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Marketing de relacionamento. Unidade 1 A evolução do marketing de relacionamento. Você já reparou como algumas empresas conseguem fazer com que seus clientes, ao consumirem seus produtos, sintam-se realmente especiais? Seja oferecendo um ambiente exclusivo para a compra de cápsulas de café, ou na realização de promoções especiais para a reserva de passagens aéreas, ou, ainda, em um atendimento totalmente diferenciado para as transações bancárias do dia a dia. A fim de se destacarem e entregarem uma percepção de valor superior, de encantamento aos seus clientes, essas empresas põem em prática ações de marketing de relacionamento. Por marketing de relacionamento tem-se uma abordagem específica do marketing que direciona sua atenção à construção de relacionamentos entre empresas/marcas e seus clientes. Isso tem como base uma mudança de paradigma que esconde grande complexidade, apesar de parecer bastante simples: Fechar vendas X fechar relacionamentos É disso que o marketing de relacionamento trata. De maneira simbiótica — quando todas as partes envolvidas obtêm vantagens —, empresas e clientes interagem, em uma dinâmica que gera lucratividade e satisfação, respectivamente. A origem As origens do marketing de relacionamento remontam aos anos 1980, quando mudanças na configuração do mercado consumidor exigiam reformulações urgentes na relação entre vendedores e compradores. Nessa época, o número de concorrentes só aumentava. Isso fazia com que os mercados se tornassem cada vez mais saturados, oferecendo menos oportunidades de crescimento. Ao mesmo tempo, o avanço tecnológico fazia com que ficasse cada vez mais difícil tornar um produto diferenciado com base apenas em atributos técnicos. Além disso, esse também foi o período de desenvolvimentos significativos na modernização dos meios de comunicação e nos modelos de gestão de processos, cada vez mais flexíveis. Nesse cenário de aparente dificuldade, a fim de se diferenciar e garantir um bom desempenho de vendas, surge como oportunidade (ou até necessidade) o estreitamento no contato com o cliente, em busca de um “valor superior”, frente a tantas opções de ofertas. É nesse contexto que os pesquisadores e analistas de marketing começam a investigar e praticar o marketing de relacionamento. O foco do marketing de relacionamento Em vez de concentrar os esforços na conquista de novos clientes, o marketing de relacionamento tem como focos principais a satisfação e a rentabilização dos atuais clientes da empresa. Isso se dá por meio do profundo conhecimento das necessidades dos compradores. Nesse sentido, existiriam clientes “certos”, junto aos quais são justificáveis os investimentos destinados à construção de um relacionamento. Dessa maneira, toda forma de contato serve como oportunidade para a coleta de informações que possibilitem o alinhamento entre as demandas dos compradores e a oferta dos vendedores. A ideia de relacionamento sugere interatividade, comunicação entre as partes que se relacionam. O marketing de relacionamento propõe exatamente isso. A empresa praticante dessa filosofia trabalha no sentido de criar oportunidades, a fim de saber o que seus clientes estão pensando, quais seriam os pontos fortes e fracos sobre seus produtos e serviços e de que maneira eles poderiam se posicionar, para se destacar de forma positiva entre seus concorrentes. Com esse objetivo, diversas ações são tomadas. Em linhas gerais, elas podem ser resumidas em: trabalho de pós-marketing, aprendizagem com o cliente e personalização em massa. Resumindo: • Marketing de relacionamento é uma filosofia organizacional holística que visa à construção de relacionamentos entre empresas e clientes. • Avanços tecnológicos, a modernização e flexibilização dos modelos de produção e gestão, o aumento no número de concorrentes e a saturação de mercado são apontados como fatores precursores do surgimento do marketing de relacionamento. • As empresas precisam identificar os clientes certos, a fim de rentabilizá-los, aumentando a capacidade de lucros junto a eles. • Clientes são fontes de dados valiosos, podendo ser a chave para o bom desempenho empresarial. • Em linhas gerais, as ações de marketing de relacionamento consistem em trabalho de pós-marketing, aprendizado com o cliente e personalização em massa. Conceitos do marketing de relacionamento Segundo Gordon (1998 apud SANTOS, 2015), é possível pensar os conceitos do marketing de relacionamento como construtos teóricos que embasam a proposta de construção de relacionamentos entre empresas e clientes. Na bibliografia indicada para este curso, tomaremos como referência o que foi proposto por Ian Gordon (1998, apud SANTOS, 2015), um expoente na pesquisa do tema. De acordo com o autor, são seis os conceitos relacionados à prática do marketing de relacionamento. São eles: tecnologia e segmentação, parcerias, seleção e rejeição de clientes, cadeia de relacionamentos, reavaliação dos 4 Ps do marketing e implantação da gerência de relacionamento. Tecnologia e segmentação O conceito de tecnologia e segmentação tem a ver com a possibilidade — viabilizada por avanços tecnológicos — de coletar e armazenar dados de clientes, a fim de segmentá-los em grupos de interesse. Parcerias A ideia de parceria entra no estudo e na prática do marketing de relacionamento no momento em que são percebidas oportunidades de sinergia com outras empresas — às vezes até concorrentes. Nesse sentido, todos os participantes teriam algum tipo de benefício. Seleção e rejeição de clientes O conceito de seleção e rejeição de clientes trata de algo muito importante, a ser aprofundado na próxima unidade do curso. Todavia, em linhas gerais, cabe explicar que ele se refere à identificação dos clientes mais lucrativos para a empresa. Cadeia de relacionamento Por cadeia de relacionamento entende-se toda uma revisão dos processos do negócio em função do cliente. Esse conceito, inclusive, é mais referente a um tipo especial de clientes, como acionistas, fornecedores e funcionários (os tipos de clientes e suas especificidades serão discutidos em profundidade na Unidade 2 do curso). Na intenção de satisfazer esses clientes, o modelo de gestão como um todo pode ser reformulado. Reavaliação dos 4P’s A reavaliação dos 4 Ps faz referência aos 4 Ps do marketing: produto, preço, praça e promoção. A empresa engajada no marketing de relacionamento revê todos esses pontos, com o intuito de se alinhar às necessidades e desejos dos seus clientes. Implantação da gerência de relacionamento O último conceito do marketing de relacionamento, segundo Gordon (1998 apud SANTOS, 2015), é sobre a implantação da gerência de relacionamento. Isso significa dar um caráter oficial ao compromisso da empresa em criar relacionamentos com seus