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O desenvolvimento dos sistemas energéticos embora essencial para a performance atlética, não existe especificamente para essa finalidade, seu verdadeiro propósito é suportar as funções vitais. Provendo constantemente o suprimento de energia necessário para cada célula do corpo funcionar, os sistemas energéticos são os pilares biológicos na manutenção da vida. Essa tendência à produzir energia e sobreviver que torna possível alcançar os limites da performance humana através do treinamento. Mais Longe é olhar e explorar o desenvolvimento dos sistemas energéticos de uma forma mais ampla, e entender todos os pontos de conexão que o treinamento deles tem com a performance e a criação de planos de treinamento. Objetivos - Entender as características e funcionamento das fontes energéticas. - Identificar os componentes do Pilar de Desenvolvimento dos sistemas energéticos. - Prescrever um treino metabólico com segurança e eficiência. - Como prescrever e aplicar um treino intervalado. - Como prescrever e aplicar o método de treino Complexo. - Como prescrever e aplicar um treino em circuito. - Montar um planejamento completo, tendo a disposição todos os pilares da metodologia. SISTEMAS ENERGÉTICOS Sistema Anaeróbio Alático (Fosfagênio) A ressíntese do ATP se dá com a ação da creatina fosfato (CP) ➢ Fornece ATP principalmente em atividades de alta intensidade e curta duração. ➢ Está ativo no início de todos os exercícios, independente da intensidade. ➢ Esforços máximos de aproximadamente 10 segundos. ➢ Sistema energético predominante em esportes como corrida 100m rasos, salto em distância, levantamento de peso. Sistema Anaeróbio Lático (Glicolítico) A ressíntese do ATP se dá através da decomposição do glicogênio muscular em ácido pirúvico. ➢ Sustenta a produção de energia em esforços de alta intensidade em até 3 minutos. ➢ Carboidratos são a principal fonte de combustível. ➢ Produz lactato ➢ Sistema energético predominante em esportes como basquete, futebol, corridas 200 e 400m rasos e natação 100m estilo livre. Sistema Aeróbio (Oxidativo) Sustenta a produção de energia em esforços de maior duração. ➢ A ressíntese do ATP se dá através da oxidação do glicogênio hepático e dos ácidos graxos do tecido adiposo. ➢ Usado durante a recuperação dos sistemas anaeróbios. ➢ Aumenta a oferta de oxigênio para os músculos. ➢ Depende da presença do oxigênio para produzir ATP. ➢ Sistema energético predominante em esportes como natação, corridas, ciclismo de média e longa duração. Interação dos sistemas energéticos McArdle, 1998 10 segundos 1 minuto 2 horas ou mais2 minutos Sistema energético Anaeróbico aláctico Sistema energético Anaeróbico láctico 50% Aeróbico 50% Anaeróbico 98% Aeróbico 02% Anaeróbico Sistema energético: efeito duração e intensidade Duração do evento Intensidade do evento Principal(is) sistema(s) energético(s) 0-6s Bastante intensa Fosfagênio 6-30s Muito intensa Fosfagênio e Glicólise rápida 30s-2 min Intensa Glicólise rápida 2-3 min Moderada Glicólise rápida e oxidativo >3 min Leve Oxidativo Cramer, J.T. , 2008 Contribuição dos mecanismos aeróbios e anaeróbios aos esforços máximos sustentados Mecanismos 0-5s 30s 60s 90s 150s 200s Intensidade do exercício (% da produção de potência máxima) 100% 55% 35% 31% N/D N/D Contribuição dos mecanismos anaeróbios (%) 96 75 50 35 30 22 Contribuição dos mecanismos aeróbios (%) 4 25 50 65 70 78 Vandewalle, Peres, Monod (1987); Withers et al. (1991) Zonas de treino DSE Zona 1 = 91 a 100% FC máx Zona 2 = 81 a 90% FC máx Zona 3 = 71 a 80% FC máx Zona 4 = 61 a 70% FC máx Zona 5 = 50 a 60% FC máx ZONA ALVODSE Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) % Esforço Máximo Zonas de treinamento Escala subjetiva de esforço Percepção 50% - 55% 56% - 60% Z5 1 2 Muito fácilFácil 61% - 65% 66% - 70% Z4 3 4 ModeradoModeradamente difícil 71% - 