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i GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA A CANTEIRO DE OBRAS Camila dos Santos Quintanilha Braga Projeto de Graduação Apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheira. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Setembro de 2016 ii GESTÃO DA QUALIDADE APLICADA A CANTEIRO DE OBRAS Camila dos Santos Quintanilha Braga PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTEDO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinado por: Prof. Jorge, dos Santos, D.Sc. Prof.ª Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc. Prof. Wilson Wanderley da Silva, D.Sc. Prof. Willy Weisshuhn, M.Sc. iii Braga, Camila dos Santos Quintanilha Gestão da qualidade aplicada a canteiro de obra/ Camila dos Santos Quintanilha Braga – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016. xii, 112 p.: il.; 29,7cm Orientador: Jorge dos Santos Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica? Curso de Engenharia Civil,2016. Referências Bibliográficas: p. 95-100 1. Introdução 2. Contextualização: Canteiro de Obras 3. Legislação e modelos de conformidade aplicáveis a canteiros de obras 4. Estrutura organizacional para o funcionamento do canteiro de obra 5. Boas práticas na gestão de canteiro de obras 6. Estudo de caso 7. Conclusões I. Santos, Jorge II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia Civil. III. Gestão da qualidade aplicado a canteiro de obras. iv “Tudo é considerado impossível até acontecer” Nelson Mandela v AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida. Aos meus pais, Valéria e Vantuil, pelo apoio, carinho, dedicação e por sempre acreditarem em mim. Ao meu irmão Diogo e minha cunhada Yasmim, pelo companheirismo, pela cumplicidade e pela paciência. Ao meu namorado Daniel, pela motivação e por estar sempre ao meu lado nas dificuldades. Aos meus melhores amigos Meggie, Pedro, Isabela e Liz pelas horas de estudo, pela parceria nos trabalhos e amizade. As dificuldades foram mais leves com vocês. Ao meu orientador Jorge, por seus ensinamentos, paciência e dedicação. Esse trabalho não se tornaria realidade sem sua ajuda. A todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para o meu sucesso e por todo o carinho que me dedicaram. vi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheira Civil. Gestão da qualidade aplicada a canteiro de obras Camila dos Santos Quintanilha Braga Setembro/ 2016 Orientador: Jorge dos Santos Curso: Engenharia Civil Com um mercado cada vez mais exigente que cobra das empresas cada vez mais produtividade, eficiência e qualidade, este trabalho vem para apresentar formas de se alcançar essas características através do emprego de ferramentas da gestão da qualidade nos canteiros de obras. Apesar de comprovado o ganho de produtividade e qualidade com o aprimoramento do canteiro e sua gestão, muitas empresas ainda negligenciam essa parte, aumentando custos e prejudicando a qualidade do produto final. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo estudar a aplicação dos requisitos de modelos de gestão da qualidade e seu impacto para gestão de canteiros de obra. Palavras-chave: canteiro de obra, gestão da qualidade, boas práticas. vii Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment of the requirements for degree of Civil Engineer. Quality management applied to construction sites Camila dos Santos Quintanilha Braga September/2016 Advisor: Jorge dos Santos Course: Civil Engineering With a more exigent market that increasingly demands productivity, efficiency and quality from companies, this paper comes to present ways of reaching these characteristics by the use of quality management tools at construction sites. Although proven the gains in productivity and quality improvement of the building site and its managements, many companies still neglect this part, raising costs and impairing the final product. That way, this paper has the objective of study the application of quality management models requirements and its impact in construction sites management. Key words: quality management; construction site. viii INDICES 1 Introdução ............................................................................................................ 1 1.1 A importância do tema .................................................................................... 1 1.2 Objetivos ........................................................................................................ 2 1.3 Justificativa da escolha do tema ..................................................................... 2 1.4 Metodologia .................................................................................................... 3 1.5 Estrutura da monografia ................................................................................. 4 2 Contextualização: Canteiro de Obras ................................................................ 5 2.1 O que é um canteiro de obras ........................................................................ 5 2.2 Aspectos históricos da sua criação e evolução ............................................... 5 2.3 Tipos de canteiros de obra utilizados .............................................................. 7 2.4 Funções dos canteiros de obra: ...................................................................... 8 2.4.1 Áreas operacionais: ............................................................................... 10 2.4.2 Áreas de apoio ...................................................................................... 11 2.4.3 Sistema de transportes (obras verticais) ................................................ 16 2.5 Importância dos canteiros para a materialização do empreendimento de construção .............................................................................................................. 18 2.6 Construção e mobilização do canteiro: ......................................................... 21 2.7 Peculiaridades da construção que dificultam ou facilitam o planejamento, instalação, e manutenção dos canteiros de obras: .................................................. 23 2.7.1 Fase de planejamento: .......................................................................... 23 2.7.2 Fase de instalação:................................................................................ 26 2.7.3 Fase de manutenção: ............................................................................ 26 3 Legislação e modelos de conformidade aplicáveis a canteiro de obras ....... 28 3.1 Legislação que deve ser atendida para projetar, licenciar e instalar um canteiro de obra: ..................................................................................................... 28 3.1.1 Ministério do Trabalho - Normas Regulamentadoras ............................. 28 3.1.2 Convenção Coletiva de Trabalho ........................................................... 35 3.1.3 Legislação Ambiental ............................................................................. 36 3.2 Modelos de conformidade de gestão da qualidade aplicáveis a construção civil com enfoque aos canteiros de obra. ................................................................. 42 3.2.1 SiAC/PBQP-H – 2012 ............................................................................43 3.2.2 ABNT NBR ISO 9001:2015 .................................................................... 46 3.3 Sobre as normas técnicas da ABNT aplicáveis a canteiros de obra ............. 49 4 Estrutura organizacional para o funcionamento do canteiro de obra ........... 51 4.1 Estruturas organizacionais das empresas construtoras ................................ 51 4.2 Estruturas Analíticas Operacionais (EAO) para as obras .............................. 52 ix 4.3 . Estrutura organizacional de administração do canteiro de obras ................ 57 4.4 Orçamento e gestão dos custos do canteiro de obra .................................... 61 4.4.1 Custos do canteiro de obras: ................................................................. 61 4.4.2 Cálculo das despesas do canteiro ......................................................... 63 4.5 Dificuldades enfrentadas para a gestão do canteiro de obra. ....................... 64 5 Boas práticas na gestão de canteiros de obra ................................................ 68 5.1 Construção Enxuta – modelo Toyota ............................................................ 68 5.2 Programa 5s ................................................................................................. 73 5.3 SiAC - PBQP-H:2012 .................................................................................... 77 6 Estudo de Caso .................................................................................................. 84 6.1 Caracterização da Empresa A ...................................................................... 84 6.2 Caracterização do empreendimento: ............................................................ 85 6.3 Caracterização do canteiro: .......................................................................... 