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Tecnologia do Pescado B 1 SALGA DE PESCADO 1. INTRODUÇÃO 3500 AC primeiros registros; Século XIX uso mais intenso da técnica; Incas elaboravam um produto dessecado com carne de lhamas cortada em tiras, denominado charqui; No século XVIII houve incremento na produção de charque destinado a alimentar os escravos concentrados em torno da cultura da cana-de-açúcar, no litoral, e da mineração, no interior do país, primeiro no Rio Grande do Sul, e depois no Ceará. Na salga de pescado as espécies mais utilizadas são das famílias Clupeidae e Salmonidae (“Maturação”). A salga no terceiro mundo sempre é seguida de secagem. .Tendência de evolução dos produtos salgados: . Diminuição na quantidade de NaCl; . Substituição do NaCl por outras substâncias: “Slim sal” – 66% KCl e “Light sal” – 50% KCl; temperos com alho, limão e ervas aromáticas (açafrão, cravo da Índia e tomilho); . Pesquisa de novos aditivos conservadores para o produto armazenado; . Utilização de modernas embalagens e materiais para o envase de produtos salgados; .Desenvolvimento e domínio de uma tecnologia de produtos salgados que imitem o sabor de espécies pesqueiras mais aceitas. 2. PRINCÍPIOS DA SALGA .Diminuir a quantidade de água; .Diminuir atividade enzimática e microbiológica; .Concentração de 6% de NaCl impede atividade da maioria das bactérias. 2.1 O processo de salga se divide em: a) Contato da carne com o sal ou solução salina; b) A transferência por osmose entre o sal e a umidade da carne do pescado; c) Fase de maturação ou cura, até alcançar o equilíbrio entre as concentrações de sal e umidade, originando o sabor, odor e consistência característica do produto. -Água presente nos alimentos -Ação do NaCl Detalhamento do processo de salga: Na medida em que a carne entra em contato com os cristais de cloreto de sódio produz-se a hidratação dos íons de sódio e cloro por dipolos que recobrem a superfície da carne. As forças de interação entre os dipolos hídricos com os íons de cloro e sódio são superiores as que atuam na estrutura cristalina do cloreto de sódio assegurando-se assim a formação de íons hidratados e a diluição do sal. A taxa de diluição depende do tamanho dos cristais de cloreto de sódio, quanto maior o tamanho menor a taxa de diluição. No sistema salmoura, os íons de cloro e sódio são transportados até o interior do produto e os dipolos de água, do produto para a salmoura. Pesquisadores acreditam que Tecnologia do Pescado B 2 o transporte dos íons de cloro e sódio é resultado de um fenômeno de difusão. Já no transporte de água existem algumas divergências: a transferência se dá por osmose, ou ocorre por difusão? A formação característica do produto salgado é derivado de um complexo processo físico-químico de transformação das proteínas, lipídios e hidratos de carbono, obedecendo a atuação de sistemas enzimáticos que resultam na formação do sabor, aroma e consistência de produto salgado. O conhecimento desse processo permite a adição de substâncias aromatizantes com o fim de obter propriedades desejadas. 3. INTENSIDADE DA SALGA . Fatores que influenciam na intensidade do processo de salga: . Concentração de sais no tecido muscular do pescado; . Quantidade de sal utilizada; . Tamanho e grossura das peças a serem salgadas: Intensidade de salga = (área da superfície)2; . Pele e escamas – Reduzem em até 1,6 vezes a entrada de sal no músculo; . Gordura subcutânea – Barreira hidrófoba; . Rigor-mortis; . Congelamento e descongelamento – 1,2 a 1,3 vezes mais veloz; . Temperatura – aumento de 10 °C eqüivale a 14-18% de incremento na velocidade. .A perecibilidade da matéria-prima limita a ação nesse fator. . Composição química do sal – Íons de Ca e Mg retardam a penetração do sal. 4. CARACTERÍSTICAS DO SAL A SER USADO O sal é o produto limitante no processo da salga. Esse