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Yanes Lara – Oncologia Urgências e Emergências Oncológicas HIPERCALCEMIA DA MALIGNIDADE → Hipercalcemia é a medida do cálcio sérico >10,5 mg/dL ou a medida do cálcio ionizado (Cai) > 5,5 mg/dL (2,88 mmol/L), nos pacientes com neoplasia maligna. Etiopatogenia - Sua ocorrência é sinal de mau prognóstico, com mortalidade de cerca de 40% em 1 mês. - Comumente associada a mieloma múltiplo, câncer de mama, rim, pumão e cabeça e pescoço. Em tumores sólidos, a histologia mais comum é o carcinoma espinocelular. - Necessário excluir causas não oncológicas, como hiperparatireoidismo primário, reposição de cálcio e uso de diuréticos tiazídicos. Quadro Clínico - A maior parte dos pacientes são assintomáticos. - Sinais e sintomas mais comuns: → Náuseas e vômitos; → Confusão mental; → Poliúria; → Desidratação. → Rebaixamento do nível de consciência (obnubilação, torpor ou coma); → Constipação intestinal; → Hiporexia → Dor abdominal. Diagnóstico - Câncer + Sintomas = Elevação sérica do Cálcio. - Quanto mais aguda, mais pronunciados e graves serão os sinais e sintomas. Tratamento - Após a estabilização clínica é preciso considerar o tratamento da doença de base conforme a performance do paciente e o estadiamento da doença oncológica. - Remover reposição de cálcio da prescrição, suspender tiazídicos, lítio, vitamina D ou outros medicamentos que causem hipercalcemia. Bifosfonatos - Muito eficazes. Agem inibindo a reabsorção óssea por osteoclastos. - Seu pico de ação é em torno de 48 a 72 horas. Efeitos adversos: Síndrome influenza-like, artralgias, hipocalcemia (especialmente em Yanes Lara – Oncologia pacientes com deficiência de vitamina D) e osteonecrose de mandíbula. Denosumabe - Inibidor de RANK-L que é utilizado em pacientes refratários ao uso de bifosfonatos. - Diferente do dos Bifosfonatos, não possui excreção renal, podendo ser usado em pacientes renais crônicos com maior segurança. SÍNDROME DE VEIA CAVA SUPERIOR → Condição clínica que ocorre como resultado da obstrução da VCS com interrupção do retorno venoso da cabeça, pescoço, tórax e membros superiores para o átrio direito. → A obstrução pode ser causada por compressão extrínseca ou invasão. Etiopatogenia - Com o aumento de dispositivos intravasculares, como marcapasso e cateteres venosos centrais, a trombose benigna é responsável por 20% a 40% dos casos. - Os tumores malignos mais relacionados: → Câncer de pulmão não pequenas células; → Câncer de pulmão de pequenas células; → Linfoma não Hodgkin. Quadro Clínico - Edema da face, pescoço e braços, muitas vezes com cianose e pletora. - As veias colaterais podem surgir dos sistemas ázigo, mamário interno, torácico lateral, paraespinhal e esôfago. Elas se dilatam ao longo de várias semanas. - Na doença maligna os sintomas podem ocorrer dentro de semanas a meses. - Os sinais e sintomas da obstrução dependem da proporção na qual a obstrução completa da VCS ocorre em relação ao recrutamento de colaterais venosas. Diagnóstico → Radiografia de tórax; → Ultrassonografia com Doppler; → Tomografia computadorizada (TC) com contraste; → Venografia convencional; - O diagnóstico secundário à malignidade de SVCS, é necessária confirmação histopatológica para tratamento específico direcionado a causa de base. - Avaliar técnicas minimamente invasivas com a condição clínica do paciente. Yanes Lara – Oncologia Tratamento - Etiologia benigna: Necessário retirada do cateter de longa permanência e o ponto início de anticoagulação sistêmica. - Etiologia maligna: Abordagem inicial deve ser guiada pela gravidade da SVCS e pelo diagnóstico histopatológico. Tratamento farmacológico → Anticoagulação; → Glicocorticóides: A duração deve ser curta. → Quimioterapia. Tratamento não farmacológico → Elevação da cabeceira da cama, oxigenoterapia, restrições de fluidos, antieméticos; → Radioterapia; → Colocação de stent endovascular; → Bypass cirúrgico. SÍNDROME DE COMPRESSÃO MEDULAR → Ocorre quando há compressão do saco dural e seus componentes (medula espinhal e/ou cauda equina) por uma massa tumoral extradural. → É a segunda complicação neurológica mais comum nos pacientes com câncer, atrás apenas das metástases cerebrais. → Qualquer neoplasia pode causar SCM, contudo, as mais frequentes em adultos: o Neoplasias de próstata, mama e pulmão; o Linfoma não Hodgkin; o Mieloma múltiplo; o Carcinoma renal; o Câncer colorretal; o Sarcomas. Etiopatogenia - A extensão epidural do