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Liana Ribeiro Patologias do sistema reprodutor feminino 1. Patologias do ovário: ● Congênitas: agenesia e hipoplasia; Agenesia: ausência de um ou ambos ovários; ● Bilateral: acíclica; ● Diagnóstico: palpação transretal; Hipoplasia: falha no desenvolvimento ovariano = ovário infantil; ● Diminuição do número de células germinativas = presença do gene autossômico recessivo; ● Diagnóstico: palpação transretal e US; ● Total ou parcial; ● Tamanho variável: espessamento até estruturas pequenas, planas, endurecidas, com superfície enrugada; ● Adquiridas: atrofia, tumores e cistos; Atrofia: regressão no tamanho do ovário; ● Regressão no tamanho; ● Disfunção do hipotálamo/hipófise = deficiência de FSH e LH - não estimula funcionamento dos ovários; ● Redução no tecido funcional até perda total do tecido germinativo; ● Intensidade e duração do fator atuante e capacidade de equilíbrio do organismo; ● Etiologia: partos distócicos, desequilíbrio hormonal no puerpério, lactação, temperatura elevada, insuficiência alimentar ou superalimentação, doenças crônicas, senilidade e predisposição hereditária; ● Tratamento: corrigir problema primário; Tumores: células da granulosa, epiteliais, disgerminoma e teratoma; ● SC: estro permanente, ciclicidade irregular, acíclica persistente ou virilismo; ● Diagnóstico e tratamento: palpação, US e ovariectomia; Cisto ovariano: estruturas foliculares anovulatórias; ● Persistem por 10 dias ou mais na ausência de um cl funcional; ● Comportamento estral anormal; ● Vacas leiteiras; ● Classificação: luteínicos ou foliculares (mais comuns) - dependendo do grau de luteinização; ● Fêmeas afetadas permanecem inférteis durante o período em que o cisto for funciona; ● Fatores predisponentes: alta produção, estação do ano, estresse e balanço energético negativo, retenção de placenta, febre do leite e endometrite; ● Etiologia: falha da descarga de LH; ● Endógena: ○ Hipotalâmica - diminuição na produção ou liberação de GNRh; ○ Hipofisária - falha das células basófilas que não produzem ou liberam suficiente LH; ○ Ovariana - falha no mecanismo de retroalimentação positivo do estradiol, ou pelo desenvolvimento anormal e ou assíncrono dos receptores para gonadotrofinas; ● Exógena: ○ Tratamento com corticoides; ○ Drogas super ovulatórias tipo eCG; ○ Endotoxinas ou mediadores inflamatórios uterinos; ● Patogenia: progesterona (concentrações intermediárias) – insensibiliza hipotálamo ao estradiol – não há liberação de GnRH - ausência do pico pré-ovulatório de LH; ○ Progesterona produzida pelo cisto primário estimula o desenvolvimento de outros cistos; Liana Ribeiro Sinais clínicos: ● Foliculares: anestro (mais comum) ou cios frequentes e irregulares ou mesmo ninfomania - não sobre a luteinização do CL - progesterona baixa; ● Casos raros: masculinização; ● Relaxamento dos ligamentos pélvicos, edema de vulva, secreção de muco a purulenta; ● Luteínicos: anestro - nível de progesterona alto ● Palpação retal: cisto com parede espessada; ● Palpação transretal e US; ● Folicular: parede fina; ● Luteínico: parede espessa; Evolução dos cistos: 1) Permanecem dominantes por longos períodos sem desenvolvimento de outros folículos; 2) Perdem a dominância e são substituídos por um outro cisto da nova onda folicular; 3) Perdem a dominância e são substituídos por um folículo dominante que chega a ovulação; Tratamento: ● Foliculares: LH, hCG; ○ GNRH; ● Luteínicos: prostaglandina; ○ Não houver boa luteinização: hCG ou LH para induzir a luteinização e 5 a 6 dias após, prostaglandina; ● Após a resolução do quadro, deve-se utilizar um indutor de ovulação no momento da cobertura/ IA; 2. Patologias dos ovidutos: ● Congênitas: agenesia, duplicidade, estenose, degeneração cística, aplasia segmentar (ausência de porções/parte do oviduto uni ou bi, característica recessiva); ● Adquiridas: aderência (metrites ou quadros de peritonites), piossalpinge (acúmulo de pus no oviduto, geralmente secundário a endometrite, seguido de obstrução), obstrução (secundária a processos infecciosos uterinos que não tiveram uma resolução em tempo hábil); ● Diagnóstico: exame retal, ultrasonografia e teste de permeabilidade tubárica; ○ Hidrossalpinge: acúmulo de líquidos no oviduto, secundário a obstrução; ○ Salpingites: processo inflamatório das tubas - agentes penetram via útero; ■ Podem estar associadas ao complexo de hiperplasia cística - piometra; ■ Etiologia: endometrites, metrites, abortos, agentes irritantes; ■ SC e diagnóstico: retorno regular sem causa clínica aparente, aumento do diâmetro, flutuação - palpação retal e US; ■ Teste PSP; Liana Ribeiro ■ Prognóstico: bilateral é desfavorável; 3. Patologias do útero: Congênitas: ● Agenesia; ● Aplasia segmentar: ausência de porções/parte do corno uterino uni ou bilateralmente; ○ Displasia dos ductos paramesonéfricos; ○ Região afetada: estreitamento fibroso; ○ Etiologia: característica recessiva; ○ Diagnóstico: exame retal; Adquiridas: ● Lesões traumáticas: laceração de parede uterina; ○ Fibrose localizada - contaminação = abcessos; ○ Evolução: quadros de endometrites e peritonite; ● Metrite puerperal: infecção de todas as camadas do útero; ○ 10 dias após parto; ○ Fatores predisponentes: retenção de placenta, distocia, natimorto ou prenhez gemelar; ○ Aguda: séptica, grave, endotoxemia; ○ Crônica: processos inflamatórios profundos que acometem o miométrio, podendo ou não estar associados à endometrite; ● Endometrite clínica: presença de exsudato uterino purulento ou mucopurulento na vagina, 21 ou mais dias pós-parto, não acompanhado por sinais sistêmicos. ● Endometrite subclínica: inflamação do endométrio (citologia); ○ >18% de neutrófilos - 21 a 33 dias pós-parto ou >10% de neutrófilos de 34 a 47 dias, na ausência de endometrite clínica; ● Endometrite crônica: contaminação ocorre no estro, presença de má conformação, momento do parto ou manejo ginecológico, durante inseminação ou cobertura; ● Endometrose: fibrose endometrial periglandular – ativa ou não; ○ Processo degenerativo: idade, número de parições, sucessivas endometrites agudas, infusões uterinas com agente irritantes; ● Endometrite pós cobertura: presença de sptz, plasma seminal e bactérias = reação inflamatória; ○ 12 horas = pico = remoção do excess de sptz; ○ Influxo de neutrófilos e liberação de prostaglandina = contração; ● Metrites e endometrites: ○ Arcanobacterium pyogenes; ○ Streptococcus equi; ○ Escherichia coli; ○ Staphylococcus aureus; ○ Klebsiella pneumoniae; ○ Fungos: Candida spp; Aspergilus spp; Classificação: 1º grau – CGI: cervicite e endometrite pós-puerperal crônica; 2º grau – CGII: cervicite e endometrite pós-puerperal muco-purulenta crônica; 3º grau – CGIII: cervicite e endometrite pós-puerperal purulenta crônica; 4º grau – CGIV: piometra; Sinais clínicos: virulência e fatores predisponentes; ● Descarga uterina persistente: amarronzada a avermelhada; ● Febre; ● Redução da produção de leite; ● Apatia; ● Anorexia; ● Taquicardia; Liana Ribeiro ● Desidratação; Diagnóstico: ● Anamnese, sinais clínicos; ● Palpação transretal: útero com aumento de volume e presença de conteúdo; ● Vaginoscopia: conteúdo purulento; ● Ultrassonografia; ● Citologia endometrial; ● Biópsia endometrial; ● Hemograma; ● Cultura bacteriana; Tratamento: ● Antibióticos sistêmicos: penicilina, oxitetraciclina, ceftiofur; ● Terapia hormonal: ocitocina (48-72h pós parto), prostaglandinas; ● Terapias intra uterina: questionável - lesões endometriais; ● Fluido, AINES; ● Piometra: grandes - lavagem uterina, pequenos - OSH; 4. Patologias da cérvix: ● Alterações do desenvolvimento; ● Lesões traumáticas; ● Estenose cervical; ● Cistos;● Tumores; ● Cervicite; 5. Patologias da vagina e vulva: Congênitas: ● Agenesia; ● Hipoplasia: falta de desenvolvimento de vulva e/ou vagina; ● Persistência do hímen: relativamente comum - etiologia: fundo genético (white heifer disease); ● Constrição vaginal/reto vaginal: bovinos - característica recessiva (touro Jersey Generator Dayriman); ○ Ovinos: menor fertilidade; Adquiridas: ● Cistos de Gartner e Bartholin: acúmulo de secreção determinado pela obstrução do ducto; ● Diagnóstico: cistos pequenos em forma de cordões no assoalho da vagina ou grandes na lateral do vestíbulo, respectivamente; ● Fístula reto vaginal/laceração de períneo: comunicação entre o conduto vaginal e reto; ○ Etiologia: partos distócicos, inabilidade obstétrica, episiotomias mal direcionadas; ○ Lesão extensa: redução em etapas; ● Má posição da vulva: horizontalidade pode ocasionar o refluxo de urina ou entrada de fezes para o interior do conduto vaginal, determinado vaginites e/ou infecções uterinas; ○ Comum em fêmeas velhas, magreza extrema e portadores de cistos foliculares; ● Fechamento imperfeito de vulva / Pneumovagina: falha de posicionamento do vestíbulo vaginal; ○ Secundário a cicatrizes decorrentes de partos laboriosos ou má conformação; ○ Diagnóstico: observar se ocorre a entrada de ar, presença de ruídos de entrada e saída de ar pelo conduto vaginal; ○ Associado a quadros de pneumovagina, vaginites e endometrites; ○ Causa frequente de abortos precoces ou morte embrionária; ○ Tratamento: vulvoplastia = técnica de Caslick; Liana Ribeiro ○ ● Urovagina: retenção da urina no conduto vaginal; ○ Elevação da região himenal - mau posicionamento da vulva; ○ Diagnóstico: urina observada na vaginoscopia ou exame retal; ● Tumores: ○ Fibropapiloma: mais comum em animais jovens; ○ Tumor venéreo transmissível: canídeos; ○ Carcinoma das células escamosas: comum em éguas, ovelhas e vacas; ○ Melanoma: comum em éguas tordilhas - apresentação na base da cauda, anus, períneo e vulva; ● Vaginite: infecções venéreas específicas (T. fetus; IBR), inespecíficas (Stafilococcus, Streptococcus, coliformes, traumas e irritações físico-químicas); ○ Sinais clínicos: mucosa hiperêmica, secreção mucopurulenta; ○ Tratamento: solução anti-séptica, antibióticos; 6. Transtornos funcionais: ● Anestro: inatividade sexual sem cio - fisio ou patológico; ● Anestro fisiológico - estacional: atividade sexual em períodos favoráveis (mono e poliéstricas estacionais), permanecendo o restante do período em anestro; ○ Ex: Cadela, égua, búfala, ovelha e cabra; ● Anestro lactacional: não apresentam atividade sexual durante a lactação; ○ Ex. Porca e vaca - anestro lactacional/ ovelha e cabra - casos esporádicos; ○ Égua - cio do potro e anestro lactacional; ● Anestro pós-parto: sobreposto ao anestro lactacional, variável dependendo da espécie e que pode sofrer influências do manejo; ○ Ex. gado de corte c/cria; vacas com puerpério complicado; égua com cio do potro; ● Anestro patológico: ausência de cios e de atividade cíclica ovariana, motivado por causas patológicas; ○ Causas orgânicas: defeitos genéticos, hipoplasia, tumores, castrações, reações fibróticas, infecções, etc; ○ Causas hormonais: transtornos na produção e liberação de gonadotrofinas; ○ Causas nutricionais e de manejo: falhas alimentares qualitativas e quantitativas, minerais, estabulações excessivas, falta de luminosidade, verminoses, doenças debilitantes, estresse; ● Diagnóstico: ausência da manifestação do cio; ○ Palpação transretal: ovários pequenos, endurecidos e sem estruturas funcionais; ○ Orgânicas: presença de lesões (massas tumorais, aderências, fibroses); ● Tratamento: Liana Ribeiro ○ Causas hereditárias ou orgânicas irreversíveis: descarte; ○ Causas hormonais: diagnóstico é muito difícil tentar estabelecer tratamentos nos casos de suspeita; ○ Causas nutricionais e de manejo: corrigir a deficiência; ■ Adição de minerais, especialmente o fósforo, tratamento hormonal (GNRh, estrógenos em pequenas doses ou bloqueio com progesterona ou análogos); ● Cio silencioso: atividade cíclica ovariana (ovulação) sem manifestação dos sinais de cio; ○ Comum em vacas leiteiras; ○ Diagnóstico: palpação retal repetida verificando corpo lúteo em lugares distintos ou hemorragia de metaestro, sem a observação de sinais de cio; ○ Tratamento: sincronização com prostaglandina e inseminação artificial, ou utilização de um protocolo OVSINCH (GNRh – 7 dias; PGF2α – 36 horas e GNRH - 50 - 60 horas IA); ● Cios anovulatórios: apresenta sinais de cio porém não acompanhado de ovulação; ○ Folículo maduro sofre regressão no final do estro; ○ Disfunção hormonal relacionada a descarga de LH; ○ Comum em bovinos de leite, sendo mais freqüente no primeiro cio pósparto; ○ Diagnóstico: palpações retais repetidas = presença de um folículo durante o cio e ausência do posterior corpo lúteo; ○ Tratamento: bom desenvolvimento folicular: hCG ou GNRh; ■ Pouco desenvolvimento folicular: drogas folículo estimulantes; ■ Implantes de progesterona + estradiol + eCG (300 a 400 UI); ● Cio durante a gestação: 4º ou 5º mês de gestação; ○ Queda na progesterona: momento de transição entre a produção ovariana e placentária; ○ ‘Cio do encabelamento’ - período em que o feto começa a desenvolver pelos; ● Ninfomania: síndrome neuro endócrina = prolongamento do cio, por cios frequentes e irregulares, podendo chegar ao cio permanente; ○ Vaca e égua; ○ Etiologia: - doses de estrógenos inadequadas, degenerações císticas do ovário ou tumores da granulosa, transtornos das adrenais (égua); Liana Ribeiro ○ Vaca: inquietação, mímica coital, aceita o macho a todo momento, relaxamento dos ligamentos pélvicos, presença de muco e emagrecimento; ○ Égua: agressividade, não aceitando a proximidade de outros animais e nem a cobertura; ○ Tratamento: avaliação para estabelecer o grau de lesões que ocorreu. - mais aconselhável é o descarte do animal;