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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – CAMPUS FLORESTAL INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS BRUNA GABRIELE SILVA RIBEIRO JÉSSICA MARTINS CAMPOS RELATÓRIO AULA PRÁTICA DE ANÁLISE SENSORIAL Métodos Discriminatórios: Teste de Ordenação Florestal – MG 5 de Setembro 2019 2 BRUNA GABRIELE SILVA RIBEIRO JÉSSICA MARTINS CAMPOS RELATÓRIO AULA PRÁTICA DE ANÁLISE SENSORIAL Métodos Discriminatórios: Teste de Ordenação Relatório da aula prática “Métodos Discriminatórios: Teste de Ordenação” da disciplina Análise Sensorial – Turma: P2, do Departamento da Engenharia de Alimentos do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Federal de Viçosa – Campus Florestal. Professora: Naiara Barbosa Carvalho Florestal – MG 5 de setembro de 2019 3 Sumário 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4 2. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 4 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 6 3.1. MÉTODO DE FRIEDMAN ............................................................................................ 7 3.2. MÉTODO DE KRAMER ................................................................................................ 7 3.3. TESTE LSD .................................................................................................................... 7 4. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 8 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 8 4 1. INTRODUÇÃO A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2019) define análise sensorial como uma disciplina científica usada para evocar, medir, analisar e interpretar reações das características dos alimentos e materiais como são percebidas pelos sentidos da visão, olfato, gosto, tato e audição (ABNT, 1993). A qualidade sensorial de um alimento e a manutenção do mesmo favorece a fidelidade do consumidor a um produto específico em um mercado cada vez mais exigente. Em razão dessa maior exigência e a especificidade de cada análise, são estabelecidos testes de avaliação diferenciados visando à obtenção de respostas mais adequadas ao perfil do produto em análise (TEIXEIRA, 2009). Estes testes de avaliação são específicos conforme o objetivo de cada estudo, os métodos discriminativos são aplicáveis no controle de qualidade, pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos, melhoramento e reprodução de produtos, entre outros; por poderem avaliar diferenças globais ou diferenças entre atributos específicos, tais como diferenças entre tratamentos e/ou formulações (CHAVES,2005). Dos métodos discriminativos pode-se citar o teste de ordenação que consiste na apresentação de três ou mais amostras de maneira casualizada e balanceada, onde os julgadores são solicitados a ordená-las, seja em ordem crescente ou decrescente, quanto á intensidade de um determinado atributo (OLIVEIRA,2010). Nesse sentido, objetivou-se familiarizar os avaliadores com o teste de Ordenação e verificar se existe diferença significativa entre as amostras de biscoito tipo wafer de diferentes marcas em relação a intensidade do sabor de morango. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A análise sensorial foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial da Universidade Federal de Viçosa - Campus Florestal, com a participação de oito avaliadores não treinados, com faixa etária compreendida entre 20 e 24 anos, sendo seis do sexo feminino e dois do sexo masculino. Todas as análises foram feitas em cabines individualizadas. Para a realização do teste de ordenação, foram utilizados os seguintes materiais: Biscoito Aymoré® tipo wafer sabor morango Biscoito Bauducco® tipo wafer sabor morango Biscoito Visconti® tipo wafer sabor morango Pratos pequenos descartáveis Fichas de avaliação sensorial As amostras de biscoito descritas, foram codificadas de modo que não fossem identificadas por meio de sua marca ou nome comercial para evitar possíveis erros de tendenciosidade no teste. Para a codificação das amostras utilizou-se números aleatórios de três dígitos evitando assim erros psicológicos, a codificação de cada uma das amostras pode ser observada na Tabela 1. Tabela 1- Codificação das amostras apresentadas aos avaliadores. Amostra Código Biscoito Aymoré® tipo wafer sabor