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PROBLEMA 4: MAIS EU SÓ ESTOU UM POUCO CANSADA... Aspectos morfológicos A parte distal do íleo se comunica com o intestino grosso através de uma prega composta por esfíncteres que impede o refluxo do bolo fecal e permite a passagem para o seco. Os intestinos têm na sua mucosa milhões de pequenas glândulas tubulosas simples denominadas criptas intestinais ou criptas de Lieberkühn, que são projeções da mucosa. São constituídas por túbulos formados por um epitélio simples colunar e que contém células caliciformes. Este túbulo constitui ao mesmo tempo a porção secretora e a porção excretora. As células destas glândulas secretam vários produtos, entre os quais muco. A secreção é exocitada no lúmen da glândula e em seguida conduzida para o lúmen intestinal. O muco é considerado um componente importante para a lubrificação da mucosa intestinal. I. Descrever a fisiopatologia, diagnóstico e prognóstico das poliposes. O pólipo deve ser entendido como qualquer lesão que surge na superfície interna do trato gastrointestinal, projetando-se para sua luz. Sua manifestação pode se manifestar de forma isolada ou associada a algumas síndromes. Embora eles sejam classificados histologicamente como “benignos”, os pólipos adenomatosos são classificados como lesões pré-malignas que antecedem cerca de 7-10 anos o aparecimento do adenocarcinoma de colorretal. Os pólipos são classificados como neoplásicos – adenocarcinoma (maligno) e adenomatosos (benigno) – e não neoplásicos: hiperplásicos, inflamatórios e hamartomas. É importante que os pólipos não possam ser visto como uma entidade histopatológica, haja vista que eles apresentam vários comportamentos e prognósticos diferentes. Eles podem se apresentar pedunculados ou sésseis, solitários ou múltiplos, achatados isolados ou relacionados com síndromes hereditárias. A importância desses pólipos é que eles podem causar complicações como: possibilidade de sangramento e possibilidade de malignização (exclusivo dos adenomas e pólipos serrilhados). Pólipos adenomatosos Apresentam uma maior incidência com o avanço da idade cerca de 30-40% em indivíduos com mais de 50 anos, sendo sua prevalência superior a 50% em idosos. Eles normalmente acometem o intestino grosso, sendo eles definidos de uma displasia do epitélio intestinal (substituição das células normais do epitélio, perda da uniformidade e tamanho) percussora do câncer. Podem apresentar características morfológicas do tipo: tubular (melhor prognóstico), viloso (pior prognóstico) e tubuloviloso (prognóstioco intermediário). A fisiopatologia associada a esse tipo de pólipo se dá pelo desequilíbrio entre a produção de enterócitos e sua morte celular. Desse modo, as células-tronco localizadas abaixo das criptas se multiplicam e vão se projetando para luz do intestino. Quando não há a morte dos enterócitos maturados, as células-tronco não se diferenciam e continuam se multiplicando, resultando no desenvolvimento de um tecido anormal e displásico. Os adenomas tubulares representam 85% dos casos, normalmente são de pequenos tamanhos e pedunculados (apresentam uma haste). Com exceção os adenomas tubulares diminutos não apresentam haste. Na microscopia eles se caracterizam pela presença de uma arquitetura tubular (criptas tubuliformes e intercomunicantes). Entre as criptas há a presença de uma lâmina mucosa. Os pólipos vilosos representam cerca de 5-10% dos casos, normalmente, são maiores, não são pedunculados, possuem uma arquitetura vilosa, com presença de projeções digiformes do centro para a periferia. Os tubulovilosos correspondem 5-10% dos casos apresentam a mistura dos dois padrões citados. Todos os adenomas citados são oriundos de uma displasia, podendo ela ser de baixo grau – quando se restringe a mucosa – e de alto grau – quando há o acometimento da lâmina própria e não se disseminando (carcinoma in situ). A chance desse adenoma se transformar em um adenocarcinoma invasivo é pequena, podendo chegar até 10% das chances. No caso do adenocarcinoma de colorretal o câncer deve não só atingir a lâmina própria mais através a camada muscular, isso porque a mucosa do intestino grosso não apresenta vasos sanguíneos nem linfáticos. Desse modo, a malignidade está associada aos fatores de risco desse adenoma, que são: o tamanho (quanto maior o tamanho maior será a chance de se transformar em um câncer, sendo que pólipos com mais de 2cm de diâmetro apresentam uma probabilidade de 40%); o tipo histológico (adenomas vilosos têm maior tendência de malignização, devido seu tamanho) e grau de displasia (o maior grau e mais propenso ao desenvolvimento). A maioria dos pólipos são assintomáticos, mas quando manifestam sintomas são a hematoquezia, sangramento retal, e melena, presença de sangues nas fezes. Normalmente, o seu diagnóstico é feito acidentalmente, como na pesquisa de outras condições, ou pela investigação do sangramento. Eles são palpáveis ao toque retal, mas devem ser sempre evidenciados pela colonoscopia e sigmoidoscopia flexível. Os pólipos podem ser múltiplos e coexistir com o câncer, necessitando sempre de uma colonoscopia. Pólipos