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Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
SEMINÁRIO I - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL 
 
 
Andressa Sehn da Costa 
 
1. Recurso administrativo protocolado intempestivamente tem o 
condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário? Fundamentar 
sua decisão observando o que dispõe o art. 35 do Decreto Federal n. 
70.235/72: “Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será encaminhado ao 
órgão de segunda instância, que julgará a perempção.” 
O STJ possui diversos entendimentos1 no sentido de que o recurso intempestivo 
mantém a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, tendo em vista que, nos 
termos do art. 151, III e art. 174 do CTN, enquanto perdurar o contencioso administrativo 
o contribuinte não pode ser cobrado, pois apenas com o trânsito em julgado da decisão 
definitiva da instância administrativa e com a notificação do contribuinte é que o crédito 
tributário é definitivamente constituído. 
Contudo, também dispõe o art. 42 do Decreto n. 70.235/75 que são definitivas as 
decisões “de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este 
tenha sido interposto”. E nesse sentido também já houve posicionamento do TRF4 no 
sentido de que a “impugnação intempestiva não dá início à fase litigiosa do 
procedimento e não suspende a exigibilidade do crédito tributário”2. 
Dessa forma, entendo que se o recurso intempestivo pudesse suspender a exigibilidade, 
o contribuinte estaria, em última análise, a se beneficiar do fato de protocolizar recurso 
fora do prazo, pois a ninguém é dado se valer da própria torpeza. 
 
2. Considerando a presunção de legitimidade dos atos administrativos, 
a quem compete o ônus da prova nos recursos e impugnações? Até que 
momento o contribuinte (recorrente) pode juntar aos autos do processo 
administrativo provas documentais? Diante do que dispõem os arts. 9º e 
10 do CPC/15, apresentadas novas provas pelo contribuinte o julgador 
administrativo deverá dar oportunidade ao Fisco para se manifestar a 
respeito antes de afetar o processo para julgamento? (Vide anexo I, II e III). 
Não é somente o contribuinte que deve instruir o processo administrativo, tendo em vista 
que possui o direito constitucional a ser compelido apenas a pagar tributo cujo fato 
gerador esteja devidamente previsto em lei, até porque é o fisco que possui o ônus de 
provar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. 
Dito isso, “Apenas o lançamento que estiver devidamente respaldado em provas poderá 
ser considerado legítimo, em conformidade com o sistema”3. No mesmo sentido, é o 
 
1 A intempestividade do recurso administrativo não perfaz contexto fático juridicamente relevante para 
afastar o entendimento firmado no STJ acerca do tema. Precedentes: AgRg no AgRg no REsp 
1.478.651/SP, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 13/3/2015; RCD no AREsp 623.936/RO, 
Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19/2/2015; AgRg no Ag 1.094.144/SP, Rel. Ministra 
Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 4/6/2009). 
2 TRF4, AC 5049022-76.2013.404.7100, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio Maurique, 
juntado aos autos em 04/04/2014 
3 DARZÉ. Andréa Medrado. Preclusão da prova no processo administrativo tributário: um falso problema. 
p. 6 
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
entendimento da doutrinadora Fabiana Del Padre Tomé, para quem “É insustentável o 
lançamento ou o ato de aplicação de penalidade que não tenha suporte em provas 
suficientes da ocorrência do evento”4. 
Quanto ao prazo para juntada de documento, trata o Decreto 70.235/72 em seu art. 16, 
§4° que a prova documental, via de regra, deve ser apresentada no momento da 
impugnação, listando em seus incisos as exceções, tais como a impossibilidade de 
juntada nessa oportunidade. 
Desde que não tenha nenhum prejuízo a parte contrária ou não tenha influência na 
decisão proferida, não há que se falar em negativa de prestação. 
 
