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PRODUTOS CÁRNEOS EMBUTIDOS Processamento de Carnes Professora Mariany Cruz Campus Petrolina Zona Rural INTRODUÇÃO Produtos Cárneos Aqueles preparados total ou parcialmente com carnes, miúdos ou gorduras e, eventualmente, ingredientes de origem vegetal ou animal, como também condimentos, especiarias e aditivos autorizados (ORDÓÑEZ et al., 2005). Ou seja, são resultado da modificação das propriedades originais da carne devido a tratamento físico, químico ou biológico. Obtenção de novos produtos Redução da perecibilidade Agregação de valor ao produto PRODUTOS CÁRNEOS Produtos frescais: Almondegas e kibe. Produtos salgados cozidos: Bacon e paio. Produtos cozidos: Presunto cozido. Produtos salgados crus: Carne do sol. PRODUTOS CÁRNEOS Produtos embutidos de massa crua: linguiça. Produtos embutidos emulsionados: Mortadela e Salsicha. Produtos embutidos fermentados: Salame. DEFINIÇÃO DE EMBUTIDOS Produtos constituídos a base de carne picada e condimentada com forma geralmente simétrica. São embutidos sob pressão em um recipiente ou envoltório de origem orgânica ou inorgânica, aprovado para este fim. Art. 412 - Entende-se por "embutido" todo produto elaborado com carne ou órgãos comestíveis curado ou não, condimentado, cozido ou não, defumado e dessecado ou não, tendo como envoltório tripa, bexiga ou outra membrana animal. RIISPOA (BRASIL, 1952). CLASSIFICAÇÃO EMBUTIDOS FRESCOS - Período de consumo varia de 1 a 6 dias. SECOS - Crus submetidos a um processo de desidratação parcial para favorecer a conservação por um tempo mais prolongado. COZIDOS - Sofrem um processo de cozimento, seja em estufa como em água SALSICHARIA - Preparados à base de carne ou sangue, vísceras e outros produtos ou subprodutos animais, que foram autorizados para o consumo humano, sofrendo a adição de diversas substâncias, também devidamente aprovadas. Ex.: Fiambres. Produtos embutidos emulsionados Mortadela Emulsões cárneas Emulsão – Suspensão coloidal de dois líquidos imiscíveis que, no entanto, mantêm-se dispersos um no outro, pela ação de um agente emulsificante interfacial. Emulsão Cárnea – Suspensão coloidal em que há união entre moléculas de gorduras e de água através de proteínas solubilizadas. Fases de uma Emulsão – Contínua e Descontínua Solução aquosa de sais e proteínas Gordura Emulsões Cárneas Representação esquemática de uma emulsão verdadeira (óleo em água). Esquema de uma emulsão de carne. Fonte: FORREST et al., 1979 apud ROÇA, 2000. Mortadela Definição - Produto cárneo industrializado, obtido de uma emulsão das carnes de animais de açougue, acrescido ou não de toucinho, adicionado de ingredientes, embutido em envoltório natural ou artificial, em diferentes formas, e submetido ao tratamento térmico adequado (BRASIL, 2000). Classificação Mortadela Tipo Bologna Mortadela Italiana Mortadela Bologna Mortadela de aves Mortadela – Fluxograma de Produção Seleção das matérias primas e ingredientes. Moagem e cominuição das carnes Pré-mistura das matérias primas e ingredientes Emulsificação Mistura de toucinho (se houver) Embutimento Cozimento e Defumação (se houver) Resfriamento Embalagem Seleção das matérias primas e ingredientes. Ingredientes Obrigatórios: Carne das diferentes espécies animais de açougue e sal. Nota: Nas Mortadelas "Italiana" e "Bologna" o toucinho em cubos deverá ser aparente ao corte. Fonte: Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Mortadela (BRASIL, 2000 ) Mortadela – Fluxograma de Produção Seleção das matérias primas e ingredientes. Ingredientes Opcionais: Água; Gordura animal e/ou vegetal; Proteína vegetal e/ou animal; Aditivos intencionais; Agentes de liga; Açucares; Aromas, especiarias e condimentos; Vegetais (amêndoas, pistache, frutas, azeitonas, etc.); Queijos. Nota: Permite-se a adição de proteínas não cárnicas de 4,0% (máx), como proteína agregada. Não será permitida a adição de proteínas não cárnicas nas mortadelas Bologna e Italiana, exceto as proteínas lácteas. Fonte: Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Mortadela (BRASIL, 2000 ) Mortadela – Fluxograma de Produção Moagem e cominuição das carnes Atenção aos riscos