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Emergências Endócrinas Diabetes – Complicações Agudas Cetoacidose Diabética: · Pode ser a manifestação inicial do DM1 · É mais característica da DM1, mas também pode ocorrer em DM2 · Sintomas constitucionais (poliúria, polidipsia), desidratação, dor abdominal · Laboratório: corpos cetônicos, glicemia > 250, pH < 7,3 (acidose), hiperpotassemia, hiponatremia (pseudo – tenho que corrigir, pois pode ser consequência de um a diluição do sangue) · Para cada 100mg de glicose que está acima do normal, tenho que corrigir o Na para 1,6mq – ex.: Na 128 e glicemia 200, faço 128 + 1,6 · Acesso inicial: · Se instável hemodinamicamente, pH < 7, rebaixamento de consciência: tenho que levar pro CTI · Monitorar após o diagnóstico com gasometria, dosagem de eletrólitos, quantificar débito urinário · Reposição Volêmica: · Primeira coisa a se fazer · 2-3L em 1-3 horas, de SF. Depois, graduo para salina a 0,45%: 250 a 500mL/h · Quando a glicose chegar a 200-250, eu faço solução de glicose 5% com SF 0,45% (1:1) · Insulina: · Depois de iniciar o manejo volêmico · Insulina regular IV 0,1U/kg em bôlus; depois fazer 0,1U/kg/h em infusão contínua · Depois da infusão contínua, eu tenho que ter uma queda da glicose de 75-100mg/dL. Se não atingir depois de 2-3h, eu aumento a dose de insulina de 2-3x até atingir o efeito desejado · Etiologia: · Má adesão ao tratamento: principal. Não está aplicando a insulina corretamente · Infecção · Gestação · IAM · Trauma · Potássio: · O K intravascular, que está alto, começa a entrar na célula por causa do tratamento com administração de insulina, fazendo uma hipocalemia · Se K > 5,2: eu não faço nada e espero · Se K < 3,5: fazer reposição · 40-80mEq/h · Se K 3,5-5,2: repor · 10mEq/h · Antes de repor, tenho que avaliar a função renal, o DU e o ECG · NPH: · É uma insulina lenta, por isso não se usa em um momento agudo, somente quando o paciente já está com a glicemia mais controlada · Introduzo a NPH a partir do momento que o paciente começar a se alimentar. Começo a NPH e, depois de 2-4h, desligo a bomba de insulina regular · Metas: · Estabilização · Glicemia: reduzir 75-100/h e manter entre 150-250 · Resolução da acidose (repor HCO3 se pH < 6,9) · Manter K > 3,5 Coma Hiperosmolar: · Melhor parâmetro de melhora: osmolaridade < 310 · Geralmente são idosos com DM2 · Glicemia > 600 · Confusão mental · Osmolaridade > 350 · Manejo: · Reposição volêmica: 0,45% 4-6L em 8-12h · Insulinoterapia · Reposição de K · Mortalidade maior do que na cetoacidose diabética pelo perfil do paciente Valor de referência Na: 135-145 mmol/L Creatinina: 0,7 a 1,3 mg/dL (homens) e 0,6 a 1,1 mg/dL (mulheres) Doenças da Adrenal Cada adrenal pesa 6-11g e elas têm aporte sanguíneo próprio. A direita é drenado pela veia suprarrenal direita (drena para VCI) e a esquerda pela veia suprarrenal esquerda (drena para veia renal esquerda). A adrenal é dividida em córtex e medula. Em relação ao córtex, podemos ter alteração em 3 tipos de hormônios (glicocorticoides, mineralocorticoides e precursores andrógenos). Córtex: Os glicocorticoides e mineralocorticoides são produzidos como resposta fisiológica ao estresse (cirurgia, susto), são afetados também pela PA e pelo equilíbrio eletrolítico. Já os precursores andrógenos são estróides sexuais, por isso, têm estímulos diferentes em relação a sua produção. Precursor em comum: colesterol. Os distúrbios do córtex que vão ocasionar uma deficiência hormonal podem acontecer por: herança de distúrbios glandulares e enzimáticos; destruição da hipófise ou adrenal (doenças autoimunes, infecção, isquemia, iatrogenia). As neoplasias causam excesso hormonal: ACTH (pela hipófise ou células neuroendócrinas); mineralocorticoides e precursores andrógenos (nos nódulos adrenais). A produção de glicocorticoides e de precurosores andrógenos é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA); e a de mineralocorticoides pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA). HPA: influenciado