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Toxicologia Veterinária U N I D A D E I - I N T O X I C A Ç Ã O P O R C O B R E , E N X O F R E , S E L Ê N I O P R O F E S S O R A : M A R I A N A C O R R E I A O L I V E I R A Intoxicação por cobre Para que serve o Cobre? ❖ Está presente no sítio ativo de mais de 26 metaloenzimas que catalisam reações de oxirredução. Intoxicação por cobre (Epidemiologia) Ovinos, cães, gatos, caprinos, suínos, bovinos, coelhos, equinos. Fonte de contaminação: Excesso de cobre na dieta, pastejo em áreas pulverizadas com sulfato de cobre, diminuição de enxofre e molibdênio na dieta, água contaminada, água de pedilúvio, suplemento mineral de bovino para caprino. Espécie Procedência Fonte Nº de intoxicados Referência Ovina MS Excesso 15 Rosa; Gomes, (1982) Ovina RS Pastejo em trevo branco e macieiras pulverizadas com sulfato de cobre 21 Ribeiro et al. (1995) Ovina PA Sal mineral de bovinos à vontade 25 Barbosa et al. (2000) Ovina SP Ração concentrada de bovinos 20 Castro et al. (2007) Ovina RS Pastejo em videiras aspergido com sulfato de cobre 6 Ribeiro et al. (2007) Ovina PR/RS Suplemento mineral destinado a bovinos 14/ND Headley et al. (2008)/ Bandinelli et al. (2013) Ovina RS Bagaço de uva aspergido com sulfato de cobre 15 Reis et al. (2015) Ovina SC Pastejo em macieiras aspergidas com oxicloreto de cobre e calda bordalesa / Excesso de cobre no sal mineral e ração/ Pastejo em trevo vermelho 15 surtos Cardoso et al. (2014) Ovina Água Doce – SC Pastejo em macieiras aspergidas com sulfato de cobre ND (GAVA, A. Comunicação pessoal, 2017). Fonte: Mestrado Mariana Correia Oliveira Cobre Duodeno Fígado Ceruloplasmina Tecidos Armazenamento Excreção biliar Metalotioneína/ Transportadores específicos Cobre Cobre- albumina (Via sistema Porta) Cobre- Metalotioneína hepática Ovinos (menor quantidade) Intoxicação por cobre (Formas de intoxicação) ❖ Aguda: Distúrbios gastrointestinais (rara) ❖ Crônica: Crise hemolítica - Primária: Ingestão direta de cobre ( de cobre nos alimentos) - Secundária ✓ Fitógena molibdênio nas pastagens (Molibdênio 0,36 ppm e cobre = ou > 15 a 20 ppm) ✓ Hepatógena lesão hepática crônica (alcaloides pirralozidínicos) Intoxicação por cobre (Sinais clínicos) - Aguda: ✓ Úlceras gástricas e intestinais. ✓ Hemorragias e melena. - Crônica: morte em 24-96 h. ✓ Hemólise intravascular. ✓ Anemia. ✓ Icterícia. ✓ Hemoglobinúria. ✓ Fezes pastosas a líquidas, fétidas e escuras. ✓ Insuficiência renal. Intoxicação por cobre (Diagnóstico) Epidemiologia. Sinais clínicos. Macroscopia: icterícia generalizada, líquido seroso nas cavidades, fígado friável de cor amarela ou alaranjada, rins de coloração marrom-escura, edemaciados e de consistência diminuída, urina de cor vermelho escura. Microscopia: degeneração/ necrose dos túbulos contorcidos proximais, disfunção glomerular, cilindros hialinos nos túbulos renais. Determinação dos níveis de Cobre no fígado e/ou rim (500 ppm fígado e 80 ppm rim). Intoxicação por cobre (Tratamento) - Molibdênio na concentração de 7,7 ppm - 50 a 100 mg de molibidato de amônia e 1 g de sulfato de sódio, por via oral /animal dia/10 dias Ou - 50 a 500 mg de molibidato de amônia na ração durante duas a três semanas. Intoxicação por enxofre Para que serve o enxofre? ❖ Vitaminas (biotina e tiamina). ❖ Aminoácidos cisteína, metionina, homocisteína e taurina são sulfurados. ❖ Aminoácidos formam pontes de dissulfeto entre os polipeptídeos para a formação das proteínas. Intoxicação por enxofre (Epidemiologia) Ruminantes Fonte de contaminação: excesso de S