de: Contaminação cruzada entre as carnes; Aumento da temperatura e Aumento da superfície de contato. Mortadela – Fluxograma de Produção Foto: Imagens Google. Pré-mistura das matérias primas e ingredientes Mortadela – Fluxograma de Produção Cutter Foto: Imagens Google. Mistura de toucinho (se houver) Foto: Imagens Google. Mortadela – Fluxograma de Produção Embutideira Mortadela – Fluxograma de Produção Foto: Imagens Google. Cozimento e Defumação (se houver) Foto: Imagens Google. Mortadela – Fluxograma de Produção Cozimento e Defumação (se houver) Mortadela – Fluxograma de Produção Estufa pré-aquecida a 55°C e chaminés abertas para que ocorra a secagem das tripas (30-40 minutos). Aplicar a fumaça (uma hora e meia para mortadelas de 7-9cm de diâmetro). Após a defumação, regular a abertura da chaminé e aumentar a temperatura gradualmente (5°C/hora) até atingir 85°C, e manter até que a temperatura interna do produto atinja 75°C. Resfriamento Mortadela – Fluxograma de Produção Nas próprias gaiolas em que foram cozidas, em chuveiros de água fria até atingir a temperatura interna de 43°C em 20 minutos. Embalagem Mortadela – Fluxograma de Produção Foto: Imagens Google. Mortadela Características Físico-Químicas (BRASIL, 2000) Carboidratos Totais (máx.)1 - 10% Mortadelas Bologna e Italiana (máx.) 3%. Amido (máx.)1 - 5,0% Umidade (máx.) - 65% Gordura (máx.) - 30% Mortadelas Bologna e Italiana (máx. 35%) Proteína (mín.) - 12% Prazo de Validade – 60 dias, em geral (5 após aberta a embalagem) Conservação - Resfriado +4ºC a +8ºC Mortadela Produto emulsionado de maior destaque no Brasil Consumida por todos os níveis sociais Exemplo claro de como o advento da tecnologia dos produtos cárneos possibilitou o acesso à proteína cárnea de um contingente populacional que não tinha condições de suprir a quantidade mínima diária recomendada de proteína consumindo carne in natura. Produtos embutidos fermentados Salame Salame Definição - O produto cárneo industrializado obtido de carne suína ou suína e bovina, adicionado de toucinho, ingredientes, embutido em envoltórios naturais e/ou artificiais, curado, fermentado, maturado, defumado ou não e dessecado. Classificação - Trata-se de um produto cru, curado, fermentado, maturado e dessecado. Fonte: Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Salame (BRASIL, 2000). Salame Fases da Elaboração Fermentação - Duração de uma semana, é caracterizada pela ocorrência simultânea de acidificação e formação de cor. Nesta fase, a produção de ácido láctico pelos Lactobacillus homofermentadores proporciona a inibição de bactérias gram-negativas e facilita a perda de água. Maturação - Trata-se da maior parte da desidratação do produto, bem como pela hidrólise enzimática das proteínas e gorduras, gerando compostos que desempenham importante papel no sabor Fonte: (TERRA, 2006). Salame Diferentes tipos Salame Tipo Italiano Salame Tipo Milano Salame Tipo Hamburguês Salame Tipo Friolano Salame Tipo Calabrês Salame Tipo Alemão Salaminho Diferenças relacionadas ao preparo dos ingredientes; tamanho das carnes e toucinho e detalhes da fermentação. Salame Histórico Os produtos fermentados tem como berço a região Mediterrânea, cujo clima favorecia os processos fermentativos; Embutidos fermentados serviram de alimento básico para os soldados romanos; Salame Histórico Atualmente são encontrados em várias partes do mundo embora, a Europa consiste na maior produtora e consumidora. No Brasil a região Sul se destaca em produção e consumo; O Salame Tipo Italiano é o mais difundido e caracteriza-se por ser obtido a partir de carne suína, maturado por aproximadamente 30 dias e com pH final em torno de 5,4.Salame– Fluxograma de Produção Seleção das matérias primas e ingredientes. Moagem Preparo e formulação Adição de culturas “Starter” Embutimento Fermentação Secagem e Maturação Embalagem Salame– Fluxograma de Produção Seleção das matérias primas e ingredientes. Ingredientes Obrigatórios: Carne Suína (mínimo de 60%, exceto para o salame tipo hamburguês, onde o teor permitido é de no mínimo 50%); Toucinho; Sal, nitrito e/ou nitrato de sódio e/ou potássio. Fonte: Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Salame (BRASIL, 2000). Salame– Fluxograma de Produção Seleção das matérias primas e ingredientes. Ingredientes Opcionais: Carne Bovina; Leite em pó; Açúcares Maltodextrinas; Proteínas lácteas; Aditivos intencionais; Vinho; Condimentos, aromas e especiarias; Substâncias glaceantes (revestimento externo) Fonte: Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Salame (BRASIL, 2000) . Coadjuvantes de tecnologia: Cultivos iniciadores (starters) Salame– Fluxograma de Produção Moagem Calibre característico do tipo; Condições higiênicas (cuidados devido ao aumento da superfície de contato). Salame– Fluxograma de Produção Preparo e formulação Carne a baixa temperatura Foto: Imagens Google. Salame– Fluxograma de Produção Adição das culturas “starter” Culturas puras e selecionadas Redução do tempo de fermentação Homogeneidade do produto Controle das características Salame– Fluxograma de Produção Embutimento Foto: Imagens Google. Deve ser: Compacto Evitar as bolsas de ar Para não acontecer a oxidação da massa prejudicando a qualidade. Podem ser utilizadas tripas naturais ou sintéticas. Salame– Fluxograma de Produção Fermentação Bactérias Lácticas – Açúcares ácido láctico - Inibição de bactérias patogênicas e deteriorantes; - Acidificação rápida (pH entre 5,0 e 5,4); - Temperatura ótima entre 30 e 35ºC; - Não são nitrato redutores - Formação do composto aromático ácido do embutido Salame– Fluxograma de Produção Fermentação Cultura Starter Lactobacillus e Pediococcus – acidificam o alimento; Micrococcus; Staphylococcus xyloses e carnosus – atuam como flavourizantes Na etapa da fermentação também são produzidos aromas característicos; a cor se forma e estabiliza e o processo de oxidação é retardado. Salame– Fluxograma de Produção Fermentação O desenvolvimento de bolores (em geral do gênero Penicillium) na superfície externa do produto colabora com desenvolvimento de aromas e limitação da desidratação e entrada de oxigênio. Salame– Fluxograma de Produção Secagem e Maturação Fase em que ocorre a maior parte da desidratação do produto e a hidrólise enzimática de proteínas e gorduras. Temperatura ideal: entre 12 e 18ºC e UR: de 75 a 85% Hidrólise de proteínas Peptídeos Aminoácidos Amoníaco Sabor do embutido Hidrólise de gorduras Glicerol Ácidos graxos livres Glicerídeos Sabor e aroma do embutido Salame– Fluxograma de Produção Defumação ( se houver) Temperatura não deve ultrapassar 30 °C Umidade Relativa de 75% Presença de organismos vivos Temperaturas maiores retardariam a fermentação Salame– Fluxograma de Produção Embalagem Materiais adequados Condições de armazenamento Exposto temperatura ambiente quando fechado. Produtos fatiados: embalagens a vácuo: temperatura de refrigeração. Salame Características Físico-químicas Salame Salame Tipo Italiano Salame Tipo Milano Salaminho Aw (máx) 0,92 0,9 0,9 0,9 Umidade (máx) 40% 35% 35% 35% Gordura (máx) 35% 32% 35% 32% Proteína (mín) 20% 25% 23% 25% Carboidratos (máx) 4% 4% 4% 4% Fonte: Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Salame (BRASIL, 2000) . Salame Microrganismo Tolerância para amostra indicativa Coliformes a 45ºC 103 NMP g-1 Estafilococos coagulase positiva 5x103 UFC g-1 Salmonella sp. Ausência em 25 g Fonte: Regulamento Técnico de Padrões Microbiológicos Sanitários para Alimentos (BRASIL, 2001). Padrões microbiológicos sanitários para salames. Atividade de fixação 1. Defina produtos cárneos e apresente alguns exemplos. 2. O que é uma emulsão cárnea? Quais são os seus constituintes fundamentais? 3. No processamento da mortadela quais são os cuidados que se deve ter na operação de moagem? Justifique. 4. Quando há defumação da Mortadela, qual o papel da fumaça? 5. Quais as fases principais da elaboração de um produto cárneo fermentado? 6. O que diferencia os tipos de salame? 7. Quais os ingredientes obrigatórios para a elaboração de salame de acordo com a legislação? Exemplifique que legislação é essa. 8. O que são cultura “Starter” 9. No que consiste a fermentação dentro do processo de elaboração do salame? 10. Qual a importância da maturação para o processo de elaboração do salame?
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