ingrediente possui quatro denominações conhecidas que o classifica quanto a suas características granulométricas: sal grosso, sal peneirado, sal triturado e sal refinado. .Pureza: mínimo de 97,5% de NaCl - 0,3 a 0,6 % de Ca e Mg .Granulometria: .Grau 2 (peixes pequenos e médios) .Grau 3 (peixes grandes) .Inocuidade: aquecer à 80°C / 25 min. 5. TIPOS DE SALMOURA .Natural: utilizando a água do exsudato da carne; .Artificial: misturando-se água e sal nas proporções desejadas. .Saturada e supersaturada: .26,4% em 100 mL água. .36 partes de sal/100 partes de água 6. TIPOS DE SALGA 1. Salga seca - Indicada para peixes magros; - Perda de 30% do peso c/ 20% de sal; - Alternar camadas de sal e carne, sendo a primeira e a última de sal; - Água tecidual é drenada; - Cura de 15 a 20 dias para peixes. Tecnologia do Pescado B 3 2. Salga úmida - Peixes gordos; - Perde 20% nos primeiros dias e ganha peso no final; - Utiliza-se salmoura saturada refrigerada para submergir a carne; - Cura de até 18 dias para peixes; - Pré-salgar a carne com 2,5 a 10% de sal com relação ao seu peso (80% entre as mantas e 20% na superfície) no recipiente onde será colocada a salmoura; - Adicionar salmoura saturada à 5°C, ocupando 2 a 6% do recipiente; - Colocar um peso sobre o produto salgado e selar o recipiente; - Após 24-72 horas, adicionar mais solução salina até cobrir o lote; - Estocar sob refrigeração. 3. Salga mista - Indicada para peixes magros e gordos; - Alternar camadas de sal e carne, sendo a primeira e a última de sal; - Água tecidual é retida formando uma salmoura natural; - Cura de 21 dias para peixes. 7. PROBLEMAS DE ESTOCAGEM DE PRODUTOS SALGADOS .Bactérias halofílicas: Bacillus serratia salinaria Generos Halobacterium, Halococcus e Micrococcocaceae (não patogênicas) Staphylococcus aureus em concentrações de até 10% .Fungos: Sporonema expizoum: emergir em solução de 0,1% de ácido ascórbico .Oxidação ou rancificação. SECAGEM DO PESCADO A secagem tem por objetivo remover a água dos alimentos, diminuindo a atividade água, impedindo o crescimento bacteriano e consequente decomposição. É o mesmo princípio para secagem de carnes. Durante a secagem ocorrem dois processos: 1. Evaporação da água da superfície do pescado; 2. Migração da água do interior para o exterior da musculatura do pescado. O processo de secagem ocorre da seguinte forma: - produtos maiores e mais finos secam mais rápido; - quanto maior a velocidade do ar, maior a evaporação; - quanto maior a temperatura do ar, maior a evaporação; - quanto menor a umidade relativa do ar (UR %), mais rápida a evaporação; - quanto maior o conteúdo de gordura, menor a velocidade de evaporação. 1. MÉTODOS DE SECAGEM Em geral usados após a salga para retirar o restante de umidade até alcançar o máximo de 45% no músculo do pescado. Há dois tipos de secagem utilizados: a. Secagem natural ao ar livre O pescado é submetido às condições climáticas do meio ambiente: temperatura do ar, sol, velocidade do vento e umidade relativa do ar. Vantagens: fácil construção e instalação de um secador; e seca o produto com Tecnologia do Pescado B 4 custo zero. Desvantagens: não há controle da umidade relativa nem da temperatura; tempo de secagem variável (sol, chuva); existe contaminação (insetos e animais); maior mão-de-obra (durante a noite é preciso recolher o produto); altura mínima de 1 m (pois o movimento de ar no solo é baixo). Alguns modelos de secadores solar são eficientes, como as câmaras artificiais de secagem, permitindo o controle parcial da temperatura, umidade relativa e velocidade do ar. b. Secagem artificial Aqui existe controle da temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do ar. Pode ser feita em: - Câmaras de ar frio (22 ºC) - Câmaras de ar quente (35 ºC) Nas câmaras de secagem o processo é rápido (algumas horas), mas o custo depende do equipamentoutilizado.