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História da Gastronomia: O Nascimento da Grande Cozinha O Surgimento dos Caldos e Molhos Não podemos falar de uma comida boa sem citar um dos acompanhamentos mais importantes e saborosos da nossa gastronomia: o molho. Sua finalidade é acompanhar, temperar, suavizar e valorizar o sabor das refeições. Os molhos são tão importantes dentro da gastronomia que existem profissionais dedicados para sua preparação, sendo denominados sauciers. Existem históricos de que esta iguaria, podemos assim chamá- lo, surgiu ainda com o homem primitivo, quando passou a utilizar-se do fogo para cozinhar e que, no início, os molhos eram utilizados para disfarçar o sabor dos alimentos. A época de ouro dos molhos situa-se na França dos séculos XVII e XVIII, quando as casas nobres disputavam os grandes cozinheiros. Era comum, então, os cortesãos e o próprio rei se vangloriassem de possuir talento para a cozinha, reconhecida ao mesmo tempo como ciência e arte, o que não deixa de ser verdade até nossos tempos. Foi em 1651 que François Pierre La Varenne, considerado o pai da cozinha francesa clássica, publicou seu magistral “Le Cuisinier François”, introduzindo a técnica do roux, molho de ligação feito com manteiga e farinha de trigo (que veremos adiante). Cozinheiros habilidosos inventaram novos molhos para banquetes reais e outras grandes ocasiões, batizando suas criações com o nome dos patronos. Assim, o marquês de Béchamel alcançou a imortalidade graças a um molho branco e a memória do príncipe de Soubise perpetuou-se pelas virtudes de um purê de cebola. Mas o verdadeiro legado dessa idade de ouro gastronômica é um pequeno conjunto de molhos chamado de molhos matrizes – sauces mères (molhos mães) dos quais brotam centenas de combinações ou variações cujo imaginação dos cozinheiros não cessam de alinhar as dezenas. Definimos os molhos como comestíveis líquidos ou semi líquidos que servem para valorizar pratos quentes ou frios. MOLHOS MÃES Nas artes culinárias, existe um termo chamado de “molho-mãe”. Ele refere-se a qualquer um dos molhos básicos – que são os pontos de partida para fazer outros diversos tipos de molho secundários ou molhos compostos. São chamados de molhos-mãe porque cada um é como o chefe de sua própria família. Esse sistema de organização foi desenvolvido por Antonin Carême – a princípio com quatro tipos de molhos – no século XIX. Essa base de molhos franceses é uma das razões pelas quais a cozinha francesa se tornou tão importante e influente na cozinha ocidental. Cada um dos molhos-mãe é feito com um líquido diferente e um agente espessante diferente, embora três dos molhos-mãe sejam engrossados com roux. Roux é uma mistura homogênea de partes iguais de farinha e gordura. São esses os tipos de molho que servem como base para sopas, cremes, recheios, suflês e outras inúmeras receitas. Vamos explorar um pouco mais desses tipos de molhos. MOLHO BECHAMEL O molho bechamel é, provavelmente, o mais simples dos molhos-mãe porque não requer caldo. Se você tiver leite, farinha e manteiga, já pode fazer um bechamel básico. O marquês Louis de Béchamel (1603-1703), um financista do século XVII que ocupou o posto honorário de mordomo-chefe da casa do rei Luís XIV (1643-1715), é conhecido por ter inventado o molho bechamel ao tentar inventar uma forma de comer bacalhau seco. O bechamel é feito engrossando o leite quente com um simples roux branco. O molho é temperado com cebola, cravo e noz-moscada e cozido até ficar cremoso e macio. Ele pode ser usado como ingrediente em receitas de diversas massas, legumes e até carnes. Mas também é a base para alguns dos molhos brancos mais comuns, molhos cremosos e molhos à base de queijo. Molho Velouté Literalmente, significa veludo em francês. O molho velouté é outro molho-mãe feito engrossando o caldo branco com um roux e fervendo por um tempo. É semelhante ao preparo do bechamel, mas não é diluído em leite. Além disso, é preparado juntamente com frango em sua receita mais comum, mas há também velouté de vitela e velouté de peixe. O velouté é muito usado para acompanhar determinados pratos