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Flavors & Botanicals Guia prático de análise sensorial para alimentos O que é análise sensorial A história A influência dos 5 sentidos na alimentação Paladar – o sentido do gosto e das experiências mistas O que é necessário para estruturar a análise sensorial Briefing mais assertivo Produtos que exploram a sensorialidade Normas recentes de análise sensorial para alimentos Conclusão 04 06 07 10 17 20 30 32 35 37 3Compartilhe esse eBook: Olá! Este eBook é um PDF interativo. Isso quer dizer que aqui, além do texto, você também vai encontrar links, botões e um índice “clicável”. Os botões no canto esquerdo inferior de todas as páginas servem para compartilhar o eBook em suas redes sociais favoritas. Na parte inferior direita, temos um botão que leva você, automaticamente, de volta ao Índice. No Índice, você pode clicar em cada capítulo e ir diretamente para a parte do livro que quer ler. Como última dica, saiba que quando o texto estiver assim, quer dizer que ele é um link para uma página externa que vai ajudar você a aprofundar o conteúdo. Sinta-se à vontade para acessá-lo! Esperamos que essas funções lhe ajudem na leitura do texto. Boa leitura! Dicas para a leitura deste eBook: Compartilhe esse eBook: 4Compartilhe esse eBook: Guia prático de análise sensorial para alimentos Para assegurar maior sucesso nas prateleiras, desvendar as percepções, entender as necessidades e as preferências do consumidor hoje são aspectos cada vez mais valiosos para desenvolver produtos que proporcionem novas experiências. Confira por que a análise sensorial transformou-se em uma aliada estratégica e como as indústrias de alimentos podem explorar o seu potencial para turbinar a performance dos seus produtos. 5Compartilhe esse eBook: A análise sensorial tem avançado a passos largos nas últimas décadas, transformando-se em uma aliada de valor altamente estratégico para o mercado competitivo de alimentos e bebidas. Mas por quê? Ao utilizar os sentidos da visão, olfato, tato, paladar e audição para avaliar as características ou atributos de um produto, esta disciplina da ciência permite estudar e desvendar as sensações e percepções do consumidor de forma minuciosa e profunda. Em tempos em que o consumidor assumiu o papel de protagonista, mais consciente, exigente e em busca de novas experiências, entender as suas necessidades e preferências torna-se imperativo para as indústrias que buscam destaque nas gôndolas e resultados de alta performance. O valor da ferramenta está juntamente nisto, uma vez que avalia características decisivas para a compra de um produto, que podem determinar, ou não, sua aceitação. Aspectos como aparência, cor, textura, odor e sabor são minuciosamente interpretados para compreender quais sensações e percepções o produto poderá despertar no consumidor e de que maneira eles podem ser potencializados para proporcionar uma experiência de consumo prazerosa. Informações essenciais que transformaram a análise sensorial em um instrumento estratégico não só para garantir a qualidade do produto, mas também para a assertividade no próprio processo de desenvolvimento e definição de aceitabilidade pelo público-alvo. 6Compartilhe esse eBook: “O que é análise sensorial?(…) disciplina da Ciência usada para evocar, medir, analisar e interpretar as reações às características dos alimentos e materiais tal como são percebidas pelos sentidos da visão, olfato, paladar, tato e audição.” (IFT, 1981). 7Compartilhe esse eBook: A história Desde a descoberta do fogo, a percepção sensorial é importante para o ser humano. Ao longo dos tempos, a humanidade foi ampliando o seu acesso aos alimentos, promovendo o surgimento de preferências alimentares condicionadas pelo clima, localização, tribo, classe social, cultura e até religião. Mas a partir da década de 40, após a 2ª Guerra Mundial, é que a análise sensorial começa a ganhar importância com os avanços científicos da indústria de alimentos e sua expansão. Se antes a qualidade sensorial era determinada pelo proprietário da empresa, com a incorporação de pessoal técnico a indústria evoluiu com a introdução dos conceitos de controle de processo e de produto final. Entre os anos 1950 e 1970, a indústria começou a considerar mais seriamente a utilização do homem como instrumento de medida das características sensoriais dos alimentos. 