pelo clico circadiano e pelo estresse exógeno – faz com que sejam liberados neurotransmissores que agem no hipotálamo, estimulando a liberação de CRH → hipófise anterior que produz o ACTH → córtex adrenal → produção de glicocorticoides e andrógenos. O glicocorticoide (cortisol) circulante vai fazer o feedback negativo no hipotálamo e na hipófise, diminuindo a produção de CRH e de ACTH. A produção de cortisol tem um ciclo circadiano, onde de madrugada temos o Nadir (não tenho estresse, produção baixa) e em torno de 8:30, tenho um pico de cortisol que vai diminuindo até chegar novamente ao Nadir (maior vale). · Testes diagnósticos para AUMENTO de glicocorticoides: são necessários para diagnóstico de Sd de Cushing · Teste de supressão da dexametasona: dou glicocorticoide para ver se suprime a produção de ACTH · Produção autônoma de cortisol (nódulo adrenal): efeito pequeno da dexametasona, pois o paciente já tem ACTH deprimido pelo excesso de cortisol · Fonte ectópica de produção de ACTH: tumores resistentes à supressão por dexametasona (ACTH não suprime) · Adenoma hipofisário produtor de ACTH: dexametasona eficaz apenas em altas doses (ACTH suprime com altas doses) · Testes de DEFICIÊNCIA de glicocorticoides: · Teste de estimulação de ACTH: uso o ACTH para ver se o paciente produz cortisol ou não · Administrar cosintropina (ACTh exógeno) → coletar o sangue 0-30-60 minutos depois e dosar o cortisol · Resposta normal: cortisol > 20µg/dL. Se não aumenta, ele tem deficiência na produção de cortisol · Teste de tolerância à insulina (TTI): · Administração de insulina regular IV (indução de hipoglicemia – sinal de estresse) → coleta de sangue em 0-30-60-120 minutos para dosar cortisol, glicose e GH · Resposta normal: cortisol > 20µg/dL e GH > 5,1 µg/L · Atenção: se hipoglicemia sintomática (normalmente glicose <40), eu administro glicose VO/IV para corrigir · Contraindicações: DAC, doenças cerebrovasculares, convulsões SRAA: células justaglomerulares do rim percebem quando diminui a pressão de perfusão renal e liberam a renina → conversão de angiotensinogênio em angiotensina I → ECA converte a angiotensina I em angiotensina II → ativação do receptor AT1 → vasoconstrição e produção de aldosterona → aldosterona (mineralocorticoide) aumenta retenção de Na e a excreção de K → aumento da pressão de perfusão renal pela vasoconstrição e pela retenção de Na que puxa água junto. Insuficiência Adrenal: Produção deficiente de hormônios adrenais. Causada por: destruição autoimune (maioria das vezes), herança genética, glicocorticoide exógeno (muito comum em cirurgia). Primária: quando o problema está diretamente na adrenal · A causa mais comum é a APS (Síndrome Poliglandular Autoimune): · APS 1: poliendocrinopatia autoimune, candidíase e distrofia ectodérmica · Herança autossômica recessiva – mutação gene regulador AIRE · Alopecia total · Hipoparatireoidismo primário · Linfoma · Pode evoluir com candidose mucocutânea crônica: mais em crianças e pode preceder a insuficiência adrenal (anos/décadas) · APS2: · Herança poligênica – HLA-DR3 + genes da regulação imunológica (CTLA-4, PTPN22, CLEC16A) · Hashimoto · Vitiligo · Insuficiência ovariana prematura · DM1 · Anemia perniciosa · Adrenoleucodistrofia ligada ao X: · 50% ALD cerebral na infância · 34% AMN na adolescência e idade adulta · Em 15% único sinal é insuficiência adrenal · HLA-DR3 genes da regulação imunológica (CTLA-4, PTPN22, CLEC16A) · Destruição da glândula: · Infecções: BK, CMV, HIV, histoplasmose · Infiltrações: metástases, linfomas, sarcoidose, amiloidose, hemocromatose · Hemorragias: Síndrome Waterhouse-Friderichsen · Hiperplasia Adrenal Congênita Secundária: · Supressão iatrogênica (paciente que faz uso de corticoide exógeno, suprime a adrenal e para de usar o corticoide → adrenal suprimida não consegue responder): acontece muito em cirurgia · Tumores hipofisários e hipotalâmicos · Tratamento desses tumores (cirurgia ou RT) · Apoplexia pituitária: deixa de ter todas as funções da hipófise. Pode ser um