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AVALIAÇÃO DO VALOR PROTÉICO E DE FERRO DE DIETAS Profa. Dra. Renata Junqueira Pereira AVALIAÇÃO DO VALOR PROTÉICO DE DIETAS O valor protéico da dieta pode ser avaliado por meio de 3 indicadores: Calorias/g de Nitrogênio – Cal/gN Relação Proteína-Energia – P% Calorias fornecidas pelas proteínas totalmente utilizáveis da dieta – NDP Cal% Cal/gN A dieta deve conter uma quantidade adequada de calorias não-protéicas para garantir a metabolização adequada das proteínas ingeridas. São necessárias 120 a 150 Kcal/g de N da dieta para manter um balanço nitrogenado positivo em indivíduos sadios (pequeno estresse). Cal/g N < 120 – dieta não contém energia suficiente para garantir a metabolização da proteínas em suas funções específicas, ou dieta contém elevado teor protéico. Cal/gN Cálculo do Cal/gN: Teor de N da dieta = Total de PTN da dieta (g) 6,25 Cal/g N = Calorias não-protéicas da dieta (Cal de CHO + LIP) Teor total de N da dieta P% 10 a 12% satisfazem as necessidades protéicas de grupos populacionais, desde que as necessidades energéticas sejam atendidas. Para idosos recomenda-se P% de 12 a 14%. Dietas com P% < 10 não são necessariamente inadequadas, isso acontece quando a proteína foi fornecida só para atender as necessidades protéicas calculadas do indivíduo. Quando p% > 15 indica que a dieta pode conter alto teor protéico ou que a quantidade de energia total é baixa. O P% não é uma relação entre as necessidades biológicas ou as recomendações nutricionais de proteínas e energia. O fato das populações ingerirem dietas com um P% de 10 a 15% não reflete necessariamente uma relação biológica ideal. P% Cálculo do P% P% = Total de proteínas da dieta x 4 x 100 Calorias Totais Calorias totais = (Total de CHO g x 4) + (Total de LIP g x 9) + (Total de PTN g x 4) Valores de Referência para P% - 10 a 15% NDP Cal% Cálculo do NDPCal% NDP Cal% = NPU x P% 100 Para encontrar o NPU, multiplica-se a quantidade de proteína de cada alimento pelo seu respectivo fator de utilização protéica (Tab.1) e somam-se os totais obtidos. NDP Cal% Valores de referência para NDPCal % estão entre 6 e 12 %. Valores abaixo de 6% indicam que a dieta pode conter alto teor de proteínas de origem vegetal e, portanto, de baixa biodisponibilidade ou que a dieta contém baixo teor de proteínas totais. Valores acima de 12% indicam excesso de proteínas totais na dieta ou excesso de proteínas de origem animal. Tabela 1 – Fatores de Utilização Protéica para o Cálculo do Net Protein Utilization (NPU) Proteínas Fator Proteínas de origem animal 0,7 Proteínas de leguminosas 0,6 Proteínas de cereais, frutas e vegetais 0,5 AVALIAÇÃO DO VALOR PROTÉICO DE DIETAS A AVALIAÇÃO DO VALOR PROTÉICO DA ALIMENTAÇÃO PODE FORNECER INFORMAÇÕES VALIOSAS QUANDO SE UTILIZAM 2 OU MAIS INDICADORES. A UTILIZAÇÃO DE APENAS 1 INDICADOR E/OU O DESCONHECIMENTO DAS LIMITAÇÕES DOS INDICADORES OU DA POPULAÇÃO, INVIABILIZA QUALQUER PROGNÓSTICO SOBRE O VALOR PROTÉICO DA ALIMENTAÇÃO. Biodisponibilidade de Ferro da Dieta BIODISPONIBILIDADE DE FERRO O ferro presente nos alimentos não é absorvido de modo uniforme. A absorção deste nutriente depende de vários fatores dietéticos e fisiológicos. Existem duas formas de ferro alimentar, a forma heme a a não-heme. O ferro heme constitui 40% do ferro presente nos alimentos de origem animal, os 60% restantes são ferro não-hemínico. Para efeito do cálculo dietético considera-se que, dos alimentos de origem animal, apenas as carnes e derivados, denominados CPA (carnes, peixes e aves), contém ferro heme. Os demais alimentos contêm apenas ferro não-heme. BIODISPONIBILIDADE DE FERRO Outro fator dietético envolvido no cálculo dietético da disponibilidade de ferro da refeição é o ácido ascórbico ou vitamina C. O ácido ascórbico potencializa a absorção do ferro alimentar de duas formas: sendo um agente redutor, mantém o ferro no estado ferroso (Fe2+), que é mais solúvel, aumentando assim sua absorção; forma ainda um composto solúvel, o ascorbato de ferro, que apresenta uma boa absorção. A biodisponibilidade de ferro pode ser estimada na dieta, com base nas quantidades de carne e/ou de vitamina C presentes na refeição, conforme Tabela 1: BIODISPONIBILIDADE DE FERRO Tabela 1- Biodisponibilidade de Ferro da Dieta Biodisponibilidade da Refeição Consumo de Carne, Peixe ou Ave (CPA) e Ácido Ascórbico na Refeição. % Ferro Absorvido NÃO-HEME HEME BAIXA < 30g de CPA ou < 25mg de vit C 3 23 MÉDIA 30 a 90g de CPA ou 25 a 75mg de vit C 5 23 ALTA > 90g de CPA ou > 75mg de vit C ou 30 a 90g de CPA + 25 a 75mg de vit C 8 23 Roteiro para o Cálculo da Absorção de Ferro da Dieta Para cada refeição determine: A quantidade total de ferro; A quantidade total de ferro heme; A quantidade total de ferro não-heme; A quantidade total de vitamina C, em mg, presente nos alimentos ingeridos; A quantidade total de CPA; A biodisponibilidade da refeição, conforme Tabela 1. Roteiro para o Cálculo da Absorção de Ferro da Dieta Calcule: A taxa de absorção do ferro heme e do ferro não- heme, de acordo com a classificação da biodisponibilidade da refeição; A quantidade total de ferro absorvido (ferro absorvido = ferro heme absorvido + ferro não-heme absorvido); Some o ferro absorvido em cada refeição e compare com as recomendações diárias propostas pela Tabela 3 ou pelas DRIs (pelo menos 10% das DRIs). Prática Registrar um Recordatório de 24 h de um colega e avaliar a dieta deste indivíduo quanto ao Valor Protéico (Cal/gN, P%, NDPCal%) e quanto à Disponibilidade de Ferro. Os formulários necessários estão na apostila.