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Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal Via aérea e ventilação O que mais mata rapidamente o politraumatizado? - Oferta inadequada de sangue oxigenado ao cérebro e a outras estruturas vitais → a hipoxia é o fator mais decisivo entre vida e morte desse paciente Como prevenir a hipoxemia? - Via aérea protegida e desobstruída e uma ventilação adequada são os pontos fundamentais nesse processo - Para isso é necessário assegurar via aérea permeável, administrar 02 e suporte ventilatório! Comprometimento da via aérea – Mortes evitáveis precoces o Falha em identificar necessidade de restabelecer a permeabilidade da via aérea o Incapacidade de restabelecer a permeabilidade da via aérea o Falha no reconhecimento do posicionamento incorreto dos dispositivos de permeabilização da via aérea o Deslocamento dos dispositivos de permeabilização de via aérea → por isso é importante ficar vigiando sempre o Falha em reconhecer a necessidade de ventilação o Aspiração de conteúdo gástrico → como por exemplo em um caso em que o paciente estava ingerindo bebida alcóolica e sofre um trauma, é importante imaginar que esse indivíduo estando com um rebaixamento do nível de consciência perde o controle/mecanismo de proteção da via aérea, afrouxa os esfíncteres e pode, ao vomitar algum conteúdo gástrico, fazer aspiração do conteúdo Reconhecimento do problema a. Súbito e completo → essa falta de permeabilidade da via aérea pode ser algo que ocorreu de forma súbita e completa, ou seja, você está olhando para o paciente e ele simplesmente para de respirar, e isso pode acontecer por exemplo em uma broncoaspiração b. Insidioso e parcial, sendo aquele paciente que vai rebaixando o nível de consciência e perdendo aos poucos o controle do movimento respiratório ou da própria proteção da via aérea c. Progressivo e recorrente - Taquipneia: sinal sutil e precoce - Importante avaliar via aérea e eficiência da ventilação - Pacientes inconscientes por TCE, torporosos por álcool e/ou drogas e portadores de lesões torácicas (que são os pacientes que podem possuir uma lesão medular torácica, por exemplo) - CUIDADO → pensar em IOT Intubação Orotraqueal - Proporcionar via aérea definitiva - Permitir oferta de O2 suplementar ao do ar ambiente - Garantir ventilação adequada - Evitar (bronco)aspiração Abordagem de vias aéreas Obs.: Na intubação seletiva o tubo fica em apenas no brônquio, sendo por exemplo no brônquio do pulmão que havia sido atingido por uma perfuração de arma de fogo que destruiu parte do pulmão. Nesse caso, o pulmão que não está acometido está excluído da comunicação endotraqueal, sendo assim, se consegue estabelecer a perviedade da via aérea do paciente, mas a ventilação não vai ser efetiva → importância de auscultar na IOT Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal - Indispensável manter oxigenação e impedir hipercapnia (acúmulo de CO2) Trauma maxilofacial - Abordagem agressiva da via aérea - Fraturas-luxações: com o deslocamento ósseo se pode ter comprometimento da naso-faringe e oro-faringe - Hemorragia, aumento de secreções e avulsões dentárias → o sangue, as secreções e o próprio dente pode cair e preencher a entrada da via aérea - Perda do suporte osteo-muscular da face - Doente recusar permanecer deitado pode evidenciar dificuldade na manutenção da via aérea ou na eliminação de secreções → a posição prejudica a permeabilidade da via Trauma cervical - Lesões com obstrução parcial por ruptura da laringe ou da traqueia ou compressão por hemorragia → avaliar esses pacientes com muito cuidado para ter certeza de que não se tem uma lesão estrutural tanto no segmento de laringe quanto de traqueia ou, por exemplo, um paciente que fez um trauma vascular lesando a carótida por exemplo e está fazendo um hematoma rápido que comprime a via aérea → Lembrar dessas possibilidades e tratar de forma adequada pois essas situações têm tto diferente - IOT cuidadosa: evitar ampliar lesão pré- existente → às vezes essa intubação é feita guiada por broncoscopio onde o médico consegue ir vendo