8Compartilhe esse eBook: Através de estudos fisiológicos e psicológicos, a ciência avançou, então, com a definição dos gostos primários e o desenvolvimento de pesquisas básicas sobre o processo pelo qual o homem percebe um estímulo. O interesse crescente impulsionou também o desenvolvimento de métodos para avaliar e também de tratamentos estatísticos adequados aos dados obtidos. O reconhecimento que a qualidade sensorial de um produto não é uma característica do alimento, mas resultado entre interação alimento e homem surgiu após 1970. Reconheceu-se que a qualidade sensorial é função tanto dos estímulos procedentes dos alimentos ou de outros materiais de consumo como das condições fisiológicas, psicológicas, sociológicas e ambientais. Os métodos criados até então foram divididos em métodos discriminativos, descritivos e afetivos. Constatou-se também a necessidade de se trabalhar com equipes devidamente selecionadas e treinadas para cada tipo de método. Da mesma maneira, registrou-se um aprimoramento dos métodos estatísticos, a partir do surgimento sensometria. 9Compartilhe esse eBook: Por que a análise sensorial é importante para a indústria alimentícia? A análise dos sentidos conquistou um status de ferramenta-chave para a indústria alcançar os níveis de excelência nos seus produtos e atender às exigências dos consumidores, cada vez mais conscientes e atentos. Esta área da ciência beneficia diferentes atividades da indústria de alimentos e bebidas: • Na criação de novos produtos e definição da aceitabilidade pelo consumidor; • Monitoramento do mercado com mapa de produto (Product Mapping - que identifica a posição de um produto em relação aos seus concorrentes); • Em projetos de reformulação do produto; • Nos estudos de tempo de vida útil do produto; • Na detecção de contaminantes estranhos ao produto; • E nas especificações e controle da qualidade. 10Compartilhe esse eBook: A influência dos 5 sentidos na alimentação A análise sensorial é influenciada por fatores fisiológicos, psicológicos, sociológicos e ambientais. O ato de comer desperta uma experiência sensorial multidimensional, na qual, em poucos segundos, os cinco sentidos são acionados, criando diferentes sensações em um conjunto complexo de interações. Cada um dos sentidos – visão, olfato, paladar, audição e tato – possui características e peculiaridades próprias, que vão participar ativamente na percepção final dos atributos dos alimentos. Desvendar as características e influências de cada um é essencial para a indústria desenvolver produtos que estimulem as melhores sensações. Intimamente relacionada com os sentidos, a percepção sensorial ocorre da seguinte forma: 11Compartilhe esse eBook: Visão As primeiras impressões A aparência de um produto é um dos fatores mais importantes avaliados pelo consumidor no momento de comprar o produto. É um dos sentidos de destaque dentro da análise sensorial, pois é através dele que são obtidas as primeiras impressões dos produtos quanto à: • Cor (tonalidade, luminosidade, saturação, uniformidade); • Tamanho/formato; • Brilho/opacidade; • Consistência/espessura; • Grau de efervescência; • Integridade; • Defeitos, como manchas, pontos pretos, etc; • Granulometria; • E outros atributos referentes à expectativa da textura visual. 12Compartilhe esse eBook: São as características visuaisque induzem o consumidor a esperar certo sabor correspondente, além de preparar os demais órgãos sensoriais para as suas próprias percepções. Um exemplo de interação visão- paladar é a da cor vermelha, que aumenta a percepção do gosto doce em bebidas e iogurtes de frutas de sabor característico de morango. Por isto, o impacto visual é um elemento que a indústria alimentícia utiliza para tornar um alimento mais apetitoso. Audição Os sons promovidos pelo produto Este sentido produz informações durante manipulação do produto, a mordida e também durante a mastigação e deglutição, complementando a percepção da textura e fazendo parte da satisfação em comer. O “crock” do biscoito de cream cracker, por exemplo, necessariamente acompanha o efeito do sabor. Neste caso, se o biscoito não fizer ruído na hora da mastigação, passa a ideia de alimento vencido, impróprio para o consumo. 13Compartilhe esse eBook: ““A audição participa ativamente, informando sobre os eventos de fratura, que produzem som e que são importantes na percepção das características crocantes”, afirma Susana Fiszman, pesquisadora do Instituto de Agroquímica e Tecnologia de Alimentos (IATA), de Valência, Espanha, em seu artigo científico “Comer: uma experiência sensorial complexa”. A alta dureza e baixa coesividade do alimento aumenta a percepção da fraturabilidade e está relacionada com a crocância, o som emitido no ato da quebra ou mastigação e é um exemplo da interação audição-tato. 14Compartilhe esse eBook: Tato Informações sobre textura, temperatura e consistência O tato apura as informações sobre textura, forma, peso, temperatura e consistência de um produto alimentício, em um conjunto de percepções que podem influenciar completamente no prazer de comer. Cada alimento tem a sua própria textura e, por meio dela, torna-se possível especificar, por exemplo, a qualidade e o frescor de cada um. Assim é possível distinguir, por exemplo, a fluidez de um suco e a dureza de um biscoito crocante. Tecnicamente, a textura pode ser definida como a percepção de três características distintas: as que resultam da pressão feita pelos dentes, língua e palato no ato da degustação (mecânicas); as provenientes do tamanho e da forma das partículas (geométricas); e as relacionadas com propriedades lubrificantes, como a umidade e a oleosidade do alimento. Para fazer a análise de textura, é utilizada a normatização de termos, procedimentos e amostras estabelecidos na norma ISO 11036. Uma das situações de interação tato-paladar é a de que a sensação de sabor é maior em meio aquoso do que em meio oleoso. 15Compartilhe esse eBook: Olfato A percepção do odor e do aroma O sentido do olfato possui grande poder de discriminação, é muito especializado e apresenta alta sensibilidade, com limiares (limites de percepção) menores (ou mais apurados) do que do gosto e sabor. Diferentes aspectos impactam na percepção olfativa, como: umidade e temperatura do ambiente, tempo, fome, ingestão de álcool, características e estado fisiológico do indivíduo, o limiar de sensibilidade do organismo da pessoa, experiências prévias e a própria substância. O olfato é um dos sentidos químicos, assim como o paladar. Os dois sistemas sensoriais, mesmo que sejam entendidos como separados e distintos, têm uma ligação íntima. Segundo Angelita Corrêa Scardua, doutora em psicologia social pela USP e especialista em felicidade, o ser humano é capaz de perceber mais de 10 mil diferentes odores, cada qual definido por uma estrutura química diferente. É esta capacidade que faz com que o olfato tenha grande participação no sabor e aroma que as pessoas sentem nos alimentos. “Grande parte daquilo que identificamos como ‘gosto’ é, essencialmente, aroma”, afirma a doutora em seu artigo “Os sentidos da felicidade”. Tanto o olfato como o paladar se desenvolvem com o treino, e quanto mais diferenciadas forem as experiências olfativas de uma pessoa, mais capacidade ela terá de distinguir odores e aromas. Um exemplo de interação olfato-paladar é o odor da fruta, que intensifica a percepção do gosto doce. 16Compartilhe esse eBook: Odor ≠ Aroma Existe uma diferença importante entre odor e aroma. A ISO 5492 explica: “O odor é uma propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo quando certas substâncias voláteis são aspiradas e, o aroma, como uma propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo via retronasal durante a degustação”. Gosto ≠ sabor No dia a dia, observa-se uma confusão frequente de que gosto e sabor são sinônimos. Mas eles são diferentes. O gosto restringe-se aos 5 gostos básicos, e o sabor é integrado por um conjunto de sensações. Sabor é uma experiência mista entre as sensações olfativas (aromas), gustativas (gostos) e táteis percebidas durante a degustação, segundo a ISO 5492:2008. O sabor é resultado da combinação das percepções do gosto, aroma e textura oral do alimento. Por exemplo, o sabor chocolate é composto pelos gostos básicos como amargo, ácido e doce, além das sensações táteis como adstringente, conforme o conteúdo de cacau, picante, no caso de chocolate com pimenta, e refrescante, no caso de chocolate com menta. 17Compartilhe esse eBook: Paladar O sentido do gosto e das experiências mistas Este é o sentido que permite sentir os gostos dos alimentos - doce, amargo, salgado, ácido e umami - por meio das papilas gustativas distribuídas em toda a boca (língua, palato, bochechas e esôfago). Através do paladar é que reconhecemos, por exemplo, que um bolo é doce, um salame é salgado e o limão é ácido. As percepções do paladar podem ser muito particulares. Isto porque as pessoas apresentam sensibilidades diferentes umas das outras em relação ao gosto. Por exemplo, algumas são mais sensíveis ao doce, enquanto que outras são sensíveis ao salgado. Embora mais raros, há também casos de limitações para detectar os gostos: • A ageusia, que se caracteriza pela não percepção de um gosto; • A hipoageusia, que é uma diminuição da percepção; • A disgeusia, que provoca a distorção de um gosto. Além disso, existe a possibilidade de os gostos básicos interagirem e poderem mascarar ou reforçar outros gostos e sabores. 18Compartilhe esse eBook: Interações entre gostos As interações entre gostos podem produzir efeitos distintos. Por exemplo: • Amargo e doce: em altas concentrações, eles se suprimem, como café com açúcar; • Ácido e doce: eles são neutralizados em altas concentrações. Um pouco de açúcar normalmente é adicionado ao molho de tomate para mascarar a acidez; • Salgado e doce: aumenta a doçura se as concentrações forem baixas; • Salgado e amargo: suprime o amargo, como o sal no chocolate amargo. 19Compartilhe esse eBook: Memória afetiva O ato da alimentação desperta um mecanismo sensorial complexo, criando diferentes sensações. No conjunto das percepções, influenciam inclusive as experiências de vida de cada pessoa, chamado de memória afetiva, que remete, por exemplo, à “comida da avó”, ao “gosto da infância”. O filme de animação Ratatouille explorou muito bem a questão da memória afetiva, na cena em que o crítico gastronômico Anton Ego, prova o prato para avaliar e o sabor o remete ao tempo de criança. Clique na imagem abaixo e confira o trecho do filme: 20Compartilhe esse eBook: O que é necessário para estruturar a análise sensorial na indústria O que é preciso considerar para implementar ou ampliar a estrutura de análise sensorial no dia a dia da indústria de alimentos? Confira, a seguir, algumas orientações práticas: 1) Equipe de trabalho Um laboratório de análise sensorial pode contar com profissionais com formações e habilidades diferentes para atuar em todas as funções administrativas/gerencial, técnicas/científicas e operacionais. O número de pessoasda equipe varia conforme as demandas da própria empresa. Essa equipe é responsável por selecionar avaliadores e aplicar diferentes métodos analíticos para avaliar os produtos e medir as percepções e reações provocadas nos consumidores. Recomendações detalhadas sobre as responsabilidades, recrutamento e treinamento para o grupo de trabalho de um laboratório de avaliação sensorial podem ser encontradas nas normas ISO 13300-1 e 13300-2. 2) Ambiente e estrutura As condições ambientais são de especial importância no trabalho sensorial, porque podem influenciar nos resultados. Os testes devem ser realizados em uma área dedicada especificamente para esta finalidade. O indicado é que o local seja de fácil acesso, em uma área calma, sem distrações, com redução de ruídos e odores e com iluminação e temperatura controladas. É necessário destinar uma área específica para os testes, reservada e com cabines individuais. E outra área somente para o preparo da amostra. As cabines individuais de testes possibilitam total concentração do avaliador. Elas devem ser de cor clara e neutra para não influenciar na aparência do produto avaliado. Precisam ser providas de luz branca e colorida (vermelha, verde ou azul, quando necessário). Orientações mais detalhadas sobre este espaço são encontradas na Norma ISO 8589:2007. Uma mesa redonda é importante para treinamento e para os testes sensoriais em que o grupo necessita realizar discussão e padronização de procedimentos, caracterização de amostras de referência, treinamento e consenso entre os avaliadores, especialmente para as análises descritivas. 21Compartilhe esse eBook: 3) Equipamentos, materiais e instrumentos básicos De modo geral, para a condução dos trabalhos de análise sensorial, são necessários equipamentos, instrumentos e materiais para: • Preparo e armazenamento de amostras, como fornos, cooktops, micro-ondas, refrigeradores, freezers, processadores de alimentos, facas e máquinas de corte; • Limpeza: máquinas de lavar e purificadores de água; • Instrumentos e aparelhos, como termômetros, cronômetros, balanças, balões e provetas volumétricos, dispositivos para manter a temperatura especificada da amostra, etc.; • Materiais para servir as amostras (bandejas, recipientes de porcelanas ou materiais descartáveis, talheres, copos, guardanapos); • Materiais para proteger, transportar e/ou armazenar as amostras (caixas térmicas, embalagens plásticas ou laminadas); • Materiais para codificar as amostras (marcadores ou etiquetas). 