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Remuneração Estratégica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III • Transformando Custos Fixos em Variáveis: A Remuneração Variável ; • Remuneração Variável de Curto Prazo; • Remuneração Variável de Longo Prazo; • Construção de um Modelo de Remuneração Variável; • Participação Acionária. • Remuneração variável de curto e longo prazo; • Mostrar a construção de um modelo de remuneração variável; • Apresentar a participação acionária no modelo de remuneração variável. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III Transformando Custos Fixos em Variáveis: A Remuneração Variável A política de remuneração de uma empresa consiste em um conjunto de dife- rentes formas de recompensa que se complementam e objetivam alinhar atitudes e comportamentos com as metas da empresa. Assim, dentre as diversas formas que compõem este mix, as alternativas de remuneração variável são aquelas que melhor se adequam a busca de resultados com a recompensa (WOOD JR.; FILHO, 2009). Segundo Pontes (2011), a remuneração variável, desde que ligada às metas orga- nizacionais, é a principal modalidade de remuneração estratégica, pois incentiva o “ganha-ganha” empresarial. Assim, os autores Wood Jr. e Filho (2009) sinalizam que como consequência dos frequentes processos de mudança organizacional que as empresas têm sofrido ao longo das últimas décadas (transição da era industrial para a pós-industrial), a remu- neração variável surge como uma nova alternativa de gerar competitividade para as empresas através da atração e retenção de talentos. Assim, surge nas empresas a necessidade de rever seus sistemas de apoio que se tornaram obsoletos com a nova realidade gerencial que tem sido implantada na organização. A modernização dos sistemas organizacionais de uma empresa não pode estar divorciada de uma alteração do sistema de remuneração. Caso isso ocorra, cria-se, no decorrer desse processo, uma enorme distância entre o novo modelo organizacional e a forma como a empresa remune- ra seus funcionários. A nova filosofia organizacional fala sobre o trabalho em grupo, melhoria contínua e orientação para os resultados, já os modelos tradicionais de remuneração valorizam descrições de cargos, possui foco no indivíduo, pagando salário fixos. Ex pl or Caro aluno, ficou claro para você a contradição com a qual as empresas têm se deparado? É a partir deste ponto de contradições que nossa discussão se voltará para a relação da remuneração variável com os objetivos organizacionais. Objetivos da Remuneração Variável Apesar da grande diversidade de alternativas de remuneração variável, todas elas apresentam o mesmo objetivo: alinhar e convergir esforços para melhorar o desem- penho da empresa. Assim, os autores Wood Jr. e Filho (2009) apontam que este objetivo pode ser desdobrado em quatro outros: 1. Vincular o desempenho e a recompensa de forma a motivar o indivíduo e o grupo a buscarem a melhoria continuada e ultrapassar seus níveis clássi- cos de desempenho; 2. Partilhar os bons e maus resultados da empresa; 8 9 3. Transformar custo fixo em custo variável; 4. Comprometer todas as áreas e processos da organização com os resulta- dos esperados. Em complemento a este desdobramento, os autores apontam que cada alternati- va de remuneração variável dá ênfases a cada um desses objetivos citados. De maneira geral, as alternativas podem ser classificadas em dois grandes grupos: • a remuneração variável de curto prazo; e • a remuneração variável de longo prazo. Veja mais sobre a importância e as implicações da remuneração variável no artigo “Modelo de Remuneração Variável Atrelada ao Balanced Scorecard” publicado em 2012 na ANPAD. Acesse em: http://bit.ly/2Y03Lwh Ex pl or A seguir, vamos abordar com maiores detalhes a remuneração variável de curto e de longo prazo. Remuneração Variável de Curto Prazo Segundo Wood Jr. e Filho (2009), algumas empresas pagam uma bonificação para os empregados que, ao longo de um período de até um ano fiscal, alcançarem determinados objetivos estabelecidos. Esta prática é conhecida como remuneração variável de curto prazo. Em síntese, podemos dizer que a remuneração variável de curto prazo compreen- de as práticas administrativas em um sistema de bonificação. Ou seja, uma vez que sejam alcançados os objetivos estipulados, uma bonificação será recebida. É comum que ocorra um diálogo entre a empresa e os empregados para determinar como os