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Hiperplasia prostática benigna ● anatomia:órgão extraperitonial, logo abaixo da bexiga,limitada anteriormente pela sínfise púbica e posteriormente pelo reto, pesa aprox 20-30g (do tamanho de uma noz +-), consistência fibroelástica (como a ponta do nariz),responsável pela produção do líquido prostático (líquido lubrificante) ● por dentro passa uma parte da uretra posterior (membranosa e prostática) ● definição: proliferação (hiperplasia) das células do epitélio e do estroma prostático, formando um tecido nodular adenomatoso→ aumento no volume da glândula→ sintomas obstrutivos/irritativos. ❖ HPB:zona de transição (sintomas mais rápido, pois está em torno da uretra) ❖ adenocarcinomas: zona periférica. ❖ “hiperplasia cresce para dentro e CA para fora” Podemos dividi-la em três regiões de acordo com as glândulas encontradas: ❖ (1) zona central ou periuretral, composta por glândulas curtas; ❖ (2) zona de transição, composta por glândulas de tamanho intermediário; ❖ (3) zona periférica, constituída por glândulas longas, ramificadas e tortuosas. #cápsula cirúrgica: fina camada de tecido fibroelástico que separa a região periférica das demais prevalência critério histológico (número de casos em autópsias) X critério clínico (avaliação do escore de sintomas) #prevalência histológica aumenta linearmente com a idade. ● mais de 80% dos homens na 9ª década de vida. #prevalência clínica é um pouco menor, pois nem todos os homens apresentam sintomas. ● 46% dos homens após os 80 anos. ETIOPATOGENIA ● não é totalmente compreendida, mas temos fatores de risco ● forma hereditária de HPB: até 50% dos indivíduos que necessitam de cirurgia com idade inferior a 60 anos ● Testículos funcionantes: para próstata crescer preciso de um estímulo hormonal ● influência endócrina:testosterona livre penetra na célula epitelial prostática e, por ação da enzima 5-alfa redutase, é transformada em DHT (diidrotestosterona) –forma ativa do hormônio isoforma tipo 1 da 5AR:várias partes do organismo isoforma tipo 2: exclusiva do tecido prostático DHT —> liga a receptores androgênicos nucleares—> síntese proteica—> proliferação das células epiteliais da glândula. DHT—> estimula células do estroma—> secreta fatores de crescimento—> proliferação glandular. ● idade e HPB: conforme homem envelhece, aumenta os níveis de estrogênio, que vai induzir as células prostáticas a expressarem receptores de androgênio-->próstatas "mais sensíveis" ao estímulo trófico Patologia Proliferação,na zona de transição, de nódulos formados por tecido glandular (adenomatosos), contendo proporções variáveis de estroma fibromuscular. # proporção de estroma/epitélio glandular que na próstata normal é de 2:1, pode atingir, na HPB, a proporção de 5:1 Fisiopatologia Obstrução uretral pode ser decorrente: ● efeito mecânico: crescimento prostático exagerado e/ou ● efeito funcional ("dinâmico"): contração das fibras musculares (receptores alfa-1-adrenérgicos; sistema nervoso simpático) ● por isso podem ocorrer quadros de prostatismo em pacientes com próstatas pouco volumosas alterações vesicais: obstrução uretral→ o músculo detrusor (parede da bexiga) se hipertrofia, na tentativa de manter um fluxo urinário normal→ diminuição da complacência e da capacidade vesical→ sintomas "irritativos": Nesta mesma fase surgem alterações neurogênicas, como redução do número de terminações colinérgicas (denervação local) e aumento de receptores alfa-adrenérgicos→ "instabilidade vesical" (hiperatividade espontânea do detrusor) * hipertrofia do detrusor leva à formação de trabéculas ("bandas" de musculatura hipertrofiada) na mucosa vesical→ divertículos vesicais ("falsos divertículos", pois são compostos apenas pela mucosa herniada e não todas as camadas) *presença de divertículos:fator de risco para infecção urinária e formação de cálculos vesicais (devido à estase local de urina). *divertículos vesicais "grandes": indicação de tratamento intervencionista da HPB *podem ser vistas na cistoscopia. Manifestações clínicas Sintomas do Trato Urinário Inferior (STUI) ● obstrutivos :resultam do efeito mecânico da obstrução I – Esvaziamento: - Hesitância; - Jato fraco; - Esforço miccional - Intermitência; - Jato afilado; - Gotejamento terminal. II – Pós-miccional: - Esvaziamento incompleto; - Gotejamento pós-miccional. #quase sempre desaparecer com a remoção cirúrgica da glândula ● irritativos (armazenamento): resultam da "instabilidade vesical" Urgência Frequência (poliúria ou polaciúria) Noctúria Incontinência de urgência (urge incontinência) Incontinência por transbordamento. #nem sempre desaparecem após intervenção cirúrgica ❖ manifestações clínicas costumam ser oscilantes, com períodos de melhora ❖ a intensidade dos sintomas não necessariamente são proporcionais ao volume da próstata COMPLICAÇÕES a) Retenção urinária aguda: Incapacidade abrupta de esvaziamento vesical→ bexigoma ● fatores que podem desencadear retenção urinária aguda, como: uso de simpaticomiméticos ou anticolinérgicos; prostatite infecciosa aguda; cálculo vesical; ● prognóstico relativamente desfavorável,60-70% voltam a apresentar retenção após 1-3 meses da retirada do cateter de Foley. b) Infecção urinária e prostatite: ● resultam de colonização prostática ou da presença de urina residual, e podem provocar quadros de bacteremia *remoção da próstata se persistente c) Litíase vesical:por estase local ou impossibilidade de expulsar cálculos migrados dos rins d) Falência do detrusor: aumento do volume de urina residual e dilatação da bexiga. *pseudodivertículo e) Insuficiência Renal Aguda ou Crônica: ● crônico:15%, 3% causada pela própria obstrução prostática e resto por outros fatores( hipertensão, diabetes), obrigatória a realização de cirurgia ● aguda: principal causa é retenção urinária aguda, prontamente revertida com o cateter de Foley ou a cistostomia. f) Hematúria: ruptura de vasos submucosos locais. ● tende a reverter espontaneamente, porém deve-se fazer cistoscopia e USG renal, para excluir neoplasias urogenitais (bexiga, rim) ou litíase renal ou ureteral. AVALIAÇÃO "QUANTITATIVA" DOS SINTOMAS Escore internacional de sintomas prostáticos (IPSS): estratifica os sintomas do trato urinário inferior, além de ser, atualmente, o padrão mais utilizado para determinar a eficácia do tratamento. ● sete perguntas, com notas individuais de 0 a 5, dependendo da intensidade de cada sintoma ● Na prática não é muito utilizado , só na prática científica DIAGNÓSTICO : Inicialmente: história clínica, um toque retal, EAS, ureia, creatinina e PSA (antígeno prostático específico), depois outros exames complementares conforme necessidade “diagnóstico é clínico mas para avaliar via de tratamento tem que ter exames” HISTÓRIA CLÍNICA: analisar sintomas e afastar outras etiologias (ex: presença de febre caracteriza a prostatite infecciosa; sintomas neurológicos associados sugerem bexiga neurogênica) TOQUE RETAL: avalia apenas cerca de 60% do volume glandular. ● tamanho (normal 3 polpas digitais), consistência, mobilidade ● nódulos endurecidos: sugestiva de adenocarcinoma, e sempre indica a realização de uma biópsia transretal da próstata guiada por USG. ● tônus do esfíncter anal: se o tônus estiver reduzido→ distúrbio neurológico? EXAMES LABORATORIAIS ● EXAME DE URINA TIPO I (EAS) piúria: pesquisar se infecção do trato urinário ou prostatite, por exame bacteriológico (coloração de Gram + cultura). hematúria: solicitar USG de vias urinárias, para afastar um Ca urogenital ● UREIA E CREATININA: avaliar a presença nefropatia (obstrutiva, hipertensiva, diabética, etc.). ● PSA (ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO): glicoproteína próstata-específica, pode se elevar em qualquer patologia prostática inflamatória ou neoplásica. ● > 60 anos:valor normal < 4,0 ng/ml; >1,6 ng/ml: maior risco de progressão da HPB. OUTROS EXAMES:não