75% 76% - 80% Z3 5 6 Difícil Muito difícil 81% - 85% 86% - 90% Z2 7 8 IntensoMuito intenso 91% - 95% 96% - 100% Z1 9 10 Quase no meu limiteExausto! Não aguento mais! Planejamento dos sistemas energéticos Exemplo de modelo de 6 treinos por semana. Alático Lático AláticoAeróbio Aeróbi o Alático LáticoCapacidade Aeróbi o Lático Potência Aeróbi o Aeróbi oAlático Aeróbi o Lático CapacidadeAlático Aeróbi oLáticoAlático Segunda Terça QuintaQuarta Sexta Sábado B A C Mais longe Mais Longe Como trabalhar? Como trabalhar? Principais Pilares a serem utilizados nessa fase. Desenvolvimento dos sistemas energéticos Otimizar a produção de energia. 08 Desenvolver os Sistemas Energéticos para elevar a capacidade funcional. J. Helgerud, K. Høydal, E. Wang, T. Karlsen, P. Berg, M. Bjerkaas, T. Simonsen, C. Helgesen, N. Hjorth, Aerobic high- intensity intervals improve VO2max more than moderate training., Med Sci Sports Exerc, volume 39, issue 4, pages 665-71, Apr 2007. Pilar de D.S.E. Otimizar a produção energética. Complexo Intervalado Circuito➔ 6 a 50 min. Desenvolvimento dos sistemas energéticos - Otimização da produção de energia e interação dos sistemas energéticos sustentando a capacidade funcional. - Utiliza-se de alguns métodos de treinamento como: Complexos, Intervalado e Circuito. ❖ Não deve ser utilizado como uma ferramenta de desenvolvimento de capacidades físicas, mas sim, uma forma de otimizar a produção e interação energética através de tarefas conhecidas dentro do repertório motor do indivíduo. IMPORTANTE Complexos Complexos Criado e popularizado nos anos 80 por Istvan S. Javorek, os complexos são uma série com pelo menos dois exercícios e o mesmo equipamento (ex: barra, halter, kettlebell) onde o atleta completa todas as repetições de um exercício antes de passar para o próximo sem nunca soltar o equipamento. “Um método eficiente e agressivo de melhoria do desempenho que economiza tempo e torna o programa mais agradável.” - Javorek, I. Complexos Benefícios: ● Aumentar e estimular a coordenação neuromuscular ● Aumentar a carga de trabalho e intensidade ● Estimular o sistema músculo-esquelético ● Aumentar o benefício cardiovascular do treinamento com pesos livres. Javorek, IS., 1998 Regras para montagem dos Complexos CORE 360º ● 2 a 8 exercícios; ● 3 a 12 repetições; ● 2 a 6 séries; ● Mesmo implemento e mesma carga; ● Intervalo de descanso 1:0,5 - 1:3; ● Utilizar princípio da sobrecarga; ● Primeiro deve-se aprender cada exercício com a técnica adequada. "Torne o programa agradável, evite a monotonia, use a abundância de variações de exercícios e individualize a programação." Javorek,IS. Como determinar a carga nos Complexos Exemplo: Complexos com 6 Repetições 1. Testar todos os exercícios separadamente e determinar o 5RM; 2. Selecionar o exercício limitante (o que você é mais fraco); 3. Usar 40-45% do 5RM do exercício limitante. A progressão da carga pode ocorrer até 70%. Istvan Javorek’s Conditioning, 2016 Complexos Barra (3 x 6, 90”) iniciante Barra ( 3 x 5, 75”) avançado Kettlebell (3 x 6 cada, 60”) avançado 1. Desenvolvimento Frontal 1. Hang Power Clean 1. Swing unilateral 2. Agachamento Frontal 2. Push Press 2. Clean unilateral 3. Remada Curvada 3. Agachamento Frontal 3. Push Press unilateral 4. Stiff 4. Remada Curvada 4. Agachamento Frontal unilateral 5. Stiff 6. Hang High Pull Complexos Exercícios Séries Repetições Intervalo Elabore uma sessão de complexos com halteres, com foco no sistema anaeróbio lático para um cliente que tem como objetivo Performance e se encontra na zona 2. Treinamento Intervalado Treinamento Intervalado “Refere-se a sessões repetidas de exercício intermitente, relativamente breve, em que curtos intervalos de exercício intenso são separados por períodos mais longos de recuperação. Dependendo do nível de esforço, um único esforço pode durar de alguns segundos a vários minutos, com intervalos