86 6.3.1 Planejamento......................................................................................... 87 6.3.2 Instalação .............................................................................................. 87 6.3.3 Administração ........................................................................................ 88 6.3.4 Manutenção ........................................................................................... 88 6.3.5 Desmobilização ..................................................................................... 88 6.4 Análise crítica da gestão da qualidade do canteiro da obra A. ...................... 89 6.4.1 Atendimento as NR’s: ............................................................................ 89 6.4.2 Atendimentos ao SiAC – PBQP-H:2012 ................................................ 91 6.4.3 Atendimento a ISO 9001:2015 ............................................................... 95 6.4.4 Atendimento a Construção Enxuta ........................................................ 97 6.4.5 Atendimento ao Programa 5s ................................................................ 99 6.5 Considerações finais do estudo de caso ..................................................... 101 7 Conclusões ...................................................................................................... 103 7.1 Considerações finais: ................................................................................. 103 7.2 Sugestões para trabalhos futuros ............................................................... 104 8 Referências Bibliográficas .............................................................................. 105 9 Anexos ............................................................................................................. 112 x ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1- Tipos de canteiro, adaptado de Illingworth (1993) ......................................... 7 xi ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Evolução do PIB (IBGE) ............................................................................... 1 Figura 2 – Gruas (Fonte: Gruas,2016) ........................................................................ 18 Figura 3 – Evolução dos patamares de qualidade (DANILEVICZ,2014)...................... 43 Figura 4 - EAO para obra de edificações de pequeno porte (LIMMER,2010) .............. 53 Figura 5 - EAO de um projeto complexo ..................................................................... 54 Figura 6 - Estrutura organizacional em linha (LIMMER, 2010) .................................... 57 Figura 7 - Estrutura matricial (LIMMER, 2010) ............................................................ 58 Figura 8 - Estrutura organizacional Empresa A (VIVANCOS, 2001) ........................... 58 Figura 9 -Estrutura organizacional Empresa B (VIVANCOS, 2001) ............................ 59 Figura 10 - Estrutura organizacional Empresa C (VIVANCOS, 2001) ......................... 60 Figura 11 - Estrutura organizacional da obra A (A autora) .......................................... 85 Figura 12 - Central de estocagem de aço (fonte: a autora) ......................................... 95 Figura 13 - Central de Resíduos (Fonte: a autora) ...................................................... 99 Figura 14 - Armazenamento inadequado (Fonte: a autora) ....................................... 100 file:///F:/TCC/Gestão%20de%20canteiro%20de%20obra%20Rev%20Final2.docx%23_Toc463419978 file:///F:/TCC/Gestão%20de%20canteiro%20de%20obra%20Rev%20Final2.docx%23_Toc463419980 file:///F:/TCC/Gestão%20de%20canteiro%20de%20obra%20Rev%20Final2.docx%23_Toc463419981 file:///F:/TCC/Gestão%20de%20canteiro%20de%20obra%20Rev%20Final2.docx%23_Toc463419982 file:///F:/TCC/Gestão%20de%20canteiro%20de%20obra%20Rev%20Final2.docx%23_Toc463419983 xii ÍNDICE DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ARL – Administração, Risco e Lucro ART – Anotação de Responsabilidade Técnica BDI – Bonificação e Despesas Indiretas CA – Certificado de Aprovação CIPA – Comissão interna de prevenção de Acidentes CLT – Consolidação das Leis do Trabalho COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia EAO – Estruturas Analíticas Operacionais EIA – Estrutura Analítica de Insumos EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva EPI - Equipamentos de Proteção Individual ETC – Estrutura de Tipo de Custo IMVP – International Motor Vehicle Program ISO – International Organization for Standardization LI – Licença de Instalação LO – Licença de Operação LP – Licença Prévia MTE – Ministério do Trabalho e Emprego NBR – Norma Brasileira NR – Norma Regulamentadora PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PDCA – Plan, Do, Check e Act PIB – Produto Interno Bruto PIS – Plano de Integração Social PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais RCC – Resíduo da Construção Civil SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras STP – Sistema Toyota de Produção 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 A importância do tema Nos últimos cinco anos deu-se início no Brasil um forte processo de desaceleração econômica. O gráfico da figura 1 mostra a taxa do PIB de -3,8%, a menor desde 1990, que apresentou um PIB de -4,3% naquele ano. Figura 1 - Evolução do PIB (IBGE) Nesse cenário de incertezas a indústria da construção civil tem a necessidade de se reinventar enxugando custos e investindo em planejamento e produtividade para garantir margens lucrativas e manter o faturamento ativo. Entretanto nessa mesma indústria, ainda hoje, existem obras sendo executadas de formas artesanais sem um planejamento formal, garantias de prazos ou orçamento.O processo de transformação da construção civil de uma produção artesanal para uma produção visando à produtividade passa pelo planejamento e nesse contexto a necessidade do gerenciamento do canteiro de obras se apresenta. 2 O gerenciamento do canteiro de obras é a materialização de todo planejamento do projeto, pois a cada etapa do projeto de uma construção, o canteiro deve ser modificado para melhor atender as necessidades, materiais devem ser previamente adquiridos e armazenados, a mão de obra deve ser treinada, resíduos descartados, tudo isso para que o projeto a ser construído ande sempre pensando na melhoria contínua, no aumento da produtividade, adequação aos prazos e redução dos custos sem nunca perder a qualidade. Só com um canteiro bem gerido e em simbiose com o projeto a indústria da construção poderá enxugar custos de forma inteligente e eficaz e assim sobreviver à crise. 1.2 Objetivos O trabalho tem como objetivo estudar a aplicação de requisitos das normas ABNT NBR ISO 9001 e Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil - SiAC / PBQP-H para a gestão de canteiros de obras e seu impacto no planejamento, instalação, administração e manutenção de canteiros de obras e quais as boas práticas necessárias para atendê-los e gerar um aumento da qualidade e da produtividade para a execução das obras de construção civil. 1.3 Justificativa da escolha do tema Os contratantes estão, a cada dia, mais preocupados com prazos, custos e a qualidade de seus empreendimentos. A maioria das obras tem geralmente prazos para entrar em operação, orçamento limitado, pois hoje a viabilidade do empreendimento depende de um mercado cada vez mais competitivo, e a crescente preocupação com a qualidade, que deve ser a maior possível para os prazos e orçamentos fixados. Segundo LIMMER (2010), o prazo de execução é determinado a partir do elenco de atividades a serem executadas, da sua sequência lógica, do seu inter- 3 relacionamento, da metodologia e dos processos de execução e da disponibilidade dos recursos. O custo deriva dos mesmos fatores, alinhados para o prazo de execução e, também, da disponibilidade do recurso financeiro, o qual, em última análise retroalimenta a determinação do prazo. Sendo assim, o gerenciamento de um canteiro de obras tem por objetivo atingir graus cada vez maiores de qualidade e produtividade na execução do projeto, ou seja, visa atingir padrões de prazo, custo e qualidade previamente estabelecidos. E assim ser competitivo e ter lucro. Neste aspecto, a gestão da qualidade quando implantada em canteiros de obras pode contribuir para: reduzir os custos operacionais, através da diminuição dos custos da qualidade e aumento da eficiência, aumento da transparência e conhecimentos dentro do canteiro, aumento da motivação dos empregados à medida que eles trabalham com maior eficiência e aumento da satisfação dos clientes por terem os requisitos atendidos. 1.4 Metodologia Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica abrangente ao planejamento, implantação e gestão de canteiro de obras e a suas influências na qualidade, no custo e no prazo das obras de construção civil. Foram pesquisadas monografias de graduação e de cursos de especialização ligados ao tema, dissertações de mestrado, teses de doutorados, livros, artigos de revistas e boletins técnicos, bem como pesquisa de sites especializados. Para permitir a visualização na prática da teoria pesquisada foi desenvolvido estudo de caso em empresa de engenharia atuante no mercado da construção civil. 