3. Os tribunais administrativos exercem “jurisdição”? Justifique sua 
resposta, definindo “jurisdição”. Podem, no ato de julgar, afastar a 
aplicação de Decreto sob a alegação de sua ilegalidade para com a Lei. 
Pode a decisão administrativa inovar o feito, agravando o lançamento por 
ocasião do julgamento da defesa do contribuinte? 
De acordo com as lições de Carlos Alberto Alvaro de Oliveira e Daniel Mitidiero, “A 
jurisdição é antes de tudo poder – é uma das manifestações do poder do povo (art. 1º, 
parágrafo único, CRFB), canalizando no Estado, cujo exercício se leva a cabo por meio 
da função judiciária. A jurisdicionalidade de um ato é aferida na medida em que é fruto 
de um órgão estatal, dotado de império, investido em garantias funcionais que lhe 
outorgam imparcialidade e independência, cuja função é aplicar o direito (e não apenas 
a lei) de forma específica, dotado o seu pronunciamento de irrevisibilidade externa”5. 
Destaca-se o requisito da irrevisibilidade externa, que, segundo os mesmos autores, 
significa a impossibilidade de revisão da decisão por entidade que não seja integrante 
dos quadros do Poder Judiciário. Ou seja, “A irrevevisibilidade consiste em que cabe à 
jurisdição dar a última palavra sobre as situações colocadas ao seu exame.” 
Assim, considerando que os tribunais administrativos não dão a última palavra, pois o 
Poder Judiciário pode ser acionado para reexame (princípio da inafastabilidade da 
apreciação judicial6) confirma o fato de que não exercem jurisdição. 
No entanto, embora não exerçam jurisdição, esses tribunais efetuam importante função 
ao realizar controle de legalidade dos próprios atos da administração. Corroroba com 
esse entendimento Andréa Darzé, quando arguiu que a sua finalidade “não é solucionar 
conflitos de interesses entre particular e o Poder Público, ainda que o faça 
mediatamente. Sua razão de ser é controlar a legalidade dos atos de constituição do 
crédito tributário”7. 
 
4. Qual a aplicabilidade do CPC/15 ao processo administrativo tributário? 
Os enunciados das súmulas vinculantes devem ser observados pela 
Administração Pública? E os demais enunciados das súmulas do STF em 
matéria constitucional e do STJ em matéria infraconstitucional? E os 
 
4 TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2011. p. 272 
5 OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de; MITIDIERO, Daniel. Curso de Processo Civil: volume 1: teoria geral 
do processo civil e parte geral do direito processual civil. São Paulo: Atlas, 2010, p. 125. 
6 Artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. 
7 DARZÉ. Andréa Medrado. Preclusão da prova no processo administrativo tributário: um falso problema. 
p. 3. 
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
acórdãos em incidente de resolução de demandas repetitivas (vide art. 928, 
II, do CPC/15)? 
A aplicação do CPC é não só supletiva, em complementação ao disposto em 
regulamento próprio, mas também subsidiária, quando inexistente regra nesse sentido8. 
Ainda, a própria Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal, 
prevê no art. 69 que “Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se 
por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei”. 
Em outras palavras, o processo administrativo que tiver regulamentação própria, mas 
apresentar omissões, lacunas ou necessitar de complementação, como meio de 
solucionar e pacificar os conflitos é aplicado o CPC9. 
A Portaria do Ministério da Fazenda 256/09 ao alterar o Regimento Interno do CARF, 
passou a incluir o art. 62-A e §1°10, disciplinando que os entendimentos proferidos pelos 
Tribunais Superiores deverão ser aplicados/observados no âmbito do julgamentos 
administrativos11. 
Entendo que essa medida atende e reforça não só a aplicação do CPC, como também 
o próprio atendimento aos princípios Constitucionais de segurança jurídica, efetividade 
das decisõesjudicias e sobretudo duração razoável do processo, eis que, caso o 
contribuinte não tenha a aplicação desses entendimentos – do STF ou STJ - em âmbito 
administrativo, certamente recorrerá ao poder judiciário. 
 
