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DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO – DRGE ANATOMIA ESOFÁGICA Possui dois esfíncters: 1. Esfíncter esofagiano superior (EES) 2. Esfíncter esofagiano inferior (EEI) Qualquer fragilidade no EEI pode resultar em regurgitação gástrica. INTRODUÇÃO É uma afecção crônica secundária ao refluxo patológico de parte do conteúdo gástrico para o esôfago. O refluxo casual, durante as refeições e de curta duração é fisiológico. O refluxo patológico é decorrente, contínuo, havendo retorno de grande volume. Isso pode prejudicar a mucosa esofágica levando a sintomas próprios ou complicações. EPIDEMIOLOGIA Prevalência em torno de 12-20% da população. FATORES DE RISCO - Idade - Sexo feminino - Hérnia hiatal - Fatores genéticos - Obesidade - Gestação FISIOPATOLOGIA Refluxo patológico pode ser causado por: · Relaxamento transitório do EEI · Hipotensão do EEI · Condições anatômicas (como hérnia de hiato). O que pode reduzir a pressão de EEI: · Agonistas beta-adrenérgicos (inalantes) · Bloqueadores do canal de cálcio · Diazepam · Estrógeno e Progesterona · Narcóticos · Antidepressivos tricíclicos · Alimentos (cafeína, chocolate, menta, álcool, coca cola, sucos cítricos, produtos a base de tomate, vinagre). · Hábitos – aumento de peso, tabagismo e alimentar-se antes de deitar. O que causa injuria direto na mucosa: · AAS · Ferro · AINES · Cloreto de potássio · Tetraciclina (e antibióticos no geral). Fatores críticos do esôfago: · Tônus do EEI · Frequência e duração do relaxamento transitório do EEI (comandado pelo córtex cerebral, por ocorrer várias vezes ao dia pode implicar em DRGE). · Acidez do conteúdo gástrico – pH menor do que 4 resulta em maior severidade da doença. · Tempo de permanência do ácido gástrico no esôfago. · Presença de hérnia hiatal. Consequências do refluxo gastroesofágico p/ mucosa esofágica: · Erosões na mucosa esofagiana – 30% dos pacientes cursam com a forma erosiva do DRGE. Sendo assim, a forma não erosiva é mais comum. · Dilatação do espaço intercelular - alteração do epitélio esofagiano · Alterações celulares. CLASSIFICAÇÃO DRGE Classificado em DRGE erosiva e não erosiva. DRGE EROSIVA: Essa classificação (erosiva) só pode ser diagnosticada mediante endoscopia digestiva alta (EDA). DRGE NÃO EROSIVA: Mais prevalente (70% dos pacientes). Paciente apresenta sintomas de DRGE, mas sem erosões mediante realização da EDA. QUADRO CLÍNICO Paciente pode apresentar sintomas típicos e atípicos. Sintomas típicos: · Pirose · Regurgitação · Frequência >2x na semana com duração de 4 a 8 semanas. Sintomas atípicos: · Dor torácica retroesternal não cardíaca · Tosse crônica seca · Disfonia/Rouquidão · Otites · Sinusites de repetição · Globus · Apneia do sono · Pneumonias aspirativas · Pigarro · Alteração do esmalte dentário · Laringite crônica · Halitose DIAGNÓSTICO Diagnóstico é clinico, associado ao teste terapêutico. Diagnóstico clínico: · Pirose (+ comum) ou outro sintoma (típico ou atípico) presente por duas ou mais vezes por semana, em um período mínimo de 4 a 8 semanas. Teste terapêutico: · Importante medida diagnóstica. · Realizar administração de Inibidor de Bomba de Próton (IBP) em dose plena (40MG AO DIA) por 4 a 8 semanas. Caso teste terapêutico não seja resolutivo, conduzir com EDA. Exames complementares: EDA – possível identificar complicações como esofagite, estenose péptica, esôfago de Barret, adenocarcinoma e ulcerações. Deve ser solicitada quando: · Presença de sinais de alarme (melena, hematêmese, emagrecimento, disfagia, odinofagia, anemia). · Sintomas refratários ao tratamento instituído · Teste terapêutico não resolutivo · Historia prolongada de pirose >5 anos · Idade >40 anos · Histórico familiar de neoplasia