4 1.5 Estrutura da monografia Além do primeiro capítulo, que apresenta a problemática e a metodologia da monografia, o trabalho é desenvolvido em outros cinco capítulos, mais o capítulo de conclusões. Capítulo dois – Contextualização: Canteiro de obras - Apresenta uma caracterização do que é um canteiro de obras e os responsáveis para sua implantação e gestão, sua função e importância dentro da indústria da construção e suas peculiaridades, bem como sua evolução ao longo dos anos. Capítulo três - Legislação e modelos da conformidade aplicados a canteiro de obras – Disserta sobre a legislação que deve ser atendida para projetar, licenciar, e instalar um canteiro de obras, assim como, os modelos de conformidade de gestão da qualidade (ISO9001 e SiAC/ PBQP-H) necessários à boa gestão. Capítulo quatro - Estrutura organizacional para o funcionamento do canteiro de obras – Descreve a estrutura organizacional típica que empresas utilizam para instalar administrar e manter os canteiros de obras e o perfil do profissional que gerencia essas ações. Aborda aspectos relacionados ao orçamento e gestão dos custos do canteiro e o modo de orça-los, planeja-los e controla-los. Apresenta também as principais dificuldades enfrentadas pelas construtoras e por suas equipes responsáveis pela gestão do canteiro de obras. Capítulo cinco - Boas práticas na instalação e gestão de canteiro de obras – Fala sobre as boas práticas disponíveis no mercado para o planejamento, instalação, administração e manutenção de canteiros de obras. Capítulo seis - Estudo de caso: Apresenta um estudo sobre a influência da utilização de sistemas de gestão da qualidade para gestão de um canteiro e suas consequências. Capítulo sete – Conclusão: Apresenta as conclusões obtidas por este trabalho. 5 2 CONTEXTUALIZAÇÃO: CANTEIRO DE OBRAS 2.1 O que é um canteiro de obras O canteiro de obras pode ser definido como o local que presta um auxílio temporário para que a construção de determinada estrutura possa ser executada. O canteiro pode ser comparado com uma fábrica que tem por objetivo produzir um único produto e que, diferente das outras fábricas em que os processos são imutáveis, os equipamentos fixos, e o produto se movimenta entre os diferentes setores até ser concluído, nela o produto a ser fabricado está fixo e é a fábrica que deve se moldar para atender a cada etapa suas necessidades, além de toda a estrutura ser mutável, provisória e ser totalmente desmobilizada ao final da etapa final, ou seja, quando o empreendimento for concluído. A NR18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - define o canteiro como: “Área de trabalho fixa e temporária onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra.”. A NBR12284 – Áreas de Vivência em Canteiro de Obras define como: “Áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência”. 2.2 Aspectos históricos da sua criação e evolução Desde a revolução industrial na década de 30 até a década de 70 o Brasil vivia um período ruim em termos de produtividade, acidentes de trabalho e condições dignas de trabalho no setor da construção civil. As condições de trabalho precárias não condiziam com a crescentes exigências internacionais que segundo Junior (2013), exigiam construções de melhor qualidade, produzidas de forma mais rápida, mais barata e incorporando tecnologia muito mais complexa. 6 Com aumento do nível de exigência dos clientes públicos e privados, preocupados em garantir um retorno adequado aos seus investimentos, implicou em uma alteração na postura de se conduzir o processo da construção, onde se insere o propósito de redução de acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais. Segundo Junior (2013), em 1990 o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) foi criado com o intuito de preparar o país para a competição internacional, abrindo assim nosso mercado para o mundo. A preocupação era, então, com a qualidade do produto, com a engenharia da produção, com os sistemas de produção, com a introdução dos conceitos de ISO 9000 ou de qualidade total. As certificações passaram a ser uma preocupação a mais nasorganizações industriais: os processos de reengenharia, de identificação dos objetivos próprios das empresas, especializando funções e terceirizando os serviços não essenciais. Com essa nova mentalidade mudanças na construção civil tiveram que ser implementadas, o que afetava diretamente a questão do canteiro de obras, precisava- se de qualidade, controle dos materiais, de sua estocagem, precisava-se de qualificação da mão de obra, treinamentos, conscientização. Os operários ganham importância no processo, e desde a criação das normas de regulamentadoras de segurança no trabalho, ter um trabalhador em campo requer condições humanas e seguras de trabalho. Em suma, a adequação da construção civil, demandava a adequação de sua “fábrica móvel”, o canteiro, que a partir da década de 70 até hoje não parou de se modificar para atender as exigências de um mercado tão competitivo, colocando assim o canteiro de obras como o coração da gestão da obra. 7 2.3 Tipos de canteiros de obra utilizados De acordo com Illingworth (1993), os canteiros de obra podem ser enquadrados dentro de um dos três seguintes tipos: restritos, amplos e longos e estreitos. Na tabela1 é caracterizado cada um destes tipos. Tabela 1- Tipos de canteiro, adaptado de Illingworth (1993) O primeiro tipo de canteiro (restrito) é o mais frequente nas áreas urbanas das cidades, especialmente nas áreas centrais. Devido ao elevado custo dos terrenos nessas áreas, as edificações tendem a ocupar uma alta percentagem do terreno em busca de maximizar sua rentabilidade. Em decorrência disto, Illingworth (1993) afirma que os canteiros restritos são os que exigem mais cuidados no planejamento, devendo-se seguir uma abordagem criteriosa para tal tarefa. Illingworth (1993) destaca duas regras fundamentais que sempre devem ser seguidas no planejamento de canteiros restritos: a. Sempre atacar primeiro a fronteira mais difícil; b. Criar espaços utilizáveis no nível do térreo tão cedo quando possível. Tipo Descrição 1 . Restritos A construção ocupa o terreno completo ou uma alta percentagem deste. Acessos restritos. Exemplos Construções em área centrais da cidade, ampliações e reformas 2 . Amplos A construção ocupa somente uma parcela relativamente pequena do terreno. Há disponibilidade de acessos para veículos e de espaço para áreas de armazenamento e acomodações de pessoal Exemplos Construção de plantas industriais, conjuntos habitacionais horizontais e outras grandes obras como barragens ou sinais hidrelétricas 3 . Longos e estreitos São restritos em apenas uma das dimensões, com possibilidade de acesso em poucos pontos do canteiro Exemplos Trabalhos em estradas de ferro e rodagem, redes de gás e petróleo, e alguns casos de obras de edificações em zonas urbanas. 8 A primeira regra recomenda que a obra inicie a partir da divisa mais problemática do canteiro. O principal objetivo é evitar que se tenha de fazer serviços em tal divisa nas fases posteriores da execução, quando a construção de outras partes da edificação dificulta o acesso a este local. Os motivos que podem determinar a criticidade de uma divisa são vários, tais como a existência de um muro de arrimo, vegetação de grande porte ou um desnível acentuado. A segunda regra aplica-se especialmente a obra nas quais o subsolo ocupa quase a totalidade do terreno, dificultando, na fase inicial da construção, a existência de layout permanente. Exige-se, assim, a conclusão, tão cedo quanto possível, de espaços utilizáveis ao nível do térreo, os quais possam ser aproveitados para locação de instalações provisórias e de armazenamento, com a finalidade de facilitar os acessos de veículos e pessoas, além de propiciar um caráter de longo prazo de existência para as referidas instalações. 