adenoma hipofisário infartadoou Síndrome de Sheehan (isquemia da hipófise por hemorragia pós-parto) Clínica: · Deficiência de glicocorticoide: · Dor abdominal · Náusea · Vômito · Tonteira · Hipotensão postural · Hipotensão · Aumento de creatinina · Hiponatremia · Hipercalemia · Deficiência de mineralocorticoide: · Fadiga · Perda ponderal · Anorexia · Artralgia · Febre · Anemia normo · Linfocitose · Eosinofilia · Aumento de TSH · Hipoglicemia · Hipotensão · Hipotensão postural · Hiponatremia · Hipercalemia · Deficiência de andrógeno: · Falta de energia · Pele úmida · Perda de libido · Perda de pelos axilares e púbicos · Hiperpigmentação · Palidez de alabastro · Insuficiência Adrenal Primária x Secundária: · Uma das formas de diferenciar é pela análise clínica: · Hiperpigmentação: ↑ACTH – POMC → se eu tenho hiprpigmentação, é porque a POMC está aumentada, ou seja, o ACTH também está aumentado, o que significa insuficiência primária · Palidez: ↓ACTH – POMC → POMC está baixa, pois o ACTH está baixo, causando a palidez, ou seja, insuficiência adrenal secundária · Insuficiência Adrenal Aguda: · Após longos períodos de queixas inespecíficas · Pacientes com insuficiência adrenal primária e de repente abre um quadro de hipotensão postural, por exemplo, que pode evoluir até para um choque hipovolêmico · Pode ter clínica inicial de quadro neurológico: baixa responsividade, estupor, coma · Pode imitar clínica de abdome agudo: sensibilidade abdominal, náuseas, vômitos e febre · Forma mais grave é a CRISE ADRENAL. É um paciente que já possui insuficiência adrenal primária e a crise é desencadeada por: · Doença intercorrente · Cirurgia · Aumento da inativação de glicocorticoides (ex.: uso de corticoide exógeno) Diagnóstico: glicocorticoide está baixo · Teste de estimulação de ACTH · Teste de tolerância à insulina (TTI) Com o diagnóstico confirmado, eu faço a dosagem de ACTH: · Alto: primária · Pesquisa de auto AC esteroidais (adrenalite autoimune) · TC: hemorragias, infiltrações, massas · Em homens: medir os ácidos graxos de cadeia longa para excluir X-ALD (adrenoleucodistrofia) · Baixo: secundária · RNM de hipotálamo e hipófise Tratamento: · Aguda: · Primeira coisa é a reidratação imediata: infusão salina 1L/h até recuperar a PA normal · Hidrocortisona em bôlus 100mg. Depois 100-00mg em 24h infusão contínua ou em bôlus · Mineralocorticoides assim que a dose de hidrocortisona < 50mg/dia · Monitorização cardíaca contínua · Crônica: · Hidrocortisona 15-25mg em 2 a 3 doses divididas · Metade da dose pela manhã · Gravidez: aumentar 50% da dose no último trimestre · Acompanhar o tratamento: curvas plasmáticas de ACTH, cortisol urinário livre e cortisol sérico · Se: · Febre: 2x dose oral · Vômitos prolongados, cirurgia, trauma: repouso + hidrocortisona IV 100mg/dia · Acesso difícil a cuidados de saúde: kit auto-injeção + cartões de emergência e pulseiras (identificar que tem IA) · Reposição de mineralocorticoides: quando corticoide < 50mg/dia · 100-150µg de Fludrocortisona · Adequação do tratamento (avaliar se está adequado): · PA em ortoestase (não está com hipotensão postural) · Medição níveis séricos de: Na, K e renina (manter no intervalo de referência normal superior) · Quando não tiver acesso a fludrocortisona, posso usar a hidrocortisona · 40mg de hidrocortisona correspondem a 100µg de Fludrocortisona · Clima quente ou tropical: aumentar a fludrocortisona em 50-100µg no verão (perde mais eletrólito pelo suor) Síndrome de Cushing: Ocorre um aumento na produção de glicocorticoide. Pode ser: dependente de ACTH (ACTH está alto), independente de ACTH (diretamente na adrenal) e iatrogênico (corticoide exógeno). · Dependente de ACTH: · Adenoma corticotrópico · Secreção ectópica de ACTH por tumor não hipofisário · Independente de ACTH: · Adenoma adrenocortical · Carcinoma adrenocortical: tumores grandes, com produção de várias classes de corticosteroides · Hiperplasia adrenal nodular: produção intra-adrenal de ACTH (estimulação autócrina da produção de cortisol), porém no sangue ele está baixo · Iatrogênico: administração de glicocorticoides exógenos (causa + comum) Incidência maior em mulheres exceto em pré-púbere (meninos). Tirando o iatrogênico, os dependentes de ACTH são os mais comuns (90%), entre eles, 75% é por microadenoma hipofisário (doença de Cushing) e 15% é produção ectópica (geralmente tumores carcinoides ocultos – pulmão, timo e pâncreas). 