clientes. É quando a filosofia é tangibilizada no organograma da empresa, como se propriamente criassem um “departamento de gestão de relacionamentos”. Resumindo • No estudo e na prática do marketing de relacionamento, é possível enumerar alguns conceitos e componentes relacionados a essa filosofia organizacional, que visa à construção de relacionamentos lucrativos e satisfatórios entre empresas e seus clientes. • Tomando como referência o trabalho de Gordon (1998 apud SANTOS, 2015), os conceitos listados são como construtos teóricos que embasam a proposta de construção de relacionamentos entre empresas e clientes feita pelo autor. Seriam seis esses conceitos: tecnologia e segmentação, parcerias, seleção e rejeição de clientes, cadeia de relacionamentos,reavaliação dos 4 Ps do marketing e implantação da gerência de relacionamento. • Já os componentes do marketing de relacionamento fariam referência aos requisitos necessários à empresa para que possa implementar eficientemente ações de marketing de relacionamento. São oito: cultura e valores, liderança, estratégia, estrutura, pessoal, tecnologia, conhecimento ou percepção e processos. Os benefícios do marketing de relacionamento O ciclo de relacionamento entre empresas e clientes consiste em cinco etapas: conquista, ativação, retenção, fidelização e recuperação. Não basta chamar a atenção de um cliente e convencê-lo de que o seu produto ou serviço é o melhor (conquista), é necessário que ele de fato o consuma (ativação), não apenas uma vez, mas que se torne uma “prática” recorrente (retenção) e que não aconteça com qualquer um dos concorrentes (fidelização). Todavia, caso aconteça que algo não saia conforme o planejado e o cliente decida se relacionar com um concorrente, uma série de medidas podem ser tomadas a fim de reatar esse relacionamento (recuperação). A gestão do relacionamento com clientes popularizou-se por meio da sigla CRM (customer relationship management). O termo faz referência ao gerenciamento dos bancos de dados de empresas que empreendem esforços na construção de relações com seus clientes. Tem a ver com coleta, processamento, análise e distribuição dos dados. Esse verdadeiro sistema, como um todo, será tratado mais à frente no curso. Por ora, trataremos dos resultados obtidos por meio do CRM, dentro da filosofia do marketing de relacionamento: criação de valor, satisfação, retenção e fidelidade dos clientes. Resumindo: • Não são todos os tipos de negócios que conseguem tirar vantagem da adoção da filosofia do marketing de relacionamento. • A viabilidade de um posicionamento organizacional voltado para o marketing de relacionamento sustenta-se em um tripé que envolve: a existência da possibilidade de criação de um valor superior ao cliente, a existência de clientes tão lucrativos que compensem os custos da manutenção de um relacionamento e a adequação da cultura organizacional à proposta de foco principal no cliente. • A partir do marketing de relacionamento, espera-se alcançar os seguintes benefícios: criação de valor, satisfação, retenção e fidelização dos clientes. Resumo da unidade Nesta unidade, foi apresentada a proposta do marketing de relacionamento como uma filosofia holística que contempla — em benefícios — e arregimenta esforços da empresa como um todo no sentido de criar e manter relacionamentos satisfatórios e lucrativos com clientes relevantes. Em um contexto de concorrência crescente e saturação de mercado, a fim de as empresas se diferenciarem e terem um bom desempenho, a perspectiva no cliente passa a ser mister. O estudo e a prática do marketing de relacionamento envolvem conceitos e componentes específicos, os quais não podem sair de vista dos gestores de marketing. Como conceitos são listados: tecnologia e segmentação, parcerias, seleção e rejeição de clientes, cadeia de relacionamentos, reavaliação dos 4 Ps do marketing e implantação da gerência de relacionamento. Já os componentes são: cultura e valores, liderança, estratégia, estrutura, pessoal, tecnologia, conhecimento ou percepção e processos. Todavia, há de se estar atento quanto às especificidades do negócio no qual a empresa atua, a fim de identificar a viabilidade real da implementação de ações de marketing de relacionamento. Há de se certificar que existe a possibilidade de criação de um valor superior ao cliente; além disso, deve-se verificar a existência de clientes tão lucrativos que compensem os custos da manutenção de um relacionamento e, ainda, a adequação da cultura organizacional à proposta de foco principal no cliente. Atendidos esses requisitos, torna-se possível usufruir dos benefícios relacionados a essa abordagem: criação de valor, satisfação, retenção e fidelização dos clientes. Unidade 2 Clientes: conceito, tipos, foco e gestão Quem são os clientes? Se você respondesse que “são aqueles que consomem os produtos de uma determinada empresa”, você estaria no mínimo bastante limitado em sua resposta. Essa pergunta pode parecer fácil, mas na verdade ela esconde uma complexidade que não pode passar despercebida para aqueles interessados em praticar o Marketing de Relacionamento. A ideia do cliente/consumidor segue central na abordagem do Marketing como um todo, entretanto, o Marketing de Relacionamento contempla ainda uma série de outras personagens que também são considerados clientes, tais como o quadro de funcionários da empresa, por exemplo. Tipos: É possível diferenciar os clientes como Clientes Externos e Clientes Internos. Cada um desses tipos tem determinadas especificidades que devem ser levadas em conta pela empresa, para a construção de relacionamentos de qualidade e duradouros. Clientes externos: Estes fazem referência ao conceito de cliente que é amplamente conhecido — que são os consumidores finais da empresa, a quem seus produtos e/ou serviços são destinados. Podem ser indivíduos ou empresas. Existem diversas tipologias de classificação de clientes na literatura acadêmica de Marketing. Gordon (1998 apud SANTOS, 2015) diferencia os clientes externos quanto à intensidade do vínculo pelo qual se relacionam às empresas. Tal como numa escala, a cada estágio, o autor propõe respectivas ações, a fim de estreitar essas ligações. Clientes internos: Numa abordagem mais recente sobre o conceito de clientes de uma empresa, o estudo do Marketing de Relacionamento contempla também os clientes internos, que são todos os recursos humanos envolvidos na comercialização de determinado produto ou serviço. Desde a equipe de pesquisa e desenvolvimento, até a força de vendas. Tal abordagem reforça o caráter holístico do Marketing de Relacionamento, que visa a construção de relacionamentos satisfatórios e lucrativos com variadas interfaces de contato da empresa. Mercados e suas especialidades Clientes agrupados formam mercados, que podem ser