2.4 Funções dos canteiros de obra: Em um canteiro de obra é que o processo da transformação dos insumos, da mão de obra, materiais e equipamentos em obra construída ocorrem. Para tal, se estabelecem várias linhas de produção que se deslocam para gerar um produto final que permanece fixo durante todo o processo de produção. Além disso, é preciso também fornecer locais adequados e seguros para suprir as necessidades básicas humanas de alimentação, higiene, descanso, lazer, convivência, bem como áreas de apoio que compreendem áreas que desemprenham função de apoio à produção. Segundo Limmer (2010), para a determinação de todas as instalações necessárias, e seus respectivos arranjos, os canteiros devem atender a algumas funções básicas como: a. Integração: todos os elementos que compõem a cadeia de produção deverão estar harmonicamente integrados. A falha de um deles poderá resultar em ineficiência global. (LIMMER 2010) 9 b. Minimizar distâncias: as distâncias entre os diversos elementos de produção devem ser reduzidas ao mínimo possível, sendo interessante aqui o uso de fluxogramas e da pesquisa operacional para determinar essas distâncias mínimas. (LIMMER 2010) c. Disposição de áreas de estocagem e de locais de trabalho: subordinam-se às exigências da operação, de modo que haja fluxo contínuo e sem retrocesso de mão de obra, matérias e equipamentos. Evitar ao máximo, cruzamentos e retornos de vias impróprios, pois causam interferência e congestionamentos. Caso necessário, prever tratamento das superfícies de rolamento dos caminhos ou, no mínimo, um revestimento adequado que permita uma boa drenagem. Sempre que possível, manter os postes que sustentam condutores de energia elétrica afastados das laterais das vias de transporte e, quando necessário, cruzar uma via de transporte com uma linha, usar condutores enterrados e devidamente protegidos contra as cargas do tráfego. (LIMMER 2010) d. Uso de espaços: ao alocar espaços para depósitos escritórios etc., usar as três dimensões. Um jirau num almoxarifado poderá abrigar uma série de materiais de pequeno porte, por exemplo. (LIMMER 2010) e. Produtividade: condições adequadas de trabalho e de segurança conduzem à melhoria da produtividade. (LIMMER 2010) f. Flexibilidade: sendo a construção de um empreendimento um processo dinâmico, no qual a configuração do sistema de produção se altera constantemente, deve ser sempre possível adequar as instalações ao processo produtivo, sem muita dificuldade. (LIMMER 2010) Combinando as áreas necessárias a produção do empreendimento e conforto dos operários, levando-se em conta as funções básicas mencionadas por Limmer 10 (2010), faz um canteiro funcional. Tal canteiro deve ter para atender o mencionado acima no mínimo as seguintes instalações: 2.4.1 Áreas operacionais: As áreas operacionais são as áreas destinas a produção, ou seja, são as áreas na periferia da construção onde se preparam elementos necessários à obra. Essas áreas podem variar de quantidade e tipologia dependendo das necessidades da obra. Limmer (2010) mostra quais os fatores preponderantes que determinam quais as áreas operacionais de acordo com a necessidade de cada obra. São eles: a. O porte da obra: a área a ser construída ou, no caso de obras com elementos planos horizontais não muito bem definíveis, o seu volume. (LIMMER 2010) b. A natureza e o tipo de obra: o canteiro de obras varia de acordo com esses dois fatores. Se a natureza da obra for a de uma instalação industrial, poderá haver estruturas metálicas assentes sobre fundações de concreto armado. Se for uma barragem de terra, predominarão os aterros compactados etc. Quanto ao tipo, por exemplo, uma construção de natureza habitacional, ela pode ter sua estrutura de elementos pré- moldados. (LIMMER 2010) c. A localização da obra: Se dentro de um perímetro urbano, se longe dele, observando-se a existência de acessos (vias urbanas, estradas de rodagem, estradas de ferro, hidrovias, aerovia, etc.), comércio, tipos potenciais de fornecedores, hotéis, escolas,postos de combustível, oficinas mecânicas e oportunidades de lazer. A existência ou não de serviços públicos, como fornecimento de energia elétrica, comunicações, telefônicas, água, potável, e facilidades para disposição de rejeitos sólidos e líquidos. (LIMMER 2010) 11 d. Diversificação dos tipos de materiais e de elementos construtivos: para em função deles, prever depósitos e linhas de produção. e. Especialização das empresas que irão participar da obra: para fins de previsão das instalações a serem fornecidas para a sua atuação competente. (LIMMER 2010) f. Condições locais do mercado de trabalho: para fins de necessidade ou não de alojamentos. (LIMMER 2010) Exemplificando, as áreas operacionais da construção de um edifício residencial localizada no centro de uma cidade não serão as mesmas das áreas operacionais da construção de uma barragem no interior do estado onde não há infraestrutura local. São alguns exemplos de áreas operacionais: Central de concreto, central de aço, central de argamassa, central de formas, central de carpintaria, etc. 2.4.2 Áreas de apoio São áreas que não estão ligadas diretamente a produção, mas que são de vital importância para que o trabalho seja desenvolvido. Segundo Saurin (2006), elas são subdivididas em três subáreas que são: área de apoio à produção, área técnico- administrativa e áreas de vivência. a. Áreas de apoio à produção: As áreas de apoio operacionais são áreas de suporte à produção, ou seja, fornecem suprimentos e materiais necessários para cada etapa da obra. Por serem áreas suportes são muito influenciadas pela produção, sendo assim, essas áreas são áreas dinâmicas que tem seu volume e, principalmente, tipologia influenciadas pela tipologia e porte da obra em que se inserem. (SAURIN 2006) i. Almoxarifado: O almoxarifado é o local que armazena e gerencia os materiais. 12 O dimensionamento do almoxarifado depende do porte da obra, do volume de materiais e equipamentos, da tipologia do material a ser estocado e o quanto de estoque a obra necessita. (SAURIN 2006) Ao longo da obra todos os itens listados acima podem receber mudanças, sendo assim o almoxarifado que tinha um tamanho menor no início da obra, passa a aumentar conforme o aumento das frentes de trabalho e reduzir novamente conforme a construção chega ao fim, ou começar grande e ir diminuindo. Essas quantidades devem ser verificadas no decorrer da obra em conjunto com o planejamento, para que materiais não faltem e estejam disponíveis no momento da necessidade. (SAURIN 2006) Além da função de armazenagem, o almoxarifado controla a entrada e saída de materiais e ferramentas, por todas essas funções ele deve se localizar, de preferência, próximo ao ponto de descarga de caminhões, transportes verticais e do escritório da obra. (SAURIN 2006) b. Área de apoio técnico/administrativo: São áreas onde acontece a gestão e controle da obra, são lugares, como o escritório da obra, onde o corpo técnico toma suas decisões e gerencia cada etapa da obra ou como as guaritas de vigia, a portaria, os tapumes e os acessos, onde se controla tudo que entra e sai da obra, mantendo assim a segurança e o controle. (SAURIN 2006) i. Escritório da obra: O escritório da obra é um espaço isolado onde são desenvolvidos trabalhos relacionados gestão da obra. Nesse local, engenheiros, estagiários, mestres e técnicos controlam as frentes que já estão em execução e preparam as próximas. Geralmente o escritório da obra possui 13 computadores para gerenciamento de arquivos digitais e um sistema de arquivamento de toda a documentação da obra. (SAURIN 2006) O escritório de obra geralmente apresenta salas para o engenheiro e estagiários, sala para o mestre de obras e o técnico de edificações, sala de reuniões e banheiros. Sua localização ideal é próxima ao almoxarifado, perto do portão de entrada e que tenha vista para o canteiro. (SAURIN 2006) ii. Guarita de vigia e portaria: A portaria é o local onde se controla a entrada e a saída de veículos e pessoas com sua localização próxima a entrada de pessoas e se possível também próximo à entrada de veículos. (SAURIN 2006) As guaritas são locais onde abrigam os vigias dia e noite. Em obras de pequeno porte as guaritas são anexadas à portaria e um único local serve para as duas funções, porém para obras grandes isso não é possível tendo em vista a grande quantidade de fluxo. (SAURIN 2006) As guaritas devem ser localizadas em locais que permitam a visualização do canteiro das divisas e do almoxarifado. (SAURIN 2006) iii. Acesso à obra e tapumes: O portão para o acesso de pessoas à obra deve ser um portão exclusivo (não pode estar integrado ao portão de veículos) que deve estar integrado com um planejamento de acesso, que estuda a melhor maneira de visitantes e funcionários, entrarem em segurança na obra, sem que o mesmo entre, ou tenha que passar por dentro do canteiro. (SAURIN 2006) O portão de acesso deve ter: identificação orientando sua função (se para entrada de pessoas ou veículos), uma inscrição com o número do 14 terreno, fechadura, caixa de correios fixada no tapume e campainha. (SAURIN 2006) O (s) portão (ões) de acesso de veículos deve estar integrado (os) com a área de descarga de materiais e sua localização deve ser pensada de tal forma que minimize as movimentações no interior do canteiro. Caso o terreno abranja mais de uma rua, os portões devem ser posicionados na rua com o menor fluxo de carros. (SAURIN 2006) Os tapumes têm a função de isolar a área da construção impedindo que pessoas entrem em áreas perigosas por desconhecimento. O ideal e o mais seguro são tapumes que permitem a visualização da obra para quem está na rua e a visualização da rua para quem está na obra, mas nem sempre isso é possível, pois, nos dias atuais existem altos índices de vandalismo e furtos. (SAURIN 2006) Além da função de isolamento, está se tornando uma prática muito comum, tapumes diferentes que ajude no marketing do empreendimento. O tapume deve conter placas com informações da obra como: nome dos responsáveis técnicos responsáveis pela execução da obra, pelos projetos e pelos serviços complementares. (SAURIN 2006) Usualmente sobre os tapumes são colocadas as placas da empresa e também de fornecedores. A placa deve reservar espaço para a colocação do selo do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), devendo conter ainda o nome dos responsáveis técnicos pela execução da obra e pelos projetos e serviços complementares. (SAURIN 2006) c. Áreas de vivência (Segundo as diretrizes da NR18) i. Instalações Sanitárias: 15 Instalações destinadas aos cuidados de higiene pessoal que segundo a NR18 deve conter um lavatório, um vaso sanitário, e um mictório para cada grupo de vinte trabalhadores ou fração e um chuveiro para cada grupo de 10 trabalhadores ou fração. ii. Vestiários: Os vestiários são locais destinados à troca de roupa e estes devem conter, segundo a NR18, armários individuais dotados de fechadura ou dispositivos com cadeado e bancos em número suficientes para atender aos funcionários. iii. Alojamentos Os alojamentos são locais onde se abrigam os trabalhadores que dormem na obra e sua obrigatoriedade ocorre somente se houver trabalhadores alojados iv. Local de refeições: O refeitório é o local onde as refeições são efetuadas e que segundo a NR18 deve conter lavatórios instalados em suas proximidades ou no seu interior, mesas com tampos liso e laváveis, assentos em número suficiente para atender aos usuários e depósito com tampa para os detritos v. Cozinha: A cozinha é o local de preparo das refeições e só é obrigatório caso haja necessidade de se preparar as refeições na obra. Segundo a NR18 a cozinha deve possuir pia para lavar os alimentos e utensílios, instalações sanitárias, que não secomuniquem com a cozinha, de uso exclusivo dos encarregados de manipular gêneros alimentícios, refeições e utensílios e recipiente, com tampa, para coleta de lixo. vi. Lavanderia: Da mesma forma que o alojamento, a lavanderia só é obrigatória em casos de trabalhadores alojados na obra. 16 A lavanderia é um espaço para a lavagem de roupas, e esta deve conter segundo a NR18, tanques individuais ou coletivos em número adequado. Apesar de obrigatória, a lavanderia pode não ser construída caso a empresa contrate um serviço terceirizado para a lavagem e secagem das roupas de uso individual do trabalhador. vii. Área e lazer (obrigatório somente se houver trabalhadores alojados): A área de lazer só é obrigatória por norma caso haja trabalhadores alojados e se caracteriza como um espaço descontraído onde os trabalhadores possam relaxar. Não há uma definição do que deve ou não haver em uma área de lazer, mas estes variam desde televisões, mesa de jogos, hortas e até mesmo campos de futebol. viii. Ambulatório Local onde se aplicam os primeiros socorros aos trabalhadores. Não é obrigatório quando a frente de trabalho for menor que 50 trabalhadores. O ambulatório deve conter o material necessário à prestação de Primeiros Socorros de acordo as características da atividade desenvolvida. E deve possuir um profissional treinado na área de saúde. 2.4.3 Sistema de transportes (obras verticais) a. Elevador de carga: O elevador de carga permite o transporte de materiais quando há diferença de nível em uma construção, é um equipamento que, quando sua instalação é necessária, tem função estratégica no canteiro e sua localização deve ser muito bem estudada. (SAURIN 2006) 17 A localização do elevador de carga deve ser uma das primeiras decisões a serem tomadas na definição do arranjo físico, tendo em vista a influência que a posição deste equipamento exerce sobre a localização de outras instalações do canteiro (SAURIN 2006). Para se decidir a sua localização deve se pensar uma diminuição das distâncias tanto em relação aos locais de armazenamento de recursos quanto em relação à movimentação desses recursos na construção. b. Elevador de passageiros: O elevador de passageiros permite a movimentação vertical de pessoas através dos níveis da obra. De acordo com a NR18, o elevador de passageiros deve ser instalado a partir da execução da 7ª laje dos edifícios em construção com oito ou mais pavimentos, ou altura equivalente, cujo canteiro possua pelo menos trinta trabalhadores. A torre deve estar em local isolado das áreas de produção e preferencialmente próximas das áreas de vivência, existindo um caminho seguro entre estas últimas áreas e o acesso ao elevador (SAURIN 2006). c. Gruas Gruas (figura 2) são equipamentos para o transporte vertical e horizontal de carga. Este equipamento funciona fazendo o içamento de materiais através de uma lança, cabo de aço e gancho. São utilizadas quando o material transportado tem grandes dimensões ou peso elevado. 18 2.5 Importância dos canteiros para a materialização do empreendimento de construção No Brasil o canteiro de obras ainda não atingiu o nível de importância que lhe é devido, porém cada dia mais, construtores e empreendedores começam a reconhecer a importância e o impacto que a elaboração de um bom canteiro pode gerar em seu empreendimento (VIEIRA, 2006). O canteiro é diretamente responsável pela movimentação e estocagem de materiais, por assegurar condições de trabalho e segurança da mão de obra e de forma indireta pela motivação do operário, pela produtividade e pelo custo. Tais características são descritas abaixo com suas devidas importâncias para o empreendimento a ser construído. a. Condições de trabalho e segurança da mão de obra Uma das mais importantes conquistas dos trabalhadores da indústria da construção foi a obrigatoriedade, prevista na NR 18, de implantação de áreas de vivência nos canteiros de obra. Pois essas áreas são responsáveis por garantir as boas condições humanas para o trabalho, influenciando o bem- estar do trabalhador e, consequentemente, o número de acidentes. As condições de trabalho e os índices de acidentes estão fortemente ligados, na Figura 2 – Gruas (Fonte: Gruas,2016) 19 medida em que estas condições determinam as bases das relações sociais e o estado psicológico dos trabalhadores (NORONHA, 2009). É de responsabilidade do canteiro de obras prover a infraestrutura necessária para garantir a segurança e bem-estar dos trabalhadores. Condições estas indispensáveis nos dias atuais. Trabalhador bem-disposto e redução dos acidentes, que causam afastamentos e pagamentos de seguros, garantem a obra um aumento na produtividade e redução dos custos. b. Movimentação e estocagem de material Segundo Vieira (2006), a organização do canteiro de obras é fundamental para o bom desenvolvimento das atividades, para evitar desperdícios de tempo, perdas de materiais e falta de qualidade dos serviços executados. Vieira (2006) diz que a logística tem a responsabilidade de contribuir na elaboração do planejamento, organização e projeto do layout para que todo o processo de desenvolvimento da obra transcorra da melhor maneira possível. O projeto logístico de um canteiro tem uma influência muito grande nos tempos de deslocamentos e na movimentação de materiais, interfere na execução das atividades, assim como na produtividade como um todo (VIEIRA, 2006). Para se entender a importância do canteiro na estocagem e movimentação de materiais, deve-se entender que estes são parte de um processo maior mencionado por Vieira, a logística. Uma definição clássica do que vem a ser logística é descrita por Ballou (2007): A logística empresarial associa estudo e administração dos fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe em movimento. O objetivo é vencer o tempo e a distância na movimentação de bens e ou na estrega de serviços de forma eficaz, eficiente e efetiva. 20 Definida por Dalacorte (2008) como: O processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e o armazenamento de materiais e seu fluxo de informação mediante os canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura, através do atendimento de pedidos a baixo custo. O canteiro de obras é quem possibilita que a logística aconteça. A estocagem de materiais tem por objetivo final aumento da produtividade e consequentemente a maximização do lucro, com a compra de materiais em quantidade que possibilitam a redução do preço unitário do material e dos custos com o frete, além da diminuição das distâncias e a manutenção da produção de maneira contínua garantindo que o material sempre estará disponível nos momentos de necessidade, sem os inconvenientes dos atrasos da entrega que ocorreriam caso o material fosse comprado fracionado, dependendo assim da eficiência de terceiros. Vieira (2006) destaca ainda que um canteiro bem planejado e com uma logística bem desenvolvida pode proporcionar importantes melhorias no processo produtivo, como: i. Promover a realização de operações seguras e salubres, não gerando descontinuidades produtivas por acidentes de trabalho; ii. Minimizar distâncias para movimentação de pessoal e matéria com consequente redução de tempos improdutivos; iii. Redução sensível com perdas de materiais devido ao excesso de movimentação, assim como a deterioração dos mesmos; iv. Aumentar o tempo produtivo; v. Evitar obstrução da movimentação de materiais e equipamentos; 21 vi. A manutenção de um canteiro limpo e organizado consegue também manter a boa moral dos trabalhadores e, dessa forma, torna-os mais produtivos e colaborativos. 