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Hipotireoidismo 1 Hipotireoidismo Etiologia Fatores de risco: Sexo feminino Idade avançada Histórico familiar de doença tireoidiana Histórico de doenças autoimunes Presença de bócio Presença de anticorpos antitireoidianos Síndromes cromossômicas (ex.: S. de Down ou S. de Turner) Carência de iodo Principais causas: No mundo, a etiologia mais frequente para o hipotireoidismo ainda é a deficiência de iodo No Brasil, a tireoidite de Hashimoto, quadro de origem autoimune, é a etiologia de maior destaque Nessa condição, autoanticorpos se ligam a antígenos do parênquima ou de transportadores/receptores da glândula, reduzindo sua atividade funcional 📌 A presença do anti-TPO (principal marcador da tireoidite autoimune) também pode causar outras manifestações, como a encefalopatia de Hashimoto (confusão mental, mioclonia ou coma, tratada com corticoterapia em altas doses) e risco aumentado para linfoma de tireoide O hipotireoidismo central tem como causas de maior relevância os tumores hipofisários e a abordagem cirúrgica para sua resolução Hipotireoidismo 2 📌 Em crianças, a hipofunção tireoidiana pode ser congênita, devido à disgenesia, hipoplasia, ectopia ou agenesia da glândula. O diagnóstico é feito com o teste do pezinho (seguido por outro exame confirmatório), devendo ser reavaliado após 2 anos Quadro Clínico Redução do metabolismo: Extremidades frias Sonolência, apatia ou problemas de concentração Queda de cabelo Diminuição do apetite Constipação Redução dos reflexos Bradicardia e bradpneia 📌 As alterações do sistema cardiorrespiratório podem levar ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca e/ou acidose respiratória (retenção de CO2) Acúmulo de glicosaminoglicanos: Derrames cavitários exsudativos Mixedema Compressão do túnel do carpo Pele seca e fria Madarose Cabelos frágeis e secos Voz rouca Ganho de peso às custas de edema Hipertensão convergente (↑ diastólica, ↓ sistólica) 📌 No hipotireoidismo, observa-se edema periorbitário, mas não há exoftalmia Achados laboratoriais: Anemia (↑ VCM) Aumento de LDL Tendência a hipoglicemia Baixa de cortisol Queda do clearence de creatinina Hiponatremia sem hipovolemia Aumento de CPK 📌 Há risco aumentado de rabdomiólise com o uso de estatinas em pacientes com hipotireoidismo, devido aos níveis alterados de CPK Hipotireoidismo 3 Manifestações específicas do hipotireoidismo primário: Bócio tireoidiano: a elevação de TSH, assim como a inflamação crônica mediada por anti- TPO, pode aumentar o volume tireoidiano Hiperprolactinemia: o TRH estimula a produção hipofisária desse hormônio Na presença de sintomas como a galactorreia, antes de investigar tumores secretores, é necessário descartar distúrbios tireoidianos 📌 Na tireoidite de Hashimoto, 5% dos pacientes cursam com hipertireoidismo transitório (semanas a meses), que pode ser assintomático ou provocar hashitoxicose Diagnóstico Dosagem de hormônios tireoidisnos: Hipotireoidismo subclínico: há níveis altos de TSH, porém T4 livre e T3 estão dentro da normalidade Hipotireoidismo primário: o TSH é elevado, porém a concentração de T4 livre é reduzida Hipotireoidismo central: T4 livre e T3 estão reduzidos, e o TSH costuma apresentar baixa concentração Em algumas situações, os níveis de TSH encontram-se normais ou elevados, porém o hormônio apresenta função anormal (TSH anômalo) Hipotireoidismo 4 📌 A confirmação diagnóstica requer repetição dos exames em pelo menos 4 semanas (idealmente após 3-6 meses) Investigação do hipotireoidismo primário: O anti-tireoperoxidase (anti-TPO) é um anticorpo presente em 90% dos pacientes com hipotireoidismo autoimune (Hashimoto) Outros anticorpos que podem ser encontrados são o anti-TRAb bloqueador e a anti- tireoglobulina 📌 A realização de biópsia para a tireoidite autoimune é incomum, porém podem ser visualizados infiltrados linfocíticos foliculares A sobrecarga de iodo (ou excesso hormonal) pode suprimir a função tireoidiana pelo efeito Wolff Chaikoff Pode haver resistência aos hormônios tireoidianos, marcada por TSH + T4 livre aumentados e sintomas de hipotireoidismo Essa é uma condição rara associada à predisposição genética Rastreamento: A investigação de hormônios tireoidianos deve ser feita em todos os pacientes sintomáticos Além disso, recomenda-se a dosagem hormonal em indivíduos com bócio, doenças autoimunes, que tenham realizado radioterapia em região cervical ou feito uso de medicações tireotóxicas (ex.: amiodarona, lítio) Moradores de áreas endêmicas para carência nutricional de iodo também devem ser avaliados Tratamento Reposição hormonal: O medicamento de escolha é a levotiroxina (1x/dia em jejujm), que apresenta posologia inversamente proporcional à idade: 1 a 3 anos: dose de 4-6 mcg/kg/dia 3 a 10 anos: administrar 3-5 mcg/kg/dia 10 a 16 anos: dose de 2-4 mcg/kg/dia Maiores de 17 anos: cursar com 1,6-1,8 mcg/kg/dia Hipotireoidismo 5 📌 Pacientes com baixo metabolismo basal (idosos, portadores de DAC) ou com hipotireoidismo arrastado devem fazer uso de metade da dose usual, com aumento gradual Manejo do hipotireoidismo subclínico: Como a tireoide ainda produz certa quantidade de hormônios, a levotiroxina não é usada em dose plena O tratamento é pautado conforme a concentração de TSH: TSH entre 4-8 mUI/L: utilizar 25 mcg/kg/dia TSH de 8-12 mUI/L: dose de 50 mcg/kg/dia Normalmente o uso de medicação é destinado a pacientes com TSH > 10 mUI/L TSH > 12 mUI/L: empregar 75 mcg/kg/dia ou mais Outros grupos que devem ser tratados são gestantes, pacientes com tireopatias autoimunes e idosos (com ressalvas) Nos < 70 anos, o tratamento é obrigatório se TSH > 7 mUI/L ou na presença de sintomas, ao passo que, para aqueles com >70 anos, quadros assintomáticos não necessitam do uso de medicação, independente do valor de TSH Seguimento terapêutico: No hipotireoidismo primário, recomenda-se a dosagem de TSH em jejum após 4 a 8 semanas do início do tratamento, até a estabilização Com o quadro estável, a reavaliação pode ser feita em 4-6 meses Para o hipotireoidismo central, o parâmetro é o T4, que deve estar na mediana superior da normalidade Em gestantes, a avaliação deve considerar a presença de anti-TPO (se positivo, tratar quando TSH > 2,5 mUI/L) e o TSH (tratar se > 4 mUI/L, mesmo sem marcadores autoimunes) Alguns fatores sistêmicos interferem na resposta metabólica ao tratamento com levotiroxina, sendo necessário ajustar a dose Hipotireoidismo 6 Coma Mixedematoso Definições: Forma mais grave do hipotireoidismo, com mortalidade de até 50% Acomete principalmente mulheres idosas em meses de inverso O quadro geralmente é associado com má aderência terapêutica para o hipotireoidismo Podem ser identificados fatores precipitantes, como hemorragias, cirurgias, infecções, IAM, AVC, ICC, trauma ou exposição ao frio Manifestações clínicas: Hipotermia (T. ax. < 35ºC) Ausência de febre em quadro infeccioso Alterações do nível de consciência (nem sempre coma) Achados laboratoriais: Alvos terapêuticos para o tratamento do hipotireoidismo em gestantes Ouros sinais e sintomas de hipotireoidismo também estão presentes Hipotireoidismo 7 Hiponatremia, motivada por maior secreção de ADH e queda da TFG Hipoglicemia, devido à redução do metabolismo basal Lactato elevado às custas de má depuração e perfusão tecidual comprometida Aumento da CPK 📌 Devido à potencial gravidade do quadro, não é necessário aguardar os resultados da dosagem de hormônios tireoidianos para o início do tratamento! Tratamento: Requer controle do fator precipitante e medidas gerais de suporte (expansão volêmica, drogas vasoativas, glicose EV, monitorização, ventilação) Importante atentar-se à identificação de arritmias, como a onda J de Osborn, comum na hipotermia O paciente deve ser submetido a reaquecimento externo passivo, com elevação gradual da temperatura A corticoterapia com hidrocortisona (100 mg IV, de 8/8h) deve ser instituída para reporcortisol A reposição hormonal deve ser feita com dose de ataque de levotiroxina (500 mcg VO, SNG ou retal), seguida por manutenção com 1,7 mcg/kg/dia Pelos padrões internacionais, a dose de ataque de levotiroxina deve ser feita IV (200- 400 mcg), associada a triiodotironina (25-50 mcg IV), porém essas medicações não estão disponíveis no Brