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O Contexto Escolar e a Acessibilidade 02 1. O Contexto Escolar: A Acessibilidade 4 2. As Deficiências Múltiplas 11 3. As Altas Habilidades 17 4. Avaliação das Aptidões Cognitivas 24 Avaliação Psicológica de Crianças com Necessidades Educativas Especiais 26 Avaliação Assistida 31 5. Referências Bibliográficas 40 03 4 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE 1. O Contexto Escolar: A Acessibilidade Fonte: Nova Escola1 ara Jesus (2006, s/p) o tema inclusão social vem sendo sen- sivelmente discutido entre todos os segmentos sociais, uma vez que este tema tem sido proposto com maior ênfase desde os anos de 1990 até hoje. A grande meta a ser atingida é: sensibilizar a sociedade para o di- reito de ir e vir das pessoas portado- ras de necessidades especiais. No processo de inclusão, há quatro fato- res de suma importância para essas pessoas: a garantia da educação, a garantia do trabalho, a garantia do 1 Retirado em https://novaescola.org.br/ convívio social e de uma vida afetiva também satisfatória. A sociedade inclusiva é um projeto que a Organização das Na- ções Unidas aprovou pela Resolução 45/91, de 90, definindo que de 91 até 2010 o conceito de inclusão seria im- plementado em toda a sociedade no mundo inteiro. A Resolução 45/91 diz o seguinte: “a Assembleia geral solicita ao secretário geral da ONU uma mudança no foco do programa das Nações Unidas sobre deficiên- cia, passando da conscientização pa- P 5 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE ra a ação, com o propósito de se con- cluir com êxito uma sociedade para todos por volta do ano 2010”. Como foi dito acima existem quatro fatores para que o processo de inclusão se estabeleça e um deles é o direito à educação. As diretrizes nacionais para a educação especial nos dizem: “a educação é o principal alicerce da vida social. Ela transmite e amplia a cultura, estende a cidada- nia, constrói saberes para o traba- lho. Mais do que isso, ela é capaz de ampliar as margens da liberdade hu- mana, à medida que a relação peda- gógica adote, como compromisso e horizonte ético-políticos, a solidari- edade e a emancipação”. Nesta con- cepção de educação inclusiva, abre- se aqui, uma discussão sobre o pro- cesso de inclusão escolar, voltando o olhar para a perspectiva da acessibi- lidade, será que ela existe? (JESUS, 2006, s/p) Acessibilidade como fator para educação inclusiva: conforme Je- sus (2006, s/p) no ambiente escolar em especial, um meio físico acessível pode ser extremamente libertador e pode transformar a possibilidade de integração entre as crianças e o seu desempenho. Os ambientes inaces- síveis são fatores preponderantes na dificuldade de inclusão na escola pa- ra as pessoas com deficiência e po- dem determinar que alguns sejam excluídos também do mercado de trabalho. O meio pode reforçar uma deficiência valorizando um impedi- mento ou torná-la sem importância naquele contexto. Na última década, com a reformulação de condutas nos meios de educação modernos, incor- porou-se o conceito de Educação In- clusiva, que trouxe para as salas de aula do ensino regular, muitas das crianças anteriormente educadas em escolas especiais, devido a defici- ências físicas e sensoriais as mais di- versas. A conjunção dos conceitos atuais de Educação Inclusiva e Dese- nho Universal, nos leva a rever com premência a escola de hoje, não ape- nas como instituição de ensino, mas como espaço arquitetônico que a contém. O processo de inclusão: pressu- põe uma reestruturação do sistema de ensino, que deverá adequar-se às diferentes necessidades dos alunos. As diretrizes nacionais para a educa- ção especial definem claramente que a Educação Especial é uma modali- dade da educação e como qualquer outra modalidade, organiza-se de modo a considerar uma aproxima- ção sucessiva dos pressupostos e da prática pedagógica social da educa- ção inclusiva. Cabe aqui enfatizar que para tratar da inclusão escolar, é preciso primeiramente vencer uma batalha que é: a acessibilidade dos alunos com necessidades especiais 6 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE nas escolas regulares. Vive-se em uma sociedade onde quase nada está acessível às pessoas com deficiên- cias, a começar pela arquitetura ur- bana e, principalmente, a arquite- tura das escolas. Mas a acessibili- dade não se resume somente na questão arquitetônica, ela passa pe- las adaptações curriculares e atitudi- nais. Sem muito êxito, a política educacional brasileira procura avan- çar no que diz respeito à reestrutu- ração do currículo para atender os alunos com necessidades especiais. (JESUS, 2006, s/p) Conforme Jesus (2006, s/p) o MEC tem elaborado documentos que ex- plicitam essa política de inclusão es- colar, como os Parâmetros Curricu- lares Nacionais, os Referenciais para a Educação Infantil, os Referenciais para a Formação de Professores e as Adaptações Curriculares: estraté- gias para a educação de alunos com necessidades especiais. Construindo um currículo: após a constatação dos diferentes ti- pos de necessidades de seu alunado, cada escola através do Projeto Polí- tico Pedagógico, construirá seu cur- rículo, criando espaços para que atenda a todos os educandos, cola- borando para o desenvolvimento de suas potencialidades. A dinamicidade e a flexibili- dade que o currículo deve ter preci- sam estar voltadas para a diversida- de escolar, atendendo as necessida- des especiais daqueles que entram nesta grande teia de relações que é a escola. O termo necessidades es- peciais nos diz os parâmetros curri- culares: “surgiu para evitar os efei- tos negativos de expressões utiliza- das no contexto educacional - defici- entes, excepcionais, subnormais, su- perdotados, infradotados, incapaci- tados, etc. É uma forma de reconhe- cer que muitos alunos sejam ou não portadores de deficiência ou de su- perdotação, apresentam necessida- des educacionais que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.” Construir um currículo que atenda às necessidades de cada edu- cando não é uma tarefa fácil, os pa- râmetros curriculares trazem várias estratégias para que a, escola cons- trua um currículo passo a passo, isto é, na medida do processo ensino- aprendizagem do educando. A ten- tativa do governo de ampliar o aces- so aos alunos portadores de necessi- dades especiais vem acontecendo, embora não forneça recursos finan- ceiros para a efetiva inclusão do por- tador de necessidades especiais na escola regular. Todo processo de in- clusão escolar esbarra nas dificulda- des de acesso, sejam elas: financei- ras, arquitetônicas, curriculares, ati- tudinais. 7 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE Na verdade, o processo de in- clusão escolar fica restrito àqueles que têm uma condição financeira melhor, ou seja, dentro do processo de inclusão há também exclusão. Pesquisas apontam a baixa escolari- dade dos portadores de deficiência, poucos são os que chegam a um curso superior ou mesmo à conclu- são do Ensino Médio. Onde estaria a verdadeira inclusão? (JESUS, 2006, s/p) Existe a tentação de pensar, de acordo com Jesus (2006, s/p) que somente a adequação de ambientes, currículos, propostas atitudinais atendam a grande população de por- tadores de necessidades especiais, um equívoco, pois estas medidas só darão resultados quando a principal vilã for vencida: a desigualdade so- cial gritante em nosso país. Quantas crianças não vão à es- cola por falta de caderno, um par de chinelos, não têm forças físicas para enfrentar uma jornada escolar, e mais, não podem ir porque precisam trabalhar para sustentar a família. Por isso não bastamadaptações é necessário primeiramente garantir que este acesso aconteça em todos os níveis do social. Acessibilidade em todos os ní- veis: a acessibilidade em todos os níveis é indispensável à inclusão de todas as pessoas na sociedade da in- formação e do conhecimento. Deve- se contar com as formas adequadas de divulgação sobre os conceitos de inclusão, acessibilidade e deficiência como importantes aliadas neste pro- cesso. Observa-se que constante- mente, a falta de comunicação entre as Secretarias de governo e conse- quentes iniciativas desarticuladas, ocasiona perda de tempo, de verba e de qualidade referentes à implanta- ção da acessibilidade. Considera-se que essa é uma questão recorrente, de difícil solução no panorama bra- sileiro. Há que se estruturar uma po- lítica integrada de acessibilidade en- tre os diversos setores governamen- tais, uma vez que, para considerar determinada escola como inclusiva, precisa-se que não somente sua edi- ficação, mas também seu entorno, o transporte e a forma de se chegar a ela, sejam adequados. Assim como sua proposta pedagógica. Uma das ações que se avaliam como prioritárias, é conscientizar os professores - mesmo aqueles que ainda não tem alunos com necessi- dades especiais em suas salas de aula - sobre as necessárias adapta- ções e os recursos físicos, arquitetô- nicos e pedagógicos necessários, pa- ra que estejam adequadamente equipados, quando surgirem esses alunos diferentes. (JESUS, 2006, s/p) 8 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE Sucede que, para Jesus (2006, s/p) em diversos casos, são destina- dos os recursos necessários e reali- zadas as obras de adaptação, mas es- tas não atendem às normas técnicas ou padrões mínimos necessários pa- ra que sejam eficientes, tornando-se por vezes inadequadas ou ociosas. É preciso, portanto investir na forma- ção técnica dos profissionais de edu- cação, arquitetura, engenharia, transportes e outras áreas, que se- jam responsáveis pela infraestrutura das escolas. Podem ser elaborados instrumentos que facilitem às esco- las, perceberem e avaliarem seu grau de acessibilidade para pessoas com deficiências físicas, visuais, au- ditivas, etc. Uma das causas do desconhe- cimento por parte dos profissionais do ensino regular e gestores, quanto aos equipamentos e tecnologias ne- cessárias para facilitar a inclusão de alunos com deficiência, se dá por conta destes alunos virem sendo, até a pouco tratados à parte, em institui- ções especiais de ensino. À medida que estes usuários estejam por toda parte, suas necessidades serão reco- nhecidas e incorporadas às demais questões nas escolas e em outros ambientes. Com a prática da educa- ção inclusiva, a demanda por acessi- bilidade será deflagrada até se tor- nar inquestionável. A acessibilidade: como acontece- ria? “a tendência em política social durante as duas últimas décadas tem sido a de promover integração e participação e de combater a exclu- são”. Inclusão e participação são es- senciais à dignidade humana e ao desfrutamento e exercício dos direi- tos humanos. Dentro do campo da educação, isto se reflete no desen- volvimento de estratégias que pro- curam promover a genuína equali- zação de oportunidades. Experiên- cias em vários países demonstram que a integração de crianças e jovens com necessidades educacionais es- peciais é mais bem alcançada dentro de escolas inclusivas, que servem a todas as crianças dentro da comuni- dade. É dentro deste contexto que aqueles com necessidades educacio- nais especiais podem atingir o má- ximo progresso educacional e inte- gração social. Ao mesmo tempo em que escolas inclusivas proveem um ambiente favorável à aquisição de igualdade de oportunidades e par- ticipação total, o sucesso delas re- quer um esforço claro, não somente por parte dos professores e dos pro- fissionais na escola, mas também por parte dos colegas, pais, famílias e voluntários. A reforma das institui- ções sociais não constitui somente uma tarefa técnica, ela depende, 9 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE acima de tudo, de convicções, com- promisso e disposição dos indiví- duos que compõe a sociedade. (JE- SUS, 2006, s/p) Diante do exposto acima, Je- sus (2006, s/p) afirma que se per- cebe com clareza a necessidade de uma reformulação no conceito de acessibilidade, pois esta não de- pende somente de leis que incenti- vem o ingresso de crianças portado- ras de necessidades especiais nas es- colas regulares, é necessária, princi- palmente em nosso país, a criação de órgãos reguladores que definam mais ativamente as metas a serem alcançadas com o processo de inclu- são escolar. As propostas de combate à ex- clusão escolar são muitas boas, mas não são efetivadas devido à falta de recursos financeiros que as famílias enfrentam. Dados da UNESCO, ONU, revelam que menos de 1% da população de pessoas portadoras de necessidades especiais frequentam a escola. Onde estão elas? Ainda con- tinuam isoladas e discriminadas sem poder participar da gama de ati- vidades sociais que lhe são ofereci- das. É preciso encarar o desafio do acesso à educação das crianças com necessidades especiais nesse con- texto mais amplo. A iniciativa “Edu- cação para Todos”, estimula a imple- mentação de outros mecanismos so- ciais que atendam não somente a re- formulação de currículos, de atitu- des, mas principalmente atenda ou- tras demandas desta população du- plamente excluída: pela miséria e pela deficiência. Quando se fala em inclusão, percebem-se inúmeros desafios, às vezes quase insuperáveis, pelo mo- tivo da falta de informação, de uma sensível desconsideração em relação ao assunto e até mesmo a não acei- tação do diferente no convívio so- cial. Mas quem é este diferente? Onde está? O movimento da Socie- dade Inclusiva vem despertando na sociedade um sentimento cada vez maior de solidariedade, de ações mais significativas em setores como: a educação, o mercado de trabalho, saúde. A sociedade precisa estar atenta a este momento da história, onde a capacidade relacional dos ho- mens é colocada em questão. Será que realmente se aceita conviver com o diferente, com o novo, com a mudança? É necessário preparar-se para o advento de uma sociedade onde a diversidade se estabeleça e que a inclusão social realmente se instaure. (JESUS, 2006, s/p) 11 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE 2. As Deficiências Múltiplas Fonte: Medium2 eficiência múltipla - Defi- nições: de acordo com Jesus (s/d, s/p) “todos os indivíduos com deficiência mental moderada ou profunda que têm pelo menos mais uma deficiência (auditiva, visual, paralisia, etc.).” (SENEEL, 1978) “(...) as crianças com deficiência múltipla e graves são aquelas cujas principais necessidades educacio- nais são o estabelecimento e o de- senvolvimento de habilidades bási- cas nas áreas social, de autoajuda e 2 Retirado em https://medium.com/ comunicação, (...)” (LONTAG, SMI- TH, SAILOR, 1977) Os programas educacionais para crianças com deficiências múl- tiplas ou deficiência mental grave são relativamente novos. Segundo Sontag, Smith, Sailor (1977), a ên- fase educacional para esses grupos de crianças começou seriamente por volta de 1970. Hoje, cada tipo de de- ficiência é definido por condições es- peciais inerentes a cada indivíduo que interagem com as exigências es- D 12 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE pecíficas do ambiente. Surge daí, na educação de crianças portadoras de deficiência, o modelo ecológico fun- cional, que percebe a criança em in- terações complexas com as forças ambientais. (JESUS, s/d, s/p) Modelo ecológico funcional: até a alguns anos,de acordo com Jesus (s/d, s/p) a criança com limitação intelectual, moderada ou severa era considerada incapaz de aprender, necessitando apenas de cuidado e proteção. A partir do momento em que o sistema educacional proporci- ona a oportunidade de crianças e adolescentes em idade escolar fre- quentarem a escola pública, esta se defronta com a questão do currículo a ser proposto, sem dúvida um desa- fio aos educadores que atuam junto a esta população. Ao delinearmos um currículo para esta clientela, em que o foco é o desenvolvimento das habilidades mais relevantes da vida diária do aluno, de forma a possibilitar que ele participe tão independentemente quanto possível na sua comunidade, devemos levar em conta alguns as- pectos como: Funcionalidade: currículo funcio- nal é aquele que facilita o desenvol- vimento de habilidades essenciais, a participação em uma grande varie- dade de ambientes integrados. (FALVEY, 1989) As habilidades fun- cionais serão aquelas frequentemen- te exigidas nos ambientes domésti- cos e na comunidade. Para determi- nar se uma atividade curricular é funcional ou não, o professor deve se perguntar: caso o aluno não aprenda a desempenhar esta atividade, al- guém terá que fazer isto para ele? Se a resposta for sim, a atividade muito provavelmente será funcional. (FALVEY, 1989) É importante que estes alunos adquiram e desempe- nhem outras atividades que não se- jam funcionais, uma vez que elas irão melhorar a sua qualidade de vi- da. Habilidades de recreação e lazer são um bom exemplo. (BROWN, ET AL, 1986, apud JESUS, s/d, s/p) Adequação à idade cronológi- ca: os educadores terão a responsa- bilidade de selecionar e proporcio- nar atividades que permitam ao alu- no apreciar eventos adequados a sua idade. (ALBRIGHT, ET AL, 1978) Ambientes naturais: a importân- cia da utilização destes espaços para a situação de ensino é que: Eles facilitam a generalização das habilidades adquiridas; É neles que o professor irá buscar o seu conteúdo curricu- lar; Neles, o aluno é submetido às demandas naturais do ambi- ente. O ensino de habilidades funci- onais requer ambiente natural ou a 13 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE verificação de se as habilidades de- senvolvidas na escola serão, de fato, desempenhadas nestes ambientes. (BROWN, ET AL, 1978) O ensino em ambientes naturais torna-se mais crítico à medida que o aluno chega à adolescência e à idade adulta, já que a escola não é o ambiente para o qual ele está sendo