de exercício separados por até alguns minutos de descanso ou por exercício de baixa intensidade.”Gibala e Ballantyne, 2007 Treinamento Intervalado de Alta Intensidade O Treinamento intervalado de alta intensidade (H.I.I.T.) é caracterizado por sessões repetidas de exercício intermitente, relativamente breve, muitas vezes realizado com um esforço "all out" ou em uma intensidade próxima à que provoca consumo máximo de oxigênio ( ≥90% do VO2 pico ou ≥85% FCmáx.). Gibala e McGee, 2008. Tipos de H.I.I.T. ➢ Sprint Interval training (S.I.T.) – tiros < 45s, intervalos de 2 a 4 min; ➢ Repeated-sprint training (R.S.T.) – tiros ≤ 10s, intervalos inferiores a 60s; ➢ Todos intercalados com períodos de recuperação passiva; ➢ A duração total pode ser de aproximadamente 5 a 40 minutos, incluindo os intervalos; M. Buchheit; P. B. Laursen, 2013. Adaptações possíveis ao H.I.I.T. ● Condicionamento físico geral; ● Melhora do condicionamento aeróbio e anaeróbio; ● Aumento do VO2max; ● Possível aumento da atividade enzimática oxidativa e glicolítica; ● Capacidade de tamponamento; ● Melhora do rendimento de endurance; ● Diminuição do % gordura; ● Efeito agudo e crônico da sensibilidade à insulina. Boutcher, S. (2011); Buchheit & Laursen (2013); Schoenfeld & Dawnes (2009). Variáveis A manipulação das variáveis do treinamento intervalado é importante não só no que diz respeito às respostas fisiológicas de curto, médio e longo prazo, mas também nas adaptações geradas nas sessões de treino, no microciclo e no mesociclo periodizado. Treinamento Intervalado - Manipulação Intensidade Pausa / duração Intensidade Trabalho / duração Nº repetições Nº séries Entres séries pausa / duração / intensidade Modalidade exercício M. Buchheit; P. B. Laursen, 2013. Recomendações gerais para treinamento intervalado % da potência máxima Principal sistema estressado Tempo normal de exercício Variação da proporção exercício-recuperação 90-100 Fosfagênio 5-10s 1:12 a 1:20 75-90 Glicólise rápida 15-30s 1:3 a 1:5 30-75 Glicólise rápida e oxidativo 1-3 min 1:3 a 1:4 20-35 Oxidativo >3 min 1:1 a 1:3 Cramer, J.T., 2008. Treinamento Intervalado Direção de ação treinada Parâmetros da carga Intensidade do exercício Duração do exercício Duração das pausas do repouso Característica do repouso nº de repetições do exercício 1. Potência anaeróbia alática máxima 7-10s 2 - 3 min passivo 5- 6 2. Capacidade anaeróbia alática máxima 7-10s 20s - 1,5 min passivo 10 -12 3. Potência anaeróbia lática submáxima 20-30s 6 - 10 min ativo 3 - 4 4. Capacidade anaeróbia lática submáxima 40-90s 5 - 6 min ativo > 10 5. Potência aeróbia moderada 30s -2,5min 30s - 3 min ativo 10- 15 6. Capacidade aeróbia moderada 1 - 6 min 1 - 6 min ativo > 10 7. Eficiência aeróbia leve 15 - 30s 15 - 30s ativo > 20 VOLKOV, N I. Teoria e Prática do Treinamento Intervalado no Esporte.(2002). Treinamento Intervalado de Alta Intensidade Trabalho Pausa Tipo de pausa Nº de repetições Nº de séries Efeitos Longo-Longo 3-10 min90%-100% MVA 2-3 min ativo 3-5 1 Resistência aeróbia VO2 max Médio-Médio 30 seg- 2 min100%-110% MVA 30 seg-3 min ativo 5-2 1-3 VO2 max Curto-Curto 10-20 seg110% MVA até sprint 10-20 seg ativo ou passivo 10-16 3-5 VO2 max Capacidade anaeróbia MVA: Máxima velocidade aeróbia. Joyce, D & Lewindon, D., 2014. Protocolos mais conhecidos: Protocolo Meio Intervalos Esforço Pausa Intensidade Tempo total Frequência “Gibala, 2006” (Wingate) Bike 4-7 30s 4 min. “all out” (~700w) 18-27 min 3x/ semana Little & Gibala, 2007 Bike ou corrida 4 60s 75s 80-90% 10 min 3x/ semana Tabata, 1996 Bike 7-8 20s 10s “all out”(170% Vo2max) 4 min 5x/ semana Treinamento Intervalado de Alta Intensidade Regras para montagem do treino intervalado ● Tarefas cíclicas (corrida, bike, remo, pular corda, etc); ● Tarefas SIMPLES de agilidade, força, potência e resistência utilizando o próprio peso corporal (no máximo até 6 exercícios diferentes