de variados tipos. Kotler e Armstrong (2008 apud SANTOS, 2015) listam cinco tipos de mercado: consumidor, organizacional, revendedor, governamental e internacional. O estudo do Marketing de Relacionamento concentra a sua atenção nos dois primeiros tipos, que têm suas relações denominadas como B2C (business-to- consumer) e B2B (business-to-business), respectivamente. Mercado consumidor: No mercado B2C, o desenvolvimento tecnológico é apontado como um marco no modo de interação entre empresas e clientes. O cliente — cada vez mais individualizado — está mais bem informado, empoderado e em busca de originalidade, autenticidade. Nesse sentido, o Marketing de Relacionamento torna-se fundamental, pois não se trata mais da mera satisfação das necessidades do consumidor. Ele deseja “encantamento”, superação de expectativas. Por sua vez, as empresas tomam vantagem dos avanços tecnológicos ao conseguirem acesso aos seus clientes por meios mais fáceis, tais como a Internet, por exemplo. Mercado organizacional: Faz referência a empresas que têm outras empresas como clientes. Nesse mercado, o processo de compra é mais complexo: menos clientes, maior poder de compra e maior capacidade de negociação. O quadro a seguir sintetiza as especificidades do mercado organizacional, de acordo com Kotler e Armstrong (2008 apud SANTOS, 2015): • O conceito de cliente para o Marketing de Relacionamento é complexo e contempla mais do que apenas consumidores de produtose serviços. • Clientes podem ser categorizados como externos e internos, tomando a empresa como referência. • Clientes externos correspondem ao conceito popularmente conhecido de clientes, que são aqueles que consomem determinado produto ou serviço. • Clientes internos são todos os recursos humanos relacionados à cadeia produtiva da empresa (funcionários, gestores etc). • Cada tipo de cliente tem necessidades específicas que devem ser consideradas na construção e manutenção de relacionamentos. • Clientes podem ser agrupados em mercados. • Os dois principais tipos de mercado são o mercado consumidor (B2C) e mercado organizacional (B2C). • Cada mercado tem suas especificidades que devem ser contempladas a fim de garantir a qualidade do relacionamento entre empresas e clientes. Participantes no processo de compra Na intenção de sustentar um relacionamento com o cliente, é de extrema importância entender de que forma se dá um processo de compra. Em Administração de Marketing (KOTLER; KELLER, 2006), os autores defendem um processo de compra que consiste em cinco etapas: reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação de alternativas, decisão de compra e comportamento pós- compra. O que influencia o processo de compra? Fatores culturais: Os fatores culturais são tidos como aqueles mais importantes quanto às atitudes e às predisposições do sujeito. Eles fazem referência a subculturas — relacionadas a nacionalidades, religiões e etnias, por exemplo — e o pertencimento a classes sociais distintas. Na intenção de reter e fidelizar seus clientes, a empresa deve estar atenta ao perfil cultural de seu público-alvo, a fim de manter a oferta de seus produtos alinhada às especificidades dele. Fatores socais: Os fatores sociais tratam dos grupos de referência, da família, dos papéis sociais e status do cliente. Os grupos de referência podem se dar por afinidade (primários, como familiares, amigos e vizinhos, por exemplo, ou secundários, como grupos religiosos, associações de classe etc). A influência por grupo pode acontecer por inspiração — quando se deseja o alinhamento a um determinado grupo — ou por dissociação — quando ocorre o contrário e o cliente deseja justamente diferenciar-se dele. Uma personagem que deve receber atenção das empresas que intentam construir relacionamentos com seus clientes é a líder de opinião, que tem forte influência sobre os demais integrantes e é capaz de engajá- los em torno de uma mesma ideia. Quanto à família, mudanças na constituição familiar devem ser levadas em consideração, a fim de não manter uma posição retrógrada quanto ao conceito de família. Mães/pais solteiros, união homoafetiva, casais sem filhos. É mister que os gestores de marketing mantenham-se atualizados a respeito das especificidades do público que pretende atingir. Fatores pessoais: Os fatores pessoais de influência no processo de compra têm a ver com idade, estágio no ciclo de vida, a ocupação e as circunstâncias econômicas na qual o cliente se encontra, sua personalidade, autoimagem, o estilo de vida e valores que pratica. A fim de criar identificação e conduzir de maneira eficiente o processo decisório de compra a seu favor, empresas investem em campanhas de propaganda que traduzam diversas características pessoais dos clientes que pretendem atingir. Fatores psicológicos: Sobre os fatores psicológicos, Kotler e Keller (2006) tratam de processos cognitivos relacionados a motivação, percepção, aprendizagem e memória. Sobre motivação, os autores consideram as teorias de Maslow (hierarquia das necessidades), Freud (influência do inconsciente) e Herzberg (teoria dos dois fatores) como alternativas que explicam como se dá a motivação do cliente na escolha por determinado produto/serviço. Quanto à percepção, são apresentados diversos mecanismos de interferência, tais como o de atenção seletiva: que trata da incapacidade do ser humano de observar todo o estímulo que sofre, selecionando aqueles que lhe são mais convenientes/atraentes; distorção seletiva: sobre a construção de significados muitas vezes diferentes do que aquele intentado pelo emissor; retenção seletiva: quando os clientes só retêm as informações que confirmam suas crenças e valores; e percepção subliminar: tais como mensagens que vêm de certa forma “embutidas”, além da percepção consciente dos consumidores. Pilares do relacionamento Sobre a busca pela construção de relacionamentos satisfatórios e rentáveis entre empresas e seus clientes, já se tem claros os conceitos e componentes envolvidos, os benefícios dessa busca, toda a complexidade da noção de cliente e também do processo decisório envolvido no consumo. Já se tem estabelecido na compreensão do Marketing de Relacionamento, tal como uma filosofia organizacional, o alinhamento de diversos aspectos “intangíveis” da organização, tais como cultura, valores e direcionamento estratégico, por exemplo (Unidade 1). A unidade 2 caminha para o fim com uma primeira introdução sobre os aspectos técnicos envolvidos no Marketing de Relacionamento, os pilares operacionais do Marketing de Relacionamento, assim como uma apresentação do sistema de CRM (Customer Relationship Management), que muitas vezes é confundido como sendo a principal — se não única — forma de execução do Marketing de Relacionamento. Como o marketing de relacionamento se sustenta? De