se existe alguma lesão através do aparelho - Ferimentos penetrantes do pescoço podem causar hemorragia significativa e deslocamento/obstrução da via aérea - Trauma fechado ou penetrante podem causar ruptura da laringe ou traqueia - Impossibilidade de IOT (devido a uma lesão de laringe identificada por exemplo, onde a intubação vai ampliar e prejudicar a lesao)? o Via aérea cirúrgica – traqueostomia, por exemplo Trauma da laringe - Pode levar à obstrução da via aérea - Insuficiência respiratória? Tentar IOT - IOT guiada por endoscopia flexível (broncoscopia) - Sem êxito: pensar em traqueostomia (se faz entre os anéis traqueais) de urgência + correção da lesão - Cricotireoidostomia (se faz na membrana cricotireóidea → fica entre as cartilagens cricóide e tireoide): medida salvadora – é um espaço menor, mas de mais fácil acesso do que a traqueostomia - Costumam estar associados à lesão do esôfago, carótida, jugular ou partes moles → como a laringe é a estrutura mais interna de todas essas, normalmente quando ela é lesada ocorreu lesão de alguma outra estrutura antes - Obstrução parcial: respiração ruidosa (pode ser a única evidência em casos de rebaixamento do nível de consciência) – pode converter em obstrução total (se for um hematoma, por exemplo, e continuar se expandindo) - TC cervical: idêntica lesão (exame diagnóstico), mas não é parte dos exames primários, pois primeiro se resolve a via aérea e depois, na parte de exames secundários, se pensa em fazer uma tomografia - Falar com o doente → sinal de via aérea pérvia Sinais objetivos de obstrução de via aérea: o AGITAÇÃO: hipóxia o TORPOR: hipercapnia o CIANOSE: hipoxemia – leitos ungueais e região perioral – sinal tardio de hipóxia o TIRAGEM INTERCOSTAL E USO DE MUSCULATURA ACESSÓRIA – geralmente para tentar compensar uma hipóxia o RESPIRAÇÃO RUIDOSA (roncos, estridor, rouquidão, disfonia) → obstrução o PALPAR TRAQUEIA: em posição mediana - analisar integridade TRÍADE: rouquidão, enfisema subcutâneo, fratura palpável (se sente o deslocamento da estrutura laríngea) Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal Ventilação - Comprometimento: obstrução da via aérea; alterações da mecânica ventilatória ; depressão do SNC - Melhora após desobstrução da via aérea? Se não → pensar em outras causas: ✓ Trauma tórax ✓ Doenças pulmonares pré-existentes ✓ Lesão intracraniana ✓ Lesão na medula cervical (Condições que possam prejudicar a dinâmica ventilatória do tórax → LETRA B) Sinais objetivos de ventilação inadequada - INSPEÇÃO: movimentos assimétricos de inspiração e expiração - AUSCULTA: murmúrio vesicular reduzido ou ausente uni ou bilateral - FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA: taquipneia pode indicar insuficiência respiratória - OXÍMETRO DE PULSO: saturação de O2 no sangue e perfusão periférica (não garante que ventilação está adequada, pois indica que por enquanto a oxigenação se encontra ideal, mas não significa que a ventilação está) Tratamento da via aérea - Avaliar permeabilidade da via aérea e eficiência ventilatória (LETRA A) - Oximetria de pulso e capnometria (medir nível de CO2) - Melhorar oxigenação e reduzir risco de comprometimento respiratório - Técnicas para manutenção da via aérea; medidas para instalação de via aérea definitiva (inclusive cirúrgica); métodos para fornecer suporte ventilatório - Proteção da coluna cervical (também está incluso no A) Técnicasde manutenção da via aérea - Língua pode cair para trás e obstruir hipofaringe, principalmente em doentes com redução do nível de consciência 1) Elevação do mento (“Chin-Lift”) - Dedos de uma das mãos são colocados sob a mandíbula que é gentilmente tracionada para cima de modo a anteriorizar o queixo - Dedo polegar da mesma mão afasta levemente o lábio inferior para abrir a boca - Polegar também pode ser colocado atrás dos dentes incisivos inferiores - Não deve provocar hiperextensão do pescoço!!! 