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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 18ª VARA DE FAMÍLIA DO FORO DA COMARCA DA CAPITAL – RJ AUTOS DO PROCESSO DE Nº: xxx REQUERIDA, já qualificada nos autos do processo em epígrafe da AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS que lhe move REQUERENTE, também qualificado acta apud, vem tempestivamente à douta presença de Vossa Excelência, por seu advogado infra signatário, com fulcro no artigo 335 e seguintes do Código de Processo apresentar sua C O N T E S T A Ç Ã O a presente ação, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a aduzir: PRELIMINARMENTE: I – DA TEMPESTIVIDADE DA PRESENTE CONTESTAÇÃO: Nos termos do artigo 335, inciso III, c/c artigo 231, inciso II, ambos do Código de Processo Civil, o marco de contagem do prazo de contestação é a juntada aos autos do mandado cumprido pelo Ilmo. Sr. Oficial de justiça, sendo contados apenas os dias úteis (artigo 219). A certidão positiva de citação de fls. 23 foi juntada aos autos em XX de XXX p. p., sendo que o prazo peremptório para a apresentação da presente contestação, descontados os dias não úteis e o recesso forense previsto no artigo 220, é o dia XX de XXX de 2020, sendo a presente, plenamente tempestiva. II – BREVE SÍNTESE DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL: A parte autora completou 24 anos em fevereiro. Atualmente encontra-se desempregada e cursando o último ano do curso de Gestão de Recursos Humanos na universidade particular. A autora não possui outra fonte de renda que não seja a pensão que recebe do requerente, seu pai, no valor de R$500,00 (quinhentos reais). III – DO DIREITO: O artigo 1694 do Código Civil, preleciona que “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação”. Mais adiante, o artigo 1696: “O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros”. Se é verdade que o pensionamento não pode servir de estímulo ao ócio, devendo quem os recebe sempre se esmerar para conseguir se sustentar às suas expensas, fato é que dada as exigências do mercado atual de trabalho, mister se faz o auxílio do genitor, sobretudo na fase de graduação, mesmo após a maioridade civil do alimentado. É o que tem decidido os tribunais. Confira-se: EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS – Maioridade – Comprovação pelo filho de que frequenta curso de ensino superior – Alimentando que ainda não reúne condições para prover a própria subsistência – Necessidade do auxílio financeiro paterno – Ausente prova de que o genitor está impossibilitado de prestar alimentos – Sentença mantida – Aplicação do disposto no art. 252 do Regimento Interno deste Tribunal – RECURSO NÃO PROVIDO. (Grifamos) neste sentido: Ação de Alimentos. Filha maior que necessita de ajuda para custear o curso de Farmácia. Maioridade, por si, não autoriza a automática cessação da obrigação alimentar. Comprovada a possibilidade do Réu e a necessidade da Autora. Condenação do Réu ao pagamento de multa no importe de 20% do valor da causa, nos termos do parágrafo único, do artigo 14 do CPC. Afastamento excepcional. Sentença reformada em parte. Recursos parcialmente providos. (Grifamos) (TJ-SP; Apelação 0103894-71.2009.8.26.0003; Relator: João Pazine Neto; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional III - Jabaquara - 1ª Vara da Família e Sucessões; Data do Julgamento: 15/05/2012; Data de Registro: 16/05/2012). Evidente que os alimentos, até o atingimento da maioridade civil, têm origem no poder familiar. A maioridade dos filhos e a cessação do poder familiar (artigos 5º e 1.630 e seguintes, do Código Civil), não faz cessar automaticamente a obrigação de prestar alimentos. Com essa ocorrência cessa apenas o dever de sustento, mas é mantido o parentesco, logo, persiste a obrigação de auxílio, até prova em contrário. O Poder Judiciário vem adotando, por analogia, o Regulamento do Imposto de Renda (artigo 82, § 3º, do Decreto 58.400/1966 e Lei 1.474/1951) como referência, que garante a prestação de alimentos até que o filho complete 24 anos de idade e/ou esteja estudando, ressalvada a hipótese de possuir rendimento próprio, portanto, diferente do quanto alegado pelo requerente, não se aplica o termo para a cessação do dever de prestar alimentos pelo simples atingimento maioridade. Apenas estes deixam de ter origem no poder familiar e passa a ter origem no dever de prestar alimentos acima descrito. Logo, a requerida conta hoje com a idade de 24 anos e cursa nível superior, preenchendo in totum, os requisitos para recebimento dos alimentos em tela. IV – DAS RAZÕES DA IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO: Com a devida vênia e respeito ao trabalho do causídico adverso, não se espera de Vossa Excelência, outra solução que não a improcedência da presente demanda. Isto porque, conforme já frisamos, a requerida é regularmente matriculada em curso superior (Doc. 1), não exerce atividade remunerada, não tendo como se sustentar sem o auxílio do genitor, devendo à luz do quanto disposto no artigo 1695, do Código Civil, serem mantidos os alimentos nos patamares que se encontram. Frise-se, por oportuno, que o percentual hodiernamente pago (XX%) está em perfeita consonância com o binômio norteador da responsabilidade alimentar, qual seja, as possibilidades de quem os oferta e a necessidade de quem os recebe. Note-se Excelência, que em nenhum momento o autor alegou impossibilidade de prestar os alimentos ou a superveniência de alteração seja nas suas condições, seja nas necessidades da requerida. Antes, escorou sua pretensão, única e exclusivamente na maioridade civil atingida pela filha, chegando a dizer que ante tal maioridade, não teria qualquer obrigação de auxílio financeiro à filha, como se filho fosse uma prestação a ser adimplida por prazo determinado (neste caso, 18 anos). Fosse assim, a exoneração seria automática e definitiva, não sendo possível sua manutenção pós maioridade. Assim, sequer o exercício imaginário da alteração do binômio acima pode socorrer ao autor em sua pretensão exoneratória. Desta feita, diante do exposto, requer a: VI – CONCLUSÃO: a) No mérito, julgar totalmente improcedente os pedidos deduzidos na presente ação, pela fundamentação retrô, extinguindo o processo com fulcro no artigo 487, inciso I, do Digesto Processual Civil vigente, condenando o requerente nos ônus sucumbenciais, nos patamares máximos, tudo nos termos do artigo 85, do Código de Processo Civil; b) atendendo ao princípio da eventualidade, caso seja o entendimento de Vossa Excelência, em sentido contrário ao quanto requerido acima, o que se admite apenas por amor ao debate, requer a redução dos alimentos em tela para, no mínimo, XX% dos vencimentos do autor, assim considerados todas as suas verbas remuneratórias, excluindo-se apenas as contribuições previdenciárias e o IRPF retido na fonte; Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, mormente as provas testemunhais, bem como o depoimento pessoal da requerente, o que fica desde já requerido. Nestes termos, pede e espera deferimento. Cidade, data. Advogado OAB/UF