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Tabus e crenças

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História e Antropologia da Nutrição
Cristina Melo
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Segundo os autores Colding e Folke , “tabus” representam regras sociais não escritas que regulam o comportamento humano, podendo ainda serem consideradas instituições locais que limitam e definem o uso de recursos em ecossistemas por comunidades humanas.
Tabus e Crenças
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 Com relação à alimentação, as aversões (restrições) alimentares são geralmente de origem social ou cultural, e quando tais restrições são compartilhadas entre os membros de um grupo, elas podem se constituir em tabus ditos “alimentares”, os quais atuam como marcadores sociais que mostram diferenças entre indivíduos e grupos, influenciam comportamentos e facilitam o funcionamento dos sistemas sociais.
Tabus e Crenças
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Com relação à influência cultural na formação dos tabus alimentares, certos tipos de alimentos serão sempre considerados tabus simplesmente por estarem fora do que é aceito como gênero alimentício, não sendo necessariamente repulsivos, no que diz respeito ao sabor, ao aroma, à textura ou à aparência. Aquilo que os indivíduos acreditam ser bom para a saúde também contribui para os tabus: por exemplo, há quem evite consumir manga com leite por acreditar que esta mistura faz mal à saúde. 
Tabus e Crenças
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E algumas religiões apresentam determinadas imposições/recomendações que interferem no hábito alimentar de seus seguidores. O judaísmo, por exemplo, prescreve um conjunto estrito de normas, chamadas cashrut , declarando o que pode e não pode ser ingerido; na prática islâmica, as leis do halal ditam os tipos de alimentos que não podem ser comidos; e hindus e budistas frequentemente seguem as recomendações quanto à prática do vegetarianismo e evitam comer carne.
Tabus e Crenças
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Quando as restrições são partilhadas entre os membros de um grupo, elas podem constituir tabus alimentares, e estes atuarem como marcadores sociais para mostrar diferenças entre indivíduos e grupos, para influenciar atitudes e comportamentos. Já no que diz respeito ao tempo que os tabus alimentares ficam ativos na vida das pessoas, os mesmos podem ser permanentes, estendendo-se por toda vida, ou temporários (segmentares), sendo restritos a certos períodos de vida. 
Tabus e Crenças
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Os tabus temporários acompanham períodos importantes dos ciclos de vida como gravidez, menstruação, puerpério e puberdade, bem como podem ser permanentes e associados a aspectos sociais e religiosos. 
Tabus e Crenças
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É importante destacar entretanto que mais que alimentar-se conforme o meio a que pertence, o homem se alimenta de acordo com a sociedade a que pertence e, ainda mais precisamente, ao grupo a que pertence, estabelecendo distinções e marcando fronteiras precisas. 
Tabus e Crenças
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A antropologia vem se interessando também pelas cozinhas e pela culinária, as quais trazem a marca da cultura, afinal, histórias, tradições, tecnologias, procedimentos e ingredientes submersos em sistemas socioeconômicos, ecológicos e culturais complexos são guardados por cozinhas e pelas artes culinárias. Suas marcas territoriais, regionais ou de classe lhes conferem especificidade, além de alimentarem identidades sociais ou nacionais.
Tabus e Crenças
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A autora Andréa Leme da Silva desenvolveu um estudo acerca dos tabus alimentares na região amazônica brasileira, onde mostra que os tabus alimentares tendem a se associar a comunidades humanas com elevada disponibilidade de recursos proteicos. Os tabus representam um luxo na medida em que ocorrem entre populações humanas com elevada disponibilidade de recursos. Sob outro ponto de vista, as escolhas alimentares podem sofrer mudanças conforme a necessidade, derivadas de fatores como condições ecológicas, desigualdades socioeconômicas, variações sazonais ou migrações. 
Tabus e Crenças
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As escolhas e aversões alimentares são resultado da interação entre diversos fatores, cujas motivações podem ser influenciadas por preferências individuais, condições socioeconômicas, sazonalidade dos ciclos ecológicos dos recursos naturais e dinâmicas político-econômicas dos mercados locais e regionais (por exemplo, urbanização, acesso aos mercados consumidores, entre outros). 