são feitos de rotina, porém, devem ser realizados em situações específicas ● ULTRASSONOGRAFIA: avaliação do trato urinário superior, da espessura da paredevesical, do volume e peso da próstata e do resíduo pós-miccional. # Embora realizado de rotina, é indicado na presença de elevação da creatinina, na suspeita de litíase vesical e em casos de hematúria. #pode ser via abdominal e transretal (estima melhor o peso prostático, indicado nos pacientes que irão se submeter à cirurgia) ● CISTOSCOPIA: quando a próstata não se encontra muito aumentada, porém, o paciente apresenta sintomas obstrutivos importantes e obrigatória na presença de hematúria macroscópica (investigação para câncer de bexiga) ● "ESTUDO URODINÂMICO": quando existe a suspeita de um distúrbio neurológico associado DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DOENÇAS COM SINTOMAS IRRITATIVOS ● "Bexiga do idoso": disfunção vesical não relacionada à obstrução uretral. ● Doenças neurológicas: AVE, Parkinson, tumores, demência, esclerose múltipla… ● Doenças urológicas: infecções urinárias oligossintomáticas, prostatite, cálculos vesicais, cálculos do ureter distal... DOENÇAS COM SINTOMAS OBSTRUTIVOS doenças obstrutivas da uretra (estenoses) ou do colo vesical, além dos quadros de bexiga neurogênica atônica. #estenose o paciente usa o alfa bloqueador e não melhora TRATAMENTO ● assintomáticos: não necessitam de tratamento, seja qual for o tamanho da próstata! último: inicia com terapia medicamentosa, mas se não responsivo, é indicada a cirurgia #não responsivo: não responder em 4 semanas ou se IPSS manteve grave ou que se reduziu apenas para moderado TRATAMENTO FARMACOLÓGICO BLOQUEADORES ALFA-1-ADRENÉRGICOS: agem na oclusão funcional (próstatas de qualquer volume), diminuem o tônus prostático e a resistência do colo vesical ● "seletivos" (bloqueiam só receptores alfa-1a, só na próstata ) ou "não seletivos"(bloqueia tbm alfa-1-b dos vasos sanguíneos) #ideal: bloqueador seletivo, pois diminui incidência de efeitos adversos cardiovasculares (ex.: hipotensão postural) fenoxibenzamina: primeiro bloqueador alfa-1 não seletivo, em desuso prazosina (2 mg 12/12h):bloqueador alfa-1 não seletivo de meia-vida curta, cada vez menos utilizado Terazosina (5-10 mg 1x/dia) e doxazosina (4-8 mg 1x/dia): bloqueadores não seletivos de meia-vida longa (poderem ser feitos em dose única diária) Tansulosina (0,4-0,8 mg 1x/dia), alfuzosina (10 mg 1x/dia) e silodosina (8 mg 1x/dia): modernos, meia-vida longa e SELETIVOS, drogas de escolha na atualidade #eficácia clínica semelhante, diferença está no perfil de efeitos colaterais e na meia-vida #resposta costuma ser rápida, com melhora em apenas três semanas. #efeitos colaterais são: hipotensão postural, tontura, fraqueza, cefaleia e rinite (congestão nasal pela vasodilatação mucosa). INIBIDORES DA 5-ALFA REDUTASE (ANTIANDROGÊNICOS: obstrução mecânica, reduzir o volume glandular finasterida (5 mg 1x/dia): primeiro agente antiandrogênico utilizado; inibe enzima 5-alfa redutase do tipo 1, impedindo a formação local de DHT no tecido prostático. ● dose usual:diminuição de cerca de 30% do volume da glândula após seis meses de tratamento ● reduz o PSA em cerca de 50%--> PSA real sérico de um usuário de finasterida ou dutasterida é o dobro do valor medido ● droga segura, com pouca interação farmacológica e raros efeitos colaterais. ● principal inconveniente é a disfunção sexual, que se manifesta em 10-15% dos casos. dutasterida (0,5 mg 1x/dia): inibe as isoenzimas tipo 1 e 2 da 5-alfa redutase, e alguns estudos demonstraram uma superioridade quando comparada à finasterida. TERAPIA COMBINADA: para pacientes com sintomas obstrutivos importantes e próstatas de grande volume. #na prática:são usados os dois, os inibidores da 5-alfa redutase são acrescentados à terapia inicial com os bloqueadores alfa-1-adrenérgicos na presença de próstatas com peso ≥ 40 g. Cirurgia Próstata até 80g: Próstata >80g: