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Introdução Infecções intestinais causadas por parasitos afetam milhões de pessoas em todo o mundo e constituem um problema de saúde pública, sobretudo em países em desenvolvimento, onde o saneamento básico é precário e as condições de moradia são inadequadas. Várias pesquisas têm demonstrado que a infecção por parasitos intestinais ocorre nas diversas regiões do país, tanto na zona rural como na urbana, atingindo indivíduos de diferentes faixas etárias (DIAS et al., 2017). O aumento dos casos dessas enfermidades está relacionado às precárias condições de higiene ou deficiência de hábitos higiênicos dos manipuladores de alimentos, como a falta de regularidade na higienização das mãos. A contaminação dos alimentos pode se dar por agentes biológicos (a exemplo dos microrganismos), químico (a exemplo dos venenos) e físicos (a exemplo das pedras, pregos, entre outros), no entanto a contaminação de origem microbiológica é considerada a principal causa de ocorrências. Dentre os parasitos intestinais contaminantes que se destacam na manipulação dos alimentos, encontram-se os helmintos e protozoários (CUNHA LF, 2014). O exame das fezes tem como objetivo a pesquisa parasitológica de ovos, larvas e cistos de helmintos e protozoários, bem como a análise da presença de elementos estranhos no material fecal. Um parasito por definição é um organismo que prejudica seu hospedeiro com alguma intensidade, sendo causado de diversas maneiras. A lesão mais comum é aquela causada pela interferência com os processos vitais do hospedeiro através da ação de secreções, excreções ou outros produtos do parasito. Parasitos que produzem tais efeitos podem estar nos tecidos ou nos órgãos do hospedeiro, na corrente sanguínea, no trato gastrointestinal ou podem mesmo ser ectoparasitos (MARKELL EK, JOHN DT, 2003). As doenças parasitárias são uma grande causa da morbidade e da mortalidade no mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos tropicais e subtropicais. Apesar da pouca importância popular relacionada ao exame parasitológico, este é de extrema importância na saúde humana. Exame parasitológico de fezes O exame parasitológico de fezes faz o diagnóstico da maioria dos parasitos intestinais, sendo os estágios usualmente utilizados no diagnóstico os ovos e as larvas de helmintos e os trofozoítas, cistos e oocistos de protozoários. A identificação desses parasitos é feita por critérios morfológicos, que podem ser afetados por vários fatores como colheita mal feita e má preservação da amostra. Um material fecal inadequadamente colhido, velho ou mal preservado, será de pequeno valor para o diagnóstico. No exame parasitológico de fezes a primeira etapa consiste no exame macroscópico da amostra, onde é observada a consistência da amostra. Fezes moles ou líquidas sugerem a possível presença de trofozoítas de protozoários intestinais e cistos de protozoários são encontrados com mais frequência em fezes formadas. Ovos e larvas de helmintos podem ser encontrados tanto em fezes líquidas quanto em fezes formadas. Ainda é realizado o exame da amostra fecal com auxílio de um palito para verificar a presença de helmintos adultos, presença de muco e sangue. Na etapa do exame microscópico ocorre a visualização de trofozoítas, cistos e oocistos de protozoários e de ovos e larvas de helmintos. É realizado como rotina, o emprego de três procedimentos distintos: O exame direto a fresco, para observação dos movimentos do trofozoítas, as técnicas de concentração de parasitas e um esfregaço de fezes com coloração permanente (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). O exame pode ser quantitativo ou qualitativo, onde os métodos quantitativos são aqueles nos quais se faz contagem de ovos para avaliação da carga parasitária. O mais empregado atualmente é o método de Kato-Katz. Os métodos qualitativos são os mais utilizados para a demonstração da presença das formas parasitárias. Frequentemente o número das formas parasitárias é pequeno, assim é necessário recorrer a processos de enriquecimento dessas formas para concentrá-las. Os principais métodos de enriquecimento ou de concentração utilizados são a sedimentação espontânea, método que permite o encontro de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários por sedimentação em fase líquida, sendo as metodologias mais utilizadas o método de Hoffmann, Pons e Janer e método de Lutz ; a sedimentação por centrifugação: usado para a pesquisa de cistos de protozoários e de ovos e larvas de helmintos, onde a amostra é centrifugada para separação e concentração