morango 751 Biscoito Visconti® tipo wafer sabor morango 650 Biscoito Bauducco® tipo wafer sabor morango 384 5 As amostras foram distribuídas para os avaliadores em pratos descartáveis, contendo uma unidade do produto em cada (aproximadamente 7,5g). Estas foram servidas simultaneamente, de forma balanceada e casualisada, em seis posições possíveis (FIGURA 1). Evitando que se ocorra erros psicológicos ou fisiológicos de escolha causados pela ordem de apresentação das amostras. Figura 1 – Delineamento das amostras para o teste de Ordenação. Simultaneamente com as amostras, os avaliadores receberam uma ficha de avaliação, onde eles foram solicitados a ordenar as amostras em ordem crescente de intensidade do sabor morango, conforme é apresentado na Figura 2. Figura 2 – Ficha de avaliação do teste de Ordenação. Os resultados obtidos no teste de ordenação foram analisados utilizando os testes não paramétricos de Friedman e Kramer, com o intuito de se estabelecer diferença significativa da ordenação em relação a intensidade do sabor de morango, a um determinado nível de probabilidade. No teste de Kramer, são calculadas as diferenças entre as somas de ordens das amostras avaliadas, sendo o maior valor de diferença entre as somas de ordens comparado com um valor crítico tabelado, para estabelecimento da significância na ordenação, em relação a diferença. Caso a maior diferença entre as somas de ordens das amostras seja menor que o valor crítico tabelado, a ordenação entre as amostras não apresenta diferença significativa. Para análise dos resultados através do teste de Friedman, as avaliações são organizadas em uma tabela de dupla entrada, onde os consumidores são alocados nas linhas e as amostras, nas colunas. Se o Fcal<Ftab a ordenação entre as amostras não apresenta diferença significativa. A estatística do teste de Friedman é dada pela Equação 1. 6 Fcal = { 12 J(I)(i+1) [∑ Ti2II=1 ]} − 3J(I + 1) (1) Em que: J = O número de avaliadores I = O número de amostras Ti = Total da soma de ordem de cada amostra Os testes de Friedman e Kramer requerem um teste complementar quando é verificada diferença significativa na ordenação das amostras. Os testes indicados para dados ordenados são o teste de comparações múltiplas LSD (Least Significance Difference)adaptado para dados ordenados e o teste de Christensen, os quais apresentam resultados bastante semelhantes. O método de comparações múltiplas LSD é um teste estatístico paramétrico, utilizado para comparações pareadas de dados contínuos. Entretanto, uma adaptação deste teste para análise de dados ordenados está disponível na literatura, sendo o cálculo do valor critico (dms = diferença mínima significativa) para comparação das amostras obtido por meio da Equação 2. dms = Z5%√ J(I)(I+1) 6 (2) Em que: Z = Valor da variável padronizada (com média “zero” e variância “1”) a 5% de probabilidade J = O número de avaliadores I = O número de amostras ordenadas Após o cálculo da dms, as somas de ordens associadas a cada amostra são comparadas duas a duas, com o intuito de verificar se a diferença entre elas supera o valor crítico considerado para estabelecer diferença significativa na intensidade de ordenação. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As respostas atribuídas pelo avaliador às amostras de biscoito tipo wafer estão apresentadas na Tabela 2. Os resultados encontrados foram utilizados para verificar a possível existência de diferença entre as amostras apresentadas. Tabela 2 - Resultados do teste de ordenação da diferença entre os biscoitos do tipo wafer. Avaliador Amostras 650 (Visconti®) 384 (Bauducco®) 751 (Aymoré®) 1 1 2 3 2 2 1 3 3 1 2 3 4 2 1 3 5 1 2 3 6 1 2 3 7 1 2 3 8 2 1 3 ∑ 11 13 24 Inicialmente, foi realizada a análise estatística para determinar se a ordenação feita pelos avaliadores em relação a intensidade do sabor de morango nas amostras de biscoitos tipo wafer é 7 significativa, para isso utilizou-se a análise estatística por dois métodos: método de Kramer e método de Friedman. 