22Compartilhe esse eBook: 4) Processos utilizados Materiais de referência e padrões químicos Devem ser claramente identificados para que possam ser reconhecidos sem ambiguidades. A informação sobre a validade deverá estar disponível, assim como as condições de armazenamento, aplicabilidade e restrições de uso. Amostragem O transporte e armazenamento de amostras devem ser realizados em condições adequadas para manter sua integridade (por exemplo, refrigeradas ou congeladas, conforme necessário). Estas condições devem ser controladas e registradas. Registros É recomendado que cada teste contenha as seguintes informações: • Folhas de instruções e questionários aplicados aos avaliadores sensoriais; • Folhas dos resultados da análise ou referência a arquivos eletrônicos; • Informação sobre o tempo entre as amostras; • Códigos de identificação das subamostras; • Método de preparação das amostras e os equipamentos utilizados; • Identidade do responsável pelo preparo das amostras; • Ordem e detalhes da apresentação das amostras para cada avaliador sensorial; • Identidade dos avaliadores sensoriais e seu nível de treinamento para o método executado; • Descrição dos consumidores em testes de consumo; • Identificação do responsável pelo painel ou do analista sensorial; • Método de coleta de dados; • Método de análise estatística. 23Compartilhe esse eBook: Painel sensorial Um painel de análise sensorial (equipe de avaliadores) constitui-se em um verdadeiro “instrumento de medida”. Por isto, é importante fazer um recrutamento cuidadoso de pessoas dispostas a participar do painel. A análise sensorial pode ser realizada através de três tipos de avaliadores: • Avaliadores sensoriais: Todas as pessoas que participam de um teste sensorial. • Avaliadores sensoriais selecionados: Definidos por sua capacidade de realizar um teste sensorial. • Avaliadores sensoriais especialistas: Selecionados por uma demonstrada sensibilidade, com o treinamento e experiência em testes sensoriais. Capazes de fazer avaliações sensoriais consistentes e repetitivas de diversos produtos. 24Compartilhe esse eBook: 5) Seleção de consumidores A definição da população-alvo é a condição básica para a estimativa de aceitação e preferência, hábitos e atitudes dos consumidores. O principal critério a ser aplicado é a necessidade de o avaliador fazer parte do grupo que consome o produto de interesse. Para a seleção de um grupo de consumidores são considerados alguns fatores como: • Frequência de consumo: “ocasional” (ex.: 1 copo de refrigerante por semana), “moderado” (de 2 a 4 copos) e “intenso” (acima de 4 copos); • Classe social: através de critérios de classificação econômica, indicado pela ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa); • Idade: Faixa etária dos consumidores (de 4 a 12 anos testes com doces, cereais, achocolatados, biscoitos, refrigerantes, etc.; de 12 a 19, testes com salgadinhos, biscoitos, refrigerantes, etc.); • Sexo: consideração em caso de produtos de conveniência (salgadinhos, refeições leves, lanches, porções, etc.); • Estado civil: Hábitos de consumo entre pessoas solteiras e casadas tendem a ser diferentes; • Localização geográfica: Devido a preferências regionais e culturais; • Nacionalidade, religião, educação, etc. 25Compartilhe esse eBook: 6) Treinamento de avaliadores Para obter uma avaliação sensorial eficaz, é importante treinar os avaliadores para que possam utilizar linguagem comum e fazer correta interpretação dos resultados. Os procedimentos exatos para o recrutamento, seleção e familiarização e a natureza dos testes realizados na seleção e formação dependem das tarefas pretendidas para o painel. A seleção dos avaliadores deve considerar a aplicação pretendida, o desempenho dos candidatos nas entrevistas e seu potencial, ao invés de seu desempenho atual. Os testes práticos de seleção descritos têm a dupla função de familiarizar os candidatos com os métodos e os materiais utilizados na análise sensorial. Eles são divididos em três tipos, como os destinados a: a) Detectar incapacidades sensoriais, como teste das cores (para detectar daltonismo), dos odores (para detectar anosmia), e dos gostos básicos (para detectar ageusia); b) Determinar a acuidade sensorial como teste de ordenação e triangular; c) Avaliar o potencial dos candidatos para a comunicação e descrição das percepções sensoriais. 26Compartilhe esse eBook: Recomenda-se que o treinamento descritivo seja dividido em etapas distintas para: desenvolvimento da linguagem; detecção, descrição e percepção de diferenças de intensidades; e memorização e/ou teste de identificação. Nas normas ISO 8586, 22935-1 e 11036 há recomendações sobre o processo de seleção e treinamento de avaliadores como um guia geral, para lácteos e para textura. Fatores que influenciam na avaliação sensorial Confira o que deve ser evitados pelo menos 1 hora antes para evitar interferências na avaliação: • Fumar; • Usar perfumes e/ou cosméticos com odor forte; • Escovar os dentes com creme dental; • Comer balas ou chicletes refrescantes (mentol, menta, etc); • Comidas e bebidas fortes, como café, produtos alcoólicos e refrescantes. • Antesou logo após o horário do almoço/ jantar. 27Compartilhe esse eBook: 7) Principais métodos sensoriais aplicados É importante definir os métodos sensoriais que serão aplicados na estrutura de análise sensorial. Dentro de uma diversidade de opções, os testes mais utilizados são classificados em: os discriminativos; os descritivos; e os afetivos, chamados também de testes de consumo: Discriminativos – Em geral, são fáceis de interpretar, requerem pouco tempo, são relativamente baratos e avaliam diferença qualitativa ou quantitativa entre as amostras. Os testes mais utilizados são: comparação pareada, triangular, ordenação e comparação múltipla. Descritivos – Implicam a descrição das características sensoriais de um alimento e a quantificação da intensidade de cada característica, empregando uma linguagem técnica. Por isto, requerem um painel treinado, principalmente em perfil de sabor, perfil de textura e perfil descritivo quantitativo. Os resultados da análise descritiva fornecem uma descrição completa das similaridades e diferenças das propriedades sensoriais de um conjunto de produtos. Se associados a testes afetivos, também permitem identificar quais são os atributos importantes e que direcionam a aceitação do produto pelo consumidor. Afetivos – São estratégicos, porque obtém diretamente a opinião sobre a preferência ou aceitação do consumidor em relação às ideias e às características específicas ou globais de um determinado produto. Por isso, também é chamado teste de consumo. Os mais utilizados são: preferência pareada, ordenação de preferência, aceitação por escala hedônica e aceitação por escala de atitude. As etapas para realização de um teste de análise sensorial A definição do objetivo é a etapa mais importante, porque define todo o trabalho, inclusive a seleção do teste sensorial mais adequado. O próximo passo é a condução do teste em si, com a seleção do método sensorial, a definição do teste sensorial, da ficha de avaliação e avaliadores, além da especificação das condições de preparo e apresentação das amostras. A terceira etapa consiste na interpretação dos dados e na elaboração do relatório, que indica o perfil sensorial do produto. Este relatório poderá ser utilizado para a avaliação no desenvolvimento de um novo produto ou para uma análise de qualidade. 28Compartilhe esse eBook: produtos de tabaco, cosmético, tecido, papel, embalagens, amostra do ar ou água). Também pode ser útil em estudos cognitivos e de comportamento humano. A ISO 13299 de 07/2017 – Análise sensorial — Metodologia — Orientação geral para o estabelecimento de um perfil sensorial oferece orientações para o processo geral de estabelecimento de um perfil sensorial. O teste perfil sensorial Entre os métodos descritivos, o perfil sensorial é o mais utilizado, porque permite a descrição dos atributos sensoriais do produto na ordem de percepção, com determinação do valor da intensidade de cada atributo. Pode ser estabelecido para todos os produtos ou amostras que podem ser avaliadas pelos sentidos da visão, olfato, gosto, tato ou audição (por exemplo, alimentos, bebidas, 29Compartilhe esse eBook: Dissecar os sabores Em um perfil descritivo quantitativo é possível dissecar esse sabor em alguns de seus componentes, assim como um acorde musical pode ser dividido em suas notas componentes. Tomando um exemplo prático, o perfil de um molho barbecue demonstra a riqueza de sabores e aromas que é possível mapear. Na análise sensorial, é percorrida uma lista de verificação das possibilidades se utilizando de perguntas como: há uma nota adocicada? Uma nota defumada? Uma nota picante ou especiarias? Se sim, que tipo de especiaria? Abaixo um exemplo de uma descrição elaborada por um painel treinado para descrever e quantificar a intensidade de cada componente de odor e sabor de duas marcas distintas: 30Compartilhe esse eBook: Muito mais que nutrir, os alimentos têm o poder de despertar sensações prazerosas e de bem-estar. E estes atributos têm ganhado mais valor junto ao consumidor, em sua busca por produtos indulgentes e dentro do conceito de mood food, por exemplo, trazendo, de alguma forma, compensações para o ritmo acelerado de vida. Mas como garantir que um novo produto contemple estes aspectos essenciais para o consumidor? Um briefing bem estruturado do projeto é fundamental para o desenvolvimento assertivo do alimento desde os seus primeiros passos, como escolha de matérias-primas, criação da formulação e definição de processos. Neste contexto