resultados alcançados serão transformados em bonificação. Importante! A remuneração variável de curto prazo pode assumir a forma de comissionamento para a área de vendas, bônus executivo, programas ou planos de participação nos lucros e/ou nos resulta- dos, incentivos por aumento de habilidades ou conhecimentos, bônus para key people e incen- tivos por projetos (WOOD JR., FILHO, 2009). Trocando ideias... Para o estabelecimento do plano de bônus, é comum que a empresa elabore uma estrutura de indicadores que segue a seguinte lógica: • são definidos um conjunto de indicadores organizacionais que a empresa al- meja alcançar; 9 UNIDADE Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III • esses indicadores estipulados são desmembrados em indicadores de diretorias (áreas/departamentos); e • essas áreas são separadas em equipes de trabalho. Abaixo, no quadro 1, podemos observar as vantagens e os fatores condicionan- tes da remuneração variável: Quadro 1 – Vantagens e fatores condicionantes da remuneração variável Vantagens Fatores Condicionantes · Reforça a cultura participativa e o trabalho em grupo; · Melhora a coordenação do trabalho; · Leva uma visão mais abrangente do negócio e dos sistemas; · Leva a uma ênfase na melhoria da qualidade e redução de custos; · Incentiva a busca de inovação de produtos, processos e gestão; · Reduz a resistência a mudanças; · Aumenta a pressão dos funcionários por sistemas de gestãomais eficazes. · Estruturas organizacionais pequenas (células, mini fábricas, entre outras.) para que o vínculo entre ação e resultado seja claro; · Sistemas de medição simples, transparentes e eficazes; · Atitude gerencial favorável à participação e ao trabalho em grupo; · Grupos maduros e capacitados; · Objetivos factíveis; · Cultura e sistemas que permitam aos funcionários participar da gestão. Fonte: adaptado de WOOD JR.; FILHO (2009) Sobre a participação nos lucros e/ou resultados, os autores Wood Jr. e Filho (2009) destacam que esse não é um assunto novo no Brasil. Importante! A Constituição Federal, nas versões de 1946, 1967 e 1988, prevê a participação dos funcioná- rios nos lucros da empresa. Entretanto, foi apenas no mandato do Presidente Itamar Franco que o assunto foi regulamentado pela Medida Provisória (MP) 794. Assim, após diversas reedições, o programa de participação nos lucros e/ou nos resultados (PLR) foi promulgado pela Lei nº 10.101/2000, que regulamentou essa forma de remuneração variável (WOOD JR.; FILHO, 2009). Trocando ideias... No quadro 2, podemos visualizar os principais pontos da Lei 10.101/2000: Quadro 2 – Principais pontos da Lei 10.101/2000 · Toda empresa deverá estabelecer com seus funcionários uma forma de participação nos lucros ou resultados; · Os critérios podem ser índices de produtividade, qualidade ou lucratividade; · O acordo deve contemplar regras claras de participação, como: mecanismos de medição, periodicidade da distribuição e período de vigência; · É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de duas vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a um trimestre civil; · O instrumento de negociação deverá ser arquivado no sindicato dos trabalhadores; · Os pagamentos a título de participação ficam livres de encargos trabalhistas ou previdenciários; · As participações atribuídas aos funcionários podem ser deduzidas como despesas operacionais pela pessoa jurídica; · O imposto devido pelos funcionários deve ser recolhido pela empresa (recolhimento na fonte); · A distribuição não deverá substituir a remuneração nem constituir base de incidência de qualquer encargo trabalhista ou previdenciário. Fonte: adaptado de BRASIL. Lei nº 10.101/2000 10 11 Para saber mais sobre a o programa de participação nos lucros e/ou nos resultados (PLR), acesse o site e veja a Lei nº 10.101/2000. Disponível em: http://bit.ly/2OketJxEx pl or Caro aluno, observe que a Lei sobre os programas de PLR é um instrumento muito interessante, pois possibilita que empresas utilizem os benefícios para reduzir as obrigações trabalhistas e sociais, além disso, os benefícios também são um ins- trumento poderoso de gestão que, bem trabalhado, pode aumentar as relações de comprometimento de seus funcionários com a busca por resultados organizacionais. Abaixo, no quadro 3, vamos observar as vantagens e os fatores condicionantes da participação nos lucros e nos resultados: Quadro 3 – Vantagens e fatores condicionantes da participação nos lucros e nos resultados – (PLR) Vantagens Fatores Condicionantes · Aumenta, entre os funcionários, a compreensão da natureza do negócio; · Reforça a importância da convergência de esforços; · Leva a uma visão mais abrangente do negócio e dos sistemas; · Reduz a resistência a mudanças; · Aumenta a pressão dos funcionários por sistemas de gestão mais eficazes. · Percentual da remuneração total representada pela participação nos lucros e nos resultados deve ser suficiente para motivar esforços e representar uma remuneração de risco; · Transparência na divulgação dos resultados; · Visão mais clara do vínculo entre ações individuais, ações grupais, resultados setoriais, resultados globais e influências externas. Fonte: adaptado de WOOD JR.; FILHO (2009) Remuneração Variável de Longo Prazo De acordo com os autores Wood Jr. e Filho (2009), além da remuneração va- riável de curto prazo, a qual acabamos de discutir nos tópicos anteriores, existe também a remuneração variável de longo prazo. Esta difere da de curto prazo por bonificar o alcance de objetivos e metas que proporcionem a estabilidade do negó- cio, mantenha ou aumente a valorização da empresa e consiga manter os profissio- nais nela. Sua prática pode ser realizada através da participação acionária e com o pagamento em longo prazo de bonificações. Importante! No decorrer desta unidade exploraremos com maiores detalhes a participação acionária. Importante! Ainda de acordo com os autores, a grande diferença entre esses dois tipos de remuneração variável é que, na remuneração variável de longo prazo, os objetivos organizacionais estabelecidos e suas formas de pagamento ultrapassam o tempo de um ano fiscal. 11 UNIDADE Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III Assim, os autores também destacam que antes da implantação de um sistema de remuneração variável, é imprescindível que a empresa conheça os fatores críticos de sucesso (FCS) que podem garantir que os resultados almejados sejam alcança- dos. Veja, no quadro 4, estes fatores críticos de sucesso: Quadro 4 – Fatores criticos de sucesso (FCS) Fatores Descrição Convergência com a orientação estratégica da empresa Durante a construção do sistema de remuneração variável deverão ser definidos indicadores e objetivos de desempenho que se agrupem às diretrizes e os objetivos estratégicos da empresa. Simplicidade e flexibilidade O sistema de remuneração consiste em um sistema de apoio, logo sua construção e sua manutenção são atividades-meio, não atividades-fim. Dessa forma, é fundamental que o sistema seja simples de manter e usar. Os indicadores e metas de desempenho devem acompanhar prontamente as prováveis mudanças que este sistema deve sofrer. Clareza e objetividade Os indicadores e metas de desempenho devem ser claros de forma que todos os envolvidos o entendam, além disso, cada membro deve reconhecer e entender sua contribuição individual e de seu grupo para o alcance dos objetivos. Fonte: adaptado de WOOD JR.; FILHO (2009) Construção de um Modelo de Remuneração Variável De acordo com Wood Jr. e Filho (2009), os componentes essenciais de um mo- delo de remuneração variável podem ser visualizados no quadro 5. Quadro 5 – Componentes essenciais de um modelo de remuneração variável Componentes Essenciais Descrição Fatores determinantes Condições que levam a organização a atingir seus objetivos. Nesta etapa são definidas questões sobre a gestão, o comportamento organizacional e as metas e objetivos. Indicadores de desempenho São os sinais vitais da empresa. Mostram para os indivíduos e grupos como seus ações estão gerando impacto sobre a empresa. Os indicadores podem ser quantitativos (traduzem diretamente o resultado mais subjetivos que precisam ser medidos por escalas comparativas para serem analisados), ou comportamentais (usados para analisar atitudes e posturas de indivíduos e grupos). 