3.1. MÉTODO DE FRIEDMAN Para fins conclusivos através do método de Friedman, utilizou-se a Equação 1 para encontrar o Fcal referente às amostras de biscoito tipo wafer, utilizando I=3, J=8 e T1=11, T2=12 e T3=24encontramos um Fcal=12,25 e em seguida comparou-se com o Ftab que é encontrado na Tabela B - “Valores absolutos críticos de diferenças (dms) de soma de ordens para comparação de tratamentos entre si, a 5% de probabilidade (p<0,05), baseados no teste de soma de ordens de Friedman” (Minim, 2018), No experimento o Fcal para 8 julgadores e 3 amostras é 6,25. Com isso, observou-se que o Fcal era superior ao Ftab, levando a concluir que as amostras de biscoito tipo wafer possuem ordenação significativa em relação a intensidade do sabor de morango ao nível de 5% de significância, pelo método de Friedman. Deste modo, houve a necessidade de realizar o teste LSD para constatar quais das amostras que diferiram entre si. 3.2. MÉTODO DE KRAMER Para avaliar as diferenças entre as amostras de biscoitos tipo wafer pelo método de Kramer, primeiramente foi realizada a diferença entre as somas de ordem de cada amostra e os resultados obtidos podemos observar na Tabela 3. Tabela 3 – Módulo da diferença entre as somas de ordem das amostras biscoitos do tipo wafer. Amostra 650 (Visconti®) 384 (Bauducco®) 751 (Aymoré®) 650 (Visconti®) - 2 13 384 (Bauducco®) - - 11 751 (Aymoré®) - - - Para fins conclusivos por este método, usou-se o maior módulo da diferença entre as somas de ordem, no caso do experimento foi a diferença entre as somas de ordem das amostras de biscoito Aymoré® e Visconti® em seguida comparou-se com um valor obtido na Tabela C – “Valores absolutos críticos de diferença (dms) de soma de ordens para comparação de tratamentos entre si a 5% de probabilidade (p>0,05), baseando no teste de soma de ordens de Kramer” (Minim, 2018) onde verificou-se que o valor tabelado utilizando 8 julgamentos e 3 amostras era de 10, ou seja, inferior ao maior módulo da diferença entre as somas de ordem obtidas, concluindo assim que há diferença em relação a ordenação da intensidade do sabor de morango entre as amostras de biscoito tipo wafer, ao nível de 5% de significância pelo teste de Kramer. Esse resultado já era esperado, pois o método de Friedman também chegou a essa conclusão. Logo, foi realizado o teste LSD para verificar entre quais amostras de biscoito tipo wafer havia a diferença. 3.3. TESTE LSD Para verificar quais amostras diferem entre si, pelo método LSD, utiliza-se o módulo da diferença entre as somas de ordem, semelhante as que foram obtidas na Tabela 3. Posteriormente, colocou-se as amostras em ordem crescente da somatória total de ordem, e calculou-se o dms que é obtido pela Equação 2. O dms encontrado substituindo Z=1,96, J= 8 e I=3 resultou em 7,84, após isso deu-se letras diferentes para as que diferiram entre si, ou seja, para aquelas que o módulo 8 da diferença entre as somas de ordem era maior ou igual ao valor do dms encontrado pela e letras iguais para as que não diferirem entre si, ou seja para aquelas que o módulo da diferença entre as somas de ordem era menor que o dms : Aymoré® (751) = 24 a |(751)-(384)| = 11 > dms* Bauducco® (384) = 13 b |(751)-(650)| = 13 > dms* Visconti® (650) = 11 b |(384)-(650)| = 2 < dms ns Portanto, concluiu-se que as amostras de biscoito tipo wafer das marcas Bauducco® e Visconti® não diferiram entre si em relação a intensidade do sabor de morango, enquanto a amostra de biscoito tipo wafer da marca Aymoré® difere das demais amostras, possuindo maior intensidade do sabor de morango, pelo teste LSD, ao nível de significância 5%. O teste não foi realmente conclusivo pois o número de julgadores é insuficiente, uma vez que o mínimo necessário seriam 20 participantes. 4. CONCLUSÃO O teste de ordenação, tem sido utilizado em desenvolvimento de produtos e processos, estudos de estabilidade de produtos alimentícios durante a estocagem, substituição de ingredientes, avaliação de embalagens, seleção e treinamentos de julgadores. Assim, vale ressaltar a importância do teste para a análise sensorial. 5. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISSO 6658:2019, Análise sensorial – Metodologia – Orientações gerais. Rio de Janeiro, 2019. CHAVES, J.B.P. Métodos de Diferença em Avaliação Sensorial de Alimentos e Bebidas. Viçosa: UFV, p. 26, 2005. OLIVEIRA, A.F. Apostila Análise sensorial dos alimentos. Londrina: UTFPR, p.34, 2010 TEIXEIRA L. V. Análise Sensorial na Indústria de Alimentos. Revista do Instituto de Laticínios “Cândido Tostes”. Juiz de Fora/MG. Volume 366. Pág. 12-21. 2009.