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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Curso de Direito O USO DA TECNOLOGIA EMPREGADA DURANTE A PANDEMIA NA VALIDADE DOS CONTRATOS DIGITAIS CAIO DEMETRIUS LETAEF SCHEIDEGGER Rio de Janeiro 2021.2 CAIO DEMETRIUS LETAEF SCHEIDEGGER O USO DA TECNOLOGIA EMPREGADA DURANTE A PANDEMIA NA VALIDADE DOS CONTRATOS DIGITAIS Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. Orientadora: Profª. MSC Ana Lectícia Erthal Rio de Janeiro Campus Tom Jobim-Barra 2021.2 2 RESUMO Pretendeu-se através desse breve trabalho abordar o impacto do uso da tecnologia empregada durante a pandemia na validade dos contratos digitais. Para desenvolvimento deste estudo, foi feito um levantamento bibliográfico, em que foi empregado para investigar os conceitos e demais aspectos pertinentes ao tema proposto. A metodologia adotada foi a pesquisa exploratória que se deu por meio de consultas eletrônicas, revistas e livros no âmbito jurídico, que enriqueceu de forma especial o trabalho. Conclui-se que o tema mercê mais reflexões, que possivelmente pode chegar a resultados interpretativos diferentes. De qualquer forma deve-se atentar, em fazer uso da aceitação de provas realizadas por essas plataformas para garantia do direito do contratante em possível, acordo extrajudicial. Palavras-Chave: Contratos Eletrônicos, Contratos, Validade Jurídica. SUMÁRIO 1. Introdução. 2. Desenvolvimento: 2.1. Noções introdutórias: a história dos contratos; 2.1.1. Conceito de Contrato; 2.1.2. Conceito de contrato digital; 2.1.3. Classificação dos contratos digitais; 2.2. Validade e eficácia dos contratos eletrônicos; 2.2.1. O que é validade Jurídica? ; 2.2.2. Princípios contratuais; 2.2.2.1. Autonomia da vontade; 2.2.2.2. Função social; 2.2.2.3. Consensualismo; 2.2.2.4. Princípio da Boa fé; 2.3. Breve exposição sobre a plataforma digital; 2.4. Intervenção Jurídica na validade dos contratos eletrônicos 3. Conclusão. Referências. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho busca tecer breves considerações, acerca da validade dos contratos eletrônicos, bem como, discutir a posição da jurisprudência brasileira acerca da força executiva desse tipo de contrato que se reinventou em plena pandemia. Como pode depreender no atual cenário de crise da saúde pública e econômica, as empresas e órgãos públicos foram obrigados a tomar uma série de medidas para evitar o contato físico entre os indivíduos, mantendo a rotatividade dos negócios de forma segura e com validade jurídica (MELO, 2021)1. 1 MELO, Elysa Ferreira de. Assinatura digital e a evolução da tecnologia na pandemia. (Monografia) Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUCGOIÁS), 2021,p.16. Disponível em:< https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2142/2/TCC%20- 3 Assim, urge a adaptação das leis, formação de jurisprudências e doutrinas para essa realidade, pois a cada dia é maior a demanda, e mais indivíduos estão sendo lesados, em seu patrimônio e muitas vezes moralmente, por essas lacunas (PANACHI, 2020)2. Neste sentido, deve-se parti da constatação de que o contrato é o grande instrumento de funcionamento do mercado, juntamente com a certa propriedade. Dessa forma, contribui sobremaneira para discussões no ordenamento jurídico dos contratos eletrônicos por trazerem elementos da realidade, apreendidas por uma tecnologia aceita e apropriada (TIMM, 2017)3. Nesta esteira, destaca-se, entre as categorias de empresas (prestadores de serviços e contratantes), e operadores de direito, tendo vista, a interdisciplinaridade que é necessária, uma vez que, enquanto o ordenamento jurídico se debruça sobre a liberdade do contratante e da autonomia da vontade nas relações contratuais, principalmente no que tange a validade dos contratos eletrônicos (VANCONCELLOS; ALVES; RAMOS, 2020)4. É preciso salientar que devido à expansão dos meios eletrônicos e da internet, cada vez mais pessoas realizam atividades do cotidiano no ambiente virtual, no que se refere à contratação de serviços. Para compreender o problema em questão vale aqui, destacar que duas ferramentas ganharam a sua força em 2020, as chamadas Assinaturas Eletrônicas e os contratos eletrônicos, frutos derivados do advento da popularização das tecnologias, em especial da internet, onde se possibilitou contratar produtos e serviços de forma ágil e prática. Sendo assim, foram reconhecidas como mecanismos legais para firmar documentos desde 2001, por meio da Medida Provisória nº 2.200-2, que trouxe a regulação para sua utilização com base de ferramentas específicas de codificação de segurança visando minimizar riscos de fraudes e falsificação (ARAKI, 2020).5 %20Assinatrua%20Digital%20-%20ELYSA%20PUC%20A05%20%281%29.pdf>. Acesso em:23/10/2021. 2 PANICHI, Raphael Antonio GarrigoZ. Meios de prova nos contratos eletrônicos realizados por meio da internet. Disponível em:https://www.saoluis.br/revistajuridica/arquivos/009.pdf. Acesso em: 23/10/2021. 3 TIMM,Luciano Benetti. Finalmente a analise econômica dos contratos! Julho,2017. Disponível em:http://genjuridico.com.br/2017/07/19/finalmente-analise-economica-dos-contratos/. Acesso em:23/10/2021. 4 VANCONCELLOS, Anna Claudia De; ALVES, Noara Lino; RAMOS, Roberto Arylton P. Ramos. Validade dos Contratos Eletrônicos Firmados com Instituições Financeiras: Repercussão Econômica e Teorema de Coase. Boletim econômico, v.1.NºIV,2020,p.25. 5 ARAKI, Fernando. Validade dos contratos e assinaturas eletrônicas em tempos de pandemia. Agos,2020. Disponível em:< https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11825/Validade-dos- contratos-e-assinaturas-eletronicas-em-tempos-de-pandemia>. Acesso em: 23/10/2021. 4 Este trabalho tem por problema de pesquisa a seguinte indagação: Qual o impacto do uso da tecnologia empregada durante a pandemia na validade dos contratos digitais? É neste contexto cabe aprofundar o presente tema, discutindo da reflexão supracitada que se busca através do presente estudo visando o objetivo principal em abordar o impacto do uso da tecnologia empregada durante a pandemia na validade dos contratos digitais. Nesse contexto, para facilitar a operacionalização da pesquisa foram propostos, os seguintes objetivos específicos: a) Analisar os mecanismos de segurança na substituição de contratos tradicionais por contratos digitais; b) Identificar o local de celebração dos contratos eletrônicos e das assinaturas eletrônicas; c) Abordar os instrumentos de validação que dê garantia de validade, e que estão sendo adotados pelas plataformas, diante da não existência de regulamentação no âmbito jurídico. Para elaboração desta pesquisa científica e a escolha do tema se justifica pelo fato de buscar o motivo de tantas decisões que às vezes não são favoráveis ao contratante por parte do Poder Judiciário, por acorda a validade jurídica que vão além de sua competência e limites impostos pela Constituição federal para resolver questões relativas à prestação de serviço essencial à população. O tema em questão apresentado é pertinente, e de grande relevância para a sociedade diante da fragilidade do cidadão frente às plataformas digitais, evidenciando a ampliação da vulnerabilidade no ambiente virtual. Fica evidente, diante desse quadro a importância de analisar a validade desses contratos. É claro que, neste cenário do ponto vista acadêmico é de suma importância para os futuros operadores de direito, pois ressalta emanálises conjuntas a um oportuno enriquecimento jurisprudente em relação aos contratos eletrônicos. Para o desenvolvimento deste estudo, foi feito um levantamento de dados através da pesquisa bibliográfica em que foi empregada para investigar os conceitos e demais aspectos pertinentes ao tema proposto. Dessa forma, a metodologia adotada foi a pesquisa exploratória que se deu por meio de consultas eletrônicas, revistas e livros no âmbito jurídico, que enriqueceu de forma especial o trabalho. Conforme assinalou Gil (2002)6 ao explicar que às pesquisas que se propõem a analise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser 6 GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002,p.41. 