das formas parasitárias. Aqui temos como exemplos de metodologias os métodos de Blagg, método de Ritchie e o Coprotest; e temos a centrífugo-flutuação, utilizado para pesquisa de cistos e oocistos de protozoários e de ovos leves, sendo o método de Faust o principal utilizado (DE CARLI, 2011). Como não existe um método capaz de diagnosticar, ao mesmo tempo, todas as formas parasitárias, o que se faz de rotina é o emprego de um método geral como o de Lutz ou de Hoffmann, Pons e Janer, de fácil execução e pouco dispendioso, um método específico para cistos de protozoários e um para a pesquisa de larvas de helmintos (DE CARLI, 2011). Principais protozoários observados em coproanálise O termo protozoário não tem valor taxonômico, mas ele é frequentemente utilizado quando se quer referir a um organismo unicelular eucarioto heterotrófico que pode ocorrer em diversos habitats onde há água. Os protozoários são encontrados sob a forma livre ou em associação com outros organismos e, neste último caso, são denominados de epibiontes, comensais, simbiontes ou parasitas. Os protozoários são considerados ubíquos, mas a determinação da distribuição geográfica de suas espécies depende da distribuição dos corpos d’água nas diversas áreas do planeta e do número e qualidade das pesquisas nos diferentes ambientes dessas regiões geográficas (REGALI-SELEGHIM; MATSUMURA-TUNDISI; CARLOS, 2011). A reprodução de protozoários é geralmente assexuada, através de cissiparidade, quando microrganismo cria cópias de si mesmo, porém algumas espécies apresentam a produção de esporos para sua propagação no ambiente, e algumas apresentam reprodução sexuada. Giardíase Giardia intestinalis, protozoário flagelado, foi inicialmente chamado de Cercomonas intestinalis por Lambl em 1859 e renomeado Giardia lamblia por Stiles, em 1915, em memória do Professor A. Giard, de Paris e Dr. F. Lambl, de Praga. Apresenta duas formas: trofozoíto e cisto. O trofozoíto tem forma de pêra, mede 20µm de cumprimento, face dorsal convexa e ventral côncava que têm um disco adesivo, na parte frontal dois núcleos,4 flagelos. O cisto é oval ou elíptico, mede 12µm,2 ou 4 núcleos e apresenta fibrílas As giardíases possuem distribuição mundial. A infecção acomete mais crianças do que adultos. A prevalência é maior em áreas com saneamento básico deficiente e em instituições de crianças que não possuem controle de seus esfíncteres. Nos Estados Unidos, a transmissão de Giardia lamblia através da água é mais frequente em comunidades montanhosas e de pessoas que obtém água de fontes sem tratamento de filtração adequado. A giardíase prevalece em alguns países temperados e também nos países tropicais, e há infecções frequentes de grupos de turistas, que consomem água tratada inadequadamente. A transmissão de Giardia lamblia de pessoa a pessoa ocorre por transferência dos cistos presentes nas fezes de um indivíduo infectado, através do mecanismo mão-boca. A transmissão ocorre quando há a ingestão de água contaminada com fezes contendo o cisto, e com menor frequência, por alimentos contaminados pelas fezes. As concentrações de cloro utilizadas para o tratamento da água não matam os cistos da Giardia, especialmente se a água for fria. Água não filtrada provenientede córregos e rios expostos a contaminação por fezes dos seres humanos e dos animais constitui uma fonte de infecção comum e pode ser transmitida também através da colocação de algo na boca que entrou em contato com fezes contaminada (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003) A giardíase é uma doença diarreica, apresentando nas infecções sintomáticas um quadro de diarreia crônica, esteatorréia, cólicas abdominais, sensação de distensão, podendo levar a perda de peso e desidratação. Pode haver má absorção de gordura e de vitaminas lipossolúveis. Normalmente não há invasão extraintestinal, porém, às vezes, os trofozoítos migram pelos condutos biliares ou pancreáticos e ocasionam inflamações. Algumas infecções são assintomáticas. A maneira mais fácil de fazer o diagnóstico de giardíase é examinar as fezes para detectar proteínas (antígenos) liberados pela Giardia lamblia. O exame das amostras das fezes ao microscópio, ou das secreções tiradas do intestino delgado, pode também detectar o parasita. Porém, como as pessoas que estiveram infectadas durante muito tempo tendem a expelir os parasitas em intervalos imprevisíveis, pode ser necessário repetir os exames das fezes (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). Amebíase Amebíase é o nome da infecção causada pelo Entamoeba histolytica. Este é um protozoário, que infecta predominantemente seres humanos e outros primatas. O estágio ativo (o trofozoíta) existe somente no hospedeiro e em fezes frescas. Os cistos sobrevivem fora do hospedeiro na água, nos solos e em alimentos, nestes últimos, especialmente em condições de umidade. Quando engolidos causam infecções por encistamento (no estágio trofozoíta) no trato digestivo. A amebíase é transmitida pela contaminação fecal da água de consumo humano e alimentos com cistos da ameba, os quais são relativamente resistente à cloração. Também é transmitida pelo contato direto de mãos contaminadas ou objetos sujos, bem como, sexualmente pelo contato oral-anal. As infecções que duram, às vezes anos, podem ser assintomáticas ou apresentar sintomatologia gastrointestinal vaga, ou disenteria. A maioria das infecções ocorre no trato digestivo mas, outros tecidos podem ser invadidos. As complicações incluem ulceração e abscesso com dor e, raramente, bloqueio intestinal. O tempo do início dos sintomas é altamente variável. A ausência dos sintomas, ou sua intensidade, varia de acordo de fatores como tipo de cepa da ameba, o estado imunológico do hospedeiro, e bactérias e talvez vírus associados. As enzimas da ameba ajudam-lhe a penetrar e digerir tecidos humanos e a ameba ainda secreta substâncias tóxicas. Os casos humanos são diagnosticados através do achado de cistos eliminados com as fezes. Nas análises clínicas, vários procedimentos de flutuação ou sedimentação foram desenvolvidos para recuperar os cistos da matéria fecal; lâminas coradas (incluindo anticorpo fluorescente) ajudam visualizar os cistos isolados no exame microscópico. Em infecções pesadas, a forma móvel do parasita (trofozoíta) pode ser visto em fezes frescas. Os testes sorológicos existem para infecções a longo prazo. Ainda, pode ser diagnosticado através de aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia, bem como o uso de ultrassonografia e tomografia axial computadorizada é útil no diagnóstico de abcessos amebianos (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). Criptosporidíase O Cryptosporidium parvum é um protozoário coccídio, sem organelas de locomoção e intracelular. É o parasito causador da criptosporidíase, que constitui uma das principais causas de diarreia em crianças pré-escolares e pacientes com imunodeficiência por vírus HIV, não possuindo esquema terapêutico definido. O oocisto constitui a forma infectante da criptosporidíase, pois é eliminado nas fezes e possibilita a infecção por via fecal-oral. A criptosporidiose humana varia de acordo com a imunidade do indivíduo. Pessoas que estão com a imunidade dentro da normalidade, o quadro clínico caracteriza-se por uma gastrenterite semelhando à causada pela giardíase, sendo que o principal sintoma é a diarreia, que pode vir após um quadro de anorexia e êmese. A cura ocorre de forma espontânea. Quando a doença afeta pessoas mal nutridas ou imunodeprimidas, como é o caso de indivíduos portadores da AIDS, a infecção causa uma diarréia intensa e prolongada, juntamente com náuseas, êmese, cólica, redução de peso e febre, podendo evoluir para o óbito. O diagnóstico da criptosporidiose é feito por meio da pesquisa de oocistos nas fezes através do exame parasitológico, ou por meio da pesquisa de oocistos em material de biópsia intestinal ou raspado de mucosa. O controle é feito por meio de educação sanitária, saneamento básico, adoção de medidas básicas de higiene como lavar as mãos antes de manusear alimentos e após utilizar o banheiro e filtrar ou ferver a água que será consumida ou utilizada no preparo de alimentos. Quando um indivíduo estiver apresentando um quadro diarreico, recomenda-se que esteve evite manipular alimentos que serão consumidos por outros indivíduos (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). Principais helmintos observados em coproanálise Os helmintos são animais metazoários, de vida livre ou parasitária de plantas ou animais. São classificados em dois grandes grupos, denominados filos Nemathelminthes e Platyhelminthes. O primeiro grupo é constituído por vermes que apresentam o corpo cilíndrico, enquanto que no segundo grupo os vermes apresentam o corpo achatado dorso-ventralmente. Entre os nematoides, os principais helmintos diagnosticados em coproanálise são o Ascaris lumbricoides e Ancilostomídeos enquanto entre os platelmintos temos a Taenia sp e o Schistosoma mansoni. Ascaris lumbricoides Conhecido popularmente como ''lombriga'', Ascaris lumbricoides é o maior nematoide que infecta o trato intestinal humano e o mais comum no mundo, com infecção mais prevalente em crianças. Um