Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO TECNOLOGIA DOS ALIMENTOS RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA 02 Avaliação do escurecimento enzimático (maçã) e não enzimático (doce de leite) e sua relação com a qualidade do alimento Maiara Rascado da Silva. Salvador, 2018.1 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA 02 Avaliação do escurecimento enzimático (maçã) e não enzimático (doce de leite) e sua relação com a qualidade do alimento Salvador, 2018.1 Relatório de aula prática apresentado a disciplina Tecnologia dos Alimentos, no curso de graduação em Nutrição, no Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), sob orientação do Professor Ícaro Cazumbá, como requisito parcial de avaliação. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Reação de Maillard (Extraído do livro Práticas em tecnologia de alimentos. NESPOLO, Cássia Regina; et al. 2015). Figura 2 – Ação da polifenoloxidase no escurecimento da maçã (Extraído do blog Science Please. 2016). LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resultado das características finais do experimento de produção de diferentes tipos de doces de leite. Tabela 2 – Resultado do experimento de escurecimento de maçãs. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1 2. OBJETIVOS ................................................................................................ 2 2.1. GERAL ........................................................................................................ 2 2.2. ESPECÍFICOS ............................................................................................. 2 3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 2 3.1. MATERIAIS ................................................................................................. 2 3.2. MÉTODOS ................................................................................................... 3 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 4 5. CONCLUSÃO .............................................................................................. 7 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 9 1 1. INTRODUÇÃO Os alimentos são sistemas complexos, que possuem nutrientes, enzimas, substratos e reagentes diferentes, possibilitando o desencadeamento de diversas reações; dentre essas, estes podem sofrer escurecimento provocado por reações oxidativas e não oxidativas. Um exemplo de reação não oxidativa, também chamada de escurecimento não enzimático, é a reação de Maillard. Essa reação ocorre quando há a interação de grupos amina de aminoácidos, peptídeos e proteínas com um aldeído (açúcar redutor, podendo ser glicose, frutose, galactose, maltose ou lactose), resultando sempre na degradação dos carboidratos (açúcares). Os produtos da degradação gerados durante a reação formam novos compostos escuros e de alto peso molecular, denominados de melanoidinas. Há ainda a formação de produtos voláteis responsáveis pelo aroma característico. A reação de Maillard é desejável em diversos alimentos, como doce de leite, pães, bolos e café; pois além de propiciar sabor agradável, confere aroma ao produto (devido aos aldeídos e as cetonas) e cor característica (devido as melanoidinas), agradando os consumidores (NESPOLO, et al.; 2015. Adaptado). Figura 1 – Reação de Maillard (Extraído do livro Práticas em tecnologia de alimentos. NESPOLO, Cássia Regina; et al. 2015). O escurecimento oxidativo ou enzimático ocorre devido a presença da enzima polifenoloxidase (PPO), uma enzima que catalisa a oxidação de compostos fenólicos, produzindo pigmentos escuros em cortes ou superfícies danificadas de frutas e hortaliças. Quando o tecido é danificado pelo corte ou por injúrias, a enzima entra em contato com seu substrato e há formação de pigmentos escuros devido a exposição ao oxigênio. Este escurecimento enzimático em frutas e vegetais além de provocar a formação de pigmentos, traz diversas alterações 2 indesejáveis nas características organolépticas dos alimentos, resultando em diminuição da vida útil do produto e do valor de mercado. Entretanto, esse escurecimento em alguns alimentos pode ser proveitoso, como no caso da produção de uvas passas (OLIVEIRA, et al.; 2008. Adaptado). Figura 2 – Ação da polifenoloxidase no escurecimento da maçã (Extraído do blog Science Please. 2016). 2. OBJETIVOS 2.1. GERAL Observar e comparar a formação de dois tipos de escurecimento em alimentos, escurecimento enzimático (escurecimento em maçãs) e o escurecimento não enzimático (reação de Maillard na produção de doce de leite). 