e servir de base para cremes e sopas em que suas receitas indicam um caldo específico. Do velouté, por exemplo, se obtém o molho Allemande finalizado com ovos e natas e o famoso molho Suprême, finalizado com natas, manteiga e suco de limão. Molho Espanhol De todos os molhos, o molho espanhol é o rebelde da família francesa. Suas raízes não são exatamente espanholas – o molho foi criado como uma espécie de afronta à culinária da época, durante um casamento real no século XVII e se tornou um dos molhos-mães franceses. Diz a história que quando Luís XIII da França se casou com Ana da Dinamarca em 1615, filha de Filipe III da Espanha, os chefs espanhóis decidiram que os molhos franceses existentes eram muito insossos para a festa de casamento. Então, eles usaram tomates espanhóis para adicionar sabor e riqueza. A receita se tornou uma sensação culinária. Por honra e respeito, o molho espanhol é reconhecido como originário da cozinha francesa. Pela importância do perfil do sabor, foi incluído na coleção original de quatro molhos-mãe, Fazer o molho espanhol, teoricamente, não é muito diferente de fazer o velouté – ambos são molhos essencialmente à base de caldo e engrossados com roux. Entretanto, ele acaba por ser mais complicado – com roux escuro e caldo de carne no preparo. Além disso, é feito com purê de tomate e outros vegetais para dar cor e sabor mais intensos. É também o ponto de partida para o molho rico e profundamente saboroso chamado demi-glace, tradicionalmente servido com carnes vermelhas. Molho Vermelho Esse é o clássico molho de tomate. Esse molho lembra o tradicional molho de tomate que usamos em massas e pizzas, mas tem muito mais sabor e requer mais um preparo mais trabalhado e requintado. É usado, como gordura, azeite de oliva ou banha de porco. Tradicionalmente, o molho de tomate era engrossado com roux e alguns chefs ainda o preparam desta forma. Mas, na realidade, os próprios tomates bastam para engrossar o molho. Molho Holandês O molho holandês é um molho picante e amanteigado feito batendo lentamente a manteiga clarificada em gemas de ovo quentes. Portanto, o líquido aqui é a manteiga clarificada e o agente espessante são as gemas. O holandês é um molho emulsionado e usamos manteiga clarificada ao fazê-lo porque a manteiga inteira, que contém água e sólidos do leite, pode quebrar a emulsão. A manteiga clarificada é pura manteiga e, por isso, ajuda a emulsão a permanecer estável. Muito frequentemente usado sozinho e é particularmente delicioso em frutos do mar, vegetais e ovos. Beurre Blanc Beurre Blanc é um molho de manteiga branco aveludado que se originou na França. Tem apenas três ingredientes e cozinha rapidamente. É um molho ousado, mas leve, que fica ótimo com peixe, frango e vegetais. Beurre blanc é um molho emulsionado simples, rico graças à manteiga, mas também é ligeiramente doce e picante. Ele se tornou uma alternativa popular ao molho holandês na “nouvelle cuisine” – a nova cozinha francesa – estilo que surgiu na década de 1970 e tinha como característica leveza e delicadeza nos pratos, sempre acompanhados de uma bela apresentação. CALDOS E SUA ORIGEM A outra grande inovação são os caldos de carne (de carne bovina, carne de carneiro, carne de cordeiro, caldo de aves, de miúdos…) geralmente acompanhados por um bouquet garni. Um dos mais usados naquela época é o “coulis universal”, um caldo enriquecido com um aglutinante (farinha de trigo ou de amêndoas), cogumelos e carne moída. Caldos são ingredientes culinários preparados cozinhando carne (ou apenas ossos), peixe (ou apenas as cabeças e espinhas), ou vegetais e aproveitando principalmente a partelíquida, para fazer sopas ou molhos. Para além de alimento, os caldos, especialmente os que são feitos com ossos, têm sido usados ao longo dos séculos para ajudar no tratamento de doenças e, quando adequadamente preparados, mostram uma composição saudáve. Tal como a palavra equivalente em inglês, “broth”, a palavra “caldo” é por vezes usada no nome de uma sopa, como o caldo verde ou o caldo da panela. Existe ainda uma definição segundo a qual os caldos são mais consistentes que as