acordo com Parvatiyar e Sheth (2000 apud DANGELO; SCHNEIDER; LARÁN, 2006) a implementação do Marketing de Relacionamento se sustenta sobre quatro pilares operacionais. São eles: Processos: Uma empresa que pretende desenvolver relacionamentos com seus clientes há de desenhar seus processos em torno desse objetivo. Desde os processos envolvidos com a pesquisa e o desenvolvimento dos produtos, ou o desenvolvimento de políticas de recursos humanos (tomando o cliente interno como referência), até aqueles relacionados ao ponto final de contato com os consumidores devem ser pensados visando a colaboração com esse objetivo principal. Todos os processos da cadeia produtiva devem estar integrados e coordenados com a filosofia do Marketing de Relacionamento. Infraestrutura: Para que os processos funcionem de maneira adequada, há de existir uma infraestrutura coerente com a sua viabilização. Tal infraestrutura contempla sistemas de atendimento ao cliente eficazes, por exemplo, a fim de que a coleta de dados junto aos clientes seja otimizada, colaborando com uma percepção mais apurada das necessidades dos clientes. Ferramentas de análise: As ferramentas de análise tratam dos softwares de processamento de dados necessários para a modelagem e significação das informações coletadas junto aos consumidores. Com tais adventos tecnológicos, a acessibilidade às informações deve ser garantida, servindo de base para uma tomada de decisão dos gestores mais informada, satisfazendo as necessidades dos clientes e solidificando os relacionamentos. O sistema de CRM (que muitas vezes é confundido como sendo ele só toda a filosofia do Marketing de Relacionamento) é referenciado como uma dessas ferramentas, por exemplo. Métricas: Não adianta a implementação de todo um sistema de gestão de relacionamentos com clientes se não são realizadas avaliações periódicas tanto do seu desempenho, quanto do impacto de sua implementação nos resultados da empresa como um todo. As métricas servem como referência e ainda podem ser úteis na identificação de pontos de melhoria específicos, que tornam uma reformulação mais precisa e eficiente. Métodos como os de balanced scorecard e economic value added são citados como exemplos (D’ANGELO;SCHNEIDER; LARÁN, 2006). CRM: Customer relationship management Nunca é demais reforçar o seguinte: CRM não resume todo o conceito de Marketing de Relacionamento. Trata-se da operacionalização de toda a filosofia de caráter holístico que vem sido apresentada, articulando a coleta, o armazenamento, o processamento e a distribuição dos dados e informações obtidos com os clientes. A definição per se de CRM ainda é considerada confusa, mas ela pode ser delimitada como um sistema tecnológico de coleta, armazenamento e processamento de dados, cujo objetivo é o de tornar acessíveis informações de relevância à construção e manutenção de relacionamentos satisfatórios e lucrativos entre empresas e clientes. Nessa breve descrição, cabe chamar atenção para a diferenciação feita entre dados e informações. O dado, considerado isoladamente, pode não ser de grande serventia para um gestor. O cruzamento de um volume considerável de dados, por meio de técnicas de modelagem quantitativa, pode estabelecer relações e correlações bastante valiosas para os gestores. É o momento no qual dados transformam-se em informações, capazes de otimizar o desempenho dos mais diversos tipos de negócios. Outro ponto que merece ser destacado dessa definição é sobre a acessibilidade. Os dados e informações devem estar disponíveis, ao alcance de todos os agentes da organização responsáveis pela implementação das ações de Marketing, para que assim as decisões não sejam tomadas de maneira desinformada. Todo o conhecimento produzido por meio do CRM torna-se a base para a projeção de cenários mais relacionados à realidade da empresa e do mercado no qual ela atua, tornando mais provável a conquista de melhores resultados. A consulta a uma página de buscas na Internet pela expressão customer relationship management software retorna diversos anúncios com as mais variadas ofertas de softwares de CRM. As opções são várias. Diferenciam-se quanto aos mais diversos critérios, tais como a possibilidade de armazenamento em nuvem, suporte e preço, por exemplo. Existem inclusive opções gratuitas e open-source (quando o desenvolvimento do software é aberto). A escolha por um software específico depende das especificidades da empresa. Se grande, ou pequena, quantidade de clientes, capital disponível para investimento, dentre outros. Resumo da unidade O curso de Marketing de Relacionamento encerra sua segunda unidade tendo apresentado uma análise aprofundada do conceito de cliente e do seu comportamento de consumo, junto de uma introdução ao sistema de Customer Relationship Management. O conceito de cliente tornou-se mais complexo. Considerando não apenas os clientes externos, mas também os clientes internos, é ratificado o caráter holístico do tema. Os principais mercados — consumidor (B2C) e organizacional (B2B) — foram explicados, cada um com suas especificidades, que devem ser consideradas, na intenção de garantir a boa construção e manutenção de relacionamentos. Sobre o comportamento do consumidor e o processo decisório envolvido no ato de compra, foi descrito um processo de cinco etapas que tratam desde a “identificação” de uma necessidade que pode ser suprida pelo consumo de algum produto ou serviço até o pós-compra, em que não se deve perder de vista a satisfação dos clientes. Ainda sobre esse tema, foram identificados diversos fatores de influência, que podem ser desde predisposições assimiladas culturalmente até engenhosos mecanismos cognitivos, muitas vezes realizados inconscientemente. Desse certo grau de abstração, retorna-se à operacionalização da filosofia do Marketing de Relacionamento, com base em quatro pilares operacionais — processos, infraestrutura, ferramentas de análise e métricas — por meio do CRM. O sistema eletrônico que viabiliza a coleta, o armazenamento e o processamento de dados, transformando-os em informações, fornece insumo para que gestores tomem suas decisões de maneira mais eficiente, fiquem bem informados, adequando aquilo que têm para oferecer às demandas dos seus clientes. Unidade 3 Em busca da fidelidade dos clientes Satisfação dos clientes Sob o ponto de vista do cliente, o conceito de satisfação é antecedido pela questão do valor. O valor é um conceito abstrato. A percepção de valor superior de uma determinada oferta frente às outras opções disponíveis é o fator que define a escolha do cliente. Diante de uma série de custos relacionados ao ato de consumo, contrapõem-se uma série de benefícios (valores) que têm a ver com diversos aspectos que acabam resultando numa percepção total de valor a ser entregue para o