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Resumo da Malu – 2020.1 Biotina – Vitamina B7 ou H Histórico → 1901: • Eugene Wildiers – realizou pesquisas com leveduras, e foi observado que essas leveduras necessitavam de uma substancia orgânica acessória para se desenvolverem adequadamente • Essa substância foi denominada de fator bios → 1927: • Margaret Boas – descobriu a doença da clara do ovo • Doença da clara do ovo – foi descoberta a partir de um experimento com ratos alimentados por 21 dias apenas com clara de ovo crua como fonte de proteína, e esses animais apresentaram perda de peso, dermatite, alopecia e desordens neuromusculares → 1936: • Fritz Kogl e Brenno Tonnis – isolaram uma substancia cristalina proveniente de gemas de ovos de patas, a qual denominaram de biotina → acreditavam que se tratava de um dos componentes do fator bios → 1939: • Paul Gyorgy – denominou a substancia cristalina que evitava a “doença da clara de ovo” de vitamina H • O nome da vitamina H foi dado em referência a palavra pele em alemão (haut) • Concluiu-se que a vitamina H e a biotina eram o mesmo composto → 1943: • Merck and Company – foi possível a produção de biotina sintética pela primeira vez → 1960: • Foi reconhecido o papel da biotina como vitamina Características Químicas • Sua estrutura química é bicíclica • Composta por um anel imidazólico contendo um grupo ureído (NH – C – NH) + anel tetrahidrotiofeno contendo uma ligação tio éster (R-S-R) + cadeia lateral de ácido valérico • O grupo ureído é fundamental pra que essa vitamina efetue sua função de coenzima no transporte de CO2 Absorção, Transporte e Excreção • Está presente nos alimentos na sua forma livre ou conjugada a proteínas • Quando conjugada a proteínas, sofrerá ação de proteases gastrointestinais para possibilitar sua absorção • Após a hidrólise da proteína é liberado um composto chamado biocitina (biotina + 1 resíduo de lisina) • A biocitina sofrerá hidrólise pela ação da enzima biotinidase (enzima altamente específica encontrada no suco pancreático e na mucosa intestinal) liberando a biotina livre que poderá ser absorvida na mucosa intestinal • A biotinidase também pode atuar como proteína carreadora da biotina realizando o transporte dessa vitamina no sangue e no meio intracelular → Absorção Intestinal: • Na borda em escova, vai ocorrer por transporte ativo dependente de sódio contra o gradiente de concentração • Na membrana basolateral do enterócito, ocorre por transporte passivo a favor do gradiente de concentração, sendo eficaz no jejuno e lenta no íleo e cólon • A maior absorção ocorre na porção superior do intestino delgado, ou seja, no duodeno e jejuno, reduzindo de forma progressiva em direção ao intestino grosso • Na mucosa do cólon, também há absorção de quantidades consideráveis de biotina, por conta da síntese de biotina feita pela flora intestinal → mas essa absorção é menor do que do duodeno e jejuno → Transporte: • Na circulação sanguínea, aproximadamente 80% circula na sua forma livre, dissolvida no plasma, ou conjugada à enzima biotinidase, ligada à albumina ou a globulinas → Excreção: • Ocorre na sua forma de 3-hidroxi-isovalérico Resumo da Malu – 2020.1 Funções Metabólicas • Sua principal função participar de reações de carboxilação e descarboxilação • Age como coenzima de diferentes carboxilases – realizam o transporte e fixação de CO2 em reações de diversas vias metabólicas (gliconeogênese, síntese e degradação de ácidos graxos, síntese de PTNs, degradação de AAs específicos) • A biotina se liga às carboxilases através de uma ligação amida feita entre o grupo carboxila presente no ácido valérico da estrutura da biotina, e o grupo amino presente em um resíduo de lisina da carboxilase (que até então está inativa) • Quando a biotina se liga ao sítio ativo da carboxilase é formado a enzima carboxibiotina – intermediário responsável pela transferência do CO2 → Piruvato Carboxilase: • É uma enzima da via da gliconeogênese – via metabólica responsável por produzir glicose a partir de precursores que não são carboidratos (lactato, piruvato, glicerol e aminoácidos glicogênicos) • Tem como coenzima a biotina • Responsável por catalisar a conversão do piruvato em oxalacetato • Enzima reguladora da via da gliconeogênese (responsável pela primeira reação da via) • A reação ocorre, inicialmente com o CO2 vindo de uma molécula de bicarbonato sendo ligado à biotina, formando a carboxibiotina • Em seguida, esse