sopas. Normalmente, os caldos de carne ou peixe são aromatizados com vários vegetais (mirepoix) e condimentos, adicionados de forma que se possam retirar, para manter o líquido de cozedura o mais límpido possível; quando se cozem ossos ou carne crua, a primeira fervura liberta espuma que deve ser retirada e só depois disso se devem colocar os vegetais e condimentos. Os vegetais mais utilizados são cebola, alho, cenoura, aipo e alho-porro; os condimentos são principalmente uma mistura de ervas aromáticas conhecida como “bouquet garni”, composta tradicionalmente por salsa, tomilho e louro, mas podem também levar vinho, vinagre ou tomate e serem conservados para posterior utilização, refrigerados ou congelados.[3] Para além destes aromatizantes, só na altura de serem usados os caldos são temperados com sal, pimenta e eventualmente outros condimentos. Os caldos também podem ser designados “fundos” que, noutras línguas (francês ou italiano) correspondem a caldos que se deixam ferver durante mais tempo, até ficarem cremosos, num processo chamado redução. São geralmente considerados dois tipos de fundos: o “fundo claro”, feito com carne ou ossos, vegetais e outros temperos, mas sem nenhuma preparação prévia, e utilizado https://pt.wikipedia.org/wiki/Ingrediente https://pt.wikipedia.org/wiki/Culin%C3%A1ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Carne https://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe https://pt.wikipedia.org/wiki/Sopa https://pt.wikipedia.org/wiki/Molho https://pt.wikipedia.org/wiki/Alimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa https://pt.wikipedia.org/wiki/Caldo_verde https://pt.wikipedia.org/wiki/Caldo_da_panela https://pt.wikipedia.org/wiki/Caldo_da_panela https://pt.wikipedia.org/wiki/Mirepoix https://pt.wikipedia.org/wiki/Condimentos https://pt.wikipedia.org/wiki/Espuma https://pt.wikipedia.org/wiki/Cebola https://pt.wikipedia.org/wiki/Alho https://pt.wikipedia.org/wiki/Cenoura https://pt.wikipedia.org/wiki/Aipo https://pt.wikipedia.org/wiki/Alho-porro https://pt.wikipedia.org/wiki/Erva_arom%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Bouquet_garni https://pt.wikipedia.org/wiki/Bouquet_garni https://pt.wikipedia.org/wiki/Salsa_(planta) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tomilho https://pt.wikipedia.org/wiki/Loureiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Vinho https://pt.wikipedia.org/wiki/Vinagre https://pt.wikipedia.org/wiki/Tomate https://pt.wikipedia.org/wiki/Caldo#cite_note-3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Pimenta https://fr.wikipedia.org/wiki/Fond_(cuisine) https://it.wikipedia.org/wiki/Fondo_di_cucina https://pt.wikipedia.org/wiki/Creme https://pt.wikipedia.org/wiki/Redu%C3%A7%C3%A3o_(cozinha) como base para o molho branco; e o “fundo escuro”, feito com ossos ou carne assados numa panela, no forno ou no fogão, muitas vezes com água e farinha torrada, mirepoix caramelizado e puré de tomate; este fundo escuro é normalmente usado para o molho espanhol, um dos cinco tipos básicos de molhos da culinária da França. O equivalente para um caldo de peixe é o “fumet”. Para preparar um bom molho é importante utilizar um bom caldo, que devem ser preparados com produtos de qualidade, trabalhados em fogo brando, condimentados e convenientemente coados. Os caldos influenciam e caracterizam o sabor das produções culinárias, as quais servem de base não só para os molhos, mas também sopas, cozidos, etc.. Para se ter um molho perfeito, ele deve ser preparado em grandes quantidades, e depois aromatizado, finalizado e guarnecido de inúmeras maneiras, produzindo os famosos molhos compostos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Molho_branco https://pt.wikipedia.org/wiki/Assado https://pt.wikipedia.org/wiki/Panela https://pt.wikipedia.org/wiki/Forno https://pt.wikipedia.org/wiki/Fog%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Farinha https://pt.wikipedia.org/wiki/Carameliza%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Molho_espanhol https://pt.wikipedia.org/wiki/Culin%C3%A1ria_da_Fran%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Caldo_de_peixe