2) Tração da mandíbula (“Jaw-Thrust”) - Colocar uma mão em cada ângulo da mandíbula deslocando-a para frente - Facilita o ajuste entre a máscara facial e o rosto, reduzindo escape de ar e permitindo ventilação adequada - Evitar hiperextensão do pescoço 3) Tubo orofaríngeo - Introduzido pela boca por trás da língua - Abaixa a língua com abaixador e introduzir o tubo - Tubo não deve empurrar a língua para trás para ela não ocluir a hipofaringe - Não deve ser realizada em pacientes conscientes: induz engasgo, vômitos e aspiração Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal Alternativa: - Introduzir tubo orofaríngeo em posição invertida com a concavidade voltada para cima até encostar no palato mole - Faz-se rotação 180° - Voltando-se a concavidade para baixo - Introduzir o tubo - Não deve ser utilizado em crianças (risco de lesão da boca e da faringe → mais sensíveis) 4) Tubo nasofaríngeo - É uma alternativa ao tubo orofaríngeo - Introduzido em uma das narinas e empurrado com cuidado, para a orofaringe posterior - Bem lubrificado e introduzido em narina não obstruída - Presença de obstáculo: interromper procedimento 5) Máscara laríngea - Doentes com via aérea difícil - Falha da IOT e ventilação com máscara - Não fornece via aérea definitiva - Aplicação exige treinamento apropriado - Deve ser providenciada via aérea definitiva, então, se não for possível intubar, deixa a máscara enquanto prepara uma traqueostomia 6) Tubo duplo lúmen - Situação pré-hospitalar - Via aérea definitiva não é viável - Tubo para esôfago e traqueia - No hospital trocar por via aérea definitiva 7) Tubo laríngeo - Dispositivo de via aérea extra-glótica com capacidade de ventilação similar à máscara laríngea (pois ele é mais curto) - Não é via aérea definitiva - Colocado sem visualização da glote → ajuda quando se tem via aérea difícil - Posicionamento não exige manipulação significativa da cabeça e pescoço 8) Guia introdutor de intubação (Bougie) Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal - Fio guia de intubação (geralmente vem junto com o tubo) - 60 cm de comprimento - 15 Fr de diâmetro - Poliéster coberto por resina - Extremidade 3,5 cm angulada a 40° - Utilizado quando as cordas vocais não são visualizadas através da laringoscopia direta - Introduzido às cegas além da epiglote com ponta angulada anteriormente (para direcionar para via aérea e evitar passar o tubo no esôfago) - Tubo endotraqueal com balão insuflado - Fixado com fita adesiva para evitar deslocamento - Conectado à sistema de ventilação assistida com mistura enriquecida de O2 Indicações: - Apneia - Movimentos respiratórios inadequados (taquipneia, hipóxia, hipercapnia, cianose) - Impossibilidade de manter via aérea pérvia por outros métodos - Necessidade de proteger via aérea inferior contra aspiração de sangue ou vômitos - Grande perda sanguínea e necessidade de reposição volêmica → os pacientes chocados vão precisar dessa reposição de forma rápida e às vezes necessitam de drogas vasoativas - Comprometimento, iminente ou potencial da via aérea, como por exemplo, em lesões por inalação, fraturas faciais, hematoma retrofaríngeo ou convulsões persistentes - Presença de TCE necessitando ventilação (ECG < 8) - Incapacidade de manter ventilação adequada com uso de máscara de O2 (onde muitos pacientes de Covid-19 estão inclusos) Intubação Endotraqueal Naso x Oro? o Experiência do médico → ambas seguras e efetivas - Oclusão do esôfago pela compressão da cricóide → manobra que evita aspiração - Manipulação da laringe através de pressão para trás, para cima e para o lado direito auxilia visualização das cordas vocais - Orotraqueal: mais usada → técnica com 2 pessoas – imobilização e alinhamento da coluna cervical - Apneia → orotraqueal Tubo está no local correto? - Ausculta do MV em ambos os pulmões sem borborigmo epigástrico - Presença de ruídos no epigastro durante inspiração: intubação esofágica → troca de tubo - Detector de CO2 (capnógrafo ou detector colorimétrico) – se houver ausência de CO2: intubação esofágica → mas não confirma posição exata - RX tórax → confirma posição - Fixar tubo: sempre confirmar posição durante e após transporte Intubação Nasotraqueal - Exige respiração espontânea (paciente não pode estar em apneia) - Contraindicação: APNEIA 1. Tubo orotraqueal 2. Tubo nasotraqueal 3. Via aérea cirúrgica (traqueostomia ou cricotireoidostomia) Via aérea definitiva Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal - Fraturas de face, seios frontais, base do crânio e placa crivosa - Se houver evidências de fraturas nasais, olhos de guaxinim (indicação de fratura de base de crânio – hematoma perorbital), sinal de Battle (hematoma retroauricular), perda de LCR (rinorreia ou otorreia – mostram que está havendo uma comunicação entre a cavidade craniana e a via aérea) → esses sinais contraindicam a intubação nasotraqueal pois o tubo vai ser passado pelo nariz podendo chegar no crânio pela existência da fratura – solução de continuidade - Cuidados com coluna cervical (Sinal do Guaxinim) (Sinal de Battle) Via aérea potencialmente difícil? - Dificuldades com manobras? - Lesão de coluna cervical - Artrose avançada da coluna → atrapalha a permeabilidade da via aérea - Trauma mandibular ou maxilo-facial significativo - Limitação da abertura da boca (como esclerodermia avançada possuem restrição do diâmetro de abertura da boca) - Variações anatômicas (micrognatismo, prognatismo, pescoço curto e musculoso) Via aérea cirúrgica - Indicação: impossibilidade de intubação da traqueia - Pacientes com edema de glote, fratura de laringe ou hemorragia orofaríngea grave (geralmente o paciente têm muito sangue na boca e não dá para se visualizar a epiglote, não sendo possível posicionar o tubo entre as cordas vocais pois perde-se a referência anatômica) - Não conseguir posicionar tubo entre cordas vocais → abordagem cirúrgica - Crico → mais fácil de fazer, sangra menos e é mais rápida: pode ser feita por punção ou de forma cirúrgica Mnemônico: LEMON L - Look externally: características de intubação ou ventilação difíceis E – Evalute: distância entre os incisivos (3 dedos); distância entre o osso hióide e mandíbula (3 dedos); distância entre proeminência tireóidea e assoalho da boca (2 dedos) M – Mallampati: grau de visibilidade da hipofaringe com auxílio de lanterna O – Obstruction: epiglotites, abscessos tonsilares e trauma N – Neck mobility: flexão e extensão do pescoço → colar cervical mais difícil Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal Traqueostomia - Entre os anéis traqueais - Cirúrgica versus percutânea - Exige habilidade cirúrgica Esquema para abordagem da via aérea - Prioridade: manter oxigenação continuada, mantendo imobilizaçãoda coluna cervical -Inicialmente: elevação do mento; tração da mandíbula; técnicas preliminares de abordagem da via aérea (via aérea naso ou orofaríngea) - Tubo endotraqueal com 2ª pessoa (imobilização alinhada) → quando se entende que precisa de via aérea definitiva - Não é possível isso tudo? Ventilação em perigo? Máscara laríngea ou outro dispositivo Cricotireoidostomia por punção - Inserção de agulha através da membrana cricotireóidea - Oferece O2 por curto período (30 a 45 min) até conseguir acesso definitivo - Cateter plástico de grosso calibre (12 ou 14 em adultos; 16 ou 18 em crianças) - Abaixo do nível da obstrução para tentar comunicar com o campo pulmonar - Transformar uma emergência numa urgência (redução de dano!!!) Cricotireoidostomia cirúrgica - Incisão na pele através da membrana cricotireóidea - Pinça hemostática curva para dilatar a abertura - Introdução de sonda endotraqueal ou tubo de traqueostomia de pequeno calibre - Evitar lesão da cartilagem cricóide (especialmente em crianças): pois a cartilagem cricóide é o único suporte circunferencial para parte superior da traqueia → por isso é necessário ser na membrana - Não é recomendado para crianças < 12 anos → imaturidade anatômica Percutânea: fio guia calibroso e dilatador → antes punciona Cirúrgica: dissecção cirúrgica 2 cm acima da fúrcula esternal (mais comum) Clínica Cirúrgica Maísa M. Leal extraglótico de via aérea → transição para via aérea definitiva - Falhou? Cricotireoidostomia - Ventilação e oxigenação: antes, durante e depois da inserção do tubo endotraqueal (para identificar se está bem-posicionado) Questões
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