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Aula 14. TN em Síndrome do Intestino Irritável e Intolerância à Lactose Profa. Ma. Flávia R. Paggiaro Tintori Cardoso flavia.tintori@docente.unip.br UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO LIMEIRA 2020 Nutrição Clínica Microbiota intestinal Relembrando alguns conceitos ... Disbiose Alterações qualitativas e quantitativas na microbiota do estômago, ID e cólon Probióticos e diferentes funções Doses: A partir de 1x109 Probióticos e diferentes funções Síndrome do Intestino Irritável (SII) “Caracterizada por desconforto ou dor abdominal crônica recorrente e hábitos intestinais alterados (diarreia x constipação)” • Sintomas comuns: inchaço, gases, sensação de evacuação incompleta, dor abdominal. • Critérios de Roma: os desconfortos devem estar presentes pelo menos por 3 dias no mês (últimos 3 meses) • A prevalência de doença de Crohn é 4 x maior em indivíduos com SII. • A causa é desconhecida, e a fisiopatologia não é completamente compreendida. • O diagnóstico é clínico mediante relato de sintomas (relação com evacuação, associação com alterações na frequência de evacuação ou consistência das fezes) + exames + exclusão de outras DII. • O tratamento é sintomático, consistindo em manejo dietético e tratamento farmacológico, incluindo anticolinérgicos e agentes que atuam nos receptores de serotonina. Síndrome do Intestino Irritável (SII) Terapia Nutricional Objetivos: - Garantir a ingestão adequada de nutrientes; - Adequar a dieta ao padrão gastrointestinal específico da SII (diarreia ou constipação); - Esclarecer o papel dos alimentos no manejo dos sintomas. Relação CHO x SII • Os carboidratos de cadeia curta são altamente fermentáveis e osmótivos, sendo absorvidos lentamente ou não digeridos no intestino delgado. • Estes foram nomeados em 2005 pelo grupo Monash como oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis, ou abreviados pela sigla FODMAP em um artigo sobre a ligação entre a dieta ocidental (rica em FODMAPs) e o estilo de vida em pacientes com doença de Crohn (Gibson PR, Shepherd SJ. Personal view: food for thought–western lifestyle and susceptibility to Crohn’s disease. The FODMAP hypothesis. Aliment Pharmacol Ther 2005). https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15948806 TN e FODMAP em SII • A dieta low FODMAPs traz a sigla das letras iniciais dos carboidratos altamente fermentativos: oligossacarídeos (trigo, centeio, diversas frutas, legumes e leguminosas), dissacarídeos (lactose do leite e derivados), monossacarídeos (frutose das frutas e mel) e polióis (presente em algumas frutas e adoçantes). • Portanto a dieta reduzida em FODMAP restringe os alimentos que contém frutose, lactose, FOS e GOS e álcoois de açúcar (sorbitol, manitol, xilitol) e demonstrou redução no sintomas de SII. • Além dos FODMAPs, alimentos com quantidades excessivas de gorduras, cafeína, álcool podem ser mal tolerados nos pacientes com SII. • Deve-se avaliar as intolerâncias e alergias cuidadosamente – Evitar restrições desnecessárias = frustração e dieta incompleta. • Propor alternativas dietéticas • Considerar a utilização de probioticos • Pode ser útil eliminar e reintroduzir alimentos sistematicamente para determinar se um paciente está realmente reagindo a um alimento. TN complementar Alto teor de FODMAPs • Vegetais: cebola, alho, aspargo, alcachofra, ervilha, beterraba, couve, aipo, milho, couve-flor • Frutas: maçã, pera, manga, melancia, pêssego, ameixa, abacate • Leite e derivados: leite de vaca, iogurte, queijo fresco, ricota, creme de leite, sorvete • Proteínas: feijão, grão-de-bico, soja • Pães e cereais: trigo ou centeio e massas • Industrializados: com xarope de milho, glicose, sacarose e adoçantes como xilitol, manitol e sorbitol • Oleaginosas: castanha-de-caju, pistache Baixo teor de FODMAPs • Vegetais: alface, abobrinha, berinjela, espinafre, cenoura, pepino, ervas aromáticas • Frutas: tomate, banana, laranja, tangerina, uva, melão, kiwi, morango, framboesa, maracujá, abacaxi • Leite e derivados: leite de vaca, iogurte e queijo, todos sem lactose, queijos duros e leite de amêndoas • Proteínas: carne, peixe, frango, tofu • Pães e cereais: massas sem glúten, aveia, arroz, quinoa • Industrializados: biscoito sem glúten, bolacha de arroz • Oleaginosas: amêndoas e sementes de abóbora Probióticos em SII • Nos estudos publicados, a redução da distensão abdominal e da flatulência são achados constantes nos tratamentos com probióticos. • Algumas cepas podem melhorar a dor e dar alívio geral. A literatura sugere que certos probióticos podem aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida em pacientes com dor abdominal funcional. Ex: Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium infantis, Streptococcus thermophilus. • Recomenda-se a incorporação gradual de probióticos na dieta num período de 2 a 3 semanas. Probióticos em SII Referências • Fodor I, Man SC, Dumitrascu DL. Low fermentable oligosaccharides, disaccharides, monosaccharides, and polyols diet in children. World J Clin Cases, 2019. • Brandt LJ, Chey WD, Foxx-Orenstein AE, Schiller LR, Schoenfeld PS, Spiegel BM, Talley NJ, Quigley EM. An evidence- based