de valorização da sensorialidade, um dos itens deste briefing que vem ganhando relevância é o relacionado aos requisitos de funcionalidade, que tem o objetivo de dar direcionamentos de sabor, textura, cor, porção, aspecto, conservação, etc. Para nortear a descrição das características sensoriais esperadas no novo produto, o método dos testes descritivos é um dos mais indicados. Estes testes são ferramentas amplamente utilizadas na análise sensorial, porque permitem obter uma caracterização sensorial completa de um produto, abrangendo sensações visuais, auditivas, olfativas, gustativas, sinestésicas (produção de duas sensações de natureza diferente por um único estímulo) e somestésicas (capacidade de receber informações sobre as diferentes partes do seu corpo). Como a análise descritiva envolve aspectos qualitativos, quantitativos, temporais e também a integração das percepções, descrevemos cada um dos tópicos, com exemplos relacionados a categorias de diferentes produtos, para inspirá-lo e orientá-lo na elaboração do briefing. Briefing mais assertivo com descrição das características sensoriais 31Compartilhe esse eBook: O que é importante entrar no briefing Características sensoriais: Aspecto Qualitativo Descreve e define os atributos que caracterizam o produto, como: • aparência; • textura; • odor; • sabor. Aspecto Quantitativo Expressa o grau com que cada um dos atributos sensoriais está presente. Aspecto Temporal Indica a ordem com que os atributos são percebidos, detecta diferenças na ordem com que certos parâmetros se manifestam entre as amostras e mensura o tempo de resposta e permanência de um estímulo ou atributo. Integração Das Percepções Considera a intensidade global de odor e sabor, balanceamento entre os atributos e diferenças globais. Além destas características, um formulário do briefing normalmente reúne outras informações importantes para o projeto, entre elas: • Objetivo do projeto/escopo do produto; • Público-alvo (infantil, vegano, vegetariano, por exemplo) e suas características principais; • Região/país a ser comercializado; • Padrão de referência se existir (por exemplo, feijoada de qual região?); • Características sensoriais e requisitos de funcionalidade (direcionamentos de textura, cor, sabor, porção, aspecto, conservação, solubilidade, etc.); • Padronização em princípios ativos desejados (cafeína, ácido ascórbico, antocianinas, etc.); • Aplicação em qual produto final e o processo de produção deste; • Informações de mercado relacionadas ao produto, questões regulatórias e eventuais restrições (GMO, alergênico, sódio, açúcar, gordura trans, etc.); • Preço final esperado. Quer mais dicas para elaborar o briefing voltado às características sensoriais do produto? Clique aqui, baixe o modelo mais completo e conheça mais detalhes. 32Compartilhe esse eBook: Produtos que exploram a sensorialidade Produtos com cores vibrantes, aromas tentadores e texturas interessantes podem ajudar as pessoas a escapar da rotina e do estresse de suas vidas, criar memórias e gerar posts de mídia social “dignos”, segundo a Mintel. Em 2018, a Mintel observou um aumento do interesse em torno da textura, principalmenteentre os jovens consumidores da Geração Z (entre 1995 e 2007). Confira, a seguir, exemplos de produtos lançados pelo mundo que exploram de forma inovadora os sentidos em diferentes categorias de produtos: 33Compartilhe esse eBook: Mix de sabores A Kit Nestlé Kat Senses Avelã, Caramelo Salgado & Double Chocolate Mix Box, lançada em 2018 no Reino Unido, oferece três diferentes sabores na caixa: avelã, caramelo salgado e chocolate duplo. A indulgência em porções embaladas individualmente. Sabor Cherry Cola e efeito efervescente A Mondeléz lançou, em 2018, nos EUA, uma versão dos biscoitos Oreo com sabor Cherry Cola e o efeito efervescente em seu recheio, para proporcionar uma sensação de reproduz a carbonatação do refrigerante. 34Compartilhe esse eBook: Além da carbonatação Em 2017, a Coca-Cola lançou o Fanta Jelly Fizz multissensorial, que foi direcionado para o público adolescente na Austrália. A bebida contém pedaços de geleia líquida e a embalagem instrui os consumidores a agitar a lata 10 vezes para “acordar a oscilação. Mudança de cor A marca de gin Sharish ofereceu uma edição especial do Blue Magic Gin aos consumidores do Reino Unido em 2017, que mudava de uma tonalidade roxa azulada vibrante para rosa quando o tônico era adicionado. Um efeito digno para atrair atenção online e nas redes sociais. 