5. A lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro é aplicada ao 
procedimento/processo administrativo fiscal? Quais as implicações da 
aplicação da LINDB no PAF? Analisar especificamente os artigos 24 e 28 
da referida lei (vide ACÓRDÃOS DO CARF Nª 9202-006.996, 1301-003.284, 
9101-003.839). A desconsideração de negócios jurídicos para 
 
8 De acordo com a previsão do art. 15, do referido diploma processual, dispondo que “Na ausência de 
normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código 
lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente” 
9 Ademais, há tempos, em julgados do próprio órgão administrativo temos o reconhecimento da aplicação 
do CPC, conforme se verifica da ementa: 
Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 25/06/1999 a 24/09/1999 NORMAS PROCESSUAIS. 
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. LEGITIMIDADE PASSIVA Aplicam-
se, subsidiariamente, ao processo administrativo fiscal as normas do Código de Processo Civil, 
como a do seu art. 485 (antigo 267) que permite o conhecimento de ofício das matérias de ordem pública 
ali expressamente enumeradas, entre as quais consta a legitimidade das partes. (CARF, Acórdão 9303-
003.834. Processo 16327.001353/2004- 16. Data de Publicação 11/08/2016. Relator Henrique Pinheiro 
Torres) 
10 Íntegra do referido artigo que se colaciona: 
“Art. 62-A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior 
Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da 
Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos 
conselheiros no julamento dos recursos no âmbito do CARF. 
§ 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento 
dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543-B.” 
11Desde a alteração pela referida Portaria, já encontramos na seara administrativa aplicação dos 
entendimentos proferidos nas cortes, como se verifica: 
Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 MULTA DE 
MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA. Nos termos dos REsp 
962.379 e 1.149.022, submetidos ao rito dos processos repetitivos previsto no art. 543C do Código 
de Processo Civil, portanto, de observância obrigatória no âmbito do Conselho Administrativo de 
Recursos Fiscais, nos termos regimentais, para que se configure a denúncia espontânea nos casos de 
tributos sujeitos a lançamento por homologação, o pagamento deve preceder a constituição da obrigação 
tributária, ou seja, a entrega da DCTF, excluindo-se, inclusive, a multa de mora.(Acórdão 3201- 002.308. 
Número do Processo: 10480.914465/2009-94. Data de Publicação: 10/10/2016) 
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
requalificação dos efeitos tributários por consideração de inexistência de 
propósito negocial pode ensejar a aplicação do artigo 28 da LINDB? 
Recentemente o CARF publicou a Súmula 169, estabelecendo que “O art. 24 do 
decreto-lei nº 4.657, de 1942 (LINDB), incluído pela lei nº 13.655, de 2018, não se aplica 
ao processo administrativo fiscal”, isso porque, em apertada síntese, entendem que 
conforme disposto no art. 146, III da CF, a LINDB não tem caráter de lei complementar 
para regular procedimentos tributários. 
Contudo, em alguns julgados anteriores verifica-se que houve o debate e a divergência 
entre os julgados sobre a aplicação ou não, tendo em vista que tratam de normas gerais, 
a exemplo do acórdão 1301-003.284, julgado em 14/08/18, constando que “A LINDB é 
norma válida, vigente e eficaz, cuja aplicação depende, sobremaneira, da adequação 
do caso concreto às suas previsões normativas, cabendo ao CARF aplicá-la nos casos 
cabíveis”. 
Em seguida, em seu voto, constou a relatora que “há possibilidade de aplicação nos 
casos julgados pelo CARF, inclusive neste. No entanto, há a necessidade de se verificar 
efetivamente e caso a caso qual seria a jurisprudência majoritária à que se refere a lei. 
O que seria a jurisprudência majoritária? Ou seja, questões que num primeiro momento 
não são tão simples de serem verificadas. Tudo isso, no intuito de se assegurar a 
segurança jurídica e o direito adquirido”. Embora a relatora tenha sido vencida no caso, 
o levantamento do questionamento é de suma importância. 
Entendo que, se há um Tribunal que teria capacidade técnica e competência para aplicar 
as normas previstas na LINDB, é o CARF. Não desconheço a súmula ou a disposição 
Constitucional quanto a necessidade de lei complementar, contudo, diante das 
disposições desatualizadas que disciplinam o procedimento/processo tributário, acredito 
que a LINDB poderia trazer mais autonomia e inovação para a área, exatamente como 
forma de garantir a segurança jurídica, a efetividade das decisões e o direito a um 
encerramento/pacificação dos conflitos de forma definitiva, sem necessidade de recorrer 
ao Judicário ao fim de cada discussão. 
Assim, sendo o CARF um Tribunal especializado e direcionado, diferentemente do 
Judiciário, entendo que ele teria uma forma de aplicação da LINDB de forma mais 
adequada. 
Por fim, apenas menciono que quanto ao art. 28 da LINDB não entendo que seja uma 
novação no ordenamento, pois já existem outras normas que dispõe sobre a 
responsabilização, sendo plenamente aplicáveis no Tribunal Administrativo. 
Quanto a desconsideração de negócios jurídicos para requalificação dos efeitos 
tributários entendo que, assim como mencionei acima, deve ser aplicado os artigos 114 
e 116 do CTN, pois a partir da ocorrência do fato gerador e do atendimento ao princípio 
da legalidade não podem ser simplesmente alterados12. 
 