preparado. Neste ca- so, a tarefa da escola será identificar os ambientes nos quais o aluno irá atuar e assegurar que o tempo edu- cacional e os recursos sejam nele in- vestidos. A importância dos ambien- tes naturais é que os educadores ne- cessitam utilizar o “princípio da par- ticipa ão parcial”. Este princípio é uma afirmação de que todos os alu- nos com limitação intelectual po- dem desenvolver habilidades que os permitam atuar pelo menos em par- te, em uma grande variedade de am- bientes e atividades menos restritas. (FALVEY, 1986, apud JESUS, ET AL, s/d, s/p) Participação dos pais no pro- cesso educacional: no planeja- mento do programa educacional os pais são necessários para o estabele- cimento das habilidades a serem de- senvolvidas. (FALVEY, 1989) Bene- fícios deste envolvimento para o professor: Maior compreensão das ne- cessidades da criança e dos de- sejos dos pais; Obtenção de dados para a sele- ção de situações educacionais para o aluno fora da escola; Probabilidade de o trabalho ser desenvolvido na escola e ter continuidade fora dela; Retorno das informações dos pais quanto aos avanços perce- bidos na criança. Interações com pares não defi- cientes: um aspecto importante dos currículos voltados para integra- ção é o de proporcionar situações de ensino que permitam a interação de deficientes e não deficientes, uma vez que são os colegas que proporci- onam a entrada do jovem nas expe- riências normais de vida em seu grupo de idade. (JOHNSON, JOHN- SON, 1981) Oportunidade de escolha: de acordo a literatura, oportunidades de fazer escolhas, tomar decisões e expressar preferências são aspectos bastante negligenciados em progra- mas educacionais para as pessoas com limitações intelectuais. (SHE- VIN, KLEIN, 1984, GUES, ET AL, 1985, FALVEY, 1989) Desta forma, três contextos de oportunidades de escolha devem ser considerados: Atividades de classe planeja- das para o desenvolvimento de habilidades específicas de es- colha; 14 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE Integração das oportunidades de fazer escolhas durante o pe- ríodo escolar através das dife- rentes áreas curriculares; Provisão de oportunidades dentro e fora da escola para o aluno vivenciar os benefícios e consequências das escolhas feitas. (SHEVIN, KLEIN, 1984) Cooperação entre educandos - a maneira como o professor dinami- za a relação entre alunos na sala de aula é de grande importância. (JOHNSON, JOHNSON, 1981) defi- niram a situação de ensino coopera- tiva como aquela em que o professor estabelece um objetivo para o grupo e um sistema de avaliação que tem como referência o desempenho do mesmo. Segundo os mesmos autores, para o ensino cooperativo propiciar uma interação construtiva, os gru- pos devem ser heterogêneos, os alu- nos devem perceber que dependem uns dos outros e que ao mesmo tem- po são individualmente responsá- veis. (JESUS, s/d, s/p) Exemplos de condições que levam às deficiências múltiplas Época de ocorrência do problema Agentes que afetam Atividade do agente Resultado típico Concepção Translocação de Mu- danças sérias no Cer- tos pares de cromos- somos no nasci- mento. Erros congênitos do metabolismo, como a fenilcetonúria. Mudanças sérias no embrião e no feto, muitas vezes fatais. Incapacidade de efe- tuar processos quími- cos e metabólicos; danos ao desenvolvi- mento fetal. Certos reagrupamen- tos dos cromossomos podem levar à sín- drome de Down e à deficiência mental Resulta em deficiên- cia grave em outras complicações; pode ser revertido parcial- mente quando diag- nosticado cedo e ad- ministrando-se uma dieta especial. Pré-natal Medicamentos como a talidomida. Medicamento usado como sedativo para a mãe; pode prejudicar o desenvolvimento normal do embrião. Uma criança acentu- adamente defor- mada com anomalias sérias n coração, olhos, ouvido, mem- bros superiores e in- feriores e outros. 15 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE Natal Anoxia (falta prolon- gada de oxigênio ao feto durante o pro- cesso de nasci- mento). A falta prolongada de oxigênio pode causar destruição irreversí- vel de células cere- brais. Criança com paralisia cerebral que pode ou não ter deficiência mental e outros de- feitos que afetam a visão e a audição. Pós-natal Encefalite e menin- gite. Doenças infecciosas (sarampo, coquelu- che e outras) podem leva à inflamação das células do cérebro e a sua destruição. Pode levar a uma va- riedade de proble- mas, como a falta de atenção e a hiperati- vidade; causa epilep- sia, deficiência men- tal e problemas de comportamento. Fonte: (Kirk, Gal agher. Educação da Criança Excepcional, 1991, p. 416, apud Je- sus, s/d, s/p) 17 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE 3. As Altas Habilidades Fonte: Fortissima3 onforme Rodrigues (2009, s/p) trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo, derrubar dois mitos. Primeiro: esses estudantes, também chama- dos de superdotados, não são gênios com capacidades raras em tudo, só apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas. Se- gundo: o fato de eles terem raciocí- nio rápido não diminui o trabalho do professor.Ao contrário, eles preci- sam de mais estímulo para manter o 3 Retirado em https://fortissima.com.br/2015/02/28/criancas-superdotadas-entenda-o-conceito-e- saiba-como-lidar-14692386/ interesse pela escola e desenvolver seu talento, se não, podem até se evadir. A Organização Mundial de Sa- úde (OMS) calcula que pelo menos 5% da população tem algum tipo de alta habilidade. No Brasil, até o ano passado, haviam sido identificados 2,5 mil jovens e crianças assim. Para dar um atendimento mais qualifi- cado a esse público, o Ministério da Educação (MEC) criou em 2005 Nú- C 18 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE cleos de Atividades de Altas Habili- dades/Superdotação em todos os es- tados. Apesar de ainda pouco estru- turados, esses órgãos que têm o pa- pel de auxiliar as escolas quando elas reconhecem alunos com esse perfil em suas salas de aula. No Dis- trito Federal, tal serviço existe desde 1976, razão pela qual a identificação de jovens com altas habilidades, em- bora ainda pequena, seja a maior do país. “Aprendi na prática que a su- perdotação é democrática e pode ocorrer em qualquer aluno, em qual- quer local ou classe social e até na- quele com alguma limitação física ou psíquica”, afirma a atual coordena- dora do projeto no Distrito Federal, Olzeni Leite Costa Ribeiro. Assim como os estudantes di- agnosticados com algum tipo de de- ficiência, os que têm altas habilida- des precisam de uma flexibilização da aula para que suas necessidades particulares sejam atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem de ser incluído na rede regular de ensino. “O que devemos oferecer a eles são desafios”, resume a presi- dente do Conselho Brasileiro de Su- perdotação, Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. (RODRIGUES, 2009, s/p) Onde buscar ajuda: de acordo com Rodrigues (2009, s/p) o super- dotado pode ter qualquer perfil, do mais bagunceiro ao braço direito da professora, passando pelo tímido. O que o torna diferente é a habilidade acima da média em uma área espe- cífica do conhecimento. Isso pode ter razões genéticas ou ter sido mol- dado pelo ambiente em que o aluno vive. Raramente, os superdotados têm múltiplas habilidades. Portanto, uma boa pista para encontrá-los é reparar no desempenho e no inte- resse muito maior por um determi- nado assunto. O professor deve desconfiar de estudantes com vocabulário avança- do, perfeccionistas, contestadores, sensíveis a temas mais abordados por adultos e que não gostem de ro- tina. O Ministério da Educação montou um formulário com 24 fra- ses que ajudam a identificar estu- dantes assim, veja abaixo “Como identificar a superdotação”. Se você reconhece um de seus alunos como possível superdotado, procure o Nú- cleo de Atividades de Altas Habilida- des/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado. Os núcleos têm a obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar se a criança ou o jovem tem mesmo uma alta habilidade, e enca- minhá-lo ao programa oficial de es- tímulo, com atividade extraclasse e orientações para o professor e a fa- mília. Instituições não governamen- tais também apoiam professores e familiares que procuram ajuda para 19 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE desenvolver talentos. Alguns exem- plos são o Instituto Rogério Stern- berg, no Rio de Janeiro, e o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessida- des Especiais da Universidade Fede- ral do Paraná. (RODRIGUES, 2009, s/p) Trabalho requer estratégias di- versificadas e apoio externo: Rodrigues (2009, s/p) aponta que a professora Lucyana de Araújo Do- mingues de Andrade tem três super- dotadas entre seus 35 alunos da Es- cola Classe 106 Norte, em Brasília. Beatriz foi identificada com altas ha- bilidades