position statement on the management of irritable bowel syndrome. Am J Gastroenterol 2009 • Gibson PR. History of the low FODMAP diet. J Gastroenterol Hepatol 2017 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31616683 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19521341 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28244673 Intolerância à lactose “Caracteriza-se principalmente pela diminuição parcial ou total da atividade da enzima lactase na mucosa do intestino delgado dos indivíduos acometidos pela doença” Intolerância à lactose • Ocorrem alterações nos processos metabólicos de digestão e absorção dos alimentos devido deficiência enzimática (beta galactosidase = lactose), mecanismo totalmente diferente da alergia ao leite. • Possibilidades de etiologia: defeito genético, sendo o quadro de ausência completa da enzima uma alteração muito raro ou situações que envolvam a intolerância primária e intolerância secundária. Lactose x Lactase • A lactose é um dissacarídeo (glicose + galactose) presente no leite de todas as espécies. • A lactase é uma enzima localizada na superfície mucosa intestinal, que atua na hidrolise desse CHO, promovendo a absorção desses monossacarídeos. Com a diminuição da atividade da lactase, a lactose permanece na luz intestinal sendo fermentada pela flora intestinal e irá exercer força osmótica, aumentando o fluxo de fluídos para o interior do intestino, podendo ocorrer distensão dor ou cólica abdominais, náusea, borborigmo, flatos e diarreia. Ao conjunto desses sintomas chamamos de INTOLERÂNCIA À LACTOSE. Intolerância primária • A hipolactasia primaria é uma condição autossômica recessiva que tem como resultado o declínio fisiológico parcial ou total da produção da enzima lactase nas células intestinais, provocando a não absorção da lactose. • A prevalência de deficiência primária varia em relação à idade, dieta, raça ou etnia, sendo a seleção genética responsável por essa grande variação. Geralmente associada à polimorfismos no gene LCT . • Na grande parte da população os sintomas têm início durante a adolescência e a vida adulta. Os sintomas clínicos variam de pessoa para pessoa, dependendo diretamente da quantidade de lactose ingerida e do nível de produção de lactase. • A intolerância congênita à lactose difere da hipolactasia primária por se tratar da ausência total ou parcial da enzima lactase e não uma diminuição da enzima, como ocorre na intolerância primária. Intolerância primária Intolerância secundária • Consequência de lesões da mucosa gastrointestinal (enterócitos) que reduz a atividade da enzima. • FATORES: ressecção intestinal, gastroenterite aguda, medicamentos (quimioterapia), terapiade radiação, diarreia persistente, diarreia crônica, giardíase, doença celíaca, doença de Crohn, enterites infecciosas, doença diverticular do cólon. A hipolactasia secundaria é completamente reversível quando estabelecido um tratamento para a doença responsável pela condição primária e a lesão da mucosa é recuperada, dispensando a necessidade de restrição dietética da ingestão de leite e seus derivados. Intolerância secundária • A exclusão de leite e produtos lácteos da dieta, geralmente ocorre por auto-percepção de intolerância a lactose que na maioria das vezes não é confirmada por diagnóstico clínico. • Outra causa, é a confusão entre alergia e intolerância à lactose, levando a retirada precipitada do leite e produtos lácteos da dieta, o que só deve acontecer quando diagnosticada a alergia à proteína do leite. TN na intolerância a lactose TN na intolerância a lactose • A aceitação do leite e seus derivados por pessoas intolerantes varia de acordo com o nível de intolerância apresentado. • Genética ou primária: retirada total ou parcial do leite e seus derivados, devendo-se fazer a suplementação com cálcio. (Considerar outros nutrientes... Monitorar!) • Em casos de menor gravidade, podem-se utilizar outras fontes de lactose hidrolisada (em até 80%) disponíveis, fato esse que torna a ingestão residual de 20% tolerável para os pacientes com baixa de lactase. TN na intolerância a lactose • Restrição inicial e introduzir gradualmente lactose – conforme sintomas e tolerância. • Leite até 1 copo bem tolerado com refeições. • Leite com baixo teor de lactose, coalhada e queijos possuem menor teor de lactose, bem tolerados. • Adicionar a lactase com certos alimentos (principalmente refeições densas de lactose – sobremesas e preparações cremosas, com uso de leite ou preparações com recheio de queijo e molhos a base de leite. Mattar R, Mazzo DFC, Carrilho FJ. Clin Exp Gastroenterol 2012; 5:113-21 Lactase Probióticos • Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus melhoram a digestão da lactose e reduzem os sintomas relacionados com sua intolerância. Isto foi confirmado por uma série de estudos controlados com indivíduos que consumiam iogurte com culturas vivas. • Má digestão da lactose - redução dos sintomas associados: Iogurte com culturas vivas de Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus e Streptococcus thermophilus. Dose: Pelo menos 10 8 UFC de cada cepa por grama de produto. Referências Referências
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