Tabus e Crenças
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O próprio conceito de preferência alimentar pode mudar em diferentes sociedades. Um exemplo disso é que a familiaridade e a saciedade são aspectos valorizados em sociedades tradicionais, enquanto a ideia de monotonia conduz à rejeição nas sociedades mais prósperas e industrializadas, onde os indivíduos requerem status e novidade.
Tabus e Crenças
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No trabalho que realizou sobre a população amazônica do Brasil, Silva constatou que os tabus alimentares proíbem a ingestão de mamíferos terrestres de médio e grande porte (por exemplo, macaco, anta, paca, veado) e geralmente permitem os animais de pequeno porte (como aves e cotia). 
Tabus e Crenças
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E tem sido observado que vários tabus alimentares são associados à proteção de espécies endêmicas (espécies típicas de uma determinada região, que não são encontradas em outros ambientes), predadores de topo e espécies-chave, o que se relaciona ao manejo e à conservação da biodiversidade das florestas tropicais.
Tabus e Crenças
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O termo reima (do grego rheum = fluido viscoso) é utilizado para classificar o grau de segurança dos animais selvagens e domésticos para o consumo. A reima é caracterizada por um sistema classificatório de alimentos perigosos (reimosos) e não perigosos (não reimosos), sendo aplicado às pessoas em estados físicos e sociais de liminaridade ou estados de representação ritual e simbólica de transição ou passagem, como enfermidades, menstruação e pós-parto.
Tabus e Crenças
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Nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, a expressão reimoso costuma ser substituída por carregado, que pressupõe uma série de supostos atributos como carne forte, gordurosa, capaz de causar inflamações em pessoas com doenças e ferimentos.
Tabus e Crenças
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Nota-se que aspectos como dieta, comportamento e aparência física são fatores importantes para categorizar um animal como reimoso ou não. Os animais com caracteres híbridos, difíceis de serem categorizados, como os peixes lisos (sem escamas) e os animais de dieta generalista (como as piranhas e o porquinho) foram considerados impuros e, portanto, proibidos. A lógica de classificação da mente humana tende a categorizar os animais transacionais (híbridos) como potencialmente perigosos. 
Tabus e Crenças
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Os tabus alimentares aplicavam-se a alguns alimentos classificados como “fortes”, “frios”, “quentes” e “reimosos” associados especificamente a determinadas pessoas impedidas de consumi-los, entre elas as mulheres menstruadas. Eles sugeriram que os tabus alimentares não comportavam regras fixas e inflexíveis, ou seja, podiam funcionar como mecanismos de defesa contra a fome, nos momentos de escassez alimentar, submetendo-se a manipulações situacionais e às transgressões. 
Tabus e Crenças
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As crenças relacionadas às adequações do uso dos alimentos aos estados corporais ou às ocasiões e horários de consumo constitui-se numa questão que deve ser entendida, respeitada e bem orientada pelos profissionais de saúde. 
Tabus e Crenças
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O fato de certos alimentos considerados “pesados” terem seu consumo noturno interditado por interferirem na digestão ou no sono, ou mesmo as crenças sobre as adequações de certas comidas aos tipos de consumidores, segundo o gênero e a idade, prescrevendo-se ou não certos alimentos aos tipos de pessoa e à sua etapa de vida são exemplos de situações com as quais o profissional de saúde pode se deparar em sua atuação diária. 
Tabus e Crenças
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Diante disso, apesar da necessidade de o profissional de saúde saber identificar procedimentos e hábitos que interferem negativamente na saúde de seus pacientes, é preciso que este profissional tenha em mente que as crenças dos indivíduos são sempre válidas e fundamentadas para aqueles que nelas acreditam. 
Tabus e Crenças
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 Mesmo nos casos em que forem identificadas práticas que prejudicama saúde, é importante que o profissional procure não impor sua visão científica ao paciente descredenciando suas crenças: esta atitude pode ser ineficiente e não provocar o efeito esperado de promoção /recuperação da saúde, tanto em relação ao indivíduo no contexto de um consultório, como de forma coletiva, em relação à um grupo ou uma instituição, por exemplo. 
Tabus e Crenças
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O que é realmente fundamental é que o profissional procure adaptar suas orientações e práticas às crenças e valores dos indivíduos tanto no âmbito individual como coletivo.
Tabus e Crenças
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Próxima aula: 
Os Significados dos Alimentos nas Práticas de Alimentação 
Tabus e Crenças
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