 
12 Conforme excelente parecer do Prof. Dr. Heleno Taveira Tôrres, lançado no acórdão 1201-003.561, 
julgado pela 1ª Seção de Julgamento em 22 de janeiro de 2020: 
“A requalificação deve corroborar os arts. 114 e 116, I, do CTN, segundo os quais o fato jurídico tributário 
dependerá da adequada verificação da situação definida em lei como necessária e suficiente a sua 
ocorrência, bem como das circunstancias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente 
lhe são próprios. Tudo, porém, muito bem entendido. Nenhuma liberdade qualificadora pode ser admitida 
para que a Administração possa, em prejuízo da legalidade e da vedação de analogia, desconsiderar os 
atos realizados.” 
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
6. A existência de processo judicial e administrativo concomitantes 
implica renúncia às instâncias administrativas? 
Desde que as matérias discutidas não sejam as mesmas não implica em renúncia a 
discussão na instância administrativa. 
Corrobora com esse entendimento a Súmula Vinculante 1 do CARF quando dispõe que 
“Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de 
ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de 
ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a 
apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante 
do processo judicial” (conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 
08/06/2018). 
Nesse mesmo sentido é o entendimento do Parecer Normativo COSIT 713, publicado 
em 22 de agosto de 2014, complementando que “Quando contenha objeto mais 
abrangente do que o judicial, o processo administrativo fiscal deve ter seguimento 
em relação à parte que não esteja sendo discutida judicialmente. A decisão judicial 
transitada em julgado, ainda que posterior ao términodo contencioso administrativo, 
prevalece sobre a decisão administrativa, mesmo quando aquela tenha sido 
desfavorável ao contribuinte e esta lhe tenha sido favorável”. 
 
7. A Lei n° 13.988/2020 incluiu o art. 19-E na Lei nº 10.522/2002, cujo 
enunciado prescreve que “em caso de empate no julgamento do processo 
administrativo de determinação e exigência do crédito tributário, não se 
aplica o voto de qualidade a que se refere o § 9º do art. 25 do Decreto nº 
70.235, de 6 de março de 1972, resolvendo-se favoravelmente ao 
contribuinte.”. Tomando como base o dispositivo legal ora transcrito, 
responda: 
A existência do chamado “voto de qualidade”, tal qual originalmente 
previsto no art. 25, § 9º, do Decreto nº 70.235/72, afrontava preceitos legais 
de hierarquia superior e/ou constitucionais? E a extinção desse 
expediente, imposto pela Lei nº 13.988/2020, pressupõe alguma violação a 
princípios constitucionais e/ou legais? Responder as questões cotejando 
os cânones constitucionais da igualdade, do devido processo legal, da 
presunção de inocência e da supremacia do interesse público, bem como 
o disposto no art. 112 do CTN. A expressão “processo administrativo de 
determinação de crédito” abarca os processos que tenham sido originados 
da não homologação de declarações de compensação e do indeferimento 
de pedidos de ressarcimento/restituição de créditos? E os processos 
administrativos originados e autuações aduaneiras (pena de perdimento, 
por exemplo)? 
O voto de qualidade existe no regimento interno de outros diversos Tribunais, inclusive 
em casos que discutem as ações reciscisórias orginárias, além de ter previsão para isso. 
Contudo, além da previsão regimental, a aplicação do voto de qualidade não pode 
 
