Análise das forças propulsoras. • Identificação da disciplina de valor (Excelência Operacional, Liderança em Produtos ou Intimidade com os Clientes). Etapa 3: Estruturando o Processo de Mudança • Atividades rotineiras. • Estruturação do Plano de Mudança. • Estruturação das Equipes de Trabalho. • Estruturação dos Subprojetos. Etapa 4: Mobilização • Avaliação da capacidade instalada. • Mudança versus grau de tensão existente. • Avaliação da Cultura Organizacional existente. • Alinhamento de comportamento das pessoas. Fonte: Mandelli et al. (2003). 5.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Como vimos, existem quatro etapas importantes da mudança, que são: fundamentando a mudan- ça; construindo a mudança; estruturando o processo de mudança; e mobilização para a mudança; nesse último, não podemos esquecer-nos do grau de tensão que pode ocorrer. Gestão da Mudança Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 39 1. Quais são as quatro etapas da mudança? 5.2 Atividade Proposta Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41 Caro(a) aluno(a), Parabéns pela sua dedicação! Vamos seguir em nossos estudos. Agora, veremos a fundamen- tação da mudança. Toda empresa sempre ambiciona, no míni- mo, a sobrevivência. Além disso, também preten- de crescer, buscar maior estabilidade nos negó- cios e reduzir a sua vulnerabilidade. Considerando os focos de “sobreviver, cres- cer e prosperar”, podemos dizer que as organi- zações passam a ser comparadas a seres vivos. Dessa forma, as estruturas estão sujeitas a sofrer “doenças, traumas etc.” e, como um corpo huma- no, precisam de cuidados e intervenções para se adaptar às novas situações de maneira rápida (se possível, preventivamente). As soluções de mudança moldam-se em função do tipo de negócio, do tipo de mercado em que a empresa atua, dos produtos que produz e, especialmente, se está mais ou menos sujeita à alta competitividade de seus concorrentes ou, ainda, se está mais perto dos consumidores finais. Organizações que atuam em ambiente de mo- nopólio merecem atenção e cuidados diferentes daquelas que vivem em área de intensa concor- rência. Um dos elementos que levam as empresas a pensar em mudança é o descompasso entre o seu tamanho e os instrumentos de gestão que es- tão à sua disposição. Um artigo clássico publicado pelo profes- sor Lerry E. Greiner na Harvard Business Review, em agosto de 1972 (apud MANDELLI et al., 2003), mostra com clareza as crises naturais de uma em- presa ao buscar sua sobrevivência, crescimento e prosperidade. Esse artigo dá vários indícios sobre como o passado da organização pode influenciar sua situação atual e suas decisões para o futuro. O estudo de Greiner prende-se, basicamen- te, ao aspecto interno das organizações. A Figu- ra 14 mostra-nos as várias dimensões organiza- cionais consideradas no estudo e, a partir delas, poderemos deduzir sobre algumas razões de por que realizar mudanças. FUNDAMENTANDO A MUDANÇA6 AtençãoAtenção Mudanças têm que ser tratadas como fenôme- nos especiais e administradas no comportamen- to organizacional como tal. Elas não devem ser tratadas como algo normal, mesmo que aconte- çam de maneira corriqueira e continuada. Carlos Ferreira Manaia Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 42 Figura 14 – Adaptação do estudo de Greiner. Fonte: Mandelli et al. (2003). Porte da Organização Idade da Organização GRANDE PEQUENO JOVEM MADURA GRANDE PEQUENO JOVEM MADURA FASE 1 FASE 3 FASE 4 FASE 5FASE 2 Crescimento pela CRIATIVIDADE Crescimento pela ORIENTAÇÃO Crescimento pela DELEGAÇÃO Crescimento pela COORDENAÇÃO Crescimento pela COLABORAÇÃO Crescimento pela CRIATIVIDADE Crescimento pela ORIENTAÇÃO Crescimento pela DELEGAÇÃO Crescimento pela COORDENAÇÃO Crescimento pela COLABORAÇÃO Crescimento pela CRIATIVIDADE Crescimento pela ORIENTAÇÃO Crescimento pela DELEGAÇÃO Crescimento pela COORDENAÇÃO Crescimento pela COLABORAÇÃO 1. Crise de LIDERANÇA 2. Crise de AUTONOMIA 3. Crise de CONTROLE 4. Crise de BUROCRACIA 1. Crise de LIDERANÇA 2. Crise de AUTONOMIA 3. Crise de CONTROLE 4. Crise de BUROCRACIA O crescimento dá-se pela criatividade: período pioneiro: criatividade é essen- cial; os fundadores atuam no âmbito téc- nico e empresarial, mas desprezam as atividades administrativas; comunicação é intensa e informal; motivação: promessa de futuro; controle feito de maneira informal. 6.1 Fase de Criatividade e Crise de Liderança - Fase 1 6.2 Fase de Orientação e Crise de Autonomia - Fase 2 Aparece a crise de liderança: fundador começa a se frustrar com o desperdício de tempo para adminis- trar a empresa; a crise é superada com a adoção de uma gestão profissional.