10% é ACTH independente e a maioria deles é por adenoma adrenal. Outras causas são: o Complexo de Carney (neoplasias múltiplas) – PPNAD: insuficiência adrenal associada a mixomas cardíacos, hiperlentiginose, tumores de células de Sertoli; e a Síndrome de McCune-Albright: acomete crianças e é caracterizada por manchas unilaterais café-com-leite, displasia fibrosa poliostótica e puberdade precoce. Clínica: · Gordura corporal: ganho de peso; obesidade central; face arredondada (“lua cheia”); giba de búfalo · Pele: pletora facial; pele fina e quebradiça; contusão facial; acne; hirsutismo; estrias largas e violáceas · Ossos: osteopenia; osteoporose; redução do crescimento linear · Musculatura: deficiência muscular; miopatia proximal (fraqueza na região proximal dos membros) · Cardiovascular: HAS diastólica; hipocalemia; edema; aterosclerose · Metabólico: DM; dislipidemia · Reprodutivo: redução da libido; amenorreia · SNC: irritabilidade; labilidade emocional; depressão; psicose paranoica · Sangue e sistema imune: susceptibilidade a infecções; leucocitose; eosinopenia; hipercoagulabilidade Obs.: as características mais específicas são: fragilidade cutânea, sinais de miopatia proximal e estrias violáceas. Diagnóstico: 1º: Exclusão de uso de glicocorticoide exógeno 2º: testar se houver múltiplas e progressivas características de Cushing: · Aumento de excreção urinária de cortisol livre em 24h em 3 coletas separadas · Teste de overnight de dexametasona: · Cortisol plasmático > 50nmol/L às 8-9 da manhã após 1mg de dexametasona às 23h (essa dexametasona deveria inibir a produção de cortisol) · Midnight cortisol · > 130nmol/L → evidência de perda da secreção diurna de cortisol com altos níveis à meia-noite Para distinguir se é ACTH dependente ou independente, eu doso o ACTH sanguíneo: · ACTH suprimido: ACTH independente · Faz TC de abdome: hiperplasia adrenal bilateral, adenoma adrenocortical ou hiperplasia macronodular bilateral · ACTH plasmático aumentado ou normal: ACTH dependente · Faz RNM de crânio (negativa em 40% dos casos – microadenoma e tumores ectópicos) · Adenomas hipofisários: supressão residual de ACTH por altas doses glicocorticoides (teste de supressão da dexametasona), responsividade ao CRH · Fontes ectópicas de ACTH: resistentes à supressão da dexametasona e CRH · TC de alta resolução e corte fino de tórax (timo e pulmão) e abdome (pâncreas) · Se os 2 exames forem discordantes: · Amostra do seio petroso inferior (IPSS) + Amostra simultânea de ACTH no seio petroso e veia periférica → ACTH plasmática central/periférica aumentada: · > 2 inicialmente + > 3 depois de 2-5 minutos da injeção de CRH = Doença de Cushing Tratamento: ACTH independente: · Remoção do tumor ACTH dependente: · Remoção seletiva do tumor hipofisário (transesfenoidal endoscópica): taxa de cura inicial de 70-80%. · Geralmente, quando tem recidiva, é tardia: 2ª cirurgia; RT; radiocirurgia estereotáxica; adrenalectomia bilateral · Doença de Cushing muito grave: psicose, hipertensão, hipercalemia de difícil controle → antes da cirurgia, faço uma terapia medicamentosa para diminuir o cortisol (preciso estabilizar clinicamente antes) · Metyrapone: 500mg 3x/dia (dose máxima de 6g) · Cetoconazol: 200mg 3x/dia (dose máxima 1200mg) · Mitotano: carcinoma adrenocortical; Cushing benigno – baixa dose (500-1000mg/dia) · Etomidato: casos graves em infusão IV com doses baixas Coma Mixedematoso É um paciente com hipotireoidismo descontrolado que sofre uma injúria secundária (infecção, cirurgia) ou com hupotireoidismo severo e prolongado. Os principais sintomas são redução do status mental (nem sempre