13 Íntegra disponível em: 
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=55496&visao=original. Acesso em 
13/08/2021. 
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=55496&visao=original
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
desbordar dos contornos constitucionalmente fixados para o desenvolvimento válido do 
devido processo legal, do princípio da colegialidade e do juiz natural. 
Ademais, quanto ao ponto, colaciono entendimento proferido em artigo publicado na 
Revista de Direito Tributário, de autoria de Maria Eugênia Mariz de Oliveira14, qual 
compartilho: “Sob a ótica constitucional, concluiu-se que é possível, como decorrência 
do Princípio da Legalidade, extrair da Constituição Federal a máxima do in dubio pro 
contribuinte, que impõe a adoção do entendimento mais favorável ao contribuinte em 
casos de dúvida quanto à validade de certa exigência tributária. Isso porque, a 
Administração Pública, por força do Princípio da Legalidade, encontra-se vinculada à 
lei, de modo que somente pode formalizar o lançamento quando restar verificado, acima 
de qualquer dúvida, que a conduta adotada pelo contribuinte adequa-se perfeitamente 
à hipótese legal. Sendo assim, se não há certeza quando a essa identidade entre a 
conduta praticada e a hipótese legal, torna-se impossível a formalização de uma 
exigência em face do contribuinte. Por conta disso, a incompatibilidade identificada entre 
o voto de qualidade e o in dubio pro contribuinte traduz-se em verdadeira 
inconstitucionalidade da forma de desempate empregada no âmbito do CARF”. 
Nesse sentido, é o que defende o professor Heleno Torres, em artigo publicado15, que 
haveria a inconstitucionalidade formal do artigo 28 da lei 13.988/20, pois “o dispositivo 
impugnado resultou de emenda parlamentar apresentada após a emissão de parecer 
pela comissão mista, sem qualquer relação de pertinência com a Medida Provisória nº 
899, de 16/10/2019, que lhe deu origem”. 
Complementa seu entendimento, ainda em referência ao art. 28 acima referido, 
aduzindo que há limitação “a liberdade do presidente do órgão julgador em decidir a 
favor do Fisco ou do contribuinte, conforme o caso concreto, cria preferência contrária 
ao princípio da prevalência do interesse público sobre o privado, corolário dos princípios 
democrático e republicano (artigo 1º da Constituição) e desequilibra a relação 
processual, em virtude da paridade do órgão julgador. Com isso, afronta o princípio da 
prevalência do interesse público sobre o privado, que afirma a indisponibilidade do 
tributo. Em órgãos paritários a decisão de desempate exige a efetividade do princípio 
de proporcionalidade, como ponderação necessária impõe a "proibição de excesso" do 
voto de qualidade, ao atribuir efeitos unicamente em favor do contribuinte, que terá, 
adicionalmente, em seu favor, a extinção definitiva do crédito tributário (artigo 156, IX 
do CTN)”. 
 
8. A Administração lavra contra determinado contribuinte auto de 
infração imputando duas condutas que resultaram em ausência de 
recolhimento de imposto. Em face do auto, o contribuinte se insurge contra 
apenas uma das imputações, mantendo-se inerte em relação à 
remanescente. Pode o Fisco segregar o auto de infração para cobrança da 
parte não expressamente impugnada? 
Entendo que não, tendo em vista que o auto de lançamento é único. Dessa forma, deve 
aguardar a finalização do julgamento administrativo para que proceda a cobrança, pois 
é somente ao fim da análise que estará definitivamente constituído o auto de infração. 
 