indivíduo contaminado pelo verme elimina diariamente milhares de ovos de Ascaris pelas fezes. Em locais sem saneamento básico adequado, estas fezes contaminam solos e água. A transmissão do ocorre quando uma pessoa sadia ingere acidentalmente estes ovos presentes no ambiente. Crianças costumam se infectar ao brincar em solos contaminados. As mãos sujas podem levar os ovos diretamente para a boca ou contaminar brinquedos ou objetos, que entrarão, posteriormente, em contato com a boca de outras crianças. Já os adultos, geralmente, se infectam ao ingerir água ou alimentos contaminados. Filtragem da água, cozimento de alimentos e lavagem adequada de frutas e verduras cruas são suficientes para eliminar os ovos e impedir contaminações de novos indivíduos. Na maioria dos casos, a infecção pelo Ascaris lumbricoides é assintomática. Pacientes com número elevado de vermes em seu trato gastrointestinal podem apresentar sintomas na fase de migração da larva ou durante a fase adulta do verme. Um quadro inflamatório dos pulmões (pneumonite) durante a breve passagem das larvas pelo sistema respiratório é bastante comum. Durante os episódios de tosse, é possível que o paciente expila uma ou mais larvas de áscaris pela boca. Os sintomas da ascaridíase relacionados ao sistema gastrointestinal são: dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, distensão abdominal e perda de peso. Crianças contaminadas podem apresentar desnutrição e atraso no crescimento, devido à redução na absorção de nutrientes importantes pelo intestino. Eliminação de vermes adultos nas fezes também pode ocorrer. O diagnóstico da ascaridíase é habitualmente feito através da identificação de ovos de Ascaris lumbricoides nas fezes. O problema do exame parasitológico de fezes é que os primeiros ovos só aparecem nas fezes cerca de 40 dias depois do paciente ter se contaminado.Portanto, em fases precoces, como durante a infecção pulmonar, o exame de fezes costuma ser negativo (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). Ancilostomídeos A Ancilostomíase é a doença causada pelos Ancilostomídeos das espécies Ancylostoma duodenale ou Necator americanus. Estas verminoses, também conhecidas como “amarelão” têm grande prevalência em regiões quentes e úmidas, de solo arenoso. Os vermes causadores destas helmintose têm o peridomicilio como o principal foco de contaminação da população. Isto se deve, pelo seguinte fato de que o único hospedeiro para esses parasitas é a espécie humana. A contaminação com os parasitas se dá através de contato direto da pele com o solo contaminado ou por ingestão acidental da larva presente no ambiente. A ancilostomose é um parasitose com quadro clínico predominantemente gastrointestinal. Os sintomas típicos da ancilostomose surgem mesmo quando o parasita migra para o intestino delgado. Neste momento, o paciente pode apresentar náuseas, vômitos, diarreia, cansaço, aumento do gases e dor abdominal. A primeira infecção é, habitualmente, a mais sintomática. Conforme o indivíduo se reinfecta repetidamente, a tendência é ele apresentar cada vez menos sintomas. O principal problema da ancilostomose é a anemia e a desnutrição, pois o parasito consome sangue e proteínas. Em crianças, pode haver desaceleração do crescimento e alterações no desenvolvimento neurológico. O diagnóstico da ancilostomose é feito através da detecção de ovos do parasita nas fezes. Após a invasão da pele pelo parasito, os primeiros ovos podem só aparecer 2 meses depois. Quando a infecção é provocada pelo A. duodenale, o primeiros ovos podem demorar até 1 ano para surgirem nas fezes. Portanto, quando há suspeita clínica de ancilostomose, vários exames de fezes podem ser necessários até que um ovo possa ser identificado (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). Taenia A cisticercose e a teníase são doenças causadas pelos cestódios Taenia solium, a tênia da carne de porco e a Taenia saginata, a da carne bovina. A cisticercose é uma doença parasitária originada a partir da ingestão de ovos de Taenia solium, cujas formas adultas têm o homem como hospedeiro final. A teníase no homem pode acarretar dor abdominal, anorexia e outras manifestações gastrointestinais, sem provocar consequências mais sérias. A teníase, no entanto, pode conduzir à cisticercose humana, cuja localização cerebral é a sua manifestação mais grave, podendo levar o indivíduo à morte. A Teníase é adquirida pela ingestão de carne de boi ou de porco mal cozida, que contém as larvas. Quando o homem acidentalmente ingere os ovos de T. solium, adquire a Cisticercose. A Cisticercose humana por