5 desenvolvidas através mediante análise de fontes bibliográficas. Espera-se que, este trabalho possa auxiliar na constituição de um recurso útil para os operadores de direito, bem como outras áreas que lidam com o assunto em questão. Partindo das teorias que circundam o objeto deste trabalho, iniciar-se-á estudo do tema, com o intuito de construir as bases teóricas para o desenvolvimento da presente pesquisa, através do método de pesquisa exploratória que é de grande importância por proporcionar maior familiaridade com o problema, além de ter outros aspectos, tais como de possibilitar ao pesquisador fazer um levantamento provisório tendo em vista torná-lo mais explícito. (OLIVEIRA, 2002)7. 7 OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas, TGI,TCC, Monografia, Dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002, p.134. 6 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS: A HISTÓRIA DOS CONTRATOS Neste tópico, é necessário fazer uma abordagem histórica para compreender antes de fazer a analisar dos contratos eletrônicos. No entanto, pode-se dizer que o contrato não é coisa do presente. É interessante que desde antiguidade até os dias de hoje o contrato continua e sempre nascerá da vontade de suas partes, cabendo aos juristas acompanharem e se desenvolverem em conjunto com o instituto, uma vez que a vontade das pessoas é mutável, nunca fixa e nem forçada (ENES; MORESCO; GOLDENSTEIN, 2018)8. De acordo com Andrade que enfatizou o contrato tradicional ao apontar que: A teoria contratual tradicional, desenvolvida após o período das revoluções liberais, especialmente após a Revolução Francesa, estava fundada no ideal de que os homens são livres e iguais e, portanto, capazes de escolher adequadamente o parceiro contratual, bem como definir o conteúdo do contrato (ANDRADE, 2015, p.607) 9 . Por essa razão segundo Lôbo (2020)10 o direito contratual como se conhece atualmente começou a tomar corpo somente no século XVIII e recebeu desenvolvimento e sistematização no século XIX. No entanto, o instituto dos contratos vem se moldando desde a época romana, mas pode se reportar desde antes mesmo de Roma ser considerada Roma (ENES; MORESCO; GOLDENSTEIN, 2018)11. Tal concepção destaca-se na interface do Direito e do contrato que foi consolidado ao longo do século IX e com reflexos no século XX, e que influenciou 8 ENES, Hugo Afonso dos Santos; MORESCO, Caroline Emanuelle Chusta ;GOLDENSTEIN, Alberto Israel Barbosa de Amorim. Segurança Juridica dos contratos na era digital. Anais do EVINCI – UniBrasil, Curitiba, v.4, n.2, p. 139-147, out. 2018. Disponível em:< https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/anaisevinci/article/view/4415/3484>. Acesso em: 07/10/2021. 9 ANDRADE, Adriano. Interesses difusos e coletivos esquematizado. 5ºed.rev.atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2015. 10 LÔBO, Paulo Contratos / Paulo Lôbo. - Coleção Direito civil volume 3, 6. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 11 ENES, Hugo Afonso dos Santos; MORESCO, Caroline Emanuelle Chusta ;GOLDENSTEIN, Alberto Israel Barbosa de Amorim. Segurança Juridica dos contratos na era digital. Anais do EVINCI – UniBrasil, Curitiba, v.4, n.2, p. 139-147, out. 2018 7 fortemente o direito privado na Europa e naturalmente, no Brasil (ANDRADE, 2015)12. Como é evidente o princípio da cooperação nas relações contratuais em que defende Gonçalves ao afirmar que: No direito civil, o contrato está presente não só no direito das obrigações como também no direito de empresa, no direito das coisas (transcrição, usufruto, servidão, hipoteca etc.), no direito de família (casamento) e no direito das sucessões (partilha em vida). Trata-se de figura jurídica que ultrapassa o âmbito do direito civil, sendo expressivo o número de contratos de direito público hoje celebrado, como já foi dito. (GONÇALVES, 2021, p.13) 13 . Diante desse fato, supracitado, percebe-se sua importância no ordenamento jurídico, sendo abrangente no que tange os contratos. Essa é a compreensão clara que se deve ter do contrato, como de resto de qualquer categoria ou instituto jurídico (LÕBO, 2020)14 A partir dessas historicidades é preciso entender o conceito de contrato. O autor acrescenta que “Nessa consonância, dispunha o art. 421 do Código Civil, em sua redação original: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. (GONÇALVES, 2021, p.3)15. Dessa forma, segundo o parecer do autor, “Sentido e o alcance do contrato refletem sempre e necessariamente as relações econômicas e sociais praticadas em cada momento histórico”. (LÔBO, 2020, p.19)16. 2.1.1. O conceito de contrato Para entender um pouco do que é o contrato eletrônico dentro da evolução tecnológica, é preciso em primeiro lugar entender o que é um contrato. De acordo 12 ANDRADE, Adriano. Interesses difusos e coletivos esquematizados. 5ºed.rev.atual. eampl. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2015, p.607. 13 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais,18ºed: Saraiva, 2021. 14 Ibid.,p.20. 15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais,18ºed: Saraiva, 2021.p.3. 16 LÔBO, Paulo Contratos . Coleção Direito civil, volume 3 – 6. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 8 com Gonçalves (2021)17 o contrato é o mais comum e o mais importante fonte de obrigação, devido às suas múltiplas formas e inúmeras repercussões no mundo jurídico. Pode-se afirmar que segundo Lôbo (2020)18 o contrato é o instrumento por excelência da autocomposição dos interesses e da realização pacífica das transações ou do tráfico jurídico, no cotidiano de cada pessoa. Acrescenta ao dizer que o contrato gera nas partes a convicção da certeza e da segurança de que as obrigações assumidas serão cumpridas e, se não o forem, de que poderão requerer judicialmente a execução forçada e a reparação pelas perdas e danos (LÔBO, 2020)19. Importante destacar que o contrato gera para o participante uma obrigação ou uma série de obrigações. Desse modo, não coincide a noção da obrigação coma de objeto do contrato (VENOSA, 2017)20. No entendimento de Pereira (2003)21 a noção estrita de contrato, deve ser um negócio jurídico bilateral, e de conseguinte exige o consentimento; pressupõe, de outro lado, a conformidade com a ordem legal, sem o que não teria o condão de criar direitos para o agente; e, sendo ato negocial, tem por escopo aqueles objetivos específicos. O direito contratual contemporâneo contempla os contratantes que detêm e os que não detêm poder negocial, além da função social que todo contrato deve cumprir (LÔBO, 2020)22. 2.1.2. O conceito de contrato Digital Primeiramente, é preciso partirdo princípio para entender o conceito de um contrato digital. Salientando, que independente do contrato, seja ele qual for, o contrato é um dos principais institutos jurídicos. Partindo desse entendimento Canello, destaca que “O contrato eletrônico pode ser compreendido como uma 17 Ibid.,p.12. 18 Ibid.,p.15. 19 Idem. 20 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos. (Coleção Direito Civil; 3).17º. ed. – São Paulo: Atlas, 2017, p.73. 21 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Contratos. Instituições de direito civil.Vol.III. 1ª Edição Eletrônica, Rio de Janeiro, 2003, p.73. 22 LÔBO, Paulo Contratos. Coleção Direito civil, volume 3 – 6. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. 9 técnica de efetivação contratual. Assim, tem os mesmos requisitos de validade dos contratos em geral, recaindo sobre as mesmas espécies de objetos” (CANELLO, 2007, p.12)23. A destarte que o termo ‘contrato eletrônico’ apresenta tanto um sentido amplo e objetivo e que também pode ser estrito e formal. Neste sentido, o primeiro refere- se ao contrato cujo objeto seja um bem ou serviço relativo aos meios eletrônicos; o outro, àquele contrato confeccionado por meios eletrônicos (RADO, 2008)24. É importante sublinhar que o contrato eletrônico pode ser compreendido como uma técnica de efetivação contratual (CANELLO, 2007)25 Neste contexto, Valquíria de Jesus Jovanelle ensina que “tais instrumentos são, em verdade, contratos de ‘consentimento eletrônico’, ou seja, por meio do qual a manifestação de vontade dos contratantes (oferta e aceitação), base para a formação dos contratos, se perfaz de forma eletrônica” (JOVANELLE, 2012, p.63)26. Em consonância, com já exposto acima, o que o diferencia dos demais é o meio ou instrumento utilizado para sua concretização, que neste caso é internet. Ou seja, a evolução tecnológica em geral criaram outras maneiras de contratar. É importante mencionar que a definição acima que é aplicável, sem problemas, à modalidade eletrônica, visto que seu conteúdo é o mesmo dos contratos tidos como ‘convencionais’ (RADO, 2008)27. Menezes (2021)28 define que um contrato digital é exatamente a mesma coisa que o contrato tradicional. Segundo a autora, a diferença está, em que o contrato tramita 100% em ambiente digital. Ou seja, este tipo de contrato precisa ser elaborado no meio eletrônico, ser assinado e também armazenado digitalmente. 23 CANELLO, Júlio. Os contratos eletrônicos no direito brasileiro: Comentários sobre o tempo e lugar da formação contratual. Sociais e Humanas. Stª Maria, v.20, nº1, jan/jun 2007, p. 09-22. 24 RADO, Juliana. O contrato eletrônico como documento jurídico: uma perspectiva Luso-Brasileira. Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, Brasília – DF, novembro, 2008, p.3241. Disponível em:< http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/brasilia/07_205.pdf>. Acesso em:07/10/2021. 25 Ibid., p.12. 26 JONAVELLE, Valquíria de Jesus. Aspectos Jurídicos dos contratos eletrônicos (Dissertação) Faculdade de Direito. São Paulo, 2012.p.63. Disponível em:< https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2132/tde-30102012- 094950/publico/Dissertacao_Versao_Final_Valquiria_de_Jesus_Jovanelle.pdf>. Acesso em: 07/10/2021. 27 RADO, Juliana. O contrato eletrônico como documento jurídico: uma perspectiva Luso-Brasileira. Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, Brasília – DF, novembro, 2008. 28 MENEZES, Stephanie. Contrato digital x Contrato tradicional: qual devo usar? Contraktor, 2021. Disponível em:< Contrato digital x Contrato tradicional: qual devo usar?>. Acesso em: 07/10/2021. 10 Considerando esse princípio, é necessário ater-se que, este documento pode ser assinado através de um computador, smartphone ou tablet, facilitando as negociações à distância. Essa é uma das principais vantagens de implementar o contrato digital. 2.1.3. Classificação dos contratos digitais Sendo, o contrato eletrônico, tema relativamente novo no ‘mundo jurídico’. No entanto, diversas classificações têm sido criadas para os mesmos, pela doutrina. Assim, classificam as categorias de contratação eletrônica, em: a) intersistêmicas; b) interpessoais e c) interativas (RADO, 2008)29. No caso do contrato eletrônico intersistêmico, há um contrato prévio, tido como principal. Conforme se depreende configura de forma regulada em que se dará cada comunicação eletrônica intersistêmica, não comportando maiores discussões ou divergências (CANELO, 2007)30. As partes que figuram nesta relação contratam as regras que regerão as comunicações e transações realizadas eletronicamente, tratando-se aqui de uma comunicação intersistêmica, na qual os sistemas de computador dos contratantes se interligam para comunicação (JANAVELLE, 2012)31 Como bem assinalado por RADO (2008)32, onde descreveu as definições que foram sucintamente, aponta para as contratações intersistemáticas ou intersistêmicas dizendo que são aquelas em que a contratação eletrônica se estabelece entre sistemas aplicativos pré-programados, sem qualquer ação humana, utilizando a internet. Quando se trata de contrato eletrônico interpessoal simultâneo pode-se aplicar as normas cabíveis às contratações entre presentes (CANELO, 2007)33. Desde logo, deve lembrar que nas palavras de Jonavelle (2012)34 são considerados contratos eletrônicos interpessoais simultâneos aqueles firmados por 29 Ibid.,p.3241. 30 CANELLO, Júlio. Os contratos eletrônicos no direito brasileiro: Comentários sobre o tempo e lugar da formação contratual. Sociais e Humanas. Stª Maria, v.20, nº1, jan/jun 2007. 31 JONAVELLE, Valquíria de Jesus. Aspectos Jurídicos dos contratos eletrônicos (Dissertação) Faculdade de Direito. São Paulo, 2012, p.87. 32 RADO, Juliana. O contrato eletrônico como documento jurídico: uma perspectiva Luso-Brasileira. Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, Brasília – DF, novembro, 2008, 33 CANELLO, Júlio. Os contratos eletrônicos no direito brasileiro: Comentários sobre o tempo e lugar da formação contratual. Sociais e Humanas. Stª Maria, v.20, nº1, jan/jun 2007. 11 partes que estejam, ao mesmo tempo, conectadas à rede por meio de seus computadores. Enfim, tudo indica uma prevalência dos interesses possibilitando a permissibilidade da declaração da vontade das partes para conformar, em alguma medida, os atos de execução. Cabe aqui verificar que as contratações interpessoais, por seu turno, correspondem àquelas em que, previamente à contratação eletrônica, onde existe uma comunicação eletrônica, ou seja, por meio de correio eletrônico, ou salas de conferências (RADO, 2008)35. Por outro lado, no que se refere aos contratos eletrônicos interativos, há diversas hipóteses de tratamento, conforme as particularidades do mecanismo de contratação via Internet utilizado (CANELO, 2007)36 E, como dito anteriormente, essa forma de contrato, nas palavras de Jonavellle (2012) descreve que é a forma mais comum de contratação pela internet, evidenciada pela contratação de serviços de contratos eletrônicos interativos são caracterizados pela apresentação de cláusulas unilateralmente preestabelecidas pelo proprietário mediante acesso as plataformas webs37. É importante mencionar que os autores quiseram dizer em relação aos contratos propriamente ditos precede uma fase de negociação, de tratativas, na qual as partes discutem os seus respectivos interesses para que, quando da formação do contrato. 2.2. VALIDADE E EFICÁCIA DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS 2.2.1. O que é validade jurídica? 34Ibid., p.87. 35 RADO, Juliana. O contrato eletrônico como documento jurídico: uma perspectiva Luso-Brasileira. Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, Brasília – DF, novembro, 2008. 36 CANELLO, Júlio. Os contratos eletrônicos no direito brasileiro: Comentários sobre o tempo e lugar da formação contratual. Sociais e Humanas. Stª Maria, v.20, nº1, jan/jun 2007. 37 JONAVELLE, Valquíria de Jesus. Aspectos Jurídicos dos contratos eletrônicos (Dissertação) Faculdade de Direito. São Paulo, 2012, p.87. 12 Inicialmente, pode-se destacar que o Código Civil (2008)38 definiu em seu artigo 104, pressupostos de validade do negócio jurídico em que dispõem: Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei. De acordo com a Medida provisória nº 2.200, de 28 de Junho de 2001, através do “Art. 1º, onde ficou instituída a Infraestrutura de Chaves Pública Brasileira (ICP) para garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras” (BRASIL, 2001)39. Como apontaram os autores em relação à validade dos documentos digitais, a Medida Provisória obrigou que este, deva ser assinado com chaves certificadas por uma Autoridade Certificadora credenciada pelo Comitê (GANDINI; SALOMÃO; JACOB, 2016)40. Cabe salientar, diante do exposto acima, que é preciso destacar nas palavras de Calero (2016)41 ao reforçar que a Medida Provisória nº 2.200/01, foi reeditada para garantir a autenticidade, integridade e validade jurídica dos documentos em formato eletrônico. Muito já se discutiu sobre a garantia ainda na realização das transações eletrônicas seguras. De acordo com GANDINI, SALOMÃO; e JACOB, esclareceram nas palavras do Comitê Gestor da ICPBrasil que a privacidade do contratante estaria garantida em que: 38 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008, p.157. 39 BRASIL. Medida provisória nº 2.200, de 28 de Junho de 2001. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas_2001/2200.htm#textoimpressao. Acesso em: 11/10/2021. 40 GANDINI, João Agnaldo Donizeti; SALOMÃO, Diana Paola da Silva; JACOB, Cristiane. A Validade jurídica dos documentos digitais. BuscaLegis.ccj.ufsc.brJul,2016, p.4. 