hiperplásicos Ao contrário dos adenomas são classificados como neoplasias verdadeiras pela transformação no epitélio. Normalmente, são diminutos se manifestando com uma maior frequência no reto e sigmoide. A histologia desse tipo de pólipo é marcada por uma hiperplasia, normalmente associada às criptas, não ocorrendo uma displasia. Em uma sigmoidoscopia que identifica um pólipo hiperplásico, não é necessário realizar uma colonoscopia. Um tipo incomum presente nesse grupo é os pólipos serrilhados que apresentam uma mistura de tecido hiperplásico e displásico. Pólipos hamartosos juvenis São pólipos esféricos e pedunculados que predominam em crianças com menos de 5 anos, podendo ser encontrados até os 20 anos. Embora sejam esporádicos e únicos eles podem está associados a uma síndrome hereditária de polipose colorretal juvenil. Normalmente, eles se concentram ou no reto ou sigmoide, sendo formados por um tecido epitelial normal derivado de uma resposta ligada à inflamação e ulceração da mucosa que permite a obliteração das glândulas que se dilatam e formam a tumoração que se projeta para o lúmen. Esses pólipos por se projetarem para a luz intestinal são tracionados pelo bolo fecal, podendo ser removidos e exteriorizados pelo ânus. Os seus diagnósticos é feito por uma endoscopia que permite também sua remoção. Pólipos inflamatórios São classificados assim porque são oriundos de processos inflamatórios em que os linfonodos da submucosa aumentam de tamanho. Desse modo, é um pólipo linfoide benigno em que é recoberto pela mucosa. Ele é erroneamente chamado de pseudopolipose, pois o processo infeccioso resulta a redução da espessura da mucosa, podendo levar a uma ulceração. Não há evidência de sua relação com o aparecimento do câncer de colorretal. A diferenciação entre uma polipose inflamatória e adenomatosa só é possível através de um exame histopatológico. Nesses casos, não necessitam de terapia específica já que o aparecimento desse pólipos estão associados a uma infecção de base. Abordagem com o paciente que possui pólipo Como foi dito a descoberta e identificação dos pólipos normalmente é realizada pela endoscopia ou exames de imagem de forma acidental na procura de outras afecções e exames de rotina como a triagem em familiares com pólipo ou câncer de colorretal no acompanhamento pós- cirurgia. Pelo aspecto macroscópico não é possível distinguir e diferenciar os possíveis tipos de pólipos. Ao mesmo tempo em que são diagnosticados os pólipos são eliminados (polipectomia) o que reduz drasticamente a probabilidade da ocorrência de uma adenocarcinoma colorretal no futuro. Eles são retirados por um eletrocautério. Após a extração dos pólipos deve ser realizada a análisehistopatológica verificando a presença ou não de malignindade. Na presença de um carcinoma in sito não há risco de recidiva de pólipos. Na confirmação de pólipo maligno é indicado a ressecção do cólon. O rastreamento após uma polipectomia é importante, pois o índice de recidiva após 3 anos é de 30-40%, sendo realizado depois de 3 anos da cirurgia. Caso não haja recidiva dos pólipos, a colonoscopia é marcada para depois de 5 anos. II. Epidemiologia, fatores de risco, patogênese, quadro clínico, rastreamento, diagnóstico, estadiamento e tratamento dos tumores colorretais. Epidemiologia O câncer de cólon ou colorretal é em 95% das vezes relacionada ao adenocarcinoma derivado do epitélio glandular, as criptas. Esse tumor corresponde como a terceira causa de morte em países industrializados como os EUA, ficando atrás do câncer de pulmão e mama. De acordo com o INCA, no Brasil esse tipo de câncer corresponde pela quinta causa de morte de homens e terceira em mulheres. Ainda no país, ele se apresente distribuído de forma não uniforme diante as demais regiões, sendo que a região sudeste apresenta a maior quantidade dos casos. Mais da metade dos casos manifesta em pessoas maiores de 60 anos, sendo o pico da incidência entre os 60 e 79 anos. Nas últimas décadas é possível observar o declínio da mortalidade do câncer, devido o aumento do rastreamento e o aperfeiçoamento do tratamento. Fatores de risco As síndromes de polipose são entidades podem contribuir para o aparecimento do CA colorretal, nas últimas décadas a síndrome de Lynch revelou um caráter puramente hereditário desse tipo de câncer. No entanto, a variedade mais comum é a neoplasia esporádica a qual acomete os pacientes sem histórico familiar prévio, em 75%, sendo que o CA origina de um pólipo adenomatoso (sequência adenoma-carcinoma). Embora não apresente o componente familiar, muito pacientes apresentam histórico de parentes de primeiro grau com CA colorretal. A dieta e os hábitos de vida são importantes para o aparecimento desse tipo de câncer. Uma dieta rica em gorduras e carboidratos refinados aumentam a probalidade do aparecimento desse tipo de câncer. Isso porque acredita-se que esse aumento decorre da elevação da microbiota decorrente o aumento de nutrientes, assim, essa microbiota metabolizaria os sais biliares presentes nesse bolo fecal, culminando na produção de carcinógenos. A ingesta de alimentos rico em fibras pode minimizar o