2.2. ESPECÍFICOS Observar a ação da enzima polifenoloxidase no escurecimento da maçã em diferentes meios. Observar a ação de diferentes concentrações de bicarbonato na produção de doces de leite. Observar a desestabilização da caseína na produção do doce de leite talhado. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. MATERIAIS Para os experimentos dos doces de leite foram usados os seguintes materiais: ½ litro de leite integral para produção de cada tipo de doce de leite; 50g de coco ralado; 125g de açúcar cristal para cada um dos doces; Oxidação Melanoidina Polifenol Polifenoloxidase O2 3 Bicarbonato de sódio (para o doce de leite pastoso foi usado 0,5g, já para o doce de leite brow usou 1g); Suco de dois limões coados para o doce de leite tipo ambrosia; Panela antiaderente pequena; Colher grande; Balança digital; Fogão. Já na realização do experimento de escurecimento de maçãs usou-se tais materiais: 1 maçã grande; Água pura; Solução de ácido ascórbico a 1%; Solução de ácido ascórbico a 5%; Suco de 1 limão; Facas; Tábua de corte; Espremedor de limão; Pires; Recipientes de 250ml. 3.2. MÉTODOS Cada um dos experimentos foi realizado de uma forma específica, sendo: Doce de leite pastoso Adição do bicarbonato ao leite, que em seguida foi fervido, no qual, durante o aquecimento foi acrescido o açúcar. Observando o ponto, conforme o grau brix, além das características de intensidade da cor e sensoriais. Doce de leite brow Sua produção é similar à do doce de leite pastoso, na qual adicionou-se ao leite o bicarbonato, em uma maior quantidade, antes do leite ir para a fervura. Após isso o leite foi fervido e durante a fervura houve a adição do açúcar. A observação do ponto também é semelhante à do doce de leite pastoso, onde observou-se conforme o grau brix, analisando, além disso, as características de intensidade da cor e sensoriais. 4 Doce de leite tipo ambrosia O leite foi levado à fervura, e durante esta foram adicionados o açúcar e o suco de limão, este último teve o fim de desestabilizar a caseína do leite, para formação dos grumos característicos desse tipo de doce. O mesmo permaneceu no fervor até que a consistência e a cor desejadas foram obtidas. Escurecimento de maçãs Após descascar e cortar as maçãs em cubos, pequenas quantidades iguais, foram adicionadas a recipientes contendo: água pura, solução de ácido ascórbico a 1%, solução de ácido ascórbico a 5% e suco de limão, e uma mesma porção ficou em contato direto com o ar. As maçãs ficaram imersas por um período, no qual foram notados a ação das soluções na inibição da ação da enzima polifenoloxidase, constatando ao final qual dos métodos foi o mais eficiente. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Experimento I – Produção de diversos tipos de doces de leite. Preparação Doce de leite pastoso Doce de leite brow Doce de leite tipo ambrosia Características finais Doce pastoso, de cor marrom clara e sabor mais adocicado Doce pastoso, de cor marrom levemente escura e sabor menos doce Doce talhado, de cor clara, sabor meio ácido Tabela 1 – Resultado das características finais do experimento de produção de diferentes tipos de doces de leite. - Doce de leite pastoso O acréscimo do bicarbonato ao leite antes da fervura teve o objetivo de neutralizar a acidez, por ele ser um sal básico, para prevenir que a caseína do leite coagulasse durante o processo de aquecimento. Após essa adição o leite foi levado a fervura, durante esta o bicarbonato adicionado serviu, também, como acelerador da reação de Maillard, onde ele auxilia a deixar o leite quente de forma mais rápida, consequentemente, provocando um cozimento mais 5 acelerado. Enquanto o leite estava fervendo adicionou-se o açúcar para conferir sabor adocicado ao doce; e foi mexendo, de forma constante, até formar um creme pastoso e dar o ponto correto. O ponto final do doce, quando está pronto pra cessar o cozimento, é determinado conforme o grau brix, este é verificado por meio de um processo simples, onde coloca-se um pouco do doce dentro de um copo contendo água fria, observando o comportamento do doce na água, se ele atingir o fundo do copo sem desmanchar, e nem sujar a água, a cocção pode ser encerrada. Além disso antes de finalizar é importante observar todas as características do doce, se está com o sabor e a cor na intensidade desejada, entre outros. - Doce de leite brow O processo de produção do doce de leite brow foi semelhante ao do doce de leite pastoso, a única diferença entre eles consistiu na quantidade de bicarbonato adicionado ao leite antes dele ir para a fervura, que se usou o dobro, sendo nesse experimento 1g de bicarbonato, enquanto que no doce de leite pastoso usou 0,5g. Esta maior quantidade de bicarbonato adicionado foi que propiciou a formação de um doce de leite mais escuro e de sabor menos adocicado; porque quanto mais bicarbonato adiciona mais acelera a reação de Maillard, ficando mais escuro; pois, em geral, a velocidade da reação de Maillard é maior (máxima) quando o produto se encontra em pH neutro, e a neutralização do leite foi feita com a adição de uma maior quantidade de bicarbonato de sódio, que é um produto alcalino. - Doce de leite tipo ambrosia Esse doce de leite tem um processo diferente dos demais, pois a intenção é coagular a caseína, para formação dos grumos, devido a isso não se adiciona o bicarbonato de sódio como nos outros. Na produção do doce de leite tipo ambrosia o leite é fervido juntamente com o açúcar e o suco de limão. A adição do suco de limão tem o objetivo de aumentar a acidez do leite, por meio do ácido cítrico presente nele, onde o binômio ácido mais aquecimento propicia na desestabilização da caseína do leite, produzindo um doce de leite talhado (esfarinhado), com grumos (coágulos de caseína). 6 Durante a realização da aula prática o doce de leite produzido por duas equipes não obteve resultados esperados, sendo elencados a seguir: - Doce de leite pastoso que acabou talhando: A acidez excessiva do leite e a realização inadequada do método de preparo do doce de leite são as explicativas para este experimento não ter atingido os resultados que se esperava. Em relação a acidez, ao final do procedimento foi observado que o leite estava próximo a data de vencimento, com isso ele já apresentava características de um leite velho, sendo uma delas uma acidez natural mais elevada. Além disso, o manipulador adicionou o bicarbonato durante a fervura do leite, e não antes, que seria o correto. Assim, o bicarbonato, por ser adicionado em menor quantidade (como característico da produção desse tipo de doce de leite) e ter sido acrescentado após o leite já ter sido submetido ao aquecimento acabou não sendo tão eficiente na alcalinização do pH do leite, que estava mais ácido que o convencional, por ele estar velho; ocasionando na desestabilização e coagulação da caseína do leite, produzindo doce de leite tipo ambrosia ao invés de doce de leite pastoso. - Doce de leite tipo brow que não ficou escuro: A provável explicação para essa eventualidade pode ser a deficiência no aquecimento (temperatura baixa) e/ou a adição de uma quantidade insuficiente de bicarbonato para promoverem uma adequada reação de Maillard, levando a um escurecimento ineficiente do doce de leite, descaracterizando-o como do tipo brow. A reação de Maillard pode ser afetada por diversos fatores entre eles a temperatura e o pH. Tendo em vista que a velocidade da reação é lenta a temperaturas mais baixas, e quanto menos alcalino o pH menor a aceleração da reação; conclui-se que o leite não foi submetido as condições necessárias para a produção do doce de leite brow, por isso o resultado obtido não foi o esperado. Experimento II – Escurecimento de maçãs. Oxigênio do ar Água pura Ácido ascórbico 1% Ácido ascórbico 5% Suco de limão +++ ++ 0 0 0 Tabela 2 – Resultado do experimento de escurecimento de maçãs. Escala da tabela: 0 (clara); ++ (moderadamente escura); +++ (muito escura). 7 - Oxigênio do ar Neste experimento se observou um crescido escurecimento, pois o contato direto da maçã com o ar permitiu a ação da enzima polifenoloxidase, presente nesta. Esta enzima, presente fisiologicamente na maçã, na presença do oxigênio, captou os substratos presentes na maçã e os converteu em compostos denominados melanoidinas, estes pigmentos escuros que provocaram o escurecimento da mesma. - Água pura Na maçã imersa em água houve um escurecimento levemente moderado, pois, a mesma estava em contato parcial com o ar apenas, porque a água impede o contato direto da maçã com o oxigênio do ar, provocando uma leve inativação de suas atividades; assim a mesma agiu de forma mais devagar o que levou a uma menor velocidade na produção de melanoidinas, e consequentemente um escurecimento mais demorado. - Ácido ascórbico a 1% Neste experimento houve uma eficiente paralização da atividade da enzima PPO, visto que o ácido ascórbico é um antioxidante, o que propicia um efeito de inibição das atividades oxidativas da enzima; por isso, mesmo após um determinado período, não houve escurecimento na maçã imersa nessa solução. - Ácido ascórbico a 5% Assim como no experimento do ácido ascórbico, e pelo mesmo motivo, nesse experimento houve uma eficiente inativação das atividades da enzima polifenoloxidase. Entretanto, por estar em uma maior concentração que o experimento anterior, essa solução provocou uma desestruturação da maçã. Assim, a maçã permaneceu clarificada, porém, após um tempo, estava se desmanchando, pois, a solução estava ácida demais. - Suco de limão Este experimento também foi eficiente na paralização das atividades enzimáticas, pois o suco do limão é ácido, devido a presença do ácido cítrico, que inativou a enzima; devido a isso a maçã permaneceu clara. 5. CONCLUSÃO As reações que acontecem nos alimentos podem ser benéficas, como no caso da produção de doce de leite, onde ocorre o escurecimento não enzimático; ou 8 podem ser reações indesejáveis, como o escurecimento enzimático, que alteram as características e as propriedades organolépticas dos alimentos, como no escurecimento de maçãs. Quando se trata da reação enzimática ou oxidativa, em que há um escurecimento provocado pela enzima PPO (polifenoloxidase), na qual, quando a superfície do alimento entra em contato com o ar, usa os substratos presentes no alimento para produção de compostos, denominados melanoidinas, que são os pigmentos escuros característicos desse tipo de escurecimento. Existem diversos métodos eficientes que podem controlar esse tipo de reação, como exemplo tem-se a imersão do alimento em água potável, pois nesse procedimento a enzima vai agir de forma mais lenta porque está havendo apenas um contato parcial dela com ar, retardando o escurecimento; imersão em uma base diluída em água, que pode ser o suco do limão, que por ter o ácido cítrico vai modificar o amido impedindo a ação da PPO; imersão em ácido ascórbico diluído, pois este é uma solução antioxidante, o que impede a ação da enzima, entretanto a quantidade de ácido deve ser controlada, pois se adicionar em excesso pode provocar a desestruturação do alimento; além desses, outro método eficiente é o branqueamento; tais métodos foram vistos e comprovados eficiência na dada aula prática. A respeito da reação não oxidativa ou não enzimática, tem-se como principal exemplo a reação de Maillard, que é uma reação entre o grupamento amino do aminoácido com o carbonila do açúcar, na presença de aquecimento e água; essa reação promove características de aroma, sabor e textura específicos e agradáveis aos alimentos. Seu controle pode ser feito pelo monitoramento do pH do alimento, sendo que um pH mais próximo da neutralidade é melhor para a reação, onde essa alcalinização pode ser feita pela adição de bicarbonato de sódio (a quantidade adicionada é proporcional a velocidade da reação, quanto maior a quantidade acrescentada mais alcalino o alimento fica, e consequentemente mais rápido irá acontecer a reação de Maillard) e da temperatura aplicada na cocção, na qual temperaturas mais altas aceleram a reação; estas formas de controle do escurecimento não enzimático também foram vistos nesta aula pratica. Tendo em vista isso foi possível concluir que as reações podem ser controladas, melhoradas, prevenidas, aceleradas, lentificadas etc, conforme o objetivo do indivíduo e do tipo de reação de escurecimento, se enzimática ou não enzimática. 9 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLIVEIRA, Talita; SOARES, Nilda; PAULA, Cláudia; VIANA, Giulliano. Uso de embalagem ativa na inibição do escurecimento enzimático de maçãs. Ciências Agrárias. Londrina. v. 29, n. 1, p. 117-128, jan. /mar. 2008. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/viewFile/2861/242 6>. COSTA, Amauri. Estudo de conservação de pêssego [Prunus persica (L.) Batsch] minimamente processado. Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial. Universidade Federal de Pelotas. 2010. Disponível em: <http://dctaufpel.com.br/ppgcta/manager/uploads/documentos/teses/tese_amau ri.pdf>. SOUZA, Aline Francieli; LEÃO, Marcelo. Análises dos métodos mais eficientes na inibição do escurecimento enzimático em frutas e hortaliças. Centro Científico Conhecer. Goiania. v.8, n.15; p.117. 2012. Disponível em: <http://www.conhecer.org.br/enciclop/2012b/ciencias%20agrarias/analises%20 dos%20metodos.pdf>. CAMPBELL-PLATT, Geoffrey. Ciência e tecnologia de alimentos. Tradução por Sueli Rodrigues Coelho e Soraya Imon de Oliveira. Barueri, São Paulo. Manole, 2015. NESPOLO, Cássia Regina; et al. Práticas em tecnologia de alimentos. Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Artmed, 2015. MELO, Igor Henrique; BARBOSA, Calionara Waleska. Reação de Maillard em alimentos: um estudo de revisão. II Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Ciências. Disponível em: <http://editorarealize.com.br/revistas/conapesc/trabalhos/TRABALHO_EV070_ MD1_SA20_ID340_12032017211336.pdf>.
Compartilhar