consumidor. Kotler e Keller (2006) propõem os conceitos de Valor Total para o Cliente (VTC) e Custo Total para o Cliente (CTC) como variados fatores tangíveis e intangíveis dos quais dependem a percepção de valor entregue para o cliente — que os autores chamam de Valor Percebido pelo Cliente (VPC). Sobre o VTC tem-se um valor propriamente monetário do somatório dos benefícios que determinado produto ou serviço pode oferecer. Nesse sentido, são contemplados aspectos econômicos (valor do produto), psicológicos (valor da imagem) e funcionais (valor do serviço, valor do pessoal). Da mesma forma, o CTC trata da compilação dos custos relativos ao consumo de determinada oferta de uma empresa. Desde propriamente o valor cobrado por ela (custo monetário), até custos psíquicos — que podem ter a ver com uma mudança no estilo de vida, por exemplo —, custos de tempo e custos de energia física — como no caso das compras que só podem ser feitas em determinado local, sem serviços de entrega, por exemplo. Tem-se uma situação bastante favorável quando o VTC se sobrepõe ao CTC, resultando num melhor VPC. A percepção de valor pelo cliente será maior se os custos totais para o consumo de determinado item forem inferiores aos benefícios (valores) que ele oferece. Nessa ponderação é que está o trabalho do especialista de Marketing. Dentro de uma abordagem de Marketing de Relacionamento, especificamente, a fim de consolidar o relacionamento com seus clientes, a empresa deve ter como objetivo reduzir os custos e aumentar o benefício a ser ofertado por meio de seus produtos e serviços. A empresa deve apresentar uma atrativa proposta de valor — entendida como o conjunto de vantagens e diferenciais inerentes às suas ofertas, como se fosse um tipo de “promessa” — para que seus consumidores se mantenham fiéis. O conceito de satisfação tem muito a ver com a proposta de valor idealizada pela empresa. A satisfação se dá justamente pelo resultado da comparação entre aquilo que foi prometido — e gerou expectativas no cliente — e o desempenho real do produto ou serviço consumido. Se a realidade é coerente ou supera as expectativas, o cliente fica satisfeito. Caso a percepção do valor recebido fique aquém da proposta de valor, isso gera frustração. Há de se chamar atenção para o fato de que a busca pela satisfação do cliente não é a única motivação da empresa. Uma empresa, antes de tudo, existe com o objetivo de gerar lucro. Dessa maneira, os investimentos empreendidos na oferta de um valor superior aos clientes não devem se tornar uma fonte de prejuízos para a empresa. Dentre os componentes do Marketing de Relacionamento, “conhecimento ou percepção” é aquele que tem a ver com a necessidade da empresa de tomar ciência de como suas ações de Marketing de Relacionamento estão repercutindo junto aos seus clientes. Quanto à satisfação, tal acompanhamento também se faz necessário, a fim de que ajustes possam ser feitos e a relação com o clientese mantenha ativa e lucrativa. A realização de levantamentos periódicos com a finalidade de aferir o grau de satisfação dos clientes trata justamente do questionamento junto aos consumidores sobre a satisfação quanto ao desempenho dos produtos ou serviços consumidos. A probabilidade de repetir a compra ou de recomendar a empresa para pessoas do círculo social também podem ser inquiridas nesse tipo de ação. Empresas que se balizam pelo índice de perda de clientes estão atentas à quantidade de consumidores que ou passou a escolher as empresas concorrentes, ou simplesmente pararam de consumir determinado produto ou serviço. Já o uso de compradores misteriosos faz referência à “contratação de clientes”, que de forma oculta, experimentam todo o processo de compra da empresa, a fim de 16valia-lo, apontando os pontos fortes e fracos, sugerindo melhorias. Muitas vezes são gestores da própria empresa que realizam tal atividade, mas existem também empresas especializadas que oferecem esse tipo de serviço, arregimentando candidatos pela internet para consumir e avaliar os mais diferentes tipos de produtos e serviços. Valor dos clientes Tentar agradar a todos, ou à maior parte dos consumidores de uma empresa, pode parecer uma ação lógica na abordagem tradicional do Marketing. Todavia, para o Marketing de Relacionamento, esse pode ser um equívoco com potencial de comprometer fatalmente o desempenho de uma empresa. Dentre os conceitos relacionados ao Marketing de Relacionamento, existe aquele que trata da seleção e rejeição de clientes, como sendo algo muito importante para a rentabilização de relacionamentos entre empresas e seus consumidores. A ideia de escolher um grupo “certo” de clientes se faz necessária, porque a manutenção de relacionamentos envolve uma série de custos. Quando os custos envolvidos em atração, retenção e fidelização de um cliente não são compensados pela receita que esse mesmo cliente gera, a empresa amarga um sério prejuízo. De acordo com Kotler e Keller (2006), o cliente lucrativo é “uma pessoa, família ou empresa que, ao longo do tempo rende um fluxo de receita que excede por uma margem aceitável o fluxo de custos de atração, venda e atendimento relativos a ele” (2006, p. 147). Nota-se que a ideia de lucratividade está bastante relacionada à proposta de relacionamento, uma vez que se trata de um “fluxo”, observado “ao longo do tempo”. Isso vai de encontro a qualquer raciocínio que atribuísse maior importância ao fechamento de uma única venda com uma ampla margem de lucro, em detrimento da construção de um relacionamento com lucros crescentes e constantes. Perspectivas sobre o valor do cliente Kotler e Keller (2006) chamam a atenção para sete pontos que vêm sendo bem discutidos na academia a respeito do valor do cliente, consolidado como um interessante nicho de pesquisa acadêmica: 1. Sobre a necessidade de se compilar informações dos clientes fora do contexto organizacional, mas do setor no qual a empresa atua como um todo. 2. A importância de estar atento aos efeitos da gestão do Marketing sobre o orçamento empresarial. 3. Quanto à busca por uma ajustada formulação de estimativas de receitas futuras. 4. Sobre a necessidade de pensar o VCLT como algo a ser maximizado. 5. Quanto ao engajamento da organização como um todo no processo de gestão de clientes. 6. Sobre a importância do sigilo dos dados coletados junto aos clientes. 