por sessão); ● Exercícios Globais, Integrados e Multiarticulares; ● É fundamental manter a qualidade de movimento; ● Utilizar o princípio da sobrecarga; ● Utilizar um dos quadros de tempo de trabalho e repouso para treinamento intervalado; IMPORTANTE Treinamento Intervalado Potência aeróbia ↑VO2max Exercícios Duração PSE T1. Bike sprint (1x) 90s 6-7 R1. Bike leve 3min 3-4 T2. Bike sprint (2x) 60s 7-8 R2. Bike leve 2min 3-4 T3. Bike sprint (3x) 45s 7-8 R3. Bike leve 1min30s 3-4 T4. Bike sprint (4x) 30s 8-9 R4. Bike leve 1min 3-4 23’15" Treinamento Intervalado 10’50’’ ↑Potência anaeróbia alática Exercícios Duração PSE T1. Corrida ida e volta linear (10m) 10s 9-10 R1. repouso 2min 2 T2. Corrida ida e volta lateral (10 m) 10s 9-10 R2. repouso 2min 2 T3. Corrida ida e volta linear (10m) 10s 9-10 R3. repouso 2min 2 T4. Corrida ida e volta lateral (10m) 10s 9 - 10 R4. repouso 2min 2 T5. Corrida ida e volta linear (10m) 10s 9 - 10 R5. repouso 2min 2 Treinamento Intervalado 3 séries Total: 18’00” Exercícios ( 2x cada = 1 série) Duração PSE T1. Burpee 20s 9-10 R1. repouso 10s 1-2 T2. Corrida estacionária joelho alto 20s 9-10 R2. repouso 10s 1-2 T3. Escalador 20s 9-10 R3. repouso 10s 1-2 T4. Corrida ida e volta linear (10m) 20s 9-10 R4. repouso 10s 1-2 Intervalo = 3 minutos VO2 max Capacidade anaeróbia Circuito Circuito Criado por R. Morgan e G. Adamson em 1953, na Universidade de Leeds em Londres. Foi elaborado com a finalidade de ser um sistema que treina simultaneamente vários componentes físicos (Siff e Verkhoshansky, 2000). ● Circuito Aeróbio ● Circuito Anaeróbio ➔ 30s parece ser o tempo adequado para manter uma intensidade elevada com um padrão de execução apropriado (Klinka e Jordan, 2013). ➔ Pelo menos 20 min. de duração é o tempo recomendado para exercícios de alta intensidade de acordo com as Diretrizes do ACSM. Circuito Circuito Aeróbio Circuito Anaeróbio Duração das estações 30-60 segundos 10-40 segundos Pausa entre estações 0 - 15 segundos 30s - 4 minutos Intervalos entre séries 0 - 1 minutos 0 - 2 minutos Número de estações 6-15 4-10 Números de séries 3-10 3-5 Tipos de atividades Preferência por tarefas cíclicas (corrida, bike, corda, deslocamentos), de força e core. Preferência por tarefas de força, potência, agilidade e velocidade. Intensidade baixa para moderada moderada-alta (Siff e Verkhoshansky, 2000; Klika,B. e Jordan,C., 2013; Scholich, M., 1990; Morgan e Adamson, 1961) Circuito Exercícios - Intervalo 1’ entre séries trabalho pausa séries 1. Pular corda ou Polichinelo 30s 10s 4 2. Agachamento Frontal 30s 10s 4 3. Deslocamento lateral (5-10m) 30s 10s 4 4. Remada curvada 30s 10s 4 5. Corrida estacionária 30s 10s 4 6. Levantamento terra 30s 10s 4 7. Escalador 30s 10s 4 8. Flexão de braço 30s 10s 4 9. Corrida ida e volta (5-10m) 30s 10s 4 10. Burpee 30s 10s 4 4 séries 29'00" Aeróbio Endurance Circuito Exercícios - Intervalo de 2’ entre séries trabalho pausa séries 1. Hang High Pull 20s 50s 3 2. Agachamento com desenvolvimento com halter 20s 50s 3 3. Flexão de Braço Pliométrica 20s 50s 3 4. Arremesso de Medball para Baixo 20s 50s 3 5. Deslocamento Lateral - Escada de Agilidade 20s 50s 3 6. Avanço em Progressão com halter 20s 50s 3 7. Remada Curvada com halter 20s 50s 3 8. Salto Vertical 20s 50s 3 Anaeróbio 3 séries 30'00" Etapa Objetivos Pilares Opções/etapas do Pilar Exercício Mais Longe Preparar para o treino de maneira eficiente favorecendo a resposta na parte principal. Preparação de Movimento - Ativação Miofascial - Ativação do Core - Alongamento Dinâmico - Ativação Neuromuscular Tarefas Otimizar a produção de energia Desenvolvimento dos sistemas energéticos - Complexo - Intervalado - Circuito Tarefas Encerrar o treino, favorecendo a regeneração, sustentando a treinabilidade. Regeneração - Liberação miofascial - Nutrição - Técnicas auxiliares Tarefas
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