em artes na 1ª série. Laura Helena teve a superdotação em co- nhecimentos gerais, reconhecida quando estava na 2ª. E, este ano, Lucyana percebeu que Daniele tem interesse e capacidade acima da mé- dia em todas as disciplinas. Como o Distrito Federal conta com salas de recursos disponíveis na rede públi- ca, as meninas tem acesso duas ve- zes por semana a atividades de estí- mulo no contraturno, o que não sig- nifica que deem mais sossego à pro- fessora. “São ótimas alunas e, por isso mesmo, me dão mais trabalho do que os colegas”, diz. Segundo ela, Beatriz chama a atenção quando faz atividades artísticas e as outras duas perguntam o tempo todo, lembram- se de detalhes de conteúdo antigo e são muito rápidas na execução de trabalhos. “Terminam em poucos minutos exercícios que entretêm a turma por duas horas”, diz. Para mantê-las instigadas, Lucyana che- ga a dar quatro atividades a mais. Em Matemática, por exemplo, ela usa folhetos de supermercado para trabalhar as quatro operações. Quando as meninas terminam, pede que aprofundem as questões, pen- sem como ficaria a conta se houves- se uma promoção ou quais produtos um cliente teria de deixar de com- prar se tivesse menos dinheiro do que o valor final. Em Português, to- dos leram a fábula A Cigarra e a For- miga, de La Fontaine. Em seguida, escreveram os possíveis diálogos dos personagens, e as meninas com altas habilidades foram al m. “Perguntei se hoje a cigarra poderia ganhar di- nheiro cantando. E elas fizeram uma história a mais.” Lucyana também promove a integração ao pedir que as alunas auxiliem os que têm menor nível de conhecimento. “Às vezes, por explicar com a mesma lingua- gem infantil, elas conseguem bons resultados ou, pelo menos, perce- bem que cada um tem uma maneira de aprender”, diz. Fora tudo isso, a sala dispõe de um varal de livros, para serem lidos nos intervalos ou quando alguém acaba a atividade antes que os outros. “A maioria pega os exemplares mais ilustrados para 20 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE folhear. Elas não: leem livros que se- riam para crianças mais velhas”, conta. (RODRIGUES, 2009, s/p) Os superdotados não são iguais e se dividem em vários perfis: para Rodrigues, (2009, s/p) especi- alistas ressaltam que nem sempre esses alunos são os mais comporta- dos e explicam que as altas habilida- des são divididas em seis grandes blocos: Capacidade Intelectual Geral. Crianças e jovens assim têm grande rapidez no pensamen- to, compreensão e memória elevada, alta capacidade de de- senvolver o pensamento abs- trato, muita curiosidade inte- lectual e um excepcional poder de observação; Aptidão Acadêmica Específica. Nesse caso, a diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais disciplinas, capacidade de produção aca- dêmica, alta pontuação em testes e desempenho excepcio- nal na escola; Pensamento Criativo. Aqui se destacam originalidade de pensamento, imaginação, ca- pacidade de resolver proble- mas ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora; Capacidade de Liderança. Alu- nos com sensibilidade inter- pessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situa- ções sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo; Talento Especial para Artes. Alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáti- cas, literárias ou cênicas, faci- lidade para expressar ideias vi- sualmente, sensibilidade ao ritmo musical; Capacidade Psicomotora. A marca desses estudantes é o desempenho superior em es- portes e atividades físicas, ve- locidade, agilidade de movi- mentos, força, resistência, controle e coordenação mo- tora fina e grossa. (RODRI- GUES, 2009, s/p) Mau comportamento pode ser sinal: para Rodrigues (2009, s/p) o histórico escolar de Louis Pasteur, Albert Einstein, Walt Disney e Isaac Newton costuma chocar quem espe- ra um comportamento “exemplar”. O francês responsável pelas primei- ras vacinas era mau aluno, especial- mente em Química. O alemão que elaboroua Teoria da Relatividade fugia das aulas de Matemática. O americano que criou um império do entretenimento foi reprovado em Arte. E, durante a infância, o cien- tista inglês que primeiro percebeu a gravidade teve de ser educado pela mãe porque foi expulso da escola. Hoje, ninguém duvida de que os quatro eram superdotados, o que ajuda a entender que nem sempre 21 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE alunos assim são os mais interessa- dos e bem comportados em sala de aula. O estudante com altas habili- dades costuma ter um interesse tão grande por uma das disciplinas que acaba negligenciando as demais. A facilidade de expressar- se, por exemplo, pode ser usada para desa- fiar o professor e os colegas. Mesmo os mais aplicados dificultam a aula ao monopolizar a atenção. Muitos não querem trabalhar em grupo por não entender o ritmo “mais lento” dos colegas. A descoberta das altas habilidades é o primeiro passo para melhorar esses comportamentos. Primeiro, porque muda o olhar do professor. E também porque o pró- prio jovem passa a aceitar melhor as diferenças. Mesmo nos casos em que não há a certeza de que o estudante tem altas habilidades, o estímulo do pro- fessor é bem-vindo. Foi o que pen- sou Sandra Nogueira quando perce- beu o talento de Guilherme Oliveira de Souza, seu aluno da 7ª série da E. E. Odylo de Brito Ramos, em Tere- sina. Ela passava pelas fileiras quan- do notou um desenho muito bom no caderno. “Vi que ele tinha feito um em cada página. Era o conteúdo das aulas na frente e um desenho no verso.” Ela conversou com o garoto, tido como desinteressado pela mai- oria dos professores, e percebeu sua paixão por imagens. Nas semanas seguintes, apresentou materiais es- peciais, como pastel a óleo, bico de pena, nanquim e papel apropriado para desenho. “Ele aprendeu vários estilos”, conta. Em História da Arte, Guilherme também se destaca. Quando Sandra pede um exemplo de pintura da fase que está sendo es- tudada, todos colam figuras recorta- das - Guilherme reproduz. Em Ciên- cias, ele ajudou a todos ao desenhar em uma parede uma grande flor de- composta, com todas as suas partes. (RODRIGUES, 2009, s/p) Recente- mente, conforme Rodrigues (2009, s/p) quando o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades do Piauí esteve na escola e pediu aos educadores que ficassem atentos à possibilidade de alguns alunos terem altas habili- dades, a professora indicou o garoto (que havia chegado até a 7ª série sem ser descoberto). “Agora, os co- legas comentam que ele tem estado mais presente também nas outras disciplinas”, afirma ela. Denise Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universi- dade de Brasília (UnB), tem pós- doutorado em altas habilidades no Reino Unido e é formadora de novos especialistas no Brasil. Ela também defende a criação de salas de recurso e acredita que o professor da classe regular pode contribuir com o enri- quecimento do currículo. “Ele pode 22 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE e deve apresentar ao aluno cami- nhos para o desenvolvimento de seu potencial, desde materiais para pes- quisa até contatos de estudiosos dos assuntos.” Como identificar a superdota- ção: conforme Rodrigues (2009, s/p) reserve alguns minutos para lis- tar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma “associação livre” e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item. Quem exibir consistentemente vá- rios dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habili- dades. Aprende fácil e rapidamente; É original, imaginativo, cria- tivo, não convencional; Está sempre bem informado, inclusive em áreas não co- muns; Pensa de forma incomum para resolver problemas; É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado); Persuasivo, é capaz de influen- ciar os outros; Mostra senso comum e pode não tolerar tolices; Inquisitivo e cético, está sem- pre curioso sobre o como e o porquê das coisas; Adapta-se com bastante rapi- dez a novas situações e a novos ambientes; É esperto ao fazer coisas com materiais comuns; Têm muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.); Entende a importância da na- tureza (tempo, Lua, Sol, estre- las, solo etc.); Tem vocabulário excepcional é verbalmente fluente; Aprende facilmente novas lín- guas; Trabalhador independente; Tem bom julgamento, é lógico; É flexível e aberto; Versátil, tem múltiplos inte- resses, alguns deles acima da idade cronológica; Mostra sacadas e percepções incomuns; Demonstra alto nível de sensi- bilidade e empatia com os ou- tros; Apresenta excelente senso de humor; Resiste à rotina e à repetição; Expressa ideias e reações, fre- quentemente de forma argu- mentativa; É sensível à verdade e à honra. 