gástrica. P/ avaliar grau de esofagite na EDA CLASSIFICAÇÃO DE LOS ANGELES. FLUXOGRAMA DE PEDIDO DE EDA: RX CONTRASTADO DO ESOFAGO – indicado para avaliação anatômica do esôfago, além de permitir analisar o funcionamento esofágico como o tempo de trânsito do contraste e motricidade do órgão. Possui baixa sensibilidade no diagnóstico da DRGE. Indicação para realização: presença de disfagia, odinofagia, suspeita de estenose. Pacientes chagásicos, podem ser acometidos com megaesôfago chagásico (acalasia). CINTILOGRAFIA – pouco disponível, em razão do preço (muito caro). Capaz de identificar refluxo do conteúdo gástrico. Util na DRGE com manifestações atípicas. MANOMETRIA CONVENCIONAL MANOMETRIA DE ALTA RESOLUÇÃO – não apresenta grande vantagem p/ ser utilizado no diagnóstico de DRGE. PHMETRIA DE 24H – PADRÃO OURO DIAGNÓSTICO Positivo para DRGE quando pH esofágico < 4,0 por mais de 7% do tempo do exame. Indicado p/ pacientes portadores da forma não erosiva da DRGE, candidatos à tratamento cirúrgico, sintomas refratários ao tratamento clínico e em qualquer situação em que o diagnostico é questionado. COMPLICAÇÕES DA DRGE · Estenose péptica do esôfago (5%) · Úlceras esofágicas · Asma · Esôfago de Barret · Adenocarcinoma ESOFAGO DE BARRET Ocorre metaplasia intestinal (substituição do tecido natural esofágico por um semelhante à aquele que reveste o intestino). O intuito do tratamento do Esôfago de Barret é evitar que a mucosa continue sofrendo mutações e evolua para adenocarcinoma de esôfago. Logo, Esôfago de Barret fator de risco p/ câncer de esôfago. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DRGE · Elevação da cabeceira de 15 a 20cm · Reduzir e evitar alimentos gordurosos, cítricos, café, bebidas alcoolicas e gaseificadas. · Evitar deitar após as refeições. · Evitar refeições copiosas · Fracionar a dieta · Cessar tabagismo · Evitar líquidos durante as refeições · Perda ponderal TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DRGE Bloqueadores do receptor H2 de histamina CIMETIDINA · Indicado em casos leves da doença. Antiácidos hidróxido de alumínio ou magnésio, sal de frutas, sonrisal... · Auxiliam a neutralizar a secreção ácida, com efeito curto. · Deve ser utilizado para alivio momentâneo dos sintomas. · Não conseguem reduzir a quantidade produzida de ácido clorídrico. Procinéticos domperidona, metoclopramida, bromoprida. · Indicado para pacientes que apresentam sinais de gastroparesia (náuseas, saciedade precoce, plenitude pós-prandial, enfaixamento, empanzinamento...). · Esses fármacos promovem um esvaziamento gástrico mais rápido e efetivo, de maneira que evita e dificulta o refluxo. · Administrar antes das refeições. · Como possível efeito colateral galactorreia. Inibidores da Bomba de Prótons (IBP) omeprazol (disponível no SUS), pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol, rabeprazol. · São os mais eficazes em reduzir a produção de ácido (em até 98%). · Utilizar dose plena (40mg) durante 4-8 semanas no tto inicial da DRGE não complicada. · Dose dobrada/máxima (80mg) em pacientes com a forma complicada da doença (Barret, estenose, esofagite severa, úlceras). E também em pacientes com manifestações atípicas da DRGE, por período prolongada (>6 meses). TRATAMENTO CIRÚRGICO Fundoplicatura parcial ou total reestabelece a competência do EEI. Geralmente é feita por via laparoscópica, mas também pode ser realizada a cirurgia aberta. Indicada em casos de refratariedade ao tratamento clínico, principalmente se houver persistência da regurgitação e/ou hérnia de hiato associada. Indicada também para pacientes impossibilidade de utilizar IBP a longo prazo (por problemas financeiros, alergia medicamentosa ou opção pessoal).
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