41 CALERO, Marcus Araujo. Contratos Eletrônicos: Validade Jurídica e Conjunto Probatório (Monografia) Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER),2016,p.10. Disponível em:< http://dspace.insper.edu.br/xmlui/bitstream/handle/11224/1441/MARCUS%20ARAUJO%20CALERO_ Trabalho.pdf?sequence=1>. Acesso em: 11/10/10/2021. 13 Estipulou que ninguém será obrigado a obter certificados, pois "a validade jurídica é um atributo ligado a qualquer meio de prova, seja eletrônico ou não, desde que obtido por meio lícito"; previu que haverá presunção de veracidade dos documentos digitais, com a possibilidade de utilização de meios comprobatórios diversos para se demonstrar a sua autoria e integridade. (GANDINI; SALOMÃO; JACOB, 2016) 42 . Como é sabido no Art. 1º. Que a lei foi definida para estabelecer os princípios, garantias, “direitos e deveres para o uso da internet no Brasil”, além determinar as diretrizes para atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à matéria (BRASIL, 2014)43. No entendimento da autora, deve-se mencionar que as Organizações das Nações Unidas (ONU), por meio da United Nations Commission on International Trade Law (Uncitral), ou seja, apresentou a Lei Modelo da Uncitral, aos países associados às Nações Unidas, onde propôs um conjunto de normas, objetivando entre, entre outros aspectos, a dispor sobre a validade dos documentos celebrados por meio eletrônico (JONAVELLE, 2012)44. Observa-se que o autor aponta para o próprio art. 421 do Código Civil, em sua redação original, em que se admite que: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. (GONÇALVES, 2021, p.13)45. Neste sentido, deve considerar que de acordo com a forma tradicional não seria mais aceitável. Apesar de a internet ter evoluído, e a sociedade cada vez globalizada. E no que diz respeito ao ordenamento jurídico deve seguir os passos dessa evolução no mesmo sentido. Segundo os autores de acordo com dados históricos, pode-se verificar que o Direito anda de passos largos, e que não acompanhou imediatamente a evolução social, econômica e tecnológica, estando sempre retardatário perante essas mudanças em termos de contratos. (GANDINI; SALOMÃO; JACOB, 2016)46. Outros aspectos essenciais a serem apontados são as disposições gerais e princípios contratuais do Direito Civil, obrigatoriamente existentes e respeitados em todos os negócios jurídicos. Conforme Título V; Dos Contratos em Geral Capitulo I. 42 Ibid., p.15. 43 BRASIL. Lei nº12.965 de Abril de 2014. Disponível em:< https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em:12/10/2021. 44 JONAVELLE, Valquíria de Jesus. Aspectos Jurídicos dos contratos eletrônicos (Dissertação) Faculdade de Direito. São Paulo, 2012,p.34. 45 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais, 18ºed:Saraiva,2021.p.13. 46 GANDINI,João Agnaldo Donizeti;SALOMÃO, Diana Paola da Silva;JACOB, Cristiane. A Validade jurídica dos documentos digitais. BuscaLegis.ccj.ufsc.brJul,2016,p.4. 14 Disposições Gerais, Seção I, Preliminares numa harmoniosa combinação dos artigos que se expressa: Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. (BRASIL, 2008) 47 . De forma muita sucinta, pode-se afirmar que segundo Calero (2016) a validade do contrato eletrônico se deve às questões estipuladas em lei, ou seja, satisfazer os requisitos que tem relação com seu objeto, forma e as partes48. Cada vez mais os indivíduos têm utilizado os meios eletrônicos para contratarem serviços nas mais diversas áreas. Conforme aborda Toledo (2008) ao leciona que no caso de documentos eletrônicos, a autenticidade quanto à autoria da vontade manifestada no documento deve ser assegurada por meio da tecnologia49. Outro recorte deste novo cenário refere-se, porém a dificuldade que recai em realizar a identificação segura dos contratantes. Para Toledo (2008) trata desta inafastável priorização, assim se posiciona ao dizer que existem duas principais preocupações do direito quanto aos contratos eletrônicos, uma sendo a certeza da identidade dos contratantes envolvidos em um negócio jurídico, que fora celebrado pela internet e a outra a certeza da integridade do conteúdo desse contrato50. Compreende-se o mínimo existencial independente dos meios, seja ele da forma tradicional ou eletrônico, de acordo com Art. 113. “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”. (BRASIL, 2008)51. Nota-se que ao princípio da legalidade para Toledo (2008) ao citar Fábio Ulhoa Coelho ao lecionar nas palavras do referido autor, em que a prova da existência e conteúdo do contrato eletrônico pode ser feita em juízo, pelos meios de 47 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008, 48CALERO, Marcus Araújo. Contratos Eletrônicos: Validade Jurídica e Conjunto Probatório (Monografia) Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER), 2016. 49 TOLEDO, Ana C P Franco. Aspectos Jurídicos da Celebração de contratos pela internet (Dissertação) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2008. 50 Ibid.,p.93. 51 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008, p.157. 15 prova adequados a esse novo tipo de contrato, conforme dispõe o artigo 104 do Código Civil52. 2.2.2. Princípios contratuais Neste tópico é preciso elencar os princípios contratuais de maior relevância nos contratos eletrônicos, de forma que seja feita a correlação entre suas peculiaridades. No entendimento de Gonçalves (2021)53 o direito contratual rege-se por diversos princípios, alguns tradicionais e outros modernos. Neste ponto, reporto- me nas palavras de Lôbo (2020) sob esse enfoque, também, os princípios individuais são os que contemplam os interesses das partes no contrato54. Deve-se atentar para a necessidade de rever os elementos mais essenciais no ordenamento jurídico que são os: da autonomia da vontade, função social, do consensualismo e, da boa-fé. 2.2.2.1. Autonomia da Vontade Valendo transcrever que segundo Calero (2016) sendo a autonomia da vontadade um ramo do direito civil, em que os princípios se aplicam a qualquer indivíduo, que possui capacidade jurídica, em que tais peculiaridades se manifestam no direito de praticar atos e assumir obrigações no campo jurídico55. Como se pode depreender diante dos tópicos acima, o Código Civil (2002) na analise da estrutura do art. 104, ao interpretar esse dispositivo reconhece que o denominador contemplou três espécies de interesses que requer “objeto lícito, possível, determinado ou determinável” (BRASIL, 2008)56. Deve fica alerta que, tal entendimento é pacífico no negócio jurídico, negando ao vicio por algum ato ilícito. Nesta senda, o contrato eletrônico é anulado no 52 Ibid.,p.49. 53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais, 18ºed: Saraiva,2021 54 LÔBO, Paulo Contratos / Paulo Lôbo. - Coleção Direito civil volume 3 – 6. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020.p.67 55 CALERO, Marcus Araújo. Contratos Eletrônicos: Validade Jurídica e Conjunto Probatório (Monografia) Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER),2016, p.15. 56 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008, p.157. 16 respectivo pacto em pleno direito. Há que se considerar que a liberdade para contratar não é direito absoluto. 2.2.2.2. Função Social Falando do princípio da função social do contrato é uma inovação trazida pelo CC/02, quanto à uma previsão expressa legislativa. Anota-se que, já existiam ecos em termos doutrinários que assegurava que a função social do contrato decorria em função da disposição do Art.5º, XXII e XXIII da CF/88, ou seja, do direito de propriedade e sua função social (CAMARGO, 2009).57 Com base nos artigos CF/88, não como se pensar no direito a propriedade, tendo em vista, a função social da propriedade. Com efeito, o contrato é um negócio jurídico lícito que repercute nas relações entre o prestador e o contratante. No entanto, em “direito o termo função social corresponde a um conceito semântico aberto, uma vez que está presente em quase todos os ramos da ciência jurídica”. (ANDRADE, 2018, p.243)58. Como assevera Salles (2021) reinterpretando, disse que o conteúdo da contratação é limitado pelo contexto social em que está inserido, a fim de que não acarrete obrigações excessivas a nenhuma das partes, e que a recíproca seja a mesma entre elas, e que também, imponha a justiça social, extirpe a possibilidade de enriquecimento sem causa em decorrência da superposição de uma parte frente à outra59. 