23 24 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE 4. Avaliação das Aptidões Cognitivas Fonte: Pinterest4 onforme Enumo (2005, s/p) a inclusão dos portadores de ne- cessidades educativas especiais (NEE) tem sido proposta norteadora e dominante na Educação Especial e da Educação em geral, direcionando programas e políticas educacionais e de reabilitação em vários países, in- cluindo-se o Brasil. É sucessora da integração, a qual era vista como um conceito novo para uma prática an- tiga. Historicamente, a proposta de integração escolar foi elaborada em 4 Retirado em https://br.pinterest.com/pin/740560732447386049/ 1972, na Educação Especial, por um grupo de profissionais da Escandi- návia, liderados por Wolfensberger, na forma do chamado “princípio de normalização”. Este princípio apre- goa que todas as pessoas portadoras de deficiências têm o direito de usu- fruir condições de vida o mais co- mum ou “normal” possível, na socie- dade em que vivem. Dito de outra forma, normali- zar não quer dizer tornar normal, mas significa dar à pessoa oportuni- C 25 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE dades, garantindo seu direito de ser diferente e de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela socie- dade (CARDOSO, 1992, CARVA- LHO, 1994, GLAT, 1998). Assim, o conceito de “integração” uma das consequências fundamentais do “princípio de normalização”, pro- posto como objetivo, enquanto a in- tegração seria o processo, que deve- ria ir muito além de colocar ou man- ter excepcionais em classes regula- res. É, portanto, parte fundamental de todo o processo educacional. As noções de normalização e integração se fortaleceram no final dos anos 60 e início dos anos 70 do século pas- sado, junto com os movimentos de direitos civis de minorias e grupos marginalizados, difundindo-se pelos Estados Unidos da América, Canadá e diversos países da Europa, influen- ciando os teóricos e profissionais no Brasil. (GLAT, 1998, NUNES, ET AL, 1998, SAINT-LAURENT, 1997) Herdando essa política de in- tegração, tendo como ponto de par- tida os resultados positivos alcança- dos com a prática da inclusão esco- lar nos países desenvolvidos nas duas últimas décadas, o sistema educacional brasileiro tem vivencia- do um momento de transição no atendimento do aluno com NEE. O modelo de Educação Especial ante- rior adotava as “classes especiais” para alunos com NEE, propondo-se a um atendimento mais específico, mas, acabou por contribuir para a segregação dessas crianças. Dessa forma, a inclusão escolar ganhou força, refletindo os esforços das so- ciedades atuais pela sua integração em salas regulares de ensino, de for- ma a aceitar e respeitar suas dife- renças. Assim, a partir do final dos anos 80 do século passado, o termointegração começou a perder força, sendo substituído pela ideia de in- clusão, uma vez que o objetivo é in- cluir, sem distinção, todas as crian- ças, independentemente de suas ha- bilidades. A inclusão exige a trans- formação da escola, pois defende a inserção no ensino regular de alunos com quaisquer déficits e necessida- des, cabendo às escolas se adapta- rem às necessidades deles, ou seja, a inclusão acaba por exigir uma ruptu- ra com o modelo tradicional de ensi- no. (KARAGIANNIS, STAINBACK, STAINBACK, 1999a, MARCHE-SI, ECHEITA, MARTÍN, 1995, SAS- SAKI, 1997, apud ENUMO, 2005, s/p)) Reside aqui, aponta Enumo (2005, s/p) o mérito dessa proposta e o início dos seus problemas. Entre vários obstáculos à inclusão de alu- nos com NEE, na prática, percebe-se que, mesmo aquelas crianças que se encontram inseridas no sistema re- gular de ensino, continuam sendo isolados dos seus companheiros de 26 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE turma não deficientes. Pesquisas têm demonstrado que esses alunos encontram-se incluídos fisicamente, mas não social e emocionalmente, (Batista, Enumo, 2004, Marchesi, Echeita, Martín, 1995, Mendes, Fer- reira, Nunes, 2003), dados esses consistentes com aqueles identifica- dos na literatura desde as primeiras tentativas de integração na década de 50 do século XX. (AUSUBEL, HANESIAN, NOVAK, 1978) De ou- tro lado, o processo de inclusão de crianças com deficiência no ensino regular possibilita-lhes estar intera- gindo espontaneamente com situa- ções diferenciadas, enquanto adqui- rem conhecimento e se desenvol- vem, com efeitos na aquisição de ha- bilidades sociais, da vida diária e de comunicação. (KARAGIANNIS, STAINBACK, STAINBACK, 1999b) Essa inclusão, entretanto, não deve ser facilmente resolvida a partir de uma resolução de cunho legal ou teórica, uma vez que variáveis rela- cionadas a processos grupais e rea- ções de preconceito podem influen- ciá-la, seja facilitando ou dificultan- do a interação dessas pessoas com aquelas ditas “normais”. (STAINBA- CK, STAINBACK, 1999) É necessário que, na prática, seja adotada uma política educacio- nal que promova mudanças curricu- lares, efetivando a participação dos pais no processo de inclusão e capa- citando as escolas e os profissionais que lidam com essas crianças. Nesse sentido, é de fundamental impor- tância que ocorra integração ou par- ceria entre a universidade e as insti- tuições públicas de Ensino Fun-da- mental. Estas últimas têm encon- trado dificuldades na inclusão esco- lar dessas crianças, a começar do processo de diagnóstico das dificul- dades de aprendizagem, terminan- do na pouca capacitação profissio- nal para atender pedagógica e psi- cologicamente essa população. (MARCHESI, ECHEITA, MARTÍN, 1995, MENDES, FERREIRA, NU- NES, 2003) Procurando contribuir em um desses aspectos básicos do processo de inclusão - o diagnóstico das difi- culdades de aprendizagem desses alunos com NEE - discutem-se, a se- guir, as possibilidades de uma mo- dalidade de avaliação psicológica que tem se mostrado bastante útil à Educação Especial - a avaliação as- sistida. (STERNBERG, GRI-GO- RENKO, 2002, apud ENUMO, 2005, s/p) Avaliação Psicológica de Crianças com Necessida- des Educativas Especiais Tomando como referência, de acordo com Enumo (2005, s/p) o fato de que a criança com NEE pode 27 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE representar grande ônus sócio-afe- tivo familiar e pessoal e, também, econômico para a sociedade, é im- portante que sejam adotadas medi- das que minimizem essa situação. Tais medidas podem incluir, entre outras, a adoção de procedimentos de avaliação mais adequados às ne- cessidades especiais da criança defi- ciente, como a avaliação “assistida” ou“dinâmica” (Campione, 1989, Haywood, Tzuriel, 2002, Linhares, 1995, Tzuriel, 2001), além da capa- citação de pais e profissionais para implementar estratégias que pro- movam o desenvolvimento infantil. O processo de identificação e avaliação de deficiências é uma eta- pa primordial. (MARCHESI, MAR- TÍN, 1995) Esse papel, entretanto, em certas circunstâncias, pode ser perigoso. Diagnosticar significa “procurar através da” análise de sin- tomas e sinais, utilizando recursos técnicos, a fim de localizar as causas e prescrever tratamentos para os respectivos quadros identificados. O diagnóstico é considerado a base para o encaminhamento a esse tipo de atendimento, sendo feito, segun- do portaria ministerial, por órgão público competente, que procede a avaliação das condições físicas, mentais, mpsicossociais e educacio- nais do indivíduo, visando a estabe- lecer o prognóstico e a programação terapêutica e educacional. (ENU- MO, CUNHA, 2001) Contudo, se- gundo os estudiosos da construção social da deficiência, observa-se que o diagnóstico pode levar a estrutu- ração de estigmas, que funcionarão como um rótulo imputado aos indi- víduos identificados como desviante ou anormal, que passarão a integrar o grupo minoritário e, consequen- temente, marginalizado dos defi-ci- entes. (AMARAL, 1995, GOF- FMAN, 1982) Logo, o diagnóstico deve ser um processo contínuo e sis- temático de avaliação, cujo objetivo é investigar interpretar, orientar e, sobretudo, prevenir a estigmatiza- ção de indivíduos identificados por suas diferenças. Analisando os usos da avalia- ção psicológica, Mofese, Acheson (1997) consideram que, especial- mente no campo do desenvolvimen- to humano, ela é extremamente útil quando se deseja: Conhecer o desempenho e as potencialidades do indivíduo; Avaliar os progressos ou resul- tados de programas de inter- venção; Identificar a fonte de proble- mas escolares; Realizar investigações na área de diagnóstico e prevenção de distúrbios/atrasos no desen- volvimento. Esses autores in- clusive defendem o uso de tes- tes mentais padronizados co- mo parte ou base para “bate- rias de triagem” usadas para a 28 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE identificação precoce de dis- túrbios no desenvolvimento ou de crianças de risco. A avaliação das aptidões cog- nitivas constitui-se, assim, uma das áreas mais significativas da aplica- ção da Psicologia, segundo Almeida (1996). Este fato pode ser confir- mado por levantamentos internacio- nais, feitos no início da década de 90 do século passado, mostrando que os testes relacionados