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Profª Drª Renata Costa Fortes Universidade Paulista - UNIP TERAPIA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS PANCREÁTICAS E DA VESÍCULA BILIAR 1. Guidelines da ESPEN e ASPEN. 2. Nascimento JEA. Terapia Nutricional na Pancreatite Aguda. Projeto Diretrizes. 2011. 3. Aguilar-Nascimento JE, Dock DB. Terapia Nutricional na Pancreatite Crônica. Projeto Diretrizes. 2011. 4. Gomes RR, Logrado MHG. Atualidades em terapia nutricional na pancreatite aguda. Com. Ciências Saúde. 2012; 24(2):149-159. 5. Scalzer et al. Terapia nutricional mais adequada para pacientes com pancreatite aguda. Rev. Bras. Pesq. Saúde 2017; 19(1): 85-91. 6. Silva CS, Frangella VS. Cuidados nutricionais na pancreatite crônica: uma atualização. O Mundo da Saúde São Paulo: 2009;33(1):73-79. 7. Silva et al. Terapia nutricional no pós-operatório de Whipple. Com. Ciências Saúde. 2009;20(2):151-158. 8. Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 5a ed. 2017. Sugestões de Estudo das Doenças Pancreáticas e da Vesícula Biliar Terapia Nutricional na Pancreatite Aguda PANCREATITE AGUDA QUEM SÃO OS NOSSOS PACIENTES? Clínica médica Clínica cirúrgica Unidade de emergência Pronto socorro UTI Etc. 1. Dor abdominal característica. 2. Amilase e/ou lipase 3 x o limite superior da normalidade. 3. Achados característicos na TC. PANCREATITE AGUDA Inflamação aguda do parênquima pancreático Reversível após exclusão do agente causal Diagnóstico (pelo menos 2 dos 3 critérios) Definição PANCREATITE AGUDA 70-75% 25-30% Leve Grave Forma edematosa Forma necrosante Mortalidade: 1% Mortalidade: 10-20% LEVE GRAVE 80% 20% EDEMA NECROSE (30-70% infectada) 3-7dias Jejum Analgesia SIRS FMO (50% mortalidade) SEPSE (80%) PANCREATITE AGUDA FATORES ETIOLÓGICOS COMPLICAÇÕES COMPLICAÇÕES OBJETIVOS: Aliviar os sintomas e prevenir ou tratar as complicações. Melhorar a tolerância digestiva e modular a resposta inflamatória. Reduzir o catabolismo proteico. TERAPIA NUTRICIONAL: Depende da gravidade da doença e avaliação do estado nutricional. TERAPIA NUTRICIONAL Evidências em TN na Pancreatite Aguda PA leve (PAL): Jejum (NVO) c/ retomada da NO, iniciando com líquidos sem resíduos, forma progressiva. Se não houver aceitação da NO, de 5 a 7 dias NE com posicionamento pós-pilórico (?). PA grave (PAG): NE, logo após estabilidade hemodinâmica. NE mais aceita que NP. TERAPIA NUTRICIONAL RECOMENDAÇÕES DA ESPEN e SBNPE/SBCM/ABN: • PAL: NO caso seja aceita pelo paciente entre 5 e 7 dias e, caso contrário, acima desse período, NE. • PAG: NE imediatamente após a estabilidade hemodinâmica. TERAPIA NUTRICIONAL PANCREATITE AGUDA SEVERA N ENTERAL X N PARENTERAL Marik PE, Zaloga GP – BMJ june2004 Metanálise - 6 publicações randomizadas de 117 artigos revisados (n=263) TERAPIA NUTRICIONAL PANCREATITE AGUDA GRAVE POSIÇÃO DA SONDA- GÁSTRICA x ENTÉRICA Estudos demonstram que a nutrição enteral infundida no jejuno não determina estímulo ou exacerbação da secreção pancreática. INDICAÇÕES DE TNE OU TNP DE ACORDO COM ESTADO NUTRICIONAL E EXTENSÃO DA DOENÇA 1 TN geralmente não é necessária na doença leve a moderada, a menos que haja complicações (A). 2 TN deve ser administrada a qualquer paciente independente da gravidade da doença se a duração provável de NPO≥5-7d (B). 3 TN precoce é indicada na pancreatite grave (A). 4 NE é preferida em relação a NP ou, pelo menos, NE deve ser iniciada primeiramente (A). 5 NE pode ser usada na presença de complicações pancreáticas como fístulas, ascite, pseudocistos (C). 6 SNG pode ser usada para administração de NE. A colocação pós pilórica não é necessariamente obrigatória (B). 7 NP é indicada quando NE é contraindicada ou não tolerada (A). Atender aos requisitos de macronutrientes: energia: 25 a 35 kcal/k/d e PTN: 1,2-1,5g/kg/d TERAPIA NUTRICIONAL RECOMENDAÇÕES DA ESPEN e SBNPE/SBCM/ABN: • CHO (50%), PTN (1,0-1,5 g/kg) e LIP ≤ 30% do VET (principal estimulante da secreção pancreática). • Se sonda no jejuno: normolipídica, com alto teor de TCM e inclusão de ômega 3 na PAG. • Estudos controversos com uso de fórmulas imunomoduladoras e probióticos. NUTRIÇÃO PARENTERAL RECOMENDAÇÕES DA ESPEN e SBNPE/SBCM/ABN: Energia 25-30 kcal/kg/dia 15-20 kcal/kg/dia (SIRS, FMO, SRouboCel.) Glicose 50-70% do VET Monitorar glicemias Proteína 1,25 - 1,5g/Kg/dia (0,2 - 0,24g/Kg/dia de N) IR ou IH: 0,87 - 1,25g/Kg/dia (0,14 - 0,20g/kg/dia de N). Lipídeo 0,8 - 1,5g/kg/dia TG (>1000mg/dL) ≥ 72h interromper infusão temporariamente. Glutamina ≥ 0,3 gramas/Kg/dia Ômega-3 Sem recomendação IL-10 e atenuar resposta inflamatória. 1 dose diária de multivitaminas e oligoelementos é recomendada. Terapia Nutricional na Pancreatite Crônica Processo inflamatório na glândula pancreática Ativação, liberação intersticial e autodigestão do pâncreas pelas próprias enzimas Substituição do parênquima funcional por tecido fibroso e calcificação PANCREATITE CRÔNICA Perda progressiva da função exócrina seguida da função endócrina após destruição de 90% do pâncreas Consumo médio diário: • 2,5 a 3 doses de aguardente • 2,5 a 3 latas de cerveja Sociedade Brasileira de Hipertensão • 9 a 12 doses de aguardente • 9 a 12 latas de cerveja Santos et al. PANCREATITE CRÔNICA 05 a 12 anos Álcool (60-70%) Pancreatite crônica Pancreatite Crônica Quadro Clínico Dor 92,2% Perda de Peso 91,6% Diabetes 46,3% Má digestão e absorção 33,9% Icterícia 24,0% Hemorragia 02,3% MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Por que a TN na PC é um desafio? Hipermetabolismo e hipercatabolismo: processo inflamatório crônico requerimentos nutricionais. GER 30-50% Disfunções endócrinas e exócrinas: diarreia, esteatorreia, azotorreia, disfunções na absorção e DM. DPE (50%): má digestão/absorção (25-45%), restrição alimentar (dores abdominais em 80%), consumo de álcool (60-70%), diarreia e esteatorreia (30%). Esteatorreia (perda > 7g de LIP/dia) diarreias volumosas e má absorção de vit. lipossolúveis. Deficiência de vit. hidrossolúveis (ingestão alcoólica). Má absorção proteica azotorreia. DM tríade: poliúria, polidpsia e polifagia. Perda de peso e DPE (+ grave na fase + tardia da PC). Qual é o impacto no estado nutricional? Perda de peso ao longo do tempo IMC, CB, dobras cutâneas, CMB e AMB Avaliação dietética (qualitativa e quantitativa) Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ASG) Nutritional Risk Score (ESPEN – NRS) Mini Avaliação Nutricional (MAN) AVALIAÇÃO NUTRICIONAL OBJETIVOS: Controlar a má absorção e melhorar a condição nutricional do paciente, evitando a evolução da DPE. Controlar o processo inflamatório, a RI, o DM e suas possíveis complicações. TERAPIA NUTRICIONAL: Depende da gravidade da doença e avaliação do estado nutricional. TERAPIA NUTRICIONAL ■ Abstinência alcoólica total e analgesia na fase pré prandial (controle da dor). Dieta VO normal, associada ou não a enzimas pancreáticas (80% dos pacientes). ■ Pequenas modificações e restrições dietéticas dor e ingestão proteico energética melhora do estado nutricional. TERAPIA NUTRICIONAL Nos casos mais graves (5% dos casos) persistência da ingestão inadequada de nutrientes, perda de peso progressiva no pré-operatório e complicações como estenose piloro-duodenal. Quando a TN especializada está indicada? De que forma a TN pode ser implementada? Enzimas pancreáticas (lípase, amilase e proteases). Adequado iniciar com 10000 UI de lipase por refeição, podendo atingir 30000 UI. A TN podeser implementada com enzimas pancreáticas junto com SO ou TNE. Obstrução duodenal; Fístula pancreática; DPE no pré-operatório, quando NE não é possível. Quando a NP está indicada na PC? Características da dieta: • Fracionada em pequenas porções • Hipercalórica (35 kcal/kg/dia) • Hiperproteica (1,1-1,5 g/kg/dia) • Rica em CHO (50-70%) • Pobre em LIP (0,7-1,0 g/kg/dia), preferir LIP vegetal. • Fibras: 10-15g/dia ( função enzimas pancreáticas, gastroparesia, saciedade). Na vigência de risco nutricional: • SO rico em PTN hidrolisada, c/ TCM, rico VIT. A, D, E, K e outros micronutrientes, + enzimas pancreáticas. TERAPIA NUTRICIONAL Terapia Nutricional nas Afecções Biliares Distúrbios do trato biliar morbimortalidade. ◦ Morbidade por dor e disfunção intestinal. ◦ Mortalidade por precipitar pancreatite e sepse. Principais doenças relacionadas: ◦ Litíase biliar: colelitíase (cálculos nas vias biliares) e coledocolitíase = cálculos nos dutos biliares) ◦ Colecistite (inflamação das vesícula biliar) ◦ Colestase (interrupção do fluxo nos canais biliares) ◦ Colangite (inflamação das vias biliares - obstrução) DOENÇAS DA VESÍCULA BILIAR Litíase biliar Litíase vem do grego "lithos“ pedra. Colelitíase: cálculos na vesícula biliar (“Chole” - grego bile) Coledocolitíase: cálculos nos ductos biliares (menos comuns) CÁLCULOS DE COLESTEROL Colesterol (70%), bilirrubina e cálcio Não são pigmentados Mais comum CÁLCULOS PIGMENTADOS Polímeros de bilirrubina ou sais de cálcio Relacionada à hemólise crônica Litíase biliar Etiologia: ◦ Sexo feminino (mais comum) ◦ Idade (> 50 anos) ◦ Histórico familiar (risco 2 a 4 vezes maior) ◦ Gestação (estrogênio): motilidade vesícula ◦ Medicamentos: estrogênio, anticoncepcionais ◦ Hábitos alimentares: dietas ricas em colesterol e pouca fibra ◦ Presença de comorbidades: obesidade, DM e DII. ◦ Perda rápida de peso: restrição calórica severa, jejum, derivação gástrica sedimentação biliar e formação de cálculos. Litíase biliar Sintomas: ◦ 80% dos casos são assintomática. ◦ 20% dor (cólica biliar), mal estar, náusea, diarreia, icterícia. Complicações: ◦ Colecistite ◦ Pancreatite Litíase biliar Tratamento ◦ Remoção da vesícula (colecistectomia aberta ou videolaparoscópica) ◦ Litotripsia (fragmentação cálculo ondas de choque ou ação direta) Litíase biliar Inflamação da parede da vesícula biliar. Interrupção da passagem da bile para o duodeno. ◦ Calculosa: - 90% dos casos (litíase) - obstrução pelos cálculos hiperconcentração sais biliares irritação da mucosa inflamação infecção. ◦ Não calculosa: - estase biliar e motilidade biliar - obstrução por neoplasia, parasitas, estenose, trauma, NPT, compressão por vasos ou linfonodos. Colecistite Sintomas Dor no quadrante superior direito, náuseas, vômitos, flatulência, febre, icterícia e anorexia. Complicações Necrose, perfuração (fístula) abcesso e peritonite, colangite. Tratamento Cirurgia (colecistectomia) Analgésicos Antibióticos Colecistite Estase da bile – sedimentação desenvolvida na vesícula pela falta de estimulação ou liberação da bile. Estimulação da motilidade intestinal e vesicular com dieta enteral elementar + terapia com drogas. Comum em NPT ou jejum prolongado Comum em obstrução dos ductos biliares Colestase Inflamação dos ductos biliares. Sintomas: ◦ Febre e calafrios ◦ Dor abdominal no QSD (logo abaixo das costelas) ◦ Icterícia ◦ Fraqueza, náuseas e anorexia. Colangite Principais causas: ◦ Obstrução por cálculos biliares ◦ Cálculos que ficam nos canais biliares após colecistectomia ◦ Outros: tumores, estreitamentos congênitos, estreitamentos cicatriciais espontâneos ou pós-cirúrgicos e invasão por parasitas intestinais. Tratamento: ◦ Antibioticoterapia ◦ Desobstrução da via (colangiografia endoscópica ou cirurgia) Colangite Colangiografia Permite a visualização do trajeto que a bile percorre desde o fígado até o duodeno. Fase aguda: ◦ Suspensão via oral temporária (repouso do órgão) ◦ Indicação NPT Se paciente estiver desnutrido e for ficar muito tempo sem ingestão oral ◦ Dieta hipolipídica e hipoproteica Fase crônica: ◦ Dieta hipolipídica (20% de lipídeos) ◦ Alimentos gordurosos ◦ Fibras, verduras e frutas ◦ Uso de suplementações com TCM ◦ Suplementar vitaminas lipossolúveis, se necessário TERAPIA NUTRICIONAL Ressecção total da vesícula (colecistectomia) Bile direto no duodeno Não prejudicará a absorção de lipídeos Produção hepática de sais biliares mantém-se normal TERAPIA NUTRICIONAL Colecistectomia ◦ Após operatório: até 48 h dieta líquida ◦ Iniciar evolução de acordo com tolerância do paciente ◦ Dieta hipolipídica nos primeiros 30 dias ◦ Após 2 meses Dieta normal rica em fibras ◦ Cuidados extras com frituras e gorduras em geral TERAPIA NUTRICIONAL CIRURGIA JEJUM 10 DPO 20 DPO 30 DPO 40 DPO 50 DPO 60 DPO Colecistectomia 24 h Prova L gx P gx Br gx gx * *Após 20-30 dias acrescentar gordura adicional gradativamente. EVOLUÇÃO DIETOTERÁPICA NO PÓS-OPERATÓRIO FUNIVERSA 2011 – SES/DF. Com relação à pancreatite, marque V ou F. A) Na pancreatite aguda, a infusão de nutrição parenteral com lipídeos é segura, sem necessidade de verificação e acompanhamento do perfil lipídico. B) A única conduta nutricional preconizada na pancreatite aguda é a nutrição parenteral em virtude da promoção de repouso intestinal, independentemente da gravidade da pancreatite. C) Pacientes com pancreatite crônica que usem enzimas pancreáticas e que não apresentem esteatorreia podem receber dieta normolipídica. D) A nutrição enteral por sonda nasoentérica, mesmo com posicionamento distal após o ângulo de Treitz, estimula de forma potente a secreção exógena do pâncreas, agravando o quadro na pancreatite aguda. E) Pacientes com pancreatite crônica podem ter deficiência de vitaminas lipossolúveis: C, A, D e E. F F V F F • A.R., sexo feminino, com dor abdominal súbita em hipocôndrio D, com irradiação para fossa ilíaca D. Procurou o PS, sendo levantada a HD de litíase biliar. Estado nutricional prévio: sobrepeso. • O quadro álgico permaneceu por 1 mês, com crises recorrentes de dor abdominal. Nas 2 semanas finais, cursou com necessidade de Buscopan IV, com redução significativa da ingestão alimentar (intensificação da dor) e perda de 10 kg. • Passado 1 mês, houve surgimento de icterícia, sendo solicitada USG abdominal. Diagnóstico: colelitíase. Após colecistectomia de urgência, foi encaminhada para o procedimento de CPRE, desenvolvendo então um quadro de pancreatite aguda, o que levou à conduta de dieta zero por 5 dias. CASO CLÍNICO 1. Qual é o estado nutricional de A.R? 2. Qual será a conduta nutricional no pré-operatório? 3. Deveria ser instituída alguma via de terapia nutricional no pós operatório? Qual via? NPT ou NE? 4. Qual a conduta nutricional no pós-operatório? 5. Qual seria a prescrição de NPT em caso de necessidade? Considere as soluções de AA 10%, Lip 20% e Gli 50% (anidra). Peso atual de 58 kg e estatura de 1,69 m. CASO CLÍNICO
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