2.2.2.3. Consensualismo Antes, porém, de explorar o conceito de consensualismo, deve ter em mente que em regra, os contratos são consensuais, ou seja, devem seguir tão somente à 57 CAMARGO, Luan José Jorge. Contratos Eletrônicos:segurança e validade jurídica.(Monografia)Universidade Católica Dom Bosco, 2009, p.28. Disponível em:< https://site.ucdb.br/public/downloads/11161-modelo-monografia.pdf>. Acesso em:25/10/2021. 58 ANDRADE, Tadeu L S.O princípio da Cooperação Linguistica nas relações contratuais:uma Analise Semântica-Pragmática à luz do Direito do Consumidor.Revista do Ministério do Rio de Janeiro, nº68, abr/Jun.2018, p.243. 59 GIANNELLINI, Luiz F Salles. O consentimento previsto na LGPD e sua aplicação nos contratos eletrônicos: desafios para sua validação. (Dissertação) Universidade Nove de Julho (Uninove), 2021, p.163. Disponível em:< http://bibliotecatede.uninove.br/bitstream/tede/2597/2/Luiz%20Fernando%20Salles.pdf>. Acesso em:25/10/2021. https://site.ucdb.br/public/downloads/11161-modelo-monografia.pdf 17 vontade e o que for estipulado pelas partes. É mister que a não obrigatoriedade de convenção garante às partes a liberdade de firmarem o acordo que melhor represente suas vontades, desde que a lei não obrigue forma diversa (CALERO,2016)60. Antes, as considerações anteriores devem entender que “os contratos são, pois, em regra, consensuais” (GONÇALVES, 2021, p.21)61. 2.2.2.4. Princípio da Boa-Fé É interessante observar que o princípio da Boa fé, preceitua o art. 422 do Código Civil, em que assevera que: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa- fé” (BRASIL, 2008, p.192)62. Se o princípio anterior tem por escopo o consenso entre as partes. Nesta órbita de raciocínio segundo Gonçalves (2021) esse princípio, postula-se a boa-fé em que exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato63. Conforme o já citado art.422 CC/02, convém destacar sobre esse tema em que para o autor ao recorre ao dispositivo da lei ao preconizar a prioridade da melhor doutrina em detrimento que a boa-fé não apenas é aplicável à conduta dos contratantes na execução de suas obrigações, mas também aos comportamentos que devem ser adotados antes da celebração ou após a extinção do contrato (LÔBO, 2020)64. Por isso, o próprio artigo supracitado, dispõe por definição que nada mais é senão um dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como agir de acordo com os princípios éticos e morais aceitos de maneira criteriosa 60 CALERO,Marcus Araujo. Contratos Eltrônicos:Validade Jurídica e Conjunto Probatório (Monografia) Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER),2016, p.16. 61 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais, 18ºed:Saraiva,2021.p.13. 62 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008,p.192. 63 Ibid.,p.13. 64 LÔBO, Paulo Contratos / Paulo Lôbo. - Coleção Direito civil volume 3 – 6. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, p.87. 18 de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos pelo indivíduo (GONÇALVES, 2021)65. É possível vislumbrar, em uma determinada aplicação do princípio da boa-fé objetiva, conforme diz o autor: “A ninguém é dado valer-se de determinado comportamento, quando lhe for conveniente e vantajoso, e depois voltar-se contra ele quando não mais lhe interessar mediante comportamento contrário” (LÔBO, 2020, p.89)66. Finalmente, no que serefere à ação dos princípios, pois somente assim o Direito garantirá à sociedade global segurança total nos contratos eletrônico de que os negócios foram realmente concretizados, possuindo, desta forma, validade jurídica (GANDINI; SALOMÃO; JACOB, 2016)67. 2.3. A FORMAÇÃO DO CONTRATO No Brasil, a renovação teórica do contrato com vista a fundamentar no Código Civil, que impôs uma revisão dos paradigmas contratuais e novos princípios a serem observados pelos contratantes trazidas com a lei de liberdade econômica, através da lei 13.874/2019, em consonância com os arts. 113 §1°, 421 e 421-A. Dentre “as inovações mais importantes destacam-se no Art. 113”. § 1º a interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; III - corresponder à boa-fé; IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração 68 . 65 Ibid.,p.13. 66 Ibid.,p.89. 67 GANDINI, João Agnaldo Donizeti; SALOMÃO, Diana Paola da Silva;JACOB, Cristiane. A Validade jurídica dos documentos digitais. BuscaLegis.ccj.ufsc.brJul,2016, p.2-4. 68 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. 19 Art. 421. “A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato”. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual (BRASIL, 2008)69. Fica patente que a interpretação no Art. 421-A. em que: “Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais”, garantido também que: I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada (BRASIL, 2019) 70 . Diante dessa normatização cabe destacar essa natureza já estava prevista no CC/02 nos termos do art. 113, que assim dispõe: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração” (BRASIL, 2002, p.158). A cláusula geral da boa-fé objetiva é tratada no Código Civil em três dispositivos, por definição legal, no o art. 422, “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé” (BRASIL, 2008)71. No que se refere à formação do contrato na forma objetiva, a norma está em harmonia com o Código Civil. Para Venosa (2017) descreve que a partir da existência do consentimento são examinados os outros elementos do negócio jurídico contratual, tais como: o objeto de proposta, comum a todos os contratos, como aqueles que são exigidos em determinadas relações, na forma prescrita em lei; a entrega da coisa integrante da natureza do contrato72. 69 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. 70 BRASIL. Lei nº13. 874, de 20 de Setembro de 2019. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13874.htm>. Acesso em:17/10/2021. 71 BRASIL. Código Civil (2002). Código civil brasileiro e legislação correlata. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. 72 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos. (Coleção Direito Civil),V.3,17º. ed. São Paulo: Atlas, 2017, p.120. 20 Neste cenário, a manifestação da vontade segundo a interpretação de Gonçalves que dispõe: É o primeiro e mais importante requisito de existência do negócio jurídico. A vontade humana se processa inicialmente na mente das pessoas. É o momento subjetivo, psicológico, representado pela própria formação do querer. O momento objetivo é aquele em que a vontade se revela por meio da declaração (GONÇALVES, 2021, p.31) 73 . Tal concepção consolida nesta fase, em que ela se torna conhecida e apta a produzir efeitos nas relações jurídicas. Dando uma atenção especial, a rigor na declaração da vontade. Nesta linha, é preciso considerar o momento da formação do contrato nas plataformas digitais. 2.3.1. Formação dos contratos eletrônicos nas plataformas digitais No que se refere ao contrato, como é sabido, se trata de uma espécie negócio jurídico, celebrado mediante a declaração de duas ou mais vontades, de onde resultam efeitos jurídicos correspondentes à autonomia privada das partes envolvidas (CARNEIRO, 2019, p.54)74. Venoso, ainda propõe ao afirmar que a oferta ou proposta de contrato ainda não aceita, também denominada ‘policitação’, é a primeira fase efetiva do contrato, disciplinada na lei. (VENOSA, 2021)75 . Conforme a proposta eletrônica para Carneiro, “a proposta não se trata de atos preliminares ou preparatórios, mas já se trata da primeira manifestação negocial de vontade” (CARNEIRO, 2019, p.65)76. É importante ressaltar que ofertante é o prestador de serviço, com quem se relaciona diretamente com o destinatário, ou seja, o Contratante. Deve esclarecer que o titular, não é o dono da plataforma digital, e nem tem domínio sobre o mesmo em questão (LÔBO, 2020)77. 73 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e Atos Unilaterais, 18ºed:Saraiva,2021.p.13. 