35Compartilhe esse eBook: Normas recentes de análise sensorial para alimentos A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) segue padrões internacionais para a atualização das normas técnicas brasileiras. Confira, a seguir, 5 normas recentes publicadas pela ABNT para a área de análise sensorial: * Vocabulário (ABNT NBR ISO 5492:2017) A atualização da norma que define em torno de 200 termos relacionados à análise sensorial, que se aplica às indústrias alimentícias e outros segmentos relacionados à avaliação de produtos pelos órgãos dos sentidos, foi publicada em junho de 2017 pela ABNT. * Guia para o projeto de ambientes de teste destinados à análise sensorial de produtos (ABNT NBR ISO 8589:2015) Os requisitos para a instalação de um ambiente de testes, incluindo uma área de testes, uma área de preparo, um escritório, e especificando as áreas que são essenciais ou as que são meramente desejáveis, estão descritos nesta norma. CONTEÚDO BÔNUS! * Guia para a seleção, treinamento e monitoramento de avaliadores selecionados e de especialistas ou experts (ABNT NBR ISO 8586:2016) A norma define critérios para selecionar e os procedimentos para treinar e monitorar os avaliadores sensoriais, avaliadores selecionados e de avaliadores especialistas ou experts. Por ser um verdadeiro “instrumento de medida”, os resultados do painel de análise sensorial dependem de seus membros, por isto, a importância do cuidado com o recrutamento e o treinamento de seus avaliadores. * Guia para testes hedônicos com consumidores em ambientes controlados (ABNT NBR ISO 11136:2016) Estabelece métodos para conduzir testes hedônicos de aceitação e preferência com consumidores em ambientes controlados. * Metodologia — Orientação geral para o estabelecimento de um perfil sensorial (ABNT NBR ISO 13299:2017) Esta norma serve de guia para estabelecer perfis sensoriais a serem obtidos por avaliadores treinados, fornecendo orientações padronizadas dos procedimentos descritivos sensoriais. Os perfis sensoriais são resultado de uma análise descritiva das propriedades de uma amostra de alimento ou bebida feita por um painel de avaliadores a partir da avaliação de atributos sensoriais. 36Compartilhe esse eBook: Dicas de eventos, revistas, associações de profissionais e normas Eventos • Pangborn – Sensory Science Symposium – maior evento internacional específico da área. • Sensometrics – É uma conferência da Sociedade de Sensometria (análise estatística aplicada ao sensorial). • Senselatam – Congresso Latino Americano de Análise Sensorial • Eurosense – Conferência europeia sobre pesquisa sensorial e do consumidor. Revistas • Revista Food Science and Technology sbCTA • Brazilian Journal of Food Technology • Food Quality and Preference • Journal of Sensory Studies • International Journal of Consumer Studies • Journal of Texture Studies • Journal of Food Science 37Compartilhe esse eBook: Associações de Profissionais • Associação Brasileira de Ciências Sensoriais (ABCS) • Society Of Sensory Professional • The Sensometric Society Normas e Órgãos Reguladores • ABNT – ABNT/CEE-174 – Comissão de Estudo Especial de Análise Sensorial • ASTM – Sensory Evaluation Standards • ISO – 67.240 – Sensory analysis Conclusão Implementar e investir na estrutura de análise sensorial tem sido uma aposta estratégica das indústrias de alimentos e bebidas em todo o mundo para lançar no mercado produtos que atendam às expectativas dos consumidores mais exigentes e com sede de novas experiências, assegurando, assim, sucesso nas gôndolas. Esperamos que este material possa ajudá- lo a explorar ainda mais e melhor o amplo potencial de contribuição desta ferramenta em sua empresa! As recentes mudanças no comportamento do consumidor estão movimentando as indústrias de alimentos e bebidas e a Duas Rodas, com a sua expertise que entrega alta qualidade sensorial e sucessos de gôndola aos seus clientes, oferece conteúdo sobre o mercado e inovações do setor alimentício no Blog Flavors & Botanicals, para que as indústrias de alimentos e bebidas possam entender e aproveitar oportunidades, preparando-se para levar novas experiências aos consumidores. A Duas Rodas é a maior casa de aromas alimentícios brasileira. Pioneira na extração de óleos essenciais, é líder na fabricação de aromas e ingredientes para a indústria de alimentos e bebidas. Multinacional de origem brasileira com 7 fábricas na América Latina, está presente em mais de 30 países, atuando nos mercados de Flavors, Food Service e Animal Nutrition com um portfólio diversificado de mais de 3 mil itens. Saiba mais sobre a Duas Rodas Fale conosco Flavors & Botanicals www.duasrodas.com
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