tumor leva à compressão do plexo venoso local, ocasionando edema da medula, com posterior aumento da permeabilidade vascular e compressão de arteríolas e capilares, podendo causar isquemia medular progressiva e possibilidade de dano medular permanente. - Mais frequente no segmento torácico, seguido do seguimento lombo-sacral e cervial. Quadro Clínico - Dor é o principal motivo. Inicialmente localizada, aumentando de intensidade no período de poucas semanas, precede os sintomas neurológicos. - Déficit motor é encontrado em 60-80% dos casos. Um pouco mais comum que o déficit sensitivo. Diagnóstico - Deve ser sempre confirmado com exames de imagem. Padrão ouro: RNM de coluna total, sensibilidade de 93%, especificidade de 97% e acurácia diagnóstica de 95%. - Radiografias simples de coluna, quando normais, não excluem o diagnóstico (incidência de falso negativo ). - Vértebras colapsadas associa-se com SCM em até 75%. Tratamento - Os objetivos principais é o controle álgico e a preservação de função neurológica. - O cuidado inclui o repouso no leito com o objetivo de evitar movimentos que causem dor. Yanes Lara – Oncologia Corticosteroides - Deve ser iniciado o quanto antes. Vai reduzir o edema vascular, controlar a dor e funcionar com uma ponte para a cirurgia e/ou radioterapia definitiva. Cirurgia - O tempo entre o diagnóstico e a descompressão cirúrgica é fator prognóstico para evitar sequelas neurológicas. Radioterapia - Ainda é utilizada para pacientes que não são considerados candidatos a cirurgia e após a uma descompressão cirúrgica. A radioterapia é eficaz para paliação de dor e controle local do tumor. NEUTROPENIA FEBRIL → Emergência médica devido à possibilidade de rápida progressão para choque séptico. → Febre pode ser o único sinal de infecção. Epidemiologia - A maioria das infeções documentadas é decorrente de patógenos presentes na flora do paciente. - Bacilos gram-negativos são considerados mais virulentos e associados a infecções de maior gravidade. - O risco de infecções fúngicas aumenta com a duração de neutropenia, sendo raras em pacientes de baixo risco. Candida spp e Aspergillus spp são responsáveis pela maioria das infecções. Patogênese - Neutropenia secundária a efeito citotóxico da quimioterapia; - Redução da capacidade de mobilidade e fagocitose dos leucócitos; - Lesão de barreiras mucosas (mucosite); - Imunodepressão secundária a malignidade primária (ex. deficiência de atividade de linfócitos T). Diagnóstico - A triagem deve incluir o questionamento sobre a realização de terapia oncológica nas últimas 4 – 6 semanas. - Não se deve aguardar o resultado de exames laboratoriais para o início do tratamento. Considerados neutropênicos os pacientes com histórico de febre e quimioterapia recente. - A avaliação do paciente deve conter história detalhada: Doença de base; tipo de tratamento empregado; uso de corticosteroides; uso profilático de antibióticos; histórico prévio de tratamento hospitalar e infecções por germes resitentes. - A avaliação clínica deve priorizar sinais de descompensação/gravidade, como alteração do nível de consciência, dispneia e hipotensão.O Yanes Lara – Oncologia exame físico deve procurar identificar possíveis focos infecciosos: → Pele; → Sítios de punção venosa/inserção de cateteres; → Orofaringe; → Aparelho respiratório; → Trato gastrointestinal; → Região perianal/gênito-urinário. - Conforme a avaliação, os pacientes serão estratificados em: → Baixo risco: período de neutropenia grave esperado < 7 dias, ausência de comorbidades significativas ou evidências de disfunção hepática ou renal (maioria dos pacientes em quimioterapia para tumores sólidos); → Alto risco: período de neutropenia grave esperado > 7 dias, presença de comorbidades significativas, evidência de disfunção hepática ou renal. Tratamento - Antibióticos de amplo espectro devem ser administrados até 30 – 60 minutos após a admissão, e em doses máximas, ajustadas para função renal e hepática. - Os pacientes devem ser monitorados quanto os sinais vitais, nível de consciência e performance status. Yanes Lara – Oncologia Profilaxia - O uso profilático de quinolonas (ex. levofloxacina, ciprofloxacina) apresenta evidências de redução da frequência de episódios de neutropenia febril e infecções documentadas em pacientes de alto risco. A profilaxia deve ser considerada para pacientes com expectativa de neutropenia grave com duração > 7 dias.
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