74 CARNEIRO, Daniel Carvalho. O Negócio de intermediação no comércio eletrônico: A imputação da obrigação às plataformas de comércio eletrônico. (Dissertação) Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Portugal, 2019. Disponível em:< https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/45837/1/ulfd145214_tese.pdf>. Acesso em:18/10/2021. 75 Ibid. 76 Ibid.,p.65. 77 LÔBO, Paulo Contratos / Paulo Lôbo. - Coleção Direito civil volume 3 – 6. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020,p.112. 21 Considerando, portanto, a proposta eletrônica que se dá através da oferta contratual, que segundo Carneiro, “para ser efetivamente considerada como proposta e consequentemente vincular a parte proponente, deverá revelar ser firme e completa, além de se revestir na forma requerida para o negócio a ser celebrado”. (CARNEIRO, 2019, p.65)78. Conforme já indicado, o principal efeito da doutrina é de consistir uma declaração na forma de um ato legal voluntário que exige uma ou duas vontades para ser executado, pela qual, uma das partes se expressa em relação a sua intensão de contratar. Para Lôbo (2020) é imprescindível salientar que a lei que exigiu a forma escrita, agora estaria satisfeita pela utilização do meio da assinatura eletrônica que assegure as mesmas características do documento escrito no papel, a saber, a inteligibilidade, a durabilidade e a autenticidade, e desde que seja passível a informação de ser reproduzida mediante impressão79. 2.3. BREVE EXPOSIÇÃO SOBRE A PLATAFORMA DIGITAL É preciso apresenta como as Plataformas Digitais funcionam como facilitadores de relacionamento, aproximando os prestadores de serviços e contratantes. Para isso, elas precisam gerar confiança com termos e condiçõesclaras em relação à propriedade intelectual e à coleta de dados confidenciais, proporcionando segurança para quem utiliza a plataforma. De modo ainda mais didático Andréa afirma que “uma plataforma online é uma arquitetura projetada para organizar interações entre usuários, não apenas usuários finais, mas também entidades corporativas” (ANDRÉA, 2020, p.20)80. Uma definição mais ampla e em consonância com o paradigma tecnológico, é a de Marinho (2017) que traz a distinção entre o contrato tradicional e o da internet, ao dizer que o contrato eletrônico, fez praticamente desaparecer a distância física permitindo uma comunicação, quase em tempo real, a um custo relativamente 78 CARNEIRO, Daniel Carvalho. O Negócio de intermediação no comércio eletrônico: A imputação da obrigação às plataformas de comércio eletrônico. (Dissertação) Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Portugal,2019. 79 LÔBO, Paulo Contratos / Paulo Lôbo. - Coleção Direito civil volume 3 – 6. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020,p.111. 80 ANDRÉA, Carlos d’.Pesquisando plataformas online : conceitos e métodos. – (Coleção Cibercultura) Salvador: EDUFBA, 2020.Disponível em:< https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/32043/4/PlataformasPDF.pdf>. Acesso em: 18/10/2021. 22 acessível. Como consequência desse contato humano, vislumbrou-se a possibilidade de realizar negócios jurídicos81. 2.4. INTERVENÇÃO JURÍDICA NA VALIDAÇÃO DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS Assentada a premissa da existência de instrumentos de validação, que dê garantia de validade que estão sendo adotados pelas plataformas, diante da não existência de regulamentação no âmbito jurídico. Cabe aqui neste tópico discutir a intervenção jurídica na validação dos contratos eletrônicos. Entretanto, cabe aqui também, elencar uma das plataformas digitais que tem disponibilizado a assinatura eletrônica que validam o signatário, é a DocuSign. Neste contexto, deve-se perguntar, como elas funcionam em termos de validade jurídica? A primeira reflexão que se deve fazer é que a validade jurídica relacionada com a execução da prestação de serviços. Valendo-se transcrever que segundo Natividade (2016) assinalou que a DocuSign disponibiliza na sua plataforma on-line, estando acessível pelo endereço https://www.docusign.com.br, ao permitir a seus usuários gerir transações eletrônicas, assinando contratos eletrônicos, com o intuito de trazer maior eficiência à celebração de contratos, mediante a adoção dos serviços de autenticação disponibilizados pela Contratante82. Na mesma direção, segue o entendimento de Sílvio Venosa (2017) confirmando que a liberdade de contratar pode ser vista sob dois aspectos. Pelo prisma da liberdade propriamente dita de contratar ou não, estabelecendo-se o conteúdo do contrato, ou pelo prisma da escolha da modalidade do contrato83. No âmbito dos contratos eletrônicos, deve ser entendido que “A liberdade contratual permite que as partes se valham dos modelos contratuais constantes do 81 MARINHO, Claudia Ribas . Transnacionalidade dos contratos de prestações de serviços pela internet. Revista do CEJUR/TJSC: Prestação Jurisdicional, v. V, n. 01, p. 253-267, dez. 2017,p.256. Disponível em:< https://revistadocejur.tjsc.jus.br/cejur/article/view/230/135>. Acesso em:18/10/2021. 82 NATIVIDADE, Fabio. Parecer Jurídico acerca da validade de assinatura e documentos eletrônicos.OPice Brum.Março, São Paulo,2016. Disponível em:< https://view.highspot.com/viewer/6171afd9c00f6ba8f03fd0dd?iid=6169f73ef15d57754ba20a52>. Acesso em:21/10/2021. 83 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: Contratos .(Coleção Direito Civil; 3), 17º. ed. – São Paulo: Atlas, 2017. https://www.docusign.com.br/ https://view.highspot.com/viewer/6171afd9c00f6ba8f03fd0dd?iid=6169f73ef15d57754ba20a52 23 ordenamento jurídico (contratos típicos), ou criem uma modalidade de contrato de acordo com suas necessidades (contratos atípicos)”. (VENOSA, 2017, p.28)84. Ao interpretar esse dispositivo, Natividade (2016) reconhece que a doutrina manifesta o mesmo entendimento, afirmando que o ordenamento jurídico brasileiro não impõe, em via de regra, forma com é feita a celebração de contratos eletrônicos85. Deve aqui assinalar que ao tratar de contratos consensuais quando se aperfeiçoam pelo mero consentimento, manifestação de vontade contratual, que seja esta formal ou não. Observa-se que a ordem jurídica não exige o aperfeiçoamento na forma de celebração no contrato dito real, logo, precisa do mero consentimento das partes para ter o contrato finalizado. (VENOSA, 2017)86. Uma ideia que deve ser afastada de pronto, bem lembrada por Toledo (2008), ao dizer que a lei não prescreve nenhuma forma especial para a validade do negócio jurídico. Não obstante, que haja equilíbrio entre as partes para formalizar o modo de contratar de forma lícita. Neste sentido, não haverá qualquer impedimento legal para a celebração de contratos com as manifestações de vontade sendo transmitidas por meio eletrônico87. Observa-se quão pretensiosa, é nas palavras de Natividade (2016) ao dizer que os juristas brasileiros já reconheceram que não há restrição para a celebração de contratos eletronicamente, por meio de assinatura digital88. Tal preceito recebeu a seguinte apreciação de Massi e Massi (2006) ao interpretarem os contratos feitos por qualquer plataforma eletrônica, reconheceram que não diferem dos contratos tradicionais, pois de qualquer forma manifestam as vontades das partes que produziram os mesmos efeitos jurídicos que os contratos convencionais diferenciando dos meios, que neste caso é eletrônico89. Como acentua Natividade (2016) que disse que os tribunais brasileiros já reconheceram expressamente a validade de contratos eletrônicos celebrados por 84 Ibid.,p.28. 85 NATIVIDADE, fabio. Parecer Jurídico acerca da validade de assinatura e documentos eletrônicos. OPice Brum.Março, São Paulo,2016. 86 Ibid.,p.28. 87 TOLEDO, Ana Cristina de Paiva Franco(Dissertação) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,2008,p.71. 88 Ibid. 89 MASSI, Eva Dubrini; MASSI, Watson Maranhão. A internet e os contratos eletrônicos.Cadernos de Direito, Piracicaba. Jun. Dez,v.6,nº11, 2006, p.43. Disponível em:< https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/cd/article/view/649/215>. 