à avaliação da inteligência de crianças e jovens es- tavam entre os dez testes mais cita- dos, com o WISC-III, em primeiro lugar geral. (ALMEIDA, 1996, CAR- NEIRO, FERREIRA, 1992, HUTZ, BANDEIRA, 1993). Contudo, lem- bram os autores nacionais que, ape- sar desse uso frequente, há uma pe- quena e assistemática publicação na área, no Brasil. De toda maneira, esse uso ge- ral de instrumentos psicométricos tem sobrevivido, mas acompanhado de grande polêmica, seja pela inde- terminação do conceito de inteligên- cia, gerada tanto por questões teóri- cas, por ser um conceito altamente influenciado pelo contexto social do momento, seja pela pluralidade de métodos e instrumentos utilizados na sua medição. (COLL, ONRUBIA, 1996) A crítica básica ao uso de testes padronizados de inteligência tem sido centrada no fato de que eles podem ser culturalmente envie- sados contra os pobres e os grupos minoritários, devido às diferenças na cultura, na linguagem, nos valo- res e no background de experiências, além da inadequação técnica e cien- tífica desses testes de inteligência - viés do teste e do procedimento de validação usado na construção e pa- dronização - e da questão ética re- lacionada às consequências educa- cionais e sociais do uso desses testes. Os testes de inteligência teriam co- mo fontes de erro, segundo síntese de Reynolds (apud Utley, Haywood, Masters,1992): Conteúdo inapropriado, deri- vado do ambiente, vocabulário e valores da classe média branca; Amostras de padronização inapropriadas, com sub-repre- sentação de minorias étnicas; Vieses de linguagem e do exa- minador, que, em geral são brancos e consideram apenas a língua dominante; Falta de equiparação de conse- quências sociais: os resultados e rótulos derivados dos testes acentuam de forma despro- porcional as desvantagens educacionais e do mercado vo- cacional dessa minoria; Medida de constructos dife- rentes - relacionado ao item a, considera-se que os teste me- dem diferentes atributos quando usados com crianças diferentes da amostra original, 29 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE não sendo válidos, portanto, para avaliar a inteligência dos grupos minoritários; Validade preditiva diferencial, sendo útil somente para a clas- se média branca, sem predizer de modo confiável qualquer comportamento relevante das minorias, assim como ocorre com os testes acadêmicos. Cria-se, assim, a questão de in- teresse, principalmente para educadores, cientistas sociais e geneticistas do comporta- mento, de saber se as diferen- ças no QI (variável manifesta - o escore no teste de inteligên- cia) refletem diferenças na in- teligência em si (variável la- tente, não observável, que é assumida pela medida do tes- te). (UTLEY, HAYWOOD, MASTERS, 1992, apud ENU- MO, 2005, s/p) Com base nessas críticas, aponta Enumo (2005, s/p) muitos psicólogos que atuam em diversas áreas de atendimento a pessoas com deficiência - escolar, clínica, desen- volvimento, social, orientação voca- cional, organizacional - preferem até se abster de realizar esse tipo de atendimento, sentindo-se descon- fortáveis com a situação, questio- nando os instrumentos, sua valida- de, fidedignidade, eficácia, inclusive não sabendo como se comportar com essas pessoas. (AMIRALIAN, 1997) Em situação pior, alguns psi- cólogos educacionais entregam lau- dos psicológicos que nem apresen- tam a criança avaliada, mas incluem apenas os resultados de QI, afirman- do a deficiência da crian a, “culpan- do a vítima” e legitimando cientifi- camenteo preconceito, com comple- to desconhecimento do que se passa na escola, como relatam Machado, Souza, Sayão. (1997) Agora a má-formação profis- sional, as evidências empíricas não apoiam a alegação de que as dife- renças nos resultados dos testes das crianças de grupos minoritários se- jam devidas aos aspectos de sua va- lidade psicométrica, seja de conteú- do, preditiva ou de critério e de constructo. A qualidade dos instru- mentos mais utilizados, como o WISC-III e as Matrizes Progressivas de Raven, por exemplo, não têm vie- ses de teste relacionados à validade de conteúdo, preditiva ou de cons- tructo. (UTLEY, HAYWOOD, MAS- TERS, 1992) Assim, segundo esses autores, a explicação para as diferenças indi- viduais na inteligência deve estar em outra variável além das qualidades psicométricas dos testes, pois as di- ferenças entre os grupos sociais per- sistem seja em testes verbais ou não verbais, com (culture-fair) e sem conteúdo cultural (culture-free) (condição praticamente impossível 30 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE de separar), de inteligência ou de aquisição acadêmica. Por exemplo, os fatores não intelectuais, como a motivação intrínseca, a necessidade de domínio, o locus de controle, a ansiedade, a tolerância à frustração, a autoconfiança e a acessibilidade à mediação podem influenciar o de- sempenho cognitivo e não são consi- derados nos testes psicométricos. (MARTÍN, MARCHESI, 1995, TZU- RIEL, 1991, 2001) Assim, “(...) o pro- blema não está no que os testes pa- dronizados fazem e eles o fazem bem, mas no que eles não fazem.” (TZURIEL, 2001, p. 4, apud ENU- MO, 2005, s/p). Ainda de acordo com Enumo (2005, s/p) bem enten- dida a questão da qualidade dos ins- trumentos, Lidz (1991) entende que a própria avaliação é um processo cognitivo em si e que os especialistas em diagnóstico devem responder à pergunta: “O que nós precisamos sa- ber e o que irá produzir a informação apropriada?” Se a questão é saber como os estudantes estão em relação ao desempenho de seus pares em idade ou em grau de escolaridade, o procedimento a ser escolhido deve ser referenciado à norma. Se a ques- tão diagnóstica refere-se à localiza- ção das habilidades ou do nível de desenvolvimento do estudante den- tro de uma pré-determinada hierar- quia de comportamentos, devem ser escolhidos procedimentos referenci- ados ao desenvolvimento. Quando a pergunta relaciona-se ao conheci- mento específico básico que o aluno adquiriu ou não, o procedimento es- colhido deve ser referenciado a cri- tério ou ao currículo. E se a pergun- ta que orienta o processo diagnós- tico refere-se à responsividade do aprendiz à intervenção, o uso de processo de solução de problemas, o procedimento a ser escolhido é a avaliação dinâmica ou assistida. Adotando-se um modelo ecologica- mente válido, essa autora considera que procedimentos adicionais de- vem ser incluídos para avaliar as contribuições ambientais ao desem- penho observado. Nesse sentido, “(...) nenhum desses procedimentos avaliativos é inerentemente melhor do que outro”; nem deve ser usada uma única abordagem para todas as perguntas. (LIDZ, 1991) Segundo Pearce (1995), crian- ças com NEE estão em situação de risco de desenvolvimento ou de pro- blemas psicológicos, geralmente por sua dificuldade em aprender sozi- nho e limitação na capacidade de ge- neralização ou de transferência de aprendizagem. Tais problemas, por sua vez, decorrem de dificuldades para planejar e regular seus proces- sos de aquisição de conhecimento. (MARTÍN, MARCHESI, 1995) Pare- 31 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE ce extremamente relevante, por con- seguinte, conhecer seu potencial de aprendizagem, sua capacidade de ti- rar proveito da instrução oferecida, saber o tipo de ajuda que lhe é útil, indicando, assim, o papel do profes- sor. Em última instância, é a “avali- ação assistida”, “dinâmica” ou “inte- rativa”, considerada adequada e útil para essa população, mostrando-se como uma abordagem interativa, otimista, precisa e prescritiva, com benefícios de longo prazo. (TZU- RIEL, HAYWOOD, 1992, apud ENUMO, 2005, s/p) Avaliação Assistida Uma proposta complementar na avaliação de crianças com neces- sidades educativas especiais: para Enumo (2005, s/p) Haywood, Tzu- riel (2002) apresentam a avaliação assistida como uma inovadora abor- dagem para avaliar habilidades hu- manas, em particular o potencial de aprendizagem, visando basicamen- te à identificação e remoção de bar- reiras não intelectuais à expressão da inteligência. A avaliação assistida pode ser concebida como um conceito amplo, que vai além de técnicas e procedi- mentos específicos, pois inclui vá- rias teorias, metodologias, funções e objetivos, relacionando-se a novas concepções de inteligência e a várias propostas de avaliação: a “propensi- bilidade” à aprendizagem, de Feuerstein (1979) e Tzuriel (2001); os procedimentos de “dicas gradua- das” (graduated prompts asses- sment), de Campione, Brown (1987); o treino de procedimentos para testes de avaliação do potencial de aprendizagem (learning poten- tial assessment), de Budoff (1987); a avaliação interativa, de Lidz (1987, 1991) e de Haywood (Haywood; Tzu- riel, 1992); a abordagem ao “teste de aprendizagem” (learning test) de Guthke e Wingenfeld (1992); a rees- truturação dos dados em presença do teste, de Carlson, Wiedl (1992); a indução de estruturas lógicas (Pa- our, 1992); a “perspectiva transaci- onal da avalia ão psicoeducacional” proposta por Tzuriel (Haywood, Tzuriel; Vaugh, 1992); a “avalia ãopsicopedagógica dinâmica” de Fon- seca (2001); e a avaliação do proces- samento cognitivo, de Swanson (Swanson Cognitive Processing Test- S-CPT). (STERNBERG, GRI- GORENKO, 2002, apud ENUMO, 2005, s/p) Conforme Enumo (2005, s/p) sua origem está datada na década de 70 do século passado, com os traba- lhos de Reuven Feuerstein e seus co- legas, em Israel, insatisfeitos com os métodos de avaliação tradicionais em fornecerem informações sobre a 32 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE habilidade para aprender dos estu- dantes. Passaram, então, a desen- volver esta modalidade de avaliação voltada ao fornecimento de informa- ções que possam ser diretamente aplicadas na prática por educadores e psicólogos clínicos e escolares. (CAMPIONE, 1989, HAYWOOD, TZURIEL, 1992, 2002, LIDZ, 1989, 1991, LINHARES, 1995, TZURIEL, 2001, STERNBERG, GRIGOREN- KO, 2002) Partia-se da premissa de que deveriam ser consideradas todas as explicações alternativas para um po- bre desempenho em aprendizagem e solução de problemas antes de infe- rir que são decorrentes de uma inca- pacidade para aprender. (UTLEY, HAYWOOD, MASTERS, 1992) Con- siderava-se tamb m que “(...) QI não é sinônimo de habilidade para aprender.” (LIDZ, 1991, p. 4) Assim, segundo Haywood, Tzuriel, Vaught (1992), o conceito de inteligência, entendida como uma “habilidade inata”, não era suficiente para expli- car as diferenças individuais no pen- samento, percepção, aprendizagem, solução de problemas e interação social. Era necessário, então, adotar concepções teóricas sobre a plastici- dade da cognição humana para aten- der à necessidade prática de encon- trar novas medidas de diagnóstico para crianças que não se saíam bem em testes convencionais. De acordo com a revisão do tema feita por Lidz (1987) e Tzuriel (2001), foi a introdução da teoria de Vygotsky por Brown e Ferrara e das ideias de Feuerstein por H. C. Hay- wood, na Psicologia norte-america- na, que impulsionaram as pesquisas sobre avaliação assistida, seguindo a proposta original de Alfred Binet, o qual defendia a avaliação de “pro- cessos” mais do que “produtos” de aprendizagem. Assim, os conceitos de “zona de desenvolvimento proxi- mal” (ZDP), de Vygotsky, e a “teoria de aprendizagem mediada” (MLE), de Feuerstein, segundo Tzuriel (2001), formam a base conceitual para a elaboração da avaliação assis- tida, que procura incluir fatores so- cioculturais na compreensão do de- senvolvimento cognitivo e do poten- cial de aprendizagem. (ENUMO, 2005, s/p) Segundo Enumo (2005, s/p) Tzuriel (2001, p. 6), um dos princi- pais representantes dessa aborda- gem, define a avaliação assistida como “(...) uma avaliação do pensa- mento, percepção, aprendizagem e solução de problemas por meio de um ativo processo de ensino voltado para modificar o funcionamento cognitivo”. Difere dos testes conven- cionais por seus objetivos, proces- sos, instrumentos, situação de teste e interpretação dos resultados. 33 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE (CAMPIONE, 1989, FONSECA, 2001, LINHARES, 1995) A abordagem “clínica” da ava- liação assistida, proposta por Feuerstein e Tzuriel, em Israel, foi pioneira, sendo seguida pelos psicó- logos do Reino Unido. (ELLIOTT, LAUCHLAN, STRINGER, 1996) Nos EUA e na Europa e, especial- mente no contexto da pesquisa, in- clusive aqui no Brasil, tem sido utili- zado um modelo de aplica ão mais padronizado, “estruturado”. Este traduzido na sequência “teste-inter- venção-reteste”, quando usado na aplicação, podendo haver também uma estruturação na pontuação dos resultados. Assim, é possível não só observar os ganhos da criança após a ajuda, mas, também, verificar se a aprendizagem se mantém, quando a tarefa é reapresentada sem ajuda, servindo a criança como seu próprio controle. (CAMPIONE, 1989, ELLI- OTT, LAUCHLAN, STRINGER, 1996, ENUMO, LINHARES, ESCO- LANO, 2004, LIDZ, 1991, LINHA- RES, 1995, LINHARES, ESCO- LANO, ENUMO, no prelo) Independentemente do mode- lo, a interação visa otimizar o funci- onamento típico do examinando e não apenas obter uma amostra deste ou avaliar a inteligência. Assim, pre- tende-se compreender como a crian- ça aprende, facilitando de modo di- reto a competência cognitiva pela criação de uma situação em que a criança se envolve processo de aprendizagem. (LIDZ, 1996) Dessa maneira, segundo Lidz (1991) e Tzu- riel (2001), é possível obter informa- ções sobre processos metacognitivos funcionais, disfuncionais e em vias de desenvolvimento (no caso de pré- escolares), assim como sobre a quantidade e tipo de intervenção ne- cessário para produzir mudanças. Produz-se, portanto, sugestões para intervenção que podem facilitar e melhorar o desempenho da criança. As áreas da Educação, Educa- ção Especial, Psicopatologia, Neu- ropsicologia, assim como o estudo de diferenças culturais e desenvolvi- mento humano, têm sido beneficia- das com o uso da avaliação assistida como ferramenta clínica e de pes- quisa. No geral, sua aplicação é in- dividualizada; mas, há aplicações em grupo (Rrand, Kaniel, 1987, Tzu- riel, Feuerstein, 1992) e computado- rizada (Tzuriel, SHAMIR, 2002). Há relatos de uso em diversos contextos de ava- liação: crianças em risco de fracasso escolar, em desvantagem social, com retardo mental, surdez, altas habili- dades, problemas emocionais, difi- culdades de aprendizagem (crianças e adultos), pré-escolares, estudantes universitários, penitenciários, paci- entes com danos cerebrais, esquizo- frênicos, adolescentes psicóticos, 34 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE minorias culturais, na análise da mediação pais-criança, na verifica- ção de habilidades linguísticas de narrativa; na avaliação de progra- mas de educação cognitiva, a exem- plo do Bright Start de H. C. Haywood, e de educação pré-esco- lar. (HAYWOOD, MILLER, 2003, HAYWOOD, TZURIEL, 1992, 2002, LIDZ, 1989, 1991, MILLER, GILLAM, PEÑA, 2001, TZURIEL, 2001, apud ENUMO, 2005, s/p) No Brasil, conforme Enumo (2005, s/p) pesquisas sobre avalia- ção assistida têm sido desenvolvidas desde o início da década de 90 do sé- culo passado, segundo revisão de Li- nhares, Escolano e Enumo (no pre- lo) e Linhares e Enumo (no prelo). As pesquisas sobre avaliação cogni- tiva assistida têm sido realizadas no país com diferentes tipos de sujeitos: Crianças com dificuldade de aprendizagem, por Santa Ma- ria, Linhares (1999), Linhares (1996, 1998), Linhares, Santa Maria, Escolano, Gera (1998), Ferriolli (2000), Ferriolli, et al. (2001), Gera (2001), na Universidade de São Paulo (USP) - Ribeirão Preto, e por Dias (2004), Dias e Enumo (2004), na Universidade Fede- ral do Espírito Santo (UFES) em atuação conjunta com a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT); Alunos de primeira série do Ensino Fundamental, por Es- colano (2000, 2004) e Esco- lano, Linhares (2000), na USP-Ribeirão Preto; Crianças com deficiência men- tal, por Santa Maria e Linhares (1999), na USP- Ribeirão Preto; d) Crianças prematuras, por Bordin (2005), Bordin, Linha- res, Jorge (2001) e Linhares, Bordin, Carvalho (2004), na USP-Ribeirão Preto; Crianças com deficiência vi- sual, por Batista, Horino, Nu- nes (2004), Cunha (2004), Cunha, Enumo (2003); Enu- mo, Batista (2000); Enumo, Batista, Ferrão (2005); Enu- mo, et al. (2000); Fonseca, Cu- nha (2003); Fonseca, Cunha, Enumo (2002), em trabalhos conjuntos do Centro de Estu- dos e Pesquisas em Reabilita- ção (CEPRE) da Universidade Estadual de Campinas (UNI- CAMP) e UFES, além de in- tercâmbio internacional com o Professor Vitor da Fonseca, vinculado à Faculdade de Mo- tricidade Humana (FMH), da Universidade Técnica de Lis- boa; Crianças com problemas de comunicação, por Paula (2004) e Paula, Enumo, Maia(2004), na UFES. Além da avaliação de habilida- des cognitivas, a avaliação assistida também tem sido utilizada no país em outros contextos: 35 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE Para a avaliação de habilida- des linguísticas da narrativa em crianças com câncer, por Motta, et al. (2005) e em pré- escolares, por Leite, et al. (2004), na UFES; Para a avaliação de efeitos de programas de intervenção - em criatividade, por Dias (2004) e Dias, et al. (2003), programas com sistemas de comunicação alternativa, por Paula (2004) e Paula, et al. (2003), na UFES, e para avali- ação de programa de ensino regular, por Escolano (2000, 2004), na USP-Ribeirão Preto; Para a avaliação de fatores não intelectuais em provas assisti- das para crianças com necessi- dades educativas especiais, por Ferrão, et al, (2005) e Or- landi, et al. (2004), na UFES. Também foi usada a avaliação assistida para analisar a mediação materna em dois contextos: Durante a interação mãe-cri- ança com