7. Sobre o CRM como um verdadeiro instrumento de melhoria na interação entre empresas e clientes. Lealdade e programas de fidelidade O termo lealdade tem a ver com a consolidação de determinada empresa como fornecedora única de determinada oferta. Aos olhos do cliente fidelizado, essa empresa específica oferece da melhor forma possível algum produto e/ou serviço, tornando as alternativas apresentadas pelas concorrentes menos interessantes. Até esse ponto já é sabido que, tomando o ciclo de relacionamento entre empresas e clientes como referência, o estágio da fidelização é visto meio que como um ponto de chegada. Todavia, já é claro também que esse ponto de chegada esconde em si uma desafiadora dinâmica, na qual a empresa deve se esforçar a fim de estar atenta às novas demandas que podem surgir dos seus consumidores. Nesse sentido, a compreensão do comportamento do consumidor e todos os fatores envolvidos no seu processo decisório de compra, assim como uma ajustada proposta de valor, atinente aos benefícios mais relevantes para o grupo de clientes de maior lucratividade, fazem-se necessárias. A partir daí, estratégias precisam ser traçadas para que o relacionamento — por meio do consumo — perpetue-se e tanto os clientes sigam satisfeitos, quanto as empresas consigam lucrar com essa relação. Há quem duvide da eficiência de tais programas, alegando que o conceito de fidelidade não seria aplicável a questões de consumo. Os defensores desse posicionamento alegam que, no máximo, seria possível aumentar as chances de recompra, com a elaboração de contratos de longo prazo, descontos para consumidores que compram em grandes quantidades e a transformação de produtos em serviços de longo prazo. Todavia, os programas de fidelidade estão consolidados no mercado como uma ferramenta bastante útil ao Marketing de Relacionamento. Santos (2015) lista seis diferentes modelos de programas de fidelização: • Modelo de recompensa: nesse modelo, o cliente é recompensado pela repetição da compra. Por exemplo: juntando dez cupons impressos na embalagem da pizza, o cliente ganha uma pizza. • Modelo educacional: tem a ver com a criação de um ciclo de comunicação interativa, oferecendo e recebendo informações dos clientes acerca dos produtos/serviços consumidos. Uma fabricante de máquinas de café expresso que oferece cursos sobre degustação de café, por exemplo. • Modelo contratual: com o pagamento de algum tipo de taxa, o cliente passa a fazer parte de um tipo de “clube”, ao qual são designados uma série de benefícios. • Modelo de afinidade: quando são agrupados clientes com um forte grau de interesse em determinado produto, como se fosse um fã- clube. • Modelo de serviço de valor agregado: a empresa oferece aos seus clientes uma série de serviços relacionados ao seu negócio. Por exemplo: uma empresa de venda de condicionadores de ar, que oferece também o serviço de instalação e consultoria. • Modelo de alianças ou complementares: a empresa desenvolve parcerias com outras empresas — não concorrentes — a fim de oferecer algum tipo de benefício para o cliente. Por exemplo: um parque de diversões se associa a um site de venda de pacotes turísticos e o cliente que adquire ingressos por intermédio desse site recebe descontos, ou brindes. Em linhas gerais, o que os programas de fidelidade fazem é aproximar cada vez mais clientes e empresas, estimulando a frequência e um aumento na intensidade das oportunidades de contato. Tais interações, idealmente, servem a ambas as partes: os clientes, se sentindo mais bem atendidos e mais satisfeitos e a empresa, com a chance de coletar informações cada vez mais precisas e otimizando seus recursos em busca de lucros maiores. Resumo da unidade Nesta unidade foram tratados aspectos práticos do Marketing de Relacionamento. Partindo do conceito de satisfação do cliente, aprofunda-se sobre a questão do valor do cliente, quanto à sua lucratividade, terminando com uma análise sobre uma das ações mais conhecidas de Marketing de Relacionamento: os programas de fidelidade. Toda empresa idealiza uma proposta de valor atinente àquilo que oferece no mercado. Os consumidores, a partir dessaproposta, criam suas expectativas que se atendidas — ou superadas — geram satisfação. Do contrário, a frustração pode comprometer a manutenção de um relacionamento com a empresa. A satisfação do cliente depende da percepção de valor que ele faz do produto/serviço consumido. Essa, por sua vez, é o resultado da comparação entre os custos e os benefícios oferecidos pelo objeto de compra. Satisfação é um conceito dinâmico. A fim de manter o cliente satisfeito, as empresas devem estar atentas tanto aos benefícios que oferecem quanto ao grau de satisfação que consegue atingir junto ao seu público-alvo. Partindo da ideia de que todo relacionamento incorre numa série de custos, é mister selecionar os melhores clientes, com os quais se justifique a criação e manutenção de uma relação satisfatória e lucrativa. Seleção e rejeição dos clientes é um conceito do Marketing de Relacionamento. Os clientes considerados valiosos para uma empresa são aqueles que mais trazem lucro. Em linhas gerais, o cálculo da lucratividade de um cliente toma como referência o quanto de receita determinado consumidor gera, descontados os custos envolvidos no atendimento de suas necessidades. Aos clientes de alto valor, são oferecidos os programas de fidelidade — que são ações bastante conhecidas da filosofia do Marketing de Relacionamento. A fim de estreitar e intensificar o relacionamento com seus consumidores, as empresas oferecem um tratamento diferenciado por meio dos programas de fidelidade. Podem ser observadas três abordagens principais na idealização de tais programas. Na abordagem que oferece acréscimos nos benefícios financeiros dos clientes, à medida que as interações se repetem, gratificações de cunho financeiro são oferecidas aos clientes, tais como descontos, ou isenções de algum pagamento. Na abordagem com acréscimo de benefícios sociais, os melhores clientes recebem um tratamento diferenciado, por uma classificação premium, que pode representar uma série de vantagens. E, finalmente, programas de fidelidade com acréscimos de vínculos estruturais são aqueles que aproximam o cliente da estrutura da empresa relacionada à sua compra. Ao cliente é oferecida certa ciência dos processos internos relacionados à sua interação com a organização. Unidade 4 Estratégias do marketing de relacionamento Principais estratégias Ao contrário do Marketing tradicional, o Marketing de Relacionamento não tem como foco principal a atração da maior quantidade possível de clientes. A atenção é direcionada mesmo à identificação daqueles que mais trazem lucros para a empresa, sua retenção e fidelização. Todavia, ainda dentro desse raciocínio de criação e gerenciamento de relações, em algum momento, há de se pensar na captação de clientes. De acordo com Santos (2015) esse processo se dá em duas grandes etapas, relacionadas à observação de um mapa percentual de posicionamento e aos conceitos de diferenciação e vantagem competitiva. Trata do resultado de uma série de pesquisas e análise estatística de dados, a fim de identificar de que forma uma empresa se posiciona relativamente num mercado específico, junto aos seus competidores. Informações são coletadas com base em critérios que tenham relevância em determinado mercado e seus principais participantes são posicionados, proporcionando ao gestor de Marketing uma ideia de onde e como ele poderia se posicionar, a fim de atrair seus consumidores. Isso se dá com o intuito de criar e desenvolver um posicionamento vantajoso frente aos concorrentes, tornando-se a melhor opção disponível para um público-alvo específico. Nesse sentido, a atenção às demandas do público que se pretende atingir é fundamental. A ciência do mercado e como os diferentes participantes se posicionam foi o primeiro passo. A permanência de uma empresa num determinado mercado depende justamente da sua capacidade de diferenciação e de como ela será capaz de oferecer uma vantagem competitiva aos seus consumidores. Vantagem competitiva: acontece quando tem-se algo bem particular de uma empresa, que nenhum dos seus concorrentes seria capaz de oferecer. É o seu diferencial, o que a destaca de um mercado tomado por concorrentes com ofertas similares. Diferenciação: A forma de se diferenciar é algo bastante complexo, e a noção de “foco no cliente” defendida pelo Marketing de Relacionamento fica bem evidente nesse sentido. Isso porque não faz sentido diferenciar-se num aspecto que o cliente não valorize, pois tal diferenciação pode passar despercebida. Além disso, é preciso viabilizar uma diferenciação dita “sustentável”. Pensar em satisfazer o cliente por meio da oferta de uma vantagem competitiva bastante sofisticada, mas sem levar em consideração os custos envolvidos, pode comprometer fatalmente o objetivo maior da empresa, que é gerar lucros. A escolha por um único (e bem estabelecido) diferencial, de custo coerente (sustentável) com o negócio da empresa configura a proposição de valor da empresa e é a chave para o sucesso das estratégias de captação de clientes. Santos (2015) defende um processo de seis etapas por meio do qual a empresa pode ter uma percepção apurada de quão satisfeitos estão os seus clientes — as etapas contemplam desde a idealização da pesquisa até a análise dos resultados e a divulgação de relatórios. Por esse levantamento junto ao público-alvo, os gestores de Marketing tomam ciência dos pontos fortes e fracos atinentes às ofertas da empresa, embasando mudanças que podem gerar tanto maior satisfação aos clientes, quanto maiores lucros para a organização. Planejando o relacionamento Gordon (1998 apud SANTOS, 2015) descreve um processo de planejamento de relacionamento em oito etapas. Trata-se de uma esquematização do Marketing de Relacionamento, que vai desde uma fase “pré-relacionamento”, até as mudanças relacionadas à adoção da perspectiva do cliente por uma empresa, visando à construção e manutenção de relações satisfatórias e lucrativas. • Plano para um plano; • Avaliação do cliente / Benchmarking / Avaliação da empresa; • Declaração de oportunidade; • Estado futuro; • Caso empresarial; • Administração da mudança e implementação. Em linhas gerais, a primeira etapa (Plano para um plano) trata de uma fase anterior à idealização do plano propriamente dito, em que são definidas a abrangência e as limitações do plano. As três fases seguintes (Avaliação do cliente, Benchmarking e Avaliação da empresa) têm a ver com análises internas e externas referentes aos clientes, ao mercado e às capacidades organizacionais. As três fases seguintes (Declaração de oportunidade, Estado futuro e Caso empresarial) tratam de um desdobramento das três fases anteriores, tal como uma afirmação acerca daquilo que o plano pretende cumprir. E, finalmente, a última fase (Administração da mudança e implementação) trata da execução do plano na dinâmica da empresa. Database marketing Após tomar ciência das estratégias envolvidas na transformação da filosofia do Marketing de Relacionamento em ações concretas na dinâmica organizacional, essa aula direciona o foco de atenção para o primeiro estágio da tecnologia envolvida no Marketing de Relacionamento: o Database Marketing. O Database Marketing tem uma origem semelhante à origem do Marketing de Relacionamento. Em meados dos anos 1980, com todo o desenvolvimento tecnológico referente à informática e às comunicações, coleta, armazenamento e processamento de dados começavam a se tornar mais acessíveis e necessários, num mercado cada vez mais competitivo e saturado. Há de se compreender que, por “dados”, tem-se mais doque dados demográficos, tais como nome, idade, gênero, endereço etc. A fim de construir um banco de dados robusto e útil à gestão de relacionamentos com clientes, uma empresa deve coletar e armazenar dados psicográficos de seus consumidores, sobre suas preferências quanto aos meios de comunicação, referente às compras e diversos tipos de interações... As categorias e a quantidade de dados necessários variam conforme o negócio e o tipo de cliente com o qual o relacionamento será contemplado. O Database Mining faz referência justamente ao tratamento estatístico dos dados. O estabelecimento de correlações, desenvolvimento de modelos, dentre outras modelagens quantitativas transformam os dados coletados em informações úteis aos gestores. Dessa forma, o processo decisório se dá de maneira informada, ajustando as ofertas da empresa à realidade — e às expectativas — de seus consumidores. Vantagens do database marketing Kotler e Keller (2006) destacam cinco principais funções do Database Marketing, referentes ao Marketing de Relacionamento: • Identificar clientes potenciais; • Adequar promoções especiais a clientes específicos; • Identificar a fidelidade de clientes; • Reativar compras de clientes; • Evitar erros com clientes. Desafios do database marketing Algumas limitações podem ser atribuídas ao uso do Database Marketing. O alto custo envolvido em sua implementação há de ser levado em consideração. Existe também a dificuldade no engajamento de todos os recursos humanos nessa nova perspectiva empresarial, atenta à satisfação de necessidades e desejos dos clientes. Tem-se ainda questões de privacidade, relacionadas à coleta e ao armazenamento de dados dos consumidores que podem não desejar esse relacionamento próximo com uma empresa. E, de forma geral, o risco envolvido na prática de inferências com base em dados estatísticos. As decisões são tomadas fundamentando-se em dados, mas existem diversos vieses que comprometem a garantia de resultados exatos. Kotler e Keller (2006) listam ainda quatro situações nas quais o uso do Database Marketing não é necessário: • Quando a empresa negocia algum item de consumo único; • Quando a empresa negocia num mercado de baixa fidelidade de consumidores a marcas/empresas; • Quando a unidade de venda é muito pequena; • Quando o custo para a coleta de informações excede o orçamento organizacional, comprometendo