efeito causado pela alta ingestão de gorduras, pois as fibras aumenta a velocidade na qual o bolo fecal se desloca no intestino, assim, é reduzido o tempo de exposição e o contato de carcinógenos oriundos do metabolismo dos sais biliares. A obesidade também está relacionada com o aumento da incidência desse tipo de câncer, isso porque confere ao indivíduo uma relativa resistência à insulina. Desse modo, a hiperinsulinemia promove o aumento da secreção do fator IGF-1 no sangue, ele é responsável por fomentar a proliferação celular das células da mucosa, principalmente, as células que sofreram transformação neoplásica. Além desses fatores, os hábitos e vícios como álcool e tabagismo podem influenciar no aparecimento do CA colorretal. O primeiro impede a função importante realizada pelo ácido fólico ingerido na alimentação normal, esse ácido é transformado em folato o qual apresenta uma importante função de metilar o DNA, permitindo um ciclo celular controlado. Logo, a ingesta excessiva de álcool altera a funcionalidade do ácido fólico impedindo a regulação do e manutenção do DNA. Por outro lado, o tabagismo pode alterar os efeitos de micronutrientes importantes para a proteção da mucosa intestinal: betacaroteno e vitaminas C e E, logo o intestino ficará mais exposto aos eventos ambientais carcinogênicos. A história familiar e a pessoal são importante par mencionarmos a probabilidade de um indivíduo desenvolver CA colorretal. Pessoas que já apresentaram pólipos adenomatosos esporádicos ou CA apresentam mais chance para o desenvolvimento desse tipo de neoplasia. Quando ao histórico familiar a presença de parentes de primeiro grau com a presença de adenomas ou adenocarcinoma de colorretal aumenta as chances do aparecimento também, principalmente se o paciente apresentar dois parentes de primeiro grau o seu índice de apresentar a neoplasia antes do 55 aumenta consideralvelmente. Uma doença inflamatória intestinal pode ser percussora do CA colorretal através da formação de uma lesão na mucosa que causa uma displasia (não poliposa). As doenças retocolite ulcerativa idiopática, como a doença de Crohn são consideradas fatores de risco de maior incidência do que a forma esporádica da neoplasia (12% vs 3-5%). O câncer colorretal hereditário não polipose ou síndrome de Lynch é um fator de risco responsável por 3% dos casos de CA colorretal e 15% dos casos de pacientes com histórico familiar. Essa condição é definida pelos critérios de Amsterdã modificados, são eles: (1) presença de câncer colônico ou outro câncer relacionado a essa hereditariedade (endométrio, intestino, ureter e pelve renal) diagnosticado por três ou mais familiares, sendo que um deles deve ser obrigatoriamente parente de primeiro grau dos outros dois; (2) presença de um hitórico de CA colorretal antes dos 50 anos; (3) histórico de CA colorretal em pelo menos duas gerações; (4) ausência de uma síndrome de polipose hereditária. Pacientes que se enquadram nessa classificação apresentam uma mutação em genes que regulam o ciclo celular o que gera um efeito de instabilidade de microssatélites. Esses pacientes desenvolvem o CA colorretal muito cedo, por volta dos 35 e 45 anos, quase sempre no cólon direito e ceco. Pacientes com essa mutação descrita apresentam 70% de desenvolver CA colorretal, sendo uma característica marcante a transformação da neoplasia na ausência de pólipos, isso por meio de lesões planas. O risco do aparecimento dessas lesões é por volta dos 21 anos. É importante destacar que existem dois subtipos para essa síndrome: a tipo1 relacionada apenas o CA colorretal e a tipo2 relacionada aos demais cânceres (endométrio, pelve renal, ovário, ureter e próstata). Todo indivíduo que se encontra nessa classificação deve ser submetido a um rastreamento a cada dois anos a partir dos 21-25 anos. Após os 40 anos o rastreamento deve ser anual. Em mulheres acima dos 25 anos a biópsia do endométrio deve ser anual. As poliposes hereditárias juntamente com as poliposes juvenis são fatores de risco para o aparecimento do CA colorretal. Além deles, diabetes mellitus tipo 2 (aumento da resistência à insulina), acromegalia (redução da expressão de um gene chamado PPAR) a ureterossigmoidostomia (tratamento da beixiga), endocardite (Streptococos bovis), pacientes submetidos a uma colecistectomia e radioterapia apresentam mais chance no desenvolvimento do CA colorretal. Fatores protetores Os fatores protetores basicamente são o inverso dos fatores de risco associado às hábitos de vida do indivíduo. Pensando nisso, uma dieta rica em fibras, não fumar, não ingerir álcool, alimentos ricos em ômega-3, cálcio e vitaminas auxiliam bastante na prevenção do surgimento do CA colorretal. Exercícios físicos e o controle da obesidade trazem um efeito preventivo. As utilizações de medicamentos como aspirinas e AINEs reduzem a probabilidade de aparecimento do CA colorretal, isso porque esses fármacos têm a capacidade inibir a ação da ciclo-oxigenase 2 (COX-2) que auxilia na proliferação celular da neoplasia. Patogenia A patogênese do CA colorretal envolve como toda formação de neoplasia uma sequência de eventos genéticos e epigenéticos. Nesse sentido, existem duas vias distintas que podem resultar no surgimento do adenocarcinoma, elas são a via APC/beta-caderina e a instabilidade de microssatélites. Ambas levam a hiperestimulação de receptores para fatores de crescimento,instabilidade cromossômica pelo acúmulo de mutações e defeitos no reparo do DNA. Com a progressão da doenças as manifestações genéticas se acentuam através de silenciamento por metiliação de DNA e inibição de genes supressores. 