na água ou comida (resíduos dos grãos de milho secos ou úmidos, melaço, farelo de glúten de milho), dietas com alto teor de amido (favorecem a diminuição do pH ruminal devido a mudanças na microbiota). Via de eliminação: urina, fezes, leite. Bactérias ruminais Sulfato em gás sulfídrico (H2S) e sulfetos Processo oxidativo- Produção de ATP Sulfemoglobina + Hb Baixo transporte de O2 Polioencefalomalácia Intoxicação por enxofre (Sinais clínicos) Nervosos Incoordenação motora Depressão Cabeça contra obstáculos Convulsões Cegueira Gastrointestinais/ Respiratórios Atonia ruminal Cólica Diarreia fétida Acidose metabólica Hemorragias no trato digestório e respiratório Intoxicação por enxofre (Diagnóstico) Sinais clínicos. Possíveis fontes de intoxicação. Determinação do gás sulfídrico ruminal (bovino- 500 ppm), determinação dos teores de enxofre na dieta e água (bovino- 4000 ppm dieta e 1000 ppm água), análise anatomopatológica. Macroscopia: amolecimento e cavitações no córtex cerebral, principalmente o lobo occipital. Microscopia: necrose neuronal, edema perineuronal, perivascular. Intoxicação por enxofre Polioencefalomalácia WITHOEFT, Jéssica A. et al . Polioencephalomalacia (PEM) in calves associated with excess sulfur intake. Pesq. Vet. Bras., Rio de Janeiro , v. 39, n. 6, p. 376-381, 2019 . Intoxicação por enxofre (Tratamento) Terapia de suporte. Administração de tiamina. Dexametasona. Intoxicação por Selênio Para que serve o Se? ❖ Importância do Se para o organismo animal: ✓ Tioredoxina redutase e iodotironina deiodinase: ativação e desativação dos hormônios tireoidianos. ✓ Glutationa peroxidase e glutationa redutase: metabolismo antioxidante e na destruição de radicais livres. ✓ Funções imune, reprodutiva, reações de biotransformações hepáticas, mecanismo anticarcinogênicos. Intoxicação por Selênio (Epidemiologia) ❖ Aguda, subaguda e crônica (exposição diária, idade, espécie, via de exposição). ❖ Afeta mais os jovens. ❖ Ordem decrescente de sensibilidade (equinos, ovinos, bovinos e suínos). ❖ Compostos injetáveis têm maior potencial tóxico que os orais. Intoxicação por selênio (Formas de intoxicação) ❖ Solos ricos em Se (solos seleníferos). ✓ Solos alcalinos. ✓ Baixos índices pluviométricos (menor a 80 mm/ano). ✓ Rochas sedimentares. ✓ Neptunia amplexicaulis e Astragalus (baixa palatabilidade). ❖ Excesso de Se pela via parenteral, erros na mistura da ração e águas contaminadas. Selenose crônica, doença alcalina, alkali disease Plantas indicadoras de solos seleníferos https://pubs.rsc.org/ Intoxicação por Selênio ❖ Patogenia mais provável: incorporação de compostos de Se no lugar do S, interferindo diretamente nas pontes dissulfeto responsáveis por manter a integridade estrutural dos tecidos. ❖ Forma aguda: ✓ Comprometimento cardiovascular. ✓ Edema e congestão pulmonar. ✓ Congestão do fígado, rins, TGI. ✓ Petéquias nas vísceras torácicas. Intoxicação por selênio- Forma crônica (Clínica equinos e bovinos) Intoxicação por selênio (Clínica em suínos) ❖ 3 apresentações clínicas em suínos: ✓ Dificuldades locomotoras com paresia dos membros e tetraparesia, resultantes de poliomielomalácia simétrica focal. ✓ Lesões de pele e separação da borda coronária dos cascos. ✓ Perdas reprodutivas caracterizadas por diminuição da concepção e natimortos. Obs.: Lesões nos cascos concomitante as lesões medulares. Intoxicação por selênio (Diagnóstico e tratamento) ❖ Diagnóstico: ✓ Histórico. ✓ Sinais clínicos. ✓ Toxicologia: fígado, rim, pelo, ração contaminada. ✓Macroscopia. ✓Microscopia. ❖ Tratamento: ✓ Apenas de suporte.