12 13 Componentes Essenciais Descrição Formas de remuneração utilizadas São as diversas formas de reconhecimento do desempenho que podem ser agrupadas nos dois grupos que vimos ao longo desta unidade: Remuneração variável de curto prazo e Remuneração variável de longo prazo. Fonte: adaptado de WOOD JR.; FILHO (2009) Recomendações para a implantação de um sistema de remuneração variável Os autores Wood Jr. e Filho (2009) listam uma séria de recomendações e pontos que merecem atenção antes e durante a implantação de um sistema de remunera- ção variável, são eles: 1. Defi nição da amplitude do sistema: o plano de remuneração variável pode ser aplicado de diferentes formas, em diferentes áreas da empresa. Além disso, é possível aplicá-lo apenas em áreas específi cas da empresa. O fundamental aqui é que ocorra o alinhamento entre os diversos sistemas entre si e com as diretrizes estratégicas; 2. Gatilhodo sistema de remuneração variável: uma das hipóteses dos programas de remuneração variável é de que eles são autossustentáveis, ou seja, entende-se que as metas defi nidas e o conjunto de indicadores a ele atrelado sejam capazes de gerar um fundo fi nanceiro para o pagamento da remuneração variável; 3. Estabelecimento de pesos para os fatores de desempenho: cada em- presas possui uma realidade única. Os pesos dados para os diversos fatores de desempenho devem estar de acordo com esta realidade; 4. Escolha de indicadores de desempenho: este é um passo fundamental para a construção de um sistema de remuneração variável. Uma vez que o sistema é implementado, os indicadores vão estabelecer a base das decisões. Ou seja, se os indicadores forem mal escolhidos, existe alta chance de existi- rem focos distorcidos e de comprometimento dos processos decisórios; 5. Negociação dos níveis de desempenho: a empresa e os funcionários devem negociar os níveis de desempenho a ser atingido. A melhor forma de determinar esses níveis é através da participação direta dos envolvido; 6. Matriz de resultados: consiste em uma representação gráfica das bases de sustentação de um programa de remuneração variável. Através dela é possível observar o nível de responsabilidade dos profissionais envolvidos e seu impacto para o atingimento dos resultados da empresa, assim como o potencial de premiação para os funcionários que consigam alcançar todas as suas metas (100%). Veja no quadro 6 um exemplo de matriz de resultado; 13 UNIDADE Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III Quadro 6 – Matriz de resultados Dimensão do resultado Ní ve l d e re sp on sa bi lid ad e Globais Diretoria Área Individuais Potencial de Premiação Diretores 40% 30% 10% 20% 3 salários Gerentes 20% 30% 30% 20% 2 salários Supervisores 10% 30% 40% 20% 1 salário Coordenadores 10% 30% 40% 20% 1 salário Fonte: adaptado de WOOD JR.; FILHO (2009) 7. Estabelecimento de fórmulas de cálculo: as fórmulas de cálculo irão definir os valores a serem distribuídos como recompensa pelo desempe- nho, assim, estas fórmulas devem ser simples e estabelecidas de maneira participativa entre a organização e os funcionários, sempre com muita transparência para todos os envolvidos; 8. Estabelecimento de formas de recompensa: estas devem ser estabe- lecidas em função das possibilidades da empresa e das expectativas dos funcionários. Logo, essas formas de recompensas devem ser estabelecidas de maneira participativa entre a empresa e seus funcionários. Participação Acionária A participação acionária consiste em uma prática aplicada, normalmente, nos níveis mais estratégicos da empresa, como é o caso da gerência, diretoria, vice-presidência e presidência. Este modelo de remuneração variável consiste em remunerar resultados obtidos através da concessão de ações da empresa, tornando estes executivos sócios da empresa, o que gera maior comprometimento e possibilita a obtenção de lucros com o movimento dessas ações. A peculiaridade deste modelo de remuneração variá- vel está no fato de que ele proporciona, a quem recebe o prêmio (ações da empresa), um sentimento de comprometimento muito forte, na exata medida em que se vale do “poder de posse, do ter, da propriedade”. Assim, na medida em que o funcionário vai aumentando seu número de ações da empresa, ele se torna cada vez mais próximo da figura de proprietário, logo, sua perspectiva de pensar e agir se voltam integralmente para esse rumo (MARRAS; NETO, 2012). Objetivos do Plano de Participação Acionária De acordo com Wilson (1995), o principal objetivo do programa de participação acionária é gerar um senso de identidade, comprometimento e orientação para resultados entre os funcionários da empresa. Além disso, uma de suas vantagens principais é o fato de não implicar desembolso de caixa para a empresa. 14 15 Caro aluno, talvez você esteja se perguntando sobre qual é de fato a diferença entre um programa de participação acionária e um programa de participação nos lucros (PLR). No caso do programa de participação nos lucros (PLR), o funcionário recebe uma recompen- sa caso o desempenho da empresa no curto prazo supere determinado patamar. Já o programa de participação acionária oferece a este mesmo funcionário a copropriedade da empresa, focando uma relação e um compromisso de longo prazo. Ex pl or Vale ressaltar que o sucesso de uma empresa ocorre em função tanto dos resulta- dos de curto, como os de médio e de longo prazo. Dessa forma, é muito importante que o sistema de Remuneração Estratégica contemple um balanceamento dinâmico entre esses focos. O que Esperar do Plano de Participação Acionária? Segundo Wood Jr. e Filho (2009), a complexidade de um plano de participação acionária torna a concepção e implementação cuidadosa do projeto em uma condição fundamental para seu sucesso. Assim, os autores destacam que algumas expectativas e condicionantes desse tipo de plano são. • Maior alinhamento entre os interesses do colaborador participante, dos acionistas majoritários e da organização. É evidente que isto só se torna possível se houver transparência na gestão, divulgação sistemática de resulta- dos e instrumentos que viabilizem a participação efetiva dos colaboradores em processos decisórios; • Fortalecimento do senso de identidade dos colaboradores. Uma vez que o funcionário seja proprietário de ações, ele tende a ter mais interesse pelos resultados da empresa, sua gestão e seu futuro. Esse interesse deve refletir-se em sua conduta no dia a dia. O condicionante para que isso seja possível é que a gestão seja participativa e leve à convergência de interesses e esforços para objetivos comuns; • Aumento do comprometimento do funcionário com os objetivos da em- presa. O plano de participação acionária deve dar ao colaborador o senti- mento de pertencer a um grupo destacado. O fator simbólico é essencial para solidificar os laços dos funcionários entre si e dos funcionários com a empresa. Como Alinhar o Plano com os Objetivos Empresariais? Os autores Wood Jr. e Filho (2009) definem dois grandes objetivos para os programas de participação acionária: o primeiro consiste em aumentar o direcio- namento para atender as metas específicas. O segundo se refere a criar ou reforçar o senso de identidade e comprometimento. Assim, os autores exploram com maior profundidade esses dois objetivos citando os seguintes exemplos: 15 UNIDADE Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III • Se o objetivo do programa de participação acionária é aumentar o direcionamento e a convergência de esforços para atender as metas de crescimento, então uma ação aconselhável é dimensionar a remuneração total dos executivos de tal forma que o componente “ações” seja salientado. Dessa forma, seus ganhos serão diretamente proporcionais ao crescimento pretendido. O mesmo pode acontecer em empresas que precisam recuperar a rentabilidade ou superar uma crise. Neste caso, distribuir ações entre os funcionários dos diversos níveis hierárquicos pode ser crucial para reorientar a empresa. O risco assumido em conjunto se torna um fator de coesão e pode render ganhos para todos, se o plano de recuperação tiver sucesso; • Se o objetivo do programa de participação acionária for apenas reforçar o senso de identidade e comprometimento dos colaboradores com a empresa, então o plano de distribuição de ações se torna um veículo repleto de simbolismo. Neste caso, seus objetivos podem ser mais ampliados, tornando-se mais ambiciosos. Se conveniente- mente conjugado com um sistema de metas estratégicas nos diversos níveis e com transparência e eficácia na divulgação de resultados, tal programa pode servir de alavanca para melhorar o desempenho organizacional. Vantagens e Desvantagens do Programa de Participação Acionária Segundo Wood Jr. e Filho (2009) a participação acionária traz ganhos e riscos para a empresa. Assim, no quadro 7, podemos observar esses ganhos eriscos. Quadro 7 – Ganhos e riscos de um plano de participação acionária Ganhos Riscos · Aumento do comprometimento via copropriedade; · Incentivo a comportamentos proativos e ações de melhoria; · Estímulo à colaboração e esforços coletivos coordenados; · Estímulo e ações individuais voltadas para o aumento do valor dos negócios. · Mudanças na legislação trabalhista e na regulamentação do mercado financeiro; · Distribuição mal dimensionada de ações pode reduzir seu valor unitário e prejudicar acionistas; · Desvalorização das ações pode descaracterizar o sistema de recompensa como tal; · Programas focados em grupos específicos podem levar a conflitos entre grupos participantes e não participantes. Fonte: adaptado de WOOD JR.; FILHO (2009) Formas de Participação Acionária Os autores Wood Jr. e Filho (2009) listam as seguintes formas de participação acionária: • Distribuição de ações: é a forma mais tradicional de participação acionária. Consiste na distribuição de ações da empresa com base no desempenho dos funcionários. Inicialmente essa distribuição era restrita aos níveis hierárquicos mais altos, porém, com o avanço dos processos de privatização, as empresas passaram a estender essa forma de remuneração para os demais níveis hierárquicos; • Venda de ações (stock purchase): consiste da disponibilidade, para os fun- cionários, em condições especiais de pagamento, de um número limitado de 16 17 ações da empresa. Assim, o participante tem pleno direito sobre a compra das ações, mas em alguns casos são estabelecidos períodos de carência (vesting), que variam de dois a cinco anos; • Opção de compra (stock option): consiste na empresa conceder a seus fun- cionários a possibilidade de comprar ações por um preço prefixado em uma data futura. Normalmente é estabelecido um prazo de carência (vesting) de três a cinco anos para o pleno exercício da opção e o preço de exercício corres- ponde ao valor de mercado da ação na data da concessão da opção. Assim, ocorre ganho para o funcionário se o preço de mercado das ações, na data do exercício da opção, superar o preço prefixado; • Ações restritas: consistem na concessão de ações às quais se aplicam restrições no uso. Essas restrições são tipicamente estabelecidas na forma de um prazo de carência (vesting) para o pleno poder das ações, relacionado ao tempo de serviço na empresa, ao tempo após a concessão efetiva das ações ou mesmo ao alcance de determinadas metas individuais ou corporativas. Normalmente o tempo varia de três a cinco anos. Se o funcionário não atender às restrições impostas no período determinado, as ações podem ser confiscadas; • Ações virtuais (phantom stocks): consistem em um modelo utilizado em empresas de capital fechado na qual unidades análogas a ações são criadas e cujo valor é ajustado conforme a variação do valor de mercado da empresa ou seu desempenho. Para o cálculo do valor de mercado da empresa, são normal- mente contratadas empresas especializadas. Esta categoria é, em geral, utiliza- da quando existe perspectiva de crescimento da empresa através da criação de novos negócios ou expansão dos negócios existentes; • Direitos sobre valorização de ações: nesta modalidade o funcionário par- ticipante recebe um montante em dinheiro equivalente à valorização de um número de ações da empresa após um período determinado. Tendências sobre a Concessão de Participação Acionária Por fim, vale apontar que no Brasil, a concessão de participação acionária por em- presas de capital nacional não é uma prática corrente, sendo esta metodologia mais comum entre empresas multinacionais. No que se refere à legislação, no Brasil não são definidos especificamente critérios a serem observados em relação à concessão de participação acionária, cabendo à empresa concedente definir as regras que julgar necessárias para a regulamentação do plano. Já no Estados Unidos, a modalidade de ações restritas aparece como uma ten- dência, principalmente quando comparada à opção de compra, devido à volatilidade dos mercados financeiros e à flexibilidade atribuída a esse tipo de plano. Entretanto, está sendo construído um consenso entre os especialistas norte-americanos sobre a utilização de planos de participação combinados, uma vez que cada modalidade apresenta características, vantagens e desvantagens próprias. 17 UNIDADE Componentes do Sistema de Remuneração Estratégica III Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Consolidação das Leis do Trabalho http://bit.ly/2OgHPsd Remuneração estratégica impulsiona melhores resultados http://bit.ly/2OghavL Remuneração estratégica http://bit.ly/2OjP6Yl Remuneração estratégica http://bit.ly/2Ofr9RP 18 19 Referências MARRAS, J. P.; NETO, P. M. Remuneração estratégica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. PONTES, B. R. Administração de cargos e salários: carreira e remuneração. 15. ed. São Paulo: LTr, 2011. WILSON, T. B. Innovative reward systems for the changing workplace. New York: McGraw Hill, 1995. WOOD JR., T.; FILHO, V. P. Remuneração Estratégica: a nova vantagem com- petitiva. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 19
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