14 Disponível em: https://ibdt.org.br/RDTA/o-voto-de-qualidade-no-conselho-administrativo-de-recursos-
fiscais-consideracoes-acerca-de-sua-inconstitucionalidade-e-ilegalidade/. Acesso em 13/08/2021 
15 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-mar-31/consultor-tributario-stf-voto-qualidade-processo-
administrativo-fiscal. Acesso em 13/08/21. 
https://ibdt.org.br/RDTA/o-voto-de-qualidade-no-conselho-administrativo-de-recursos-fiscais-consideracoes-acerca-de-sua-inconstitucionalidade-e-ilegalidade/
https://ibdt.org.br/RDTA/o-voto-de-qualidade-no-conselho-administrativo-de-recursos-fiscais-consideracoes-acerca-de-sua-inconstitucionalidade-e-ilegalidade/
https://www.conjur.com.br/2021-mar-31/consultor-tributario-stf-voto-qualidade-processo-administrativo-fiscal
https://www.conjur.com.br/2021-mar-31/consultor-tributario-stf-voto-qualidade-processo-administrativo-fiscal
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Ademais, o Tribunal administrativo também realiza revisão dos autos e faz uma espécie 
de “controle de qualidade”, de forma que, mesmo não havendo impugnação direta 
quanto ao ponto, poderia rever determinado ponto. 
Contudo, dispõe o art. 17 do Decreto 70.235/72 que não se considerará impgunada a 
matéria que não seja expressa na manifestação do recorrente, e nesse sentido, já 
entendeu o STJ16 que seria possível o desmembramento do crédito tributário para 
cobrança da parte do débito que não foi impugnada com base no art. 42, também do 
Decreto 70.235/72, quando dispõe que as decisões serão definitivas “na parte que não 
for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de ofício”. 
No referido caso, em seu voto, considerou o Ministro Herman Benjamin que “a parte da 
decisão que transitou em julgado administrativamente não poderá suspender a 
exigibilidade do crédito tributário, podendo, dessa forma, ser objeto de imediata 
inscrição e cobrança, pela singela razão de que tais valores não estão mais sujeitos à 
modificação, ao menos na esfera administrativa”. 
 
9. Analise os acórdãos lavrados no RE nº 601.314 e na ADIN 2859 e 
responda, em relação à quebra de sigilo bancário: 
a) Há diferença entre envio de Declaração de Movimentação Financeira 
(DIMOF), atual e-FINANCEIRA, pelos bancos à RFB, e a obtenção de 
extratos bancários pela RFB junto aos bancos, sem autorização judicial. 
(Vide anexos VII e VIII). 
Entendo que não haveria diferença partindo do pressuposto que a própria Constituição 
Federal faculta que a administração pública tenha acesso aos demonstrativosdas 
empresas e também dos contribuintes. Isso pois, visa resguardar os princípios da 
efetividade da atuação administrativa, também considerando que a todos interessa o 
pagamento dos tributos da forma correta. 
Ademais, no que tange a e-FINANCEIRA há obrigação da prestação de informações 
diretamente a RFB17, da mesma forma já existia quanto da Dimof, nos termos da 
Instrução Normativa 811/08. 
A troca de informações também não é realizada de qualquer forma, tendo em vista que 
há limites objetivos, tais como o valor das movimentações para compartilhamento como 
fisco, além do pacto internacional com outros países, como foi considerado nas decisões 
judiciais. 
 
b) A declaração efetuada para fins de aproveitamento do Programa que 
recebeu o nome de “Regime Especial de Regularização Cambial e 
Tributária” – RERCT, criado pela Lei n. 13.254/16 está protegida pelo sigilo 
fiscal? 
Sim, os dados declarados pelo contribuinte para adesão ao programa são protegidas 
pelo sigilo fiscal. 
 
16 Íntegra disponível em: 
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=6114173
2&num_registro=201600971141&data=20160826&tipo=51&formato=PDF. Acesso em 13/08/2021. 
17 Conforme trata a Instrução Normativa RFB 1.571, de 02 de julho de 2015 que dispõe sobre a 
obrigatoriedade de prestação de informações relativas às operações financeiras de interesse da Secretaria 
da Receita Federal do Brasil (RFB). Disponível em: 
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=65746. Acesso em 13/08/2021. 
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=61141732&num_registro=201600971141&data=20160826&tipo=51&formato=PDF
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=61141732&num_registro=201600971141&data=20160826&tipo=51&formato=PDF
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=65746
Módulo Exigibilidade do Crédito Tributário 
Inclusive, a divulgação ou a publicidade das informações presentes no RERCT significa 
quebra do sigilo fiscal, sujeitando o responsável às penas previstas no art. 10 da Lei 
Complementar 105/01, quanto a quebra de sigilo fora das hipóteses legais e também 
violação ao próprio Código Penal, no art. 325, em caso de violação do sigilo funcional18. 
Além disso, mais recentemente, com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de 
Dados (LGPD) caso as informações sejam disponibilizadas de forma indevida estará 
sujeito as penalidades previstas na própria legislação. 
 
18 Violação de sigilo funcional 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou 
facilitar-lhe a revelação: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.

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