ingestão de ovos de T. saginata não ocorre ou é extremamente rara. Em geral, para se fazer o diagnóstico da espécie, coleta-se material da região anal e, através do microscópio, diferencia-se morfologicamente os ovos da tênia dos demais parasitas. Os estudos sorológicos específicos no soro e líquido cefalorraquiano confirmam o diagnóstico da neurocisticercose, cuja suspeita decorre de exames de imagem: raios X (identifica apenas cisticercos calcificados), tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética (identificam cisticercos em várias fases de desenvolvimento). A biopsia de tecidos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica da larva (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). Schistosoma mansoni Os trematódeos do gênero Schistosoma são parasitos dos plexos venosos da parede intestinal ou da bexiga, onde causam inflamação e fibrose. A doença recebe o nome de esquistossomose. A infecção ocorre quando a pele entra em contato com a água doce contaminada com o parasita Schistosoma. Quando uma pessoa infectada urina ou defeca na água, ela o contamina com os ovos de Schistosoma. Esses ovos eclodem e invadem os tecidos de caracóis que vivem naquele lago ou rio. Os parasitas então crescem e se desenvolvem no interior dessas lesmas. Após crescerem, os parasitas deixam o caracol e penetra na água. O Schistosoma é capaz de penetrar na pele de pessoas que pisam descalças, nadam, tomam banho ou lavam roupas e objetos na água infectada. A fase inicial da esquistossomose é caracterizada pela dermatite cercariana causada pela penetração do parasito na pele, podendo ser assintomática ou provocar sintomas como erupções com vermelhidão, inchaço e coceira. Na fase aguda, o paciente pode apresentar febre, dor na cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse e diarréia. Em alguns casos o fígado e o baço podem inflamar e aumentar de tamanho. Na forma crônica a diarréia se torna mais constante, alternando-se com prisão de ventre, e pode aparecer sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode sentir tonturas, dor na cabeça, sensação de plenitude gástrica, prurido anal, palpitações, impotência, emagrecimento e endurecimento do fígado, com aumento do seu volume. Nos casos mais graves, da fase crônica, o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d’água. A esquistossomose é diagnosticada através da detecção de ovos do parasita nas fezes ou urina do paciente, bem como a detecção do parasita no sangue. O controle da esquistossomose é baseado no tratamento em larga escala de grupos de risco, acesso a água potável e saneamento básico, educação sanitária e controle de caramujos em lagos e rios (EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, 2003). Considerações finais Doenças de transmissão por via alimentar podem resultar de contaminações por mais de 5 mil perigos sanitários diferentes, que podem ser transmitidos pelos alimentos, repartidos entre as moléculas químicas, os agentes biológicos e os físicos. Os perigos biológicos são os que representam o maior risco à inocuidade dos alimentos, e neles incluem-se as bactérias, fungos, vírus e parasitas. A ocorrência de parasitas em alimentos, dada a magnitude de seus potenciais patogênicos a importância que apresenta para saúde pública, ressaltada a necessidade da adoção de medidas, por parte dos órgãos de vigilância sanitária, que propiciem uma melhoria da qualidade higiênica desses produtos. Ainda, a utilização de métodos de diagnósticos eficientes e implementação de práticas profiláticas desempenham um papel importantíssimo na redução da incidência destas parasitoses. Referências CUNHA LF, A. K. “Relação entre a ocorrência de enteroparasitoses e práticas de higiene de manipuladores de alimentos: revisão da literatura.». Saúde e Pesquisa, v. 7(1), p. 147–157, 2014. DE CARLI, G. A. Parasitologia clínica: seleção de métodos e técnicas de laboratório para diagnóstico das parasitoses humanas. 2.ed. ed. São Paulo: Atheneu, 2011. DIAS, L. R. et al. Estudo coproparasitológico e epidemiológico de crianças e manipuladores de alimentos durante 3 anos em uma creche da Paraíba. p. 1–6, 2017. EDWARD, K.M; DAVID, T.J; WOJCIECH, A. K. Parasitologia Médica. 8. ed ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2003. MARKELL EK, JOHN DT, K. W. Relações parasito, parasitismo e hospedeiro. In: Parasitologia médica. 8a ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. p. 6–7. REGALI-SELEGHIM, M. H.; MATSUMURA-TUNDISI, T.; CARLOS, R. B. Checklist dos “ protozoários ” de água doce do Estado de São Paulo , Brasil. Biota Neotrop, v. 11, 2011.