2.6 Construção e mobilização do canteiro: 2.6.1. Projeto do canteiro A construção do canteiro de obras deve primordialmente, ocorrerantes do início da obra. É necessária a realização de um projeto, considerando todos os aspectos legais e requisitos específicos de cada obra e região para que todas as necessidades da obra sejam pensadas e atendidas. Assim sendo, dependendo do porte e características organizacionais da empresa construtora são adotados procedimentos diferenciados. Algumas já possuem em sua equipe permanente, profissionais especializados que cuidam do levantamento das peculiaridades de cada empreendimento e do desenvolvimento dos projetos dos canteiros de obras. Outras empresas terceirizam a atividade de desenvolvimento dos projetos do canteiro de obras. Há ainda empresas que não desenvolvem projetos formais e utilizam containers ou outros recursos padronizados e disponíveis no mercado. Algumas empresas construtoras têm padrões estabelecidos para seus canteiros que são respeitados e facilitam bastante o atendimento aos padrões mínimos requeridos. Outras empresas construtoras adaptam cada projeto a cada empreendimento. 2.6.2. Construção do canteiro As empresas construtoras, principalmente de porte grande e médio, têm equipes específicas para a construção de seus canteiros de obras. Essas equipes por 22 vezes além da construção de canteiros executam atividades operacionais nos empreendimentos em execução e são mobilizadas em função das necessidades. Muitas empresas terceirizam a construção de seus canteiros a empresas especializadas na construção de edificações provisórias. Uma parcela considerável das empresas construtoras, notadamente de pequeno porte, executa a construção de seus canteiros de obra de forma improvisada utilizando mão de obra de outras obras em andamento. 2.6.3. Mobilização do canteiro Construído o canteiro de obras vem à necessidade de promover a mobilização do mesmo para que seja dado início na obra. A mobilização de canteiros envolve uma série de ações que merecem ser cuidadosamente conduzidas para não comprometer a segurança, a produtividade e, até mesmo, a viabilidade da obra. [...] além disso, um canteiro mal planejado gera descumprimento de normas que visam garantir a segurança no ambiente de trabalho (NAKAMURA, 2010). Há ações que devem anteceder a mobilização como: a) Providenciar licenças de instalação e acionamento dos serviços de concessionárias de serviços públicos tais como energia elétrica, gás, água, telefone, etc.; b) Definir, selecionar e treinar a equipe que irá cuidar da administração do canteiro de obras e que necessariamente deverá obedecer às normas internas da empresa construtora; c) Levantar e providenciar os diversos recursos para o funcionamento do canteiro, tais como equipamentos, móveis, equipamentos de informática, equipamentos de proteção individual e coletiva, materiais técnicos de consumo, 23 materiais de escritório, de higiene, alimentação, etc. necessários ao início da obra e funcionamento do canteiro; d) Definir as regras de disciplina, controle e funcionamento do canteiro de obras. Tomadas todas essas providências ocorrem então a mobilização propriamente dita do canteiro de obras estando tudo pronto para o início da obra. Empresas bem consolidadas são capazes de mobilizar um canteiro em apenas uma semana, dependendo do negócio e do cliente em questão (NAKAMURA, 2010). Por outro lado, as empresas pouco consolidadas mobilizam um canteiro de forma desorganizada e muitas vezes sem um projeto. As instalações provisórias não são reaproveitadas de uma obra para outra e sua mobilização é bastante demorada, pois segundo Nakamura (2010), o descaso com procedimentos aparentemente corriqueiros durante a mobilização pode significar atrasos, desperdícios e muita dor de cabeça. 2.7 Peculiaridades da construção que dificultam ou facilitam o planejamento, instalação, e manutenção dos canteiros de obras: Em qualquer ambiente existem elementos que facilitam ou dificultam o desenvolvimento de determinada atividade e o canteiro de obras não é uma exceção. Sendo assim, existem características peculiares à construção que de alguma forma interferem positiva ou negativamente as fases do canteiro. São elas: 2.7.1 Fase de planejamento: a. Tipologia da construção 24 Dependendo da tipologia da construção o canteiro pode apresentar mais ou menos estruturas de apoio à construção, o que desobstrui espaços, tanto mais quanto o processo se afaste do sistema de moldagem in loco para o sistema de montagem. Além disso, pode se ter um considerável aumento da produtividade e diminuição dos custos com mão de obra. A definição do processo construtivo depende das características do projeto, do tempo para execução, das tecnologias existentes, do conhecimento das mesmas, e do balanço entre os recursos necessários e disponíveis (financeiro, materiais, mão de obra, equipamentos e espaço), entre outros fatores (FERREIRA, 1998). b. Mão de obra e Terceirização A terceirização com relação à gestão do canteiro de obras pode se tornar um fator complicador, pois o canteiro deve fornecer instalações para atender tanto seus próprios funcionários quanto os da terceirizada. Além disso, segundo (NETO, 2013), a terceirização deve participar e entender do plano logístico da empresa gerenciadora, pois do contrário, paralelismo entre atividades podem ocorrer interferindo negativamente gerando diversas formas de interferências entre as frentes de trabalho. Apesar disso, ARAÚJO (2007) apresenta as vantagens na terceirização, pois segundo ele, a terceirização gera desburocratização; alívios na estrutura organizacional; melhora na qualidade dos serviços gerando assim melhoria do produto final; aumenta a eficácia empresarial; gera aumento da flexibilidade nas empresas; agiliza o processo decisório e administrativo; simplifica a organização; e gera economia de recursos: humanos, materiais, econômicos e financeiros. Elementos de grande importância, pois geram grandes impactos na logística do canteiro e consequentemente na sua gestão. 25 Em contrapartida, uma mão de obra mal preparada e não especializada, como as que encontramos na construção civil atualmente, pode causar o inverso do citado por Araújo e consequentemente a organização do canteiro. c. Dimensão das áreas A dimensão das áreas do canteiro pode ser um complicador quando estas se encontram em duas extremidades, ou muito pequenas, onde a construção ocupa grande parte do terreno, ou no caso de canteiros externos pouca área disponível, ou terrenos de grande extensão, onde o deslocamento dos operários seja demasiadamente grande e as instalações das áreas de vivência, como sanitários, por exemplo, se encontre muito afastadas e demandem grandes deslocamentos para serem alcançadas ocasionando perdas na produtividade. d. Topografia Terrenos muito acidentados causam transtornos na movimentação de materiais e equipamentos, além dos cuidados adicionais quando ao desbarrancamento de taludes. Terrenos desse tipo além de causar inúmeros transtornos para a armazenagem de materiais e consequentemente para a logística do canteiro causa bastante diminuição da produtividade devido à segurança. Por esse motivo esse tipo de canteiro deve ter seu layout muito bem desenvolvido para que surpresas desagradáveis sejam evitadas. e. Arranjo do canteiro A análise do arranjo é útil para a identificação de problemas relacionados ao arranjo físico propriamente dito, permitindo observar, por exemplo, a localização equivocada de algumas instalações ou o excesso de cruzamentos de fluxo em determinada área (SAURIN, 2006). Apesar de sua importância, muitas empresas vêm negligenciando determinar arranjos diferenciados para cada obra, adotando modelos 26 parecidos que podem favorecer em alguns casos, mas podem ser prejudiciais em outros. A determinação do arranjo é casuística e deve ser determinado, principalmente, de acordocom a tipologia da construção, das dimensões do terreno e sua topografia a fim de ser obter um arranjo que maximize a produção e facilite a gestão das atividades. 2.7.2 Fase de instalação: a. Tipologia das instalações provisórias: A escolha da tipologia das instalações provisórias pode trazer vantagens e desvantagens, e segundo Saurin (2006), seja qual for o sistema utilizado, deve ser considerado os seguintes critérios: custos de aquisição, custos de implantação, custos de manutenção, reaproveitamento, durabilidade, facilidade de montagem e desmontagem, isolamento térmico e impacto visual. Esse fator pode trazer grandes benefícios se escolhido de forma adequada as necessidades do canteiro. 2.7.3 Fase de manutenção: a. Fases do canteiro Um canteiro de obras se modifica ao longo da execução da obra, diferindo muito quanto aos materiais, serviços, equipamentos e mão de obra que devem comportar. Sendo assim, é interessante que se observe as principais fases em que se pode subdividi-lo. Existem diferentes critérios para se fazer tal subdivisão, e esta pode ser mais ou menos detalhada em função do próprio tempo de que se dispõe para discutir o planejamento (SOUZA, 1997). 27 A definição das fases deverá ser feita em função dos principais marcos existentes, que impliquem e alterações substantivas na alocação de espaços no canteiro, devido ao início de novos serviços, alteração nos processos de produção, chegada ou utilização de novos materiais e equipamentos, implantação de novas instalações, ou à necessidade de liberação de espaços para novas frentes de serviços, entre outros (FERREIRA, 1998). b. 5s O 5S é o programa de qualidade total que trata da arrumação, da ordem, da limpeza, do asseio e da autodisciplina dos funcionários de uma organização, tendo como objetivo proporcionar reorganização em setores e customização de materiais, proporcionando melhoria no desempenho organizacional (RODRIGUES, 2011). A denominação 5S vem das iniciais de cinco palavras de origem japonesas: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke (Rodrigues, 2011). Para o canteiro de obras, o 5S é uma potente ferramenta, pois um canteiro organizado minimiza despesas e maximiza produtividade. O programa 5S será detalhado melhor no capítulo 5 deste trabalho. 28 3 LEGISLAÇÃO E MODELOS DE CONFORMIDADE APLICÁVEIS A CANTEIRO DE OBRAS 3.1 Legislação que deve ser atendida para projetar, licenciar e instalar um canteiro de obra: 3.1.1 Ministério do Trabalho - Normas Regulamentadoras As Normas Regulamentadoras (NR’s) são um conjunto de requisitos e procedimentos relativos à segurança do trabalho, de observância obrigatória às empresas privadas, públicas e órgãos do governo que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do trabalho – CLT. Para o surgimento das Normas Regulamentadoras primeiramente, a Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de 1977, estabeleceu a redação da Consolidação das Leis do trabalho – CLT, relativas à segurança e medicina do trabalho. Cabendo ao Ministério do Trabalho estabelecer as disposições complementares às normas relativas à segurança do trabalho. Em 08 de junho de 1978, o Ministério do Trabalho aprovou a portaria nº3.214, que regulamentou as normas regulamentadoras pertinentes à Segurança e Medicina do Trabalho. E em 1978, através da Portaria nº3.214, foram aprovadas, naquela época, 28 (vinte e oito) Normas Regulamentadoras. Hoje em dia as Normas Regulamentadoras aprovadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego somam-se 36 (trinta e seis). As NR’s que são aplicadas nos canteiros de obras são: a. NR 1 – Disposições Gerais; A NR 1 aborda as disposições gerais relativas as demais NR’s e onde são abordadas questões como a obrigatoriedade da observância das NR’s pelas empresas privadas, públicas e pelos órgãos dos Poderes Legislativo e 29 Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT b. NR 2 – Inspeção Prévia; A NR 2 fala sobre as inspeções que um novo estabelecimento, antes de iniciar sua atividade, deve ter para que suas instalações sejam aprovadas pelo ministério do trabalho. c. NR 3 – Embargo ou Interdição; A NR 3 estabelece as situações de emergência as quais a são passiveis de embargo ou interdição das obras e que durante o embargo da obra, podem ser desenvolvidas atividades necessárias à correção da situação apresentada, desde que seja adequado aos trabalhadores. d. NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT; A NR 4 estabelece que empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e os poderes Legislativos e Judiciários, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, conforme o grau de risco de sua atividade principal e o seu número de empregados, obrigatoriamente, deverá constituir o Serviço especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. e. NR 5 – CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; A NR 5 estabelece que a formação da CIPA deva ocorrer em qualquer empresa ou instituição que podem admitir trabalhadores, além de empregados com a carteira assinada. Empresas que possuem no mínimo 20 empregados são obrigadas a manter a CIPA. 30 f. NR 6 – EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual A NR 6 preconiza que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, os EPI’s adequados ao risco do trabalho, eles devem estar em perfeito estado de conservação e funcionamento, a fim de restaurar a saúde, a segurança e a integridade física dos trabalhadores. Todo equipamento de proteção individual entregue ao empregado deve haver o CA (Certificado de Aprovação) do MTE para que possa ser utilizado e as empresas fornecedoras do produto deverão ter registro no departamento de Segurança e Saúde do Trabalho. g. NR 7 – PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional; A NR 7 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do PCMSO, por parte dos empregadores, que admitam trabalhadores como empregados. O PCMSO tem por objetivo a prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além de constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. Avaliações e exames complementares são exigidos as empresas de acordo com o grau de risco do trabalho exercido. h. NR 8 – Edificações; A NR 8 estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações, para garantir segurança e conforto aos que nela trabalhem. i. NR 9 – PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; 31 A NR9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). A mesma visa a prevenção da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. j. N R 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; A NR10 estabelece os requisitos e as condições mínimas de execução de medidas de controle e sistemas preventivos, visando garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. k. NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenamento e Manuseio de Materiais; A NR 11 estabelece a implantação da segurança para operações de elevadores, guindastes, transportadores industriaise máquinas transportadoras, a fim de garantir resistência, segurança e conservação. l. NR 12 – Segurança no Trabalho em Maquinas e Equipamentos; A NR 12 estabelece medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto, a utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos e ainda visa regularizar a sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título. m. NR 15 – Atividades e Operações Insalubres; 32 A NR 15 descreve as atividades, as operações e agentes insalubres, sendo eles qualquer tipo de ambiente que possa vir a oferecer algum risco à saúde dos trabalhadores. n. NR 16 – Atividades e Operações Perigosas; A NR 16 - regulamenta as atividades e operações legalmente consideradas perigosas, estipulando as recomendações prelecionistas correspondentes. Além disso, ela coloca que o exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. o. NR 17 – Ergonomia; A NR 17 estabelece parâmetros de ergonomia a fim de garantir a saúde, segurança e conforto do funcionário. p. NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção; A NR 18 estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a realização de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. Devido a sua grande importância para a conformidade do canteiro de obras a NR 18 foi abordada com mais detalhes no item 2.2.4 c deste trabalho. q. NR 19 – Explosivos; 33 A NR 19 preconiza o parâmetro de depósito, manuseio e armazenagem de explosivos. Esta é uma atividade de alto risco, portanto, se faz necessário a NR-16. r. NR 20 – Segurança e Saúde com Inflamáveis e Combustíveis; A NR 20 estabelece as disposições regulamentares acerca do armazenamento, manuseio e transporte de líquidos combustíveis e inflamáveis, objetivando a proteção da saúde e a integridade física dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho. Entende-se como “líquido combustível” todo aquele que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC e inferior a 93,3ºC. s. NR 21 – Trabalho a Céu Aberto; A NR 21 impõe a existência de abrigos, ainda que rústicos capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries, sendo eles quaisquer condições climáticas que estejam mais intensas; vento forte, chuva torrencial, tempestade, furacão, seca, vendaval etc. t. NR 23 – Proteção Contra Incêndio; A NR 23 destaca as medidas de proteção contra incêndios, visando a prevenção da saúde e integridade física dos trabalhadores e que a mesma deve ser realizada em todas as empresas. u. NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; A NR 24 decreta condições sanitárias e de conforto em locais como instalações sanitárias, vestiários, refeitórios, cozinhas e alojamentos. v. NR 25 – Resíduos Industriais; 34 A NR 25 preconiza as medidas preventivas relacionadas a resíduos industriais no que diz respeito ao destino final do mesmo, destacando que é proibido o lançamento ou a liberação nos ambientes de trabalho de quaisquer contaminantes gasosos sob a forma de matéria ou energia, direta ou indiretamente, de forma a serem ultrapassados os limites de tolerância estabelecidos pela norma NR-15. w. NR 26 – Sinalização de Segurança; A NR 26 fixa as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando os equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases advertindo contra riscos. x. NR 33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados; A NR 33 define o reconhecimento de espaços confinados, assim como a avaliação, monitoramento e controle de riscos que ali pode haver. Entende-se espaço confinado qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio. y. NR 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval; A NR 34 estabelece requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção e reparação naval. z. NR 35 – Trabalho em Altura; 35 A NR35 estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. 3.1.2 Convenção Coletiva de Trabalho A Convenção Coletiva de Trabalho está regulamentada nos artigos 611 e seguintes da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e trata-se de um contrato obrigatório que deve ser estipulado a cada um ou dois anos entre trabalhadores e patrões, cada um, representado por seu respectivo sindicato. (SITECON, 2016) A Convenção Coletiva de Trabalho é de realização obrigatória e fixa normas que servem para adequar a legislação trabalhista, genérica e ampla, à realidade de cada categoria. Uma vez por ano, na data-base, é convocada Assembleia Geral para instalar o processo de negociação coletiva. Isso significa que, nesta data, reajustes, pisos salariais, benefícios, direitos e deveres de empregadores e trabalhadores serão objeto de negociações. Se os sindicatos, autorizados pelas respectivas assembleias gerais, estiverem de acordo com as condições estipuladas na negociação, assinam a Convenção Coletiva de Trabalho, o documento que deverá ser registrado e homologado no órgão regional do Ministério do Trabalho. As determinações da convenção Coletiva atingem a todos os integrantes da categoria. (GUIA DE DIREITOS, 2016). Sem a Convenção Coletiva de Trabalho, trabalhadores não recebem remuneração acima do salário mínimo e de outro lado os empregadores não podem utilizar-se de instrumentos legais de flexibilização do trabalho como turnos e as escalas de revezamento. Assim, não existe Categoria Profissional (trabalhadores) ou Economia (patronal) que consiga sobreviver, no campo trabalhista, sem Convenção Coletiva. (SITECON, 2016) 36 3.1.3 Legislação Ambiental A construção civil é um importante seguimento da indústria brasileira, tida como um indicativo do crescimento econômico e social. Contudo, está também se constitui em uma atividade geradora de grandes impactos ambientais. Segundo CARNEIRO (2001), a construção civil é uma das atividades que mais contribui com ações que alteram o meio ambiente. Essas alterações ocorrem na fase de implantação da obra, execução dos serviços, que ocorre em toda a vida útil da construção: execução, manutenção, reforma, desocupação e demolição. Por esse motivo a lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), que dispõe sobre as diretrizes da Política Nacional de Meio ambiente, introduziu o conceito de licenciamento ambiental entre os instrumentos da política brasileira no setor. Além disso, a Constituição Federal (BRASIL, 1988), diz no artigo 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras gerações. Assim sendo, a preservação ambiental é assegurada por lei e os canteiros de obras tem obrigação atende-la A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradasefetivas ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis (Resolução CONAMA 237 (BRASIL,1997)). As principais diretrizes ambientais as quais os canteiros devem cumprir estão listadas a seguir: a. Geração de Resíduos da Construção Civil (RCC): 37 A definição para RCC segundo a Resolução CONAMA 307/2002 diz: “Resíduo da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral solos rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plástico, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. ” De forma geral, os RCC são vistos como resíduos de baixa periculosidade, sendo o impacto causado, principalmente, pelo grande volume gerado. Contudo, nesses resíduos também são encontrados materiais orgânicos, produtos perigosos e embalagens diversas que podem acumular água e favorecer a proliferação de insetos e de outros vetores de doenças (KARPINSK, 2009). Segundo Pucci (2006), historicamente o manejo dos RCC esteve a cargo do poder público, que enfrentava o problema de limpeza e recolhimento dos RCC depositados em locais inapropriados, como áreas públicas, canteiros, ruas, praças e margens de rios. Em 2002 a Resolução CONAMA 307(BRASIL, 2002), alterada pela Resolução 348/2004 (BRASIL, 2004) determinou que o gerador fosse o responsável pelo gerenciamento desses resíduos. Essa determinação representou um avanço legal e técnico, estabelecendo responsabilidades aos geradores, tais como segregação dos resíduos em diferentes classes e o seu encaminhamento para reciclagem e disposição final adequada. A resolução CONAMA 307/2002, alterada pela resolução CONAMA 348/2004, propõe a classificação dos resíduos da construção civil, que deverão seguir a seguinte divisão: 38 i. Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; de construção, demolição reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.) argamassa e concreto; de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; ii. Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/ papelão, metais, vidros, madeira e outros; iii. Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/ recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; iv. Classe D – são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clinicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos, e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. b. Efluentes Líquidos: Os corpos d’água têm capacidade de autodepuração, principalmente por meio do processo de diluição. Mudanças significativas, entretanto, extrapolam esta capacidade e provocam ruptura do equilíbrio, caracterizando a poluição do corpo receptor aquático (MOREIRA, 2006). 39 A poluição ou a contaminação dos corpos d’água é causada pelo lançamento de efluentes líquidos e detritos. As águas subterrâneas também podem ser poluídas ou contaminadas devido ao lançamento de efluentes e/ou disposição inadequada de resíduos no solo, favorecendo os processos de infiltração e percolação (MOREIRA, 2006). Segundo Ribeiro (2006) os efluentes gerados na construção civil são: esgoto domiciliar e águas residuária de lavagem da betoneira. c. Poluentes Atmosféricos: Segundo a Resolução CONAMA nº3 de 28 de junho de 1990, poluentes atmosféricos é “qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou característica em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: improprio, nocivo ou ofensivo à saúde; inconveniente ao bem-estar público; danoso aos materiais, à fauna e flora; prejudiciais à segurança, ao gozo da propriedade, e às atividades normais da comunidade”. d. Poluição Sonora: A atividade industrial é intensiva na geração de ruídos, fator que pode provocar desde incômodos até perdas de audição e sérios distúrbios nas pessoas e nos animais (MOREIRA, 2006) Os ruídos suportáveis por seres humanos e animais não ultrapassam 40 ou 50 decibéis. Sons acima de 85 decibéis podem provocar danos à saúde das pessoas, sendo 120 decibéis o máximo que o ouvido humano pode suportar (MOREIRA, 2006). A geração de ruído, portanto, é um importante fator de desequilíbrio ambiental e deve merecer atenção tanto do ponto de vista da saúde ocupacional quanto do bem-estar da comunidade vizinha (MOREIRA,2006). 40 e. Licenciamento Ambiental: A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, introduziu o conceito de licenciamento ambiental e a Resolução CONAMA nº 237(BRASIL,1997), define licenciamento ambiental como: “Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis no caso. ” A licença ambiental é, portanto, uma autorização, emitida pelo órgão público competente, concedida ao empreendedor para que execute sua construção, desde que atenda as exigências legais para resguardar o meio ambiente. Antes de se iniciar uma construção e consequentemente a instalação do canteiro de obras existem licenças que devem ser atendidas para cada etapa do licenciamento, são elas a licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e licença de operação (LO): i. Licença prévia (LP): A licença prévia aprova a localização e atesta a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade. Qualquer planejamento realizado antes da licença prévia é suscetível de alteração (TCU,2004). Na fase de Licença Prévia são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do empreendimento; são avaliados tais impactos, no que tange à magnitude e abrangência; são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de eliminar ou atenuar os impactos; são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes; 41 são ouvidos os órgãos e entidades sensoriais, em cuja área de atuação se situa o empreendimento; são discutidos com a comunidade (caso haja audiência pública) os impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras e é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreendimento, levando em conta a sua localização e seus prováveis impactos, em confronto com as medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais (TCU,2004). ii. Licença de Instalação (LI): Segundo a Resolução Conama nº237, de 1997, a Licença de instalação do empreendimento ou atividade, com a concomitante aprovação dos detalhamentos e cronogramas de implementação dos planos e programas de controle ambiental, vale dizer, dá validade à estratégia proposta para o trato das questões ambientais durante a fase de construção. Na fase de Licença prévia
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