1. A via APC/beta-caderina corresponde como a principal via no surgimento dos tumores esporádico no cólon, cerca de 80%. Essa via recebe esse nome devido a interação das proteínas APC e beta-caderina, a primeira promove a ubiquitinação da segunda. A perda da função da proteína APC permite que a beta-caderina se desloque para o núcleo e ative genes por meio de sua transcrição. Essa ativação leva uma proliferação acompanhada de mutações que acentuam o processo proliferativo e inibem a ação de genes pró-apoptóticos. Como toda progressão de neoplasia, ela está associada a inibição da expressão e ação de gênese supressores como o TP53, efetores de TGF-beta (inibem o crescimento celular). Além disso, há a expressão da enzima telomorase aumenta a resistência da proliferação celular. 2. A via de instabilidade dos microssatélites é causada pelas mutações ocasionadas, principalmente me pacientes que apresentem a síndrome de Lynch que causa perda de açã de gênese que inibem a proliferação celular, como a presença de receptores mutantes para o TGF-beta e perda do BAX (gene pró-apoptótico), conferindo assim maior resistência dessas células. A distribuição dos tumores de cólon é diferente em algumas regiões do intestino grosso, a região de maior frequência é a região direita (ceco e cólon ascendente) em que os tumores crescem sob forma de pólipos, causando sangramentos, muitas vezes oculto e raramente causam obstrução. A outra região que os cânceres se desenvolvem com uma alta frequência também é a do lado esquerdo (sigmoide e reto) relacionadas com o cólon distal, os tumores crescem de forma circular, anulares, podendo promover a obstrução da luz intestinal. Quase todos adenocarcinoma apresentam diferentes graus de diferenciação e sua maioria costuma a secretar mucina o que ajuda na extensão da lesão e piora o prognóstico. Os cânceres colorretais surgem como lesões epiteliais displásicas, normalmente, com a formação de pólipos; Essas lesões crescem e invadem os vasos linfáticos e ganham acesso aos linfonodos dos tecidos vizinhos. É interessante dizer que a mucosa do intestino grosso não apresenta vasos, desse modo o tumor só é classificado com invasivo quando ele atinge a submucosa. Essas invasões dos órgãos ocorrem com mais frequência nos localizados nas regiões adjacentes se disseminando pela gordura, sistema linfático, sistema vascular (veia porta) e de forma difusa por toda cavidade peritoneal (pulmão, medula óssea, bexiga, próstata e ureteres). O adenocarcinoma apresenta uma peculiaridade interessante no que diz a respeito à sua instalação sua velocidade de crescimento é lenta comparada com outras neoplasias, normalmente esse tumor demora cerca de 20 meses para duplicar de tamanho. Manifestações clínicas Nas fases precoces o CA colorretal é assintomático, sendo as principais manifestações sangramento (oculto ou exteriorizado – hematoquesia ou melena), dor abdominal, presença de massas abdominal palpável e alterações do hábito intestinal (constipação ou diarreia). Raramente esse câncer se apresenta inicialmente com emagrecimento, obstrução mecânica, perfuração intestinal ou sinais de metástases hepáticas. Nesse sentido, os adenocarcinomas podem permanecer clinicamente silenciosos durante muitos anos, sendo que o seu aparecimento normalmente está associado a um estado avançado do câncer. Esse aparecimento indicioso como foi descrito acima se caracteriza pela presença de sangramento retal e mudança dos hábitos intestinais. O aparecimento desses sintomas e suas características variam do local de instalação do tumor. 1. As neoplasias de cólon proximal (ceco e cólon ascendente) normalmente cursam com lesões ulcerativas que provocam perda crônica de sangue. Desse modo, os pacientes apresentam fraqueza, nos exames laboratoriais apontam sangue oculto nas fezes, no exame físico eles apresentaram uma anemia hipocrômica decorrente da deficiência de ferro. A presença de uma anemia ferropriva inexplicável em um homem adulto e em uma mulher pós-menopausa deve implicar uma investigação minuciosa para localizar lesões no cólon, assim, recomenda-se a utilização de endoscopia ou radiografia do cólon inteiro. Além disso, nessa região não há alterações no calibre nas fezes visto que ela é mais dilatada o bolo fecal se encontra líquido. 2. As neoplasias do cólon distal (sigmoide e reto) podem se manifestar através de sangramento, mas há uma maior frequência de do estreitamento da luz luminal. Os sangramentos serão classificados como hematoquezia e as fezes também irão apresentar um estreitamento. Os sintomas desse estreitamento é mudança do hábito intestinal caracterizado por uma constipação progressiva alternada seguida por uma hiperdefecação ou diarreia. Sintomas que sugerem doenças metastáticas podem aparecer antes ou depois da ressecção primária do tumor. Pode se apresentar como uma distensão da cápsula fibrosa do fígado resultante de uma hepatomegalia maciça, quando disseminado pela cavidade abdominal pode resultar em ascite ou obstrução intestinal, quando é disseminado para pelve pode resultar disfunção na bexiga, dor no sacro e dor ciática e sangramento vaginal. Além disso, pode apresentar metástase no pulmão e medula óssea que normalmente são assintomáticas, sendo descobertas durante o curso de outra doença. Rastreamento O rastreamento é um importante método para avaliar e diagnosticar os indivíduos, preferencialmente, na forma mais precoce da doença. Nesse sentido, o rastreamento pode ser divido em duas formas: indivíduos que não apresentam história familiar de CA colorretal e de indivíduos que apresentam. É importante realizarmos esse rastreamento com o objetivo de identificar o CA colorretal, mas precocemente. Pacientes que não apresentam história familiar deve ser submetido ao rastreamento a partir dos 50 anos de idade até os 75-85 anos no máximo. Sabemos que os melhores métodos para o rastreamento são aqueles que utilizam imagens para a visualização do cólon. A colonoscopia é o exame de maior sensibilidade e de melhor poder para a diagnóstica remoção de pólipos e realização da biópsia. No entanto, ele é um exame que acarreta um desconforto para os pacientes e algumas complicações. Há a colonoscopia virtual a qual é uma tomográfica computadorizada em 3D a qual traz uma imagem e visualização semelhante a uma colonoscopia. A retossigmoidoscopia flexível é limitada, pois só consegue visualizar até a flexura esplênica, sendo assim, o encontro de um adenoma ou carcinoma deve ser realizada uma colonoscopia para a visualização total do cólon intestinal. Caso o paciente não queira se submenter aos exames solicitados podemos realizar uma pesquisa de sangue oculto nas fezes. Esse exame se justifica através do desenvolvimento de CA colorretal, normalmente, ele vem acompanhado com um sangramento. Devido a eliminação ser intermitente há enormes chances de aparecer resultados falsos-negativos. Para a confirmação do resultado deve ser analisado três amostras consecutivas. Para realização do exame o paciente deve ficar privado de ingerir, nas 72h que antecede a coleta, carne vermelha e branca, AINE, AAS e vitamina C na tentativa de evitar o aparecimento de resultados falso-positivos. Na presença de sangue oculto se deve realizar uma colonoscopia. Por outro lado, para pacientes que apresentam histórico familiar o rastreamento deve se inicar precocemente, por volta dos 40 anos ou com menos de 10 anos em que o parente foi diagnosticado. Diagnóstico O diagnóstico é realizado através de uma anamnese minuciosa (deve incluir o histórico familiar). A suspeita de CA colorretal sedeve em todo paciente, especialmente idoso, que apresente sangramento retal, dor abdominal, mudanças dos hábitos intestinais, emagrecimento e anemia ferropriva. Normalmente o diagnóstico é feito ou através de exames de rotina ou em pacientes com suspeita. No exame físico, poderão ser observados massas abdominais palpáveis, linfonodos inguinais, mucosas, toque vaginal, enquanto a presenta de sinais de metástase apresentará por uma hepatoesplenomegalia. O toque retal, recomendado para todo paciente com suspeita, permite o diagnóstico do câncer somente no reto distal. Os exames confirmatórios são (1) retossigmoidoscopia flexível, (2) clister opaco (enema braritado), com duplo contraste (permite a visualização da retração da luz intestinal pelo avanço do tumor – sinal da maçã mordida) e (3) colonoscopia (o melhor e mais completo). A colonoscopia é o padrão ouro, pois ela consegue visualizar com precisão a presença de tumores. Através dela além da observação pode ser realizada a retirada de pólipos e a realização da biópsia. É importante destacar que 11-12% dos pacientes sintomáticos o exame de colonoscopia não consegue progredir para visualizar a mucosa proximal, sendo assim o paciente é orientado a retornar para um novo exame 3 a 6 meses após o tratamento cirúrgico. Os exames laboratoriais solicitados são: 1. Marcadores tumorais: antígeno carcinoembiogênico (CEA) não é utilizado para o diagnóstico devido a sua baixa sensibilidade (encontra-se negativo em mais de 50% dos casos) e baixa especificidade (apresentando níveis elevados em outras neoplasias e metástases). No entanto, ele é utilizado como indicador do prognóstico do paciente na situação de pré- operatório, sendo valores superiores a 10ng/mL indicam uma doença avançada, enquanto que após a cirurgia a presença ou aumento pode indicar risco de recidiva. Na prática sua utilização só é realizada para pacientes diagnosticados com CA colorretal antes e depois da cirurgia. 2. Hemograma, glicemia, coagulograma, função renal e hepática (enzimas hepáticas totais), podendo evidenciar anemia, diabetes, disfunção renal/hepática, desnutrição e coagulopatias permitindo que sejam corrigidas no pré-operatório com intuito de reduzir a morbimortalidade. Estadiamento O estadiamento utilizado para estratificar e classificar os tumores dada a sua extensão e grau de malignidade é realizado pela tabela TNM (T- tumor primário N- linfonodos e M- metástases à distância). O estadiamento e importante nessa classificação, pois a partir dele podemos definir o tratamento adequado, assim como o prognóstico. No CA retal os métodos de estadiamento clínico são mais cofiáveis, é importante lembrar que o toque retal bem utilizado pode distinguir um tumor superficial ou não, os tumores invasivos superficiais são móveis, enquanto os que invadem profundamente são fixo. Para sua avaliação é importante uma ultrassonografia endoscópica retal a qual permite a avaliação do acometimento dos linfonodos do mesorreto. A RM também é importante para o estadiamento na determinação da extensão do tumor. Para avaliação de metástase à distância é realizado um TC de abdomem, sendo que o sítio mais comum de metástase é o fígado, seguido do pulmão o que se faz necessário a realização de um RX de tórax. No pós-operatório associado a níveis maiores do 10ng/mL de CEA se deve realizar esses métodos de imagem. A TC de crânio e cintilografia óssea só são necessárias quando o paciente tiver sintomas neurológicos ou ósseos. Pacientes com história clínica de câncer colorretal hereditário não polipose deverão ser pesquisados outros possíveis tumores extreintestinais (próstata, pelve renal e cânceres ginecológicos). Tratamento Normalmente o tratamento é realizado pela cirurgia curativa, mesmo na presença de metástase essa é a opção que mais reduz a mortalidade e evita complicações abdominais futuras. A abordagem operatória atual para o tratamento deve ser realizado uma ressecção da região acometida e com uma margem definida de 5 cm para tumor de cólon e de 2 cm para tumor de reto. Cerca de 90% dos tumores podem ser adequadamente ressecados. Antes da cirurgia o paciente deve ser preparado com uma antibioticoterapia de no máximo 48h. Em casos de emergência é realizada a ressecção normalmente, devido o não preparo do paciente com antibioticoterapia, necessita-se de uma colostomia temporária. Desse modo, a cirurgia é realizada em dois tempos, uma com a implantação da bolsa (colostomia) e a outra para a reconstrução do aparelho intestinal. O tratamento do adenocarcinoma localizado no reto difere dos demais o que torna o processo cirúrgico mais complicado dado à proximidade com os órgãos pélvicos, sua vascularização e inervação. Nesses casos, é recomendada a utilização de uma terapia neoadjuvante (pré- operatória) a qual apresenta o objetivo de reduzir o tamanho do tumor e aumentar o sucesso do processo cirúrgico. Por ser no reto, a utilização de altas doses de radioterapia pode ser empregada, diferentemente do restante, devido o aumento das complicações. Essa terapia neoadjuvante é assegurada devido à hipótese de que os tumores de cólon diferem dos tumores de reto o que permite o emprego dessas alternativas. Além da radioterapia pode ser empregada uma quimioterapia na tentativa de aumentar a sensibilidade ao efeito da radioterapia. O tratamento com quimioterapia e radioterapia pode ser empregado no pós-cirurgia visando exterminar possíveis micros metástases remanescentes. Essa conduta reduz o aparecimento de recidivas e aumenta o potencial de cura do tumor. Além disso, a FDA aprovou a utilização de anticorpos monoclonais associados à quimioterapia os quais interagem com fatores de crescimento. Na presença de metástases em outros órgãos como fígado e pulmão é realizado cirurgias nesses órgãos para garantir a sobrevida do paciente. O acompanhamento pós-cirúrgico é fundamental para assegurar a cura do paciente. É importante ressaltar que cânceres com estagiamento avançado apresenta maior risco de recidiva, necessitando da terapia adjuvante. De forma geral, o risco de recidiva é maior nos dois primeiros anos após a cirurgia. No pós-cirurgia o paciente deve realiar consultas médicas e dosagem do CEA a cada 3-6 meses por 2 anos e depois a cada 6 meses por 5 anos. Lembrar que CEA alto devemos solicitar uma colonoscopia e tomografia. Após a cirurgia o paciente deve realizar uma colonoscopia depois de 1 ano, se o resultado for negativo para recidiva, ele deve realizar em 3 anos e, depois, a cada 5 anos. Se der positivo na primeira colonoscopia deve e retirar e repetir o exame no ano seguinte. Se o cólon era obstrutivo deve se realizar após 6 meses da cirurgia para avaliar a mucosa proximal da ressecção. Em pacientes com alto risco de recorrência na presença de um tumor indiferenciado ou com invasão linfática ou venosa considerar a realização de TC de tórax, abdômen e pelve anualmente. III. Discutir as possíveis complicações do tratamento quimioterápico, como mucosite, neutropenia febril e síndrome da lise tumoral. Mucosite A mucosite é uma consequência debilitante como resposta ao tratamento antineoplásico, causando ulceração nas mucosas de todo trato gastrointestinal. A sua incidência pode ser tão severa e debilitante que pode resultar na substituição dos anti-neoplásicos até mesmo a interrupção. A mucosite pode variar de lesões eritematosas pouco sintomáticas até a ulceração dolorosa. A capacidade de modificar o tratamento pode reduzir a qualidade de vida e a sobrevida do paciente. Ela pode também ser uma complicação de pacientes submetidos à quimioterapia mieloblástica e transplante de medula óssea. Esses pacientes com doenças hematológicas têm mais propensão no desenvolvimento da mucosite, pois no seu tratamento as drogas induzem essa resposta. É importante destacar que a maior incidência dessa manifestaçãoé em pessoas jovens, devido ao seu alto índice de poder mitótico de suas células. Os pacientes acometidos por esse distúrbio apresenta um aumento da chance de perda de peso, devido o fato de não conseguirem deglutir, necessitando, assim de sondas para se alimentarem (aumento dos custos). As manifestações clínicas se dividem em leves, com a presença e uma irritação, aumento da sensibilidade semelhante a uma queimadura, sendo facilmente tratada; e graves na presença de ulceração que pode penetrar até a submucosa causando muita dor e perda da qualidade de vida do paciente. A dor é tão acentuada que a realização da higiene bucal e respiração podem causar desconfortos. O controle da mucosite se faz muito necessário, atualmente, houve o desenvolvimento de intervenções efetivas para reduzir o aparecimento dessa resposta, bem como o desenvolvimento de novos protocolos para evitar a interrupção do tratamento anticâncer, por meio, da redução dos quimioterápicos. Isso só foi possível graças a compreensão da patobiologia da mucosite. Esse modelo pode ser dividido em efeitos diretos pela ação das drogas anticâncer no epitélio, devido a seu alto índice mitótico, levando a atrofia de epitélio, e pelos efeitos indiretos causados pela toxicidade do tratamento, acarretando em uma imunossupressão e agravamento da mucosite. Os mecanismos para o surgimento da mucosite é causado por uma desordem inflamatória que induz apoptose, liberação de citocinas pró-inflamatórias, instabilidade genética, liberação de radicais livres. O tratamento para essa manifestação clínica é formas de evitar o aparecimento da mucosite. Avanços foram identificados como desenvolvimento de agentes biológicos e à engenharia genética. Um avanço foi com o uso da radioterapia tridimensional com intensidade modulada (incide apenas no tumor). Neutropenia febril Os neutrófilos são células granulocíticas maduras responsáveis pela defesa do organismo. A baixa concentração dessas células de defesa predispõe infecções sendo esse quadro clínico denominado de neutropenia. Há diversas causas na prática clínica que permite a redução dessa concentração, sendo a realização de tratamento anticâncer uma delas. Desse modo, a neutropenia febril é uma resposta ao tratamento quimioterápico aos antineoplásicos, devido a toxidade medular que essas drogas realizam. Além de afetar a medula, lembrarem-se da hematopoese, essas drogas deprimem a função das mucosas do trato gastrointestinal, destruindo praticamente suas células e aumentando a chance de infecções causadas pela entrada de fungos e bactérias no organismo. A neutropenia febril acontece em 15% dos tratamentos de cânceres sólidos e em 80% dos cânceres hematológicos. Os sintomas inflamatórios normalmente são poucos específicos nesse quadro clínico, sendo evidente, na maioria das vezes, apenas a febre. Esses pacientes devem ser tratados com antibioticoterapia de amplo espectro como se eles estivessem com uma infecção aguda, logo precisarão de ser hospitalizados na maioria das vezes, elevando o custo do seu tratamento inicial para a neoplasia. Alguns conceitos são importantes de ser fixada, a febre de um paciente neutropênico é de 38,3°C ou uma temperatura >38°C sustentada por 1 hora. A contagem dos neutrófilos é menor que 500 na presença de febre, ou febre na presença <1000 neutrófilos e com possibilidade de queda nas próximas 48h. A avaliação do paciente consiste em uma anamnese que traga a história clínica detalhada, relatando o tratamento submetido de quimioterapia, assim como a presença de comorbidades as quais normalmente alteram o tratamento. O exame físico deve ser detalhado, inspeção para pele e mucosas (suspeitas de mucosite) e presença de cateteres ou não na região do períneo ou anal as quais normalmente podem apresentar fístulas e abscessos. Na rotina laboratorial deve ser solicitado hemograma completo, avaliação de função renal e hepática e cultura de urina. Raio X de tórax pode ser solicitados para adultos que relatem sinais e sintomas do sistema respiratório, enquanto que para pacientes de alto risco (neoplasias hematológicas) deve ser solicitado. O tratamento deve ser realizado com a administração de antibióticos orais ou por via venosa, embora infecções com bactérias gram-positivas sejam mais frequentes é importante realizar uma antibioticoterapia empírica de amplo espectro. É menos frequente infecções fúngicas, mas são presentes, principalmente, associado à primeira semana de tratamento com antibióticos ou na presença de mucosite pelo paciente. Para o tratamento é importante que os pacientes sejam estratificados quanto ao risco para administração adequada do antibiótico e da necessidade de hospitalização. Pacientes de alto risco normalmente apresentam uma neutropenia prolongada >7 dias e com neutrófilos menor ou igual a 100, além da associação de comorbidades (hipertensão, pneumonia e alterações neurológicas), enquanto que pacientes de baixo risco apresentam uma neutropenia por menos de 7 dias, não apresentam comorbidades e clinicamente estáveis. Além da apresentação clínica pode se utilizar uma calculadora que é tipo um escore que quantifica se o paciente é de alto ou baixo risco. Dessa forma, é importante saber que o pilar do tratamento de neutropenia febril é a sua realização precoce de uma antibioticoterapia de amplo espectro. O esquema antimicrobiano pode ser modificado na identificação do patógeno no resultado das culturas ou pela identificação do sítio da infecção até a recuperação da neutropenia (neutrófilos maior ou igual a 500 células/mm³). Síndrome de lise tumoral A síndrome de lise tumoral é uma alteração causada pelas modificações metabólicas ocasionadas pela quimioterapia a qual induz a morte celular espontânea ou induzida. É a emergência mais comum de pacientes que estão em tratamento oncológico, ela se deve a alta citotoxidade empregada pelos quimioterápicos. Normalmente estão presentem em doenças hematológicas como as leucemias e linfomas. O tratamento dessas doenças induz morte celular, com liberação de potássio, fosfato, metabólitos dos ácidos nucléicos (aumento da concentração de ácido úrico) responsável por vasoconstrição do fluxo sanguíneo renal. Os sintomas frequentes dessa manifestação são náuseas, vômitos, diarreia, anorexia, letargia, hematúria, arritimias cardíacas, câimbras e tetania. Os pacientes com essa síndrome devem ser acompanhados de perto com dosagem de eletrólitos e função renal a cada 4-6h. O tratamento desse pacientes é uma hidratação rigorosa endovenosa de 2-3L por dia a fim de manter um bom fluxo urinário, sempre que possível a hidratação deve ser feita antes da quimioterapia. IV. Discutir acerca das implicações psicológicas de adaptação à colostomia. A bolsa de colostomia é um instrumento médico, normalmente utilizado em pacientes que realizaram a cirurgia de colostomia. Esse procedimento, na maioria dos casos, é realizado em quem sofre de doenças inflamatórias no intestino, câncer intestinal e problemas de saúde que exigem a amputação do reto. A cirurgia de colostomia é realizada a partir de uma abertura na parede abdominal, próxima à parte final do intestino, por onde passarão as excreções. O papel da bolsa é coletar o conteúdo fecal, facilitando o processo de evacuação do paciente e permitindo que as fezes sejam descartadas de maneira prática e higiênica. As bolsas de colostomia podem ser utilizadas de maneira temporária ou permanente, de acordo com a situação de cada paciente e as recomendações dos profissionais de saúde para cada caso. O uso temporário costuma ser indicado pelos médicos aos pacientes que estão realizando tratamento paliativo de tumores na região colorretal ou para aqueles que possuem obstrução no intestino e não podem realizar a cirurgia definitiva. Em casos de diverticulite aguda grave, a bolsa de colostomia também pode ser útil, assimcomo para a proteção de anastomoses e controle de fístulas. Já entre as situações que podem exigir o uso permanente da bolsa são os casos de amputação do reto (normalmente provocadas por tumores malignos e avançados e traumas extensos), retocolite ulcerativa ou polipose adenomatosa. Como podemos analisar, a pessoa após a realização de uma ostomia, depara-se com diversas alterações em seu processo de viver, que vão desde a alteração da fisiologia gastrintestinal, da auto-estima à alteração da imagem corporal. Estas transformações por sua vez, condicionam a vida familiar, afetiva, laboral e social da pessoa. A pessoa após ser submetida a uma cirurgia confecionadora de uma ostomia, vivencia muitas das vezes sentimentos negativos derivados não só da formação do estoma, mas também resultantes da causa da sua origem, como no caso do câncer. A pessoa ostomizada experiência sentimentos que vão desde revolta a depressão, podendo a reação e o comportamento manifestado variar ao longo do tempo e de pessoa para pessoa. Deste modo é essencial os profissionais de saúde estarem atentos às reações destas pessoas, tendo em consideração todas estas especificidades na prestação de cuidados de saúde. Torna-se assim necessário o apoio encontrado na família, em pessoas significativas, mas também na estrutura de atendimento profissional, a qual é essencial para uma reabilitação mais rápida e eficaz e consequentemente para uma boa adaptação da pessoa à sua nova condição, à condição de pessoa ostomizada. Os serviços e os profissionais de saúde, através de um adequado planejamento da assistência que inclua o apoio psicológico e a educação para a saúde, que desenvolva as aptidões da pessoa para o auto-cuidado, podem ter um papel decisivo na adaptação fisiológica, psicológica e social da pessoa ostomizada e seus familiares ao processo de viver com uma ostomia, contribuindo assim para a melhoria significativa da qualidade de vida destas pessoas.
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