24 diversos meios, soma-se, incluindo e-mail ou caixas eletrônicos, isto significa que regras normativas devem ser subsumidas em códigos informáticos90. Ao versar sobre a matéria, Junior (2002) ensina que a definição do momento e do local da constituição do contrato é importante e tem grande relevância no direito, na medida em que são determinantes para a verificação da existência da relação jurídica, das obrigações constituídas, da legislação aplicável e do foro competente para processar e julgar eventuais feitos entre as partes91. Entretanto, Natividade (2016) assevera ao partilhar a ideia de que no Brasil, a ampla utilização de assinatura eletrônica é relativa nova. Consequentemente, não foram encontrados muitos casos envolvendo a utilização de assinatura eletrônica padrão, embora haja pendencias de julgamento perante os tribunais. Cite-se, por exemplo: o caso de uma ação movida através do Processo n° 1012526-11.2019.8.26.0068, na 1° Vara Cível da Comarca de Barueri/SP (fevereiro de 2021). Ação civil estabelecida pela Ticket (requerente) contra M V Pinheiro e a sócia da empresa, Morgana Vanda Pinheiro (requerida). A M V Pinheiro não apresentou defesa. A requerida alegou não ser sócia da empresa, e, portanto, não poderia atuar como sua representante legal. Além disso, afirmou que o documento era fraudulento, porquanto não teriaassinado nenhum acordo com a requerente por meio da plataforma DocuSign e Signature, a requerida alegou que a representação gráfica de sua assinatura, não correspondia à sua assinatura manuscrita. No entanto, nas palavras do requerente destacou que as evidências técnicas geradas pelo sistema de assinatura eletrônica da DocuSign, evidenciando assim, que os serviços devidamente prestados, eram suficientes para atestar a validade do contrato firmado entre as partes. De forma mais rigorosa expõe o Ministro Raul Araújo (2014) ao se manifestar em razão das considerações do Código Civil, onde observou que o mesmo, se mostra totalmente permeável à realidade negocial vigente, especialmente em termos de novas tecnologias que tem sido “experienciada” no que toca aos meios eletrônicos de celebração de negócios92. 90 NATIVIDADE, fabio. Parecer Jurídico acerca da validade de assinatura e documentos eletrônicos. OPice Brum. Março, São Paulo, 2016. 91 JUNIOR, Eurípedes Brito Cunha. Os contratos eletrônicos e o novo código Civil. RCERJ, Brasília,nº19,2002,p.62-77. 92 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial. Revista Eletrônica de Jurisprudência, 2014. Disponível em:< https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp- 1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202>. Acesso em:22/10/2021. https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202 https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp-1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202 25 Em relação ao art. 6°, a MP 2002/01, é bom lembrar que ela instituiu que a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) tem como objetivos garantir autenticidades, e integridade e validade jurídica de documentos em forma eletrônica, esclarece que as autoridades certificadoras são: Entidades credenciadas a emitir certificados digitais vinculando pares de chaves criptográficas ao respectivo titular, compete emitir, expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados, bem como colocar à disposição dos usuários listas de certificados revogados e outras informações pertinentes e manter registro de suas operações 93 . É importante ressaltar que no parágrafo único: “O par de chaves criptográficas será gerado sempre pelo próprio titular e sua chave privada de assinatura será de seu exclusivo controle, uso e conhecimento”94. Aqui, verifica-se que através do Glossário ICP-Brasil, a assinatura digital é: “Código anexado ou logicamente associado a uma mensagem eletrônica que permite de forma única e exclusiva a comprovação da autoria de um determinado conjunto de dados (um arquivo, um e-mail ou uma transação)95”. A esse respeito, afirma que é melhor versar sobre a sua funcionalidade, segundo a qual: “assinatura digital comprova que a pessoa criou ou concorda com um documento assinado digitalmente, como a assinatura de próprio punho comprova a autoria de um documento escrito”.96 De igual forma o Ministro Raul Araújo Relator da 4º Turma do STJ, assinalou que “o contrato eletrônico é documento que pese nas plataformas digitais, e tem ganhado foros de autenticidade e veracidade com a oposição da assinatura digital”97. Aliás, é a lei que dispõe, e fez assim, no art.10. MP2002/01. Em que: “consideram-se documentos públicos ou particulares, para todos os fins legais, os documentos eletrônicos de que trata esta Medida Provisória”98. 93 BRASIL. Medida Provisória Nº2.200-2, de 24 de Agosto de 2001.Disponível em:< https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas_2001/2200-2.htm>. Acesso em:22/10/2021. 94 BRASIL. Medida Provisória, nº2.200-2, de 24 de Agosto de 2001. 95 BRASIL. Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP).Out, 2007. p.5. Disponível em:< https://www.gov.br/iti/pt-br/centrais-de-conteudo/glossario-icp-brasil-versao-1-2-novo-2-pdf>. Acesso em: 22/10/2021. 96 Ibid.,p.5. 97 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial. Revista Eletrônica de Jurisprudência, 2014. Disponível em:< https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/595923192/recurso-especial-resp- 1495920-df-2014-0295300-9/inteiro-teor-595923202 98 Ibid. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas_2001/2200-2.htm https://www.gov.br/iti/pt-br/centrais-de-conteudo/glossario-icp-brasil-versao-1-2-novo-2-pdf 26 Isso tem fundamento legal no art. 10, §1º, que reconhece que “As declarações constantes dos documentos em forma eletrônica produzidos com a utilização de processo de certificação disponibilizado pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação aos signatários, na forma do art. 131 da Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Civil”99. Diante de foi dito anteriormente, ainda sobre essa temática, a referida DocuSign, em sua plataforma que oferece serviços de gerenciamento de transação digital, ao versar sobre a nova funcionalidade, e que coloca disponível para clientes em todo Brasil, que necessitarem assinar com um certificado digital. Dessa forma, “indivíduos e empresas de qualquer porte e de qualquer lugar poderão realizar processos como autenticações, assinar contratos e reter documentos na nuvem de forma segura e 100% digital”100. Cabe salientar segundo Min. Raul Araújo ao relatar que uma vez presente à figura do contratante não olvide presumível na relação, há de se primar pelo mais amplo acesso aos documentos digitais celebrados na internet101. Neste contexto a denominada plataforma DocuSign, se defende ao dizer que: “As assinaturas eletrônicas podem produzir contratos válidos e exequíveis, bem como podem proporcionar a mesma quantidade de evidências admissíveis que um contrato assinado de forma manuscrita”102. Nas palavras Brancher (2018) que contradiz ao reforçando a tese que a existência da assinatura eletrônica não é requisito essencial quanto à formalidade do contrato eletrônico. No entanto, só serve apenas como auxílio na verificação da presunção de sua veracidade.103. Há de constatar que as novas tecnologias costumam ser acompanhadas não só de soluções, mas também de novas necessidades. Em última análise, segundo Gandini, Salomão e Jacob (2012) asseveram com receio que existe ainda hoje de 99 BRASIL. Medida Provisória Nº2.200-2, de 24 de Agosto de 2001. 100 DUCOSIGN. Gerenciamento de Transações Digitais, 2015. Disponível em:< https://www.docusign.com.br/press-releases/docyousign-integra-certificado-digital-brasileiro- %C3%A0-sua-plataforma-de-gerenciamento>. Acesso em: 22/10/2021. 101 ARAÚJO, Raul. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial. Revista Eletrônica de Jurisprudência, 2014. 102 DOCUSIGN. Decisões Judiciais sobre Assinatura Eletrônica do Brasil, 2021. Disponível em:https://www.docusign.com/sites/default/files/decisoes_judiciais_sobre_assinatura_eletronica_no_b rasil_1.pdf. Acesso em:25/10/2021. 103 BRANCHER, Paulo Marcos Rodrigues. Contrato eletrônico. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Direito Comercial. Fábio Ulhoa Coelho, Marcus Elidius Michelli de Almeida (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/259/edicao-1/contrato-eletronico>. Acesso em:25/10/2021. https://www.docusign.com.br/press-releases/docyousign-integra-certificado-digital-brasileiro-%C3%A0-sua-plataforma-de-gerenciamento https://www.docusign.com.br/press-releases/docyousign-integra-certificado-digital-brasileiro-%C3%A0-sua-plataforma-de-gerenciamento https://www.docusign.com/sites/default/files/decisoes_judiciais_sobre_assinatura_eletronica_no_brasil_1.pdf https://www.docusign.com/sites/default/files/decisoes_judiciais_sobre_assinatura_eletronica_no_brasil_1.pdf27 estabelecer pactos via documentos digitais, como é o caso da Internet, faz com que juristas e técnicos passem a se preocupar com a garantia da segurança e validade jurídica de tais negócios104. Em verdade, na situação apresentada, o Brasil não possui uma lei especificamente sobre o valor probante do documento eletrônico, assinatura digital, a certificação digital, nem tão pouco sobre prestação de serviço eletrônico (JUNIOR, 2002)105. Daí vem à pergunta em questão: o que as empresas têm que fazer para que o documento eletrônico se torne legal judicialmente? Respondendo essa questão Gandini, Salomão e Jacob (2002) ao interpretar esse dispositivo, os autores asseveraram que para que o documento digital tenha validade jurídica é necessário que atenda a alguns requisitos, tais como a integridade, a autenticidade e a tempestividade106. Vale lembrar que segundo a empresa, a assinatura realizada com Certificado Digital tem a mesma validade jurídica que um registro e autenticação do cartório. (DOCUSIGN, 2020)107. Não é demais lembrar que, o contrato eletrônico dependesse de forma essencial, seriam criadas barreiras quase que intransponíveis à diversificação tecnológica, além de emperrar o processo de evolução dos sistemas de certificação, pois, apesar de haver uma intercomunicação, os sistemas e linguagens são muito diferentes entre si (BRANCHER, 2018). 104 GANDINI; João Agnaldo Donizeti; SALOMÃO,Diana Paola da Silva; JACOB,Cristiane. A segurança dos documentos digitais,2002. 105 JUNIOR,Eurípedes Brito Cunha.Os contratos eletrônicos e o novo código Civil. RCERJ, Brasília,nº19,2002,p.62-77. 106 GANDINI; João Agnaldo Donizeti; SALOMÃO, Diana Paola da Silva; JACOB, Cristiane. A segurança dos documentos digitais,2002. Disponível em:< https://jus.com.br/artigos/2677/a- seguranca-dos-documentos-digitais/2>. Acesso em: 22/10/2021. 107 DOCUSIGN. Decisões Judiciais sobre Assinatura Eletrônica do Brasil, 2021. 28 3. CONCLUSÃO Pretendeu-se através desse breve trabalho abordar o impacto do uso da tecnologia empregada durante a pandemia na validade dos contratos digitais. Sobre esse ângulo no atual cenário de crise da saúde pública e econômica, as empresas e os órgãos públicos foram obrigados a tomar uma série de medidas para evitar o contato físico entre os indivíduos, mantendo a rotatividade dos negócios de forma segura e com validade jurídica. Demostrada a razão de tantos motivos de tantas decisões, que em contrapartida às vezes não são favoráveis a aqueles que fazem uso dos contratos eletrônicos, por parte do Poder Judiciário, em que pese à clareza da validade jurídica que vão além de sua competência e limites impostos pela Constituição federal para resolver questões relativas à prestação de serviço essencial à população. O assunto em questão, apesar de pouco explorado na doutrina, é essencial para nossa reflexão, pelo fato de atingir aqueles que buscam na internet prestadores de serviços, através das plataformas digitais, e com isso, contempla-la com o direito civil em nossa realidade, na busca de soluções para esse grave problema de políticas cibernéticas que envolvem o ordenamento jurídico. Ao traçar as linhas básicas para compreender a validade desses contratos eletrônicos e a concretização do direito, aliados os princípios da boa-fé, e não esquecendo da função social, pode-se dizer que a proposta principal a ser delineado no inicio da pesquisa, foi atendido por todos os itens desse estudo. Tal circunstância, somada nesse ambiente permitiu que os objetivos propostos fossem alcançados. É patente lembrar que a inexistência de regulamentação sobre o assunto em questão, estaria em meio a uma profunda transformação jurídica e social, impulsionada por essa grande instabilidade jurídica, trazendo dificuldades aos problemas atinentes derivados dos contratos eletrônicos. Sendo, o contrato eletrônico um acordo de vontade em que as partes negociam, estipulam condições, em que deve obedecer aos princípios contratuais respeitando assim, autonomia da vontade. Por isso, a vulnerabilidade da validade desse tipo de contrato no ordenamento jurídico, especialmente nas relações de prestação de serviços, em que deve ser uma das preocupações que norteiam a 29 todos, principalmente os operadores de direito. Não obstante, o contratante é é o mais vulnerável nesta relação civilista, não importa a espécie de vulnerabilidade a que se refere. Vale aqui, reconhecer que a vulnerabilidade está na interpretação do CC/02, e também, na MP 2002/01. Daí, na legislação recente e nas normas regulamentadoras da conduta no ordenamento jurídico, que devem observarem os avanços na esfera da responsabilização dessas empresas que atuam sob a égide das plataformas digitais. Deve-se ressaltar que o estudo, teve suas próprias limitações, e também, não pretendeu esgotar a problemática sobre a validade de contratos eletrônicos e a concretização de forma segura do contratante em seu próprio direito na sociedade brasileira. Portanto, fica aberta para novas pesquisas e avanços. É importante ressaltar que no entendimento do STJ, assevera que o contrato eletrônico, ganha foro legais de autenticidade e veracidade, quando este, conta com assinatura digital. Outro ponto que merece destaque é a construção de um novo formato para esse negócio jurídico, é que a plataforma digital é de terceiro, ou seja, só disponibiliza a ferramenta para a concretização do contrato. Neste sentido, deve-se esclarecer que os contratos digitais são válidos em nosso ordenamento jurídico e podem ser utilizados com segurança, desde que devidamente elaborados e celebrados. Deve ressaltar também que a interpretação do colegiado, em que pese o CC/02, prever que o contrato eletrônico assinado digitalmente tem validade. Portanto, deve salientar que o legislador brasileiro não ficou alheio a esse avanços, fazendo referência para a certificação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira que substitui a assinatura das testemunhas. Desde logo, deve lembrar que a doutrina de certo modo, reconheceu o interesse funcional nos contratos digital assinado por meio eletrônico. Posta essa premissa, deve indagar que não é razoável, por assim dizer que atos jurídicos sejam inválidos por esse tipo de celebração. Pelo exposto, de todo o trabalho, conclui-se que o tema mercê mais reflexões, que possivelmente pode chegar a resultados interpretativos diferentes. De qualquer forma deve-se atentar, em fazer uso da aceitação de provas realizadas por essas plataformas para garantia do direito do contratante em possível, acordo extrajudicial. Com efeito, o direito civil de um lado vem assegurar e defender, além de outros pontos, mas percebe-se que tão refém ele ficou de outras leis, quanto maior forem os avanços, o desenvolvimento de jurisprudência poderão apresentar outros limites. 30 REFERÊNCIAS ANDRÉA, Carlos d’. Pesquisando plataformas online: conceitos e métodos. (Coleção Cibercultura) Salvador: EDUFBA, 2020. Disponível em:< https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/32043/4/PlataformasPDF.pdf>. Acesso em: 18/10/2021. ANDRADE, Tadeu L S.O princípio da Cooperação Linguística nas relações contratuais:uma Analise Semântica-Pragmática à luz do Direito do Consumidor.Revista do Ministério do Rio de Janeiro, nº68, abr/Jun.2018, p.243. ANDRADE, Adriano. Interesse difusos e coletivos esquematizado. 5ºed. Rev.atual. e ampl. 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