coma, geralmente é uma letargia,torpor, obnubilação) e hipotermia. É uma emergência médica, portanto potencialmente fatal, apesar de não ser comum (diagnóstico de hipotireoidismo é bem difundido e simples). Porém, na maioria das vezes é revertido com o tratamento. Geralmente é uma mulher, idosa, com hipotireoidismo. É mais comum em casos mais crônicos (Hashimoto – primário) do que em caso agudos, como tireoidectomia pois, no segundo grupo, o paciente já começa o tratamento com reposição hormonal. Também é possível lesionar a tireoide pelo uso de medicamentos, como o amiodarona e isso pode acontecer por 4 motivos: efeito de Jod-Basedow; efeito de Wolff-Chaikoff; causando uma tireoidite; inibição da enzima 5’-desildinase do tipo I (converte T4 em T3). Fatores de Risco: infecção; IAM; exposição ao frio intenso; cirurgia; sedativos (principalmente opioides). Porém, não precisa desses fatores para ocorrer, pode acontecer em pacientes com hipotireoidismo severo e prolongado. Quadro Clínico: · Redução do status mental: letargia, obnubilação, coma · Hipotermia · Loucura mixedematosa: às vezes – paciente fica ansioso, agitado. Geralmente evolui para a redução do status mental · Crise epilética focal ou generalizada: pelo próprio hipotireoidismo ou pela hiponatremia associada · Hiponatremia · Mãos inchadas; nariz e língua espessados: pelo depósito de albumina e de mucina (mixedema) · Hipoventilação: pode levar a acidose respiratória. Ocorre por vários mecanismo, como redução do drive respiratório (atividade muscular respiratória), fraqueza muscular, obstrução mecância pela língua, mixedema na laringe · Hipoglicemia: tanto pelo hipotireoidismo, quanto por uma doença autoimune associada · Anormalidades cardiovasculares: bradicardia, diminuição do DC, derrame pericárdico, hipertensão diastólica, diminuição da força de contratilidade do coração Diagnóstico: anamnese, exame físico, excluir outras causas e dosagem de hormônios tireoidianos. · Anamnese: pode não conseguir falar com o paciente e sim com o acompanhante. · Avaliar se tinha clíncia de hipotireoidismo antes: cansaço, queda capilar... · Histórico de terapia: RT, ablação da tireoide, tireoidectomia · Exame físico: procurar cicatrizes (tireoidectomia), sinais de hipotireoidismo · Excluir outras causas: muito importante · Dosagem de hormônios: · T4 livre: muito baixo · TSH: alto no hipotireoidismo primário; normal/baixo/levemente aumentado no hipotireoidismo central · Cortisol: pode insuficiência adrenal associada. Não faz parte do diagnóstico em si, mas é necessário para afastar essa outra condição. Tratamento: · Hormônio tireoidiano IV (quando melhorar, passa para VO): T3 e T4 · Glicocorticoide – Hidrocortisona IV 8/8h: enquanto ainda não se sabe se tem IA associada · Suporte: · Internar em CTI · VM, se necessário · Fluidos IV · Corrigir distúrbios de glicose e de Na · Correção da temperatuta: manter normotermia · Manejo de problemas associados: por exemplo, tratar infecção com ATBterapia. Crise Tireotóxica Quadro típico: sexo feminino, 50 anos, agitação, tremor de extremidade, taquicardia (180 bpm), FA e febre (39°C). Tem alta mortalidade, mesmo com o tratamento correto (30%). Hipertireoidismo é a hiperfunção da tireoide, que está produzindo hormônio em excesso, causando uma tireotoxicose que é a manifestção desse excesso hormonal de T3 e T4. Já a crise tireotóxica, também chamada de tempestade tireoidiana, é a tireotoxicose de maneira mais grave e aguda. É uma emergência muito rara, mas muito importante pela alta mortalidade. A origem do quadro se deve ao hipertireoidismo em tratamento ausente ou inadequado (pode, incluisve, ainda não ter sido diagnosticado) somado a um fator precipitante (desbalanço entre a produção de T3 e T4 e a resposta celular a eles). Fatores Precipitantes: qualquer evento estressante agudo · Infecção: principal (geralmente, pneumonia) · Cirurgia: tem diminuído nos últimos anos, pelo preparo pré-operatório mais adequado, com administração de iodo e drogas anti-tireoidianas para bloquear a síntese hormonal e diminuir o risco de crise tireotóxica · Iodo: contraste, tratamento de doença tiroidiana. Pode desencadear hiperfunção · Parto · Trauma · IAM · AVE Quadro Clínico: · Resposta adrenérgica excessiva: taquicardia importante (>120bpm), taquiarritmia (principalmente FA), tremor fino de extremidades · Hipermetabolismo intenso: sudorese, febre (>39°C) · Sintomas neuropsiquiátricos: psicose, delirio, alteração do nível de consciência · Sinais inespecíficos: naúsea, vômito, dor abdominal, diarreia · Descompensação de vários órgãos: ICC descompensada (edema, hepatomegalia), icterícia, desidratação, dispneia Atenção aos sinais de hipertireoidismo!!! · Fácies hipertireoideia: exoftalmia · Bócio · Pele: extremidades quentes e úmidas Diagnóstico: · É um diagnóstico clínico: história de doença tireoidiana, sinais e sintomas de hipertireoidismo, presença de fator precicipitante. Não existe nenhum score aceito universalmente para diagnóstico. Temos o Score de Burch Wartofsky, porém é muito pouco utiizado na prática (≥45 é sugestivo de crise tireotóxica) – é muito sensível, tem muitos falsos positivos. · Laboratório: · TSH: diminuído · T4L: alto (níveis semelhantes ao hipertireoidismo sem a crise) · T3: alto (níveis semelhantes ao hipertireoidismo sem a crise) · Hemograma: pode ter leucocitose com leve desvio para a esquerda (se acentuado, fala a favor de infecção como fator precipitante) – aumento de neutrófilos não segmentados (mielócitos, metamielócitos, bastões) · Ureia, creatinina · TGO, TGP · Bilirrubinas: geralmente lesão hepática com bilirrubinemia · EAS · Culturas · Imagem: RX tórax – infecção, ICC · ECG Tratamento: Deve ser precoce, antes mesmo dos resultados dos exames. Suporte Clínico: · Hidratação venosa, se desidratação · Oxigênio: se dispneia, dissaturação de O2 · Tratar hipertermia: paracetamol, dipirona, bolsa de gelo – não utiliza o AAS, pois ele aumenta a síntese de hormônios tireoidianos · Tratar fator precipitante · CTI logo após estabilização na emergência Bloqueio da síntese e ação hormonal: · Primeira etapa: tratamento com antireoidianos/tionamidas: · Propiltiuracil VO ou VE: preferencialmente, pois bloqueia a conversão de T4 em T3 perifericamente, além de bloquear a síntese · Ataque: 600-1000mg · Manutenção: 200mg 4/4h · Metimazol VO ou VE: · 20mg 4/4h ou 6/6h · Segunda etapa: iodo para continuar o bloqueio da conversão do T4 em T3 (1h depois da primeira etapa, pois ele pode ser usado como substrato para produção de hormônios pela tireoide) – efeito Wolff-Chaikoff · Lugol: 8-10 gotas 6/6h · Iodeto de potássio: 5 gotas 6/6h · Corticoide: pode começar junto com a primeira etapa. Bloqueia a conversão periférica de T4 em T3 e ajuda na estabilidade vasomotora · Hidrocortisona: 300mg IV (ataque) e 100mg 8/8h (manutenção) Controle dos Sintomas Adrenérgicos: · B-bloqueador: · Propanolol VO: 60-80mg 6/6h – é a medicação de escolha, porque também bloqueia a conversão periférica de T4 em T3 · Labetolol · Esmolol Manejo a Longo Prazo: · Suspender iodo e corticoide assim que o paciente estabilizar · BB só suspende depois que a função tireoidiana normalizar · Ajustar as doses das tionamidas para controlar a função tireoidana Contraindicação às Tionamidas: · Reação alérgica grave, granulocitose, hepatotoxicidade · A terapia de escolha será a tireoidectomia após a estabilização com inibição da síntese tireoidiana · Estabilização: · Propanolol VO: 60mg 6/6h · Dexametasona IV: 1-2mg 6/6h · Colestiramina VO: 4g 6/6h – sequestrador de ácido biliar, porque ela reduz a circulação entero-hepática do hormônio tireoidiano, diminuindo seu efeito · Lugol: 10 gotas 8/8h · A tireoidectomia deve ser feita até 10 dias da admissão, pois após a administração de iodo por muito tempo, temos o efeito de Escape do efeito Wolff-Chaikoff (tireoide se adapta ao excesso de iodo e começa a utilizá-lo como substrato para sua produção hormonal) Obs.: sempre que tiver contraindicação ao BB, posso ussar BCC
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