CO2 da carboxibiotina é transferido ao piruvato formando o oxalacetato em uma reação que requer gasto de energia • O oxalacetato será transformado em fosfoenolpiruvato, seguindo na via da gliconeogênese até a síntese da glicose → Acetil-CoA Carboxilase: • Participa da síntese de ácidos graxos • Catalisa a primeira etapa da biossíntese de ácidos graxos atuando como enzima reguladora dessa via metabólica • Catalisa a síntese reversível de malonil-CoA a partir de acetil-CoA • A reação de carboxilação ocorre em 2 passos: - Primeiramente, o CO2 proveniente de uma molécula de bicarbonato é transferido para a biotina em uma reação dependente de ATP, formando a carboxibiotina - Em seguida, a carboxibiotina transfere seu CO2 para o acetil-CoA formando o malonil-CoA, que vai entrar em um processo de condensação catalisado pela enzima ácido graxo sintase, resultando na formação de ácidos graxos → Propionil-CoA Carboxilase: • Enzima fundamental para a oxidação de ácidos graxos com número ímpar de carbonos • O propionato é um ácido graxo com 3 carbonos, sofrendo um processo de esterificação no fígado, pela ação da enzima acil-CoA sintetase, resultando em propionil-CoA • Em seguida, esse propionil-CoA vai ser carboxilado pela propionil-CoA carboxilase, resultando D-metilmalonil-CoA - Ocorre através da carboxilação da biotina pelo íon bicarbonato mediante o gasto de ATP formando o carboxibiotina, que vai transferir o seu CO2 para o propionil-CoA transformando-o em D-metilmalonil-CoA • A enzima metilmalonil-CoA racemase catalisa a conversão do D-metilmalonil-CoA em L-metilmalonil-CoA, • O L-metilmalonil-CoA servirá de substrato para a enzima metilmalonil-CoA mutase que irá converter esse composto em succinil-CoA (intermediário do C. Krebs) • A propionil-CoA carboxilase é uma enzima fundamental no metabolismo de aminoácidos isoleucina, metionina e valina • Estes AAs possuem rotas metabólicas de degradação extremamente complexas, resultando na produção de propionil-CoA Resumo da Malu – 2020.1 • Essa enzima promove a conversão dos ácidos graxos de cadeia impar e os aminoácidos metionina, isoleucina e valina em succinil-CoA (intermediário do C. Krebs) → 𝛽-metilcrotonil-CoA Carboxilase (MCC): • Participa do catabolismo da leucina • Consiste na conversão da leucina em acetoacetato ou em acetil-CoA • A leucina é um aminoácido cetogênico, uma vez que o acetoacetato é um corpo cetônico e o acetil-CoA é um precursor para a síntese de corpos cetônicos • O processo de catabolismo da leucina envolve uma série de reações enzimáticas, e dentre elas destaca-se a etapa de carboxilação • É uma carboxilação reversível do 𝜷-metilprotonil-CoA em 𝜷-metilglutaconil-CoA, é catalisada pela metilcrotonil-CoA carboxilase, que é uma enzima mitocondrial cuja atividade depende da biotina e de ATP Fontes e Recomendações • Cereais integrais, cerne vermelha, couve, frutas oleaginosas e vermelhas, peixes e cenoura • Recomendações diárias: - AI – ingestão adequada Hipovitaminose • Pode ser causada por: - Baixa ingestão da vitamina - Deficiência de biotinidase - Consumo de ovo cru de forma exagerada – visto que a clara do ovo contém avidina, uma glicoproteína que se complexa com a biotinae impede sua absorção interferindo na sua biodisponibilidade • Sintomas: - Dermatite esfoliativa, alopecia, conjuntivite, cetoacidose, hipotonia, ataxia e retardo de desenvolvimento em bebes e crianças Hipervitaminose • Rara em humanos levando em consideração que ela é uma vitamina hidrossolúvel Análise Laboratorial → Excreção Urinária de Biotina: • A concentração dessa vitamina excretada é muito baixa • Essa baixa concentração pode ser dosada por meio de ensaios microbiológicos ou a capacidade de ligação com a avidina • Será separado e quantificado por HPLC (high performance liquid chromatography) → Excreção urinária de Ácido 3-hidroxi-isovalérico (3-HIA): Outras informações • O Ministério da Saúde possui o Programa de Triagem Neonatal (PNTN) • Dentre os principais objetivos desse programa pode-se destacar a triagem de diferentes patologias, como: - Fenilcetonúria e outras aminoacidopatias - Hipotireoidismo congênito - Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias - Fibrose Cística - Hiperplasia adrenal congênita - Atividade da biotinidase → sua deficiência é considerada um erro do metabolismo, de herança autossômica recessiva, influenciando na absorção e biodisponibilidade da vitamina
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