deficiência visual em situação de jogo, por Cunha (2004), Cunha, Enumo, Pe- droza (2004) e Fonseca, Cu- nha (2003), na UFES, em in- tercâmbio com a FMH; Durante a interação da mãe com a criança normal, por Li- nhares, Martins e Klein (2004) e Klein (2005), na USP-Ribeirão Preto. Por fim, a avaliação assistida tem sido utilizada no país para ana- lisar a mediação do psicólogo educa- cional durante a aplicação de pro- gramas de intervenção em crianças com necessidades especiais, por pes- quisadores da UFES em intercâmbio com a UNEMAT na área da criativi- dade (Dias, Paula, Ferrão, Enumo, no prelo, Pereira Dias, Enumo, 2003), e com a Universidade Fede- ral do Rio de Janeiro, na área da de- ficiência visual. (CUNHA, 2004, ENUMO, ET AL, 2002, apud ENUMO, 2005, s/p) Para Enumo (2005, s/p) Haywood, Tzuriel (2002) e Tzuriel (2001) encontraram conclusões confiáveis derivadas da avaliação as- sistida, a partir de estudos empíricos da área - o processo de mediação ou ensino de estratégias lógicas, entre o pré e o pós-teste, leva a uma me- lhora no desempenho, diferente- mente do mero ensino de conteúdo, do fornecimento de pistas para res- postas corretas (graduated prompts) ou da não intervenção. Todavia, de- pende do tipo e ensino, sua intensi- dade, natureza das barreiras cogniti- vas da pessoa e da distância psicoló- gica entre o conteúdo de ensino e o conteúdo de desempenho dos testes, sendo os efeitos do ensino mais visí- veis e efetivos em tarefas difíceis, complexas e/ou abstratas. O resul- 36 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE tado principal de qualquer aprendi- zagem ou sua própria medida - a transferência de estratégias media- das para a solução de novos proble- mas ocorre mais facilmente para a transferência próxima do que para a distante, principalmente quando o ensino contém estratégias pedagógi- cas planejadas para a promoção da transferência, mostrando que esta não acontece ao acaso. (HAYWOOD, TZURIEL, 2002) Segundo Tzuriel (2001), a ava- liação assistida prediz melhor o de- sempenho acadêmico para pessoas com retardo mental do que para aqueles sem o problema; além de oferecer uma melhor estimativa do potencial de aprendizagem do que quando comparada às estimativas feitas por testes estáticos, normati- vos. A observação da aplicação de provas assistidas fornece mais infor- mações úteis para professores do que a observação de provas estáticas ou normativas. (BENJAMIN, LO- MOFSKY, 2002, DELCLOS, BURNS, VYE, 1993, DELCLOS, BURNS, KULEWICZ, 1987) Pais de crianças com deficiência visual, ao observarem os dois tipos de avalia- ção, têm mostrado sua aprovação e melhor aceitação da avaliação assis- tida quando comparada com avalia- ções estáticas ou padronizadas (CU- NHA, 2004, CUNHA, ET AL, 2004, apud ENUMO, 2005, s/p) Além disso, como afirma Enumo (2005, s/p) a avaliação as- sistida tem se mostrado muito útil como ferramenta de pesquisa nos casos de examinandos que relutam em responder, aqueles com sérios impedimentos de linguagem, os que bloqueiam, de modo psicopatoló- gico, suas habilidades para se enga- jar efetivamente em tarefas de solu- ção de problemas, casos de transcul- turalismo, de discriminação social, com conhecimento básico inade- quado para a idade, autoconceito negativo como aprendiz, e hábitos improdutivos frente a situações de solução de problemas. Permite, assim, obter um co- nhecimento que é difícil de obter com a utilização de testes normati- vos. Dessa forma, altera previsões pessimistas derivadas dos testes es- táticos, principalmente quando combinada com programas de edu- cação cognitiva ou qualquer outro voltado para melhorias na educabi- lidade de crianças e adolescentes. Também, permite fornecer dados sobre a “modificabilidade” cognitiva (cognitive modifiability) a partir da interação mãe-criança em pesquisas desenvolvimentistas e para a avalia- 37 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE ção de programas de educação cog- nitiva; sendo útil para a habilitação ou reabilitação, inclusive para casos de danos cerebrais e desordens psi- quiátricas. Sua efetividade, entre- tanto, depende de uma mediação da aprendizagem que especifique clara- mente as tarefas, vise às operações metacognitivas, recuse a ignorância como um indicador de inabilidade, dê atenção especial às barreiras afe- tivo-motivacionais e tenha expecta- tiva de sucesso. (HAYWOOD, TZU- RIEL, 2002) Por ser um modelo relativa- mente novo na Psicologia, a avalia- ção assistida ainda tem problemas, segundo Haywood, Tzuriel (2002) e Sternberg, Grigorenko (2002): Problemas psicométricos, co- mo a questão da fidedignida- de, que é alta apenas quando se utilizada no formato está- tico (sem a mediação); É necessário ainda saber como estabelecer a validade da ava- liação assistida; Esta modalidade de avaliação não é ensinada nos cursos de graduação, mas somente em workshops; Consome muito tempo; Exige julgamento subjetivo para determinar: quais fun- ções cognitivas estão deficitá- rias e requerem mediação, que tipo de mediação dispensar, quando a mediação não é mais necessária e como interpretar diferenças no desempenho pré e pós-mediação. Diante do grau de subjetividade desse tipo de avaliação, é importante fazer o cálculo de concordân- cia entre examinadores, se- gundo autores como Haywood, Tzuriel (2002) e Tzuriel, Samuels (2000). Compreender a proposta da avaliação assistida é mais fácil do que aplicá-la, sendo ainda pouco uti- lizada pelos psicólogos educacio- nais, apesar da influência das visões construtivistas e interacionistas da aprendizagem e do comportamento em vários países. Os fatores da pou- ca adesão decorrem dos problemas indicados anteriormente e se asso- ciam à permanência de velhas con- cepções sobre estrutura e natureza da inteligência humana por parte de psicólogos e educadores, que ainda consideram que o potencial de aprendizagem é fixo, que conheci- mento é sinônimo de fatos que de- vem ser aprendidos e examinados, e que negligenciam os aspectos afeti- vos da aprendizagem. Há também as próprias condições práticas para o uso da avaliação assistida, como a falta de tempo dos psicólogos esco- lares para atendimento individuali- zados e o pequeno suporte profissio- nal destes ao pessoal da escola, que não espera um relatório com este ti- 38 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE po de dado, não sabendo como inter- pretar os dados ou as recomenda- ções. (BURNS, 1996; DEUTSCH REYNOLDS, 2000; ELLIOTT, LAU- CHLAN STRINGER, 1996, MEY- ERS, 1989, STRINGER ELLIOT LAUCHLAN, 1997, TZURIEL, 2001, TZURIEL, HAYWOOD, 1992, apud ENUMO, 2005, s/p) Enumo (2005, s/p) afirma que Stringer, Elliot, Lauchlan (1997, p. 239), em particular, consideram queo aspecto central da prática dos psi- cólogos educacionais deve enfatizar os processos cognitivos da aprendi- zagem, baseando-se na crença de que a aprendizagem é um processo social. Dessa forma, acreditam que a “(...) avaliação assistida representa a zona de desenvolvimento proximal para os psicólogos educacionais.” Uma posição conciliadora, aqui defendida, considera a avalia- ção assistida como uma abordagem complementar à avaliação padroni- zada, normativa, de modo a retratar um quadro holístico e acurado do funcionamento cognitivo, especial- mente para pessoas com necessida- des educativas especiais, uma vez que cada abordagem responde a questões diferentes, mas comple- mentares. (CAMPIONE, 1989, HAYWOOD, TZURIEL, 2002, LIDZ, 1991, LINHARES, 1995, TZU- RIEL, 2001, apud ENUMO, 2005, s/p) Diante dos dados mostrando a adequação da avaliação assistida para vários tipos de populações, pode-se considerar que o investi- mento na capacitação de profissio- nais de Psicologia nesta área contri- buiria para mudanças no quadro da inclusão escolar de crianças com ne- cessidades educativas especiais, na medida em que estas teriam suas ca- racterísticas melhor avaliadas. Con- tribuiria, assim, na identificação de necessidades instrucionais mais adequadas e oferece informações es- pecíficas sobre suas possibilidades de mudança, quando expostas à si- tuação de treino, auxiliando o pro- cesso de intervenção. Um procedi- mento avaliativo mais prescritivo, por sua vez, auxiliaria o trabalho do professor nas adaptações curricula- res necessárias, podendo, inclusive, alterar suas expectativas, em geral baixas, sobre a capacidade de apren- dizagem dessas crianças. É possível, assim, obter reflexos na interação social das pessoas que convivem com a criança, afetando, por conse- guinte, a maneira de a criança inte- ragir e atuar no contexto escolar in- clusivo. (ENUMO, 2005, s/p) 39 39 4 0 O CONTEXTO ESCOLAR E A ACESSIBILIDADE 40 5. Referências Bibliográficas ALMEIDA, L. S. Considerações em torno da medida da inteligência. In: PASQUALI, L. (Org.). Teoria e métodos de medida em Ciências do Comportamento. 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