a lucratividade da empresa. CRM – customer relationship management É possível argumentar que o CRM é uma espécie de evolução do Database Marketing. Como apresentado na aula anterior, em meados dos anos 1980, a atenção à perspectiva do cliente ganha espaço. Nesse sentido, os gestores de Marketing perceberam que mais eficiente seria investir na construção de relacionamentos que garantissem lucros ao longo prazo para a empresa. Para criar e manter relacionamentos, era necessária a criação de bancos de dados com as informações dos clientes. Dados demográficos, psicográficos, relacionados ao seu comportamento de consumo... Verdadeiros Data Warehouses eram construídos e, por intermédio do Data Mining, procedimentos estatísticos eram empregados a fim de se extrair informações que subsidiassem o processo decisório dos gestores, no que se referia às ações de Marketing. Até então, muito se falou sobre a importância dos dados, sobre como por meio deles os gestores podem extrair informações valiosas para o bom desempenho da empresa. Em sistemas de CRM, diversas formas de interação podem ser transformadas em oportunidades para a coleta desses dados — tanto internamente, quanto externamente. O cruzamento desses dados em tratamentos estatísticos é que faz a “mágica” do CRM acontecer, indicando aos gestores importantes pontos de melhoria na dinâmica da empresa. Nesse sentido, há de se identificar quais deles são relevantes e merecem ser armazenados nos bancos de dados dos sistemas de CRM. A compra de dados pode ser uma alternativa. Muitas empresas hoje em dia especializaram-se na coleta de dados, oferecendo a outras empresas verdadeiros portfólios de clientes dos mais variados segmentos. Cabe à empresa ponderar sobre os benefícios e os riscos envolvidos nesse tipo de aquisição — uma vez que foge de seu controle a observação acerca do método de coleta de tais dados. Santos (2015) afirma que existem quatro abordagens principais para o desenvolvimento de bancos de dados em sistemas de CRM. São eles: Construção de listas Uma abordagem bastante útil a empresas que estão iniciando (ou renovando) seus sistemas de CRM. Trata da obtenção de dados por meio de cupons, Internet, realização de concursos, dentre outros. Checagem de dados Tem a ver com a constante vigilância que se deve ter tanto quanto ao rigor do método de coleta, como quanto à defasagem dos dados, que podem se tornar obsoletos com o passar do tempo. O sucesso do CRM pode depender da checagem sistemática dos dados armazenados. Conquista de novos clientes Com um banco de dados já inicialmente construído, diversas ações podem ser empreendidas para aumentar as oportunidades de contato e estreitar o relacionamento com clientes em potencial. Fidelização dos clientes existentes A fidelização se dá justamente por um conhecimento cada vez mais profundo do cliente. Com esse objetivo em vista, a coleta de dados se intensifica, na intenção de otimizar o relacionamento entre empresas e clientes. Enquanto as organizações podem tornar seus processos de produção mais eficientes, atentas às necessidades de seus consumidores, os clientes acabam ficando cada vez mais satisfeitos, ao perceberem que suas demandas são atendidas. Tão importante quanto implementar um sistema de CRM e abastecê- lo com os dados de melhor qualidade e alta relevância para a empresa, é a sua avaliação de desempenho. De antemão, há de se estabelecer quais serão os critérios utilizados para avaliar o desempenho do Marketing de Relacionamento por intermédio do CRM. Isso se dá partindo-se de uma noção clara dos objetivos que se pretende alcançar com a prática da filosofia e adoção do sistema. São considerados bons parâmetros para esse tipo de análise a observação dos benefícios proporcionados pelo Marketing de Relacionamento: sejam eles subjetivos, sejam financeiros. Barreto e Crescitelli (2013 apud SANTOS, 2015) citam diversos benefícios subjetivos e financeiros do Marketing de Relacionamento. Todavia, chamam a atenção para a satisfação e fidelidade do cliente (dentre os subjetivos) e aumento do valor vitalício da base de clientes e diminuição do índice de perda de clientes (dentre os financeiros) como sendo de maior relevância para essa avaliação de desempenho. A mensuração de tais benefícios demanda recursos humanos especializados, capazes de identificar os dados que podem servir como índices de tais benefícios. Uma vez estabelecidas essas relações, a atenção a essas avaliações periódicas pode garantir o sucesso de toda a implementação e manutenção do Marketing de Relacionamento. Resumo da unidade Nesta unidade tratou-se da viabilização da filosofia de Marketing de Relacionamento em ações, por meio de estratégias de captação, retenção e fidelização de clientes e do uso do aparato tecnológico representado pelo Database Marketing e o sistema de Customer Relationship Management (CRM). Enquanto as estratégias de captação têm a ver com o desenvolvimento e a observação de um mapa percentual de posicionamento e da diferenciação por meio do estabelecimento de uma vantagem competitiva, as estratégias de retenção e fidelização tratam da mensuração periódicada satisfação dos clientes pelas pesquisas de satisfação e a implementação de programas de fidelidade. Tomando como referência a tecnologia disponível nos dias de hoje, o Database Marketing pode ser considerado como o primeiro estágio tecnológico que viabilizou a prática da filosofia do Marketing de Relacionamento. O processamento dos dados coletados em informações subsidia o processo decisório dos gestores de Marketing, otimizando o relacionamento com seus clientes. Como vantagens desse processo, podem ser destacadas a identificação de clientes potenciais, adequação de promoções especiais a clientes específicos, identificação da fidelidade de clientes, reativação de compras de clientes, identificação de possíveis erros e otimização/personalização da comunicação com os clientes. O Customer Relationship Management, por sua vez, pode ser visto como uma evolução do Database Marketing, tal como uma solução tecnológica que sistematiza todo o processo de coleta, armazenamento, processamento e acessibilidade de dados, viabilizando a prática da filosofia do Marketing de Relacionamento. Nesse sentido, há de se identificar quais dados são relevantes e merecem ser armazenados nos bancos de dados dos sistemas de CRM. A prática do Marketing de Relacionamento por intermédio do sistema de CRM resulta numa série de benefícios que servem também como parâmetros para a mensuração da eficácia das ações empreendidas e o sucesso de sua proposta — de criar e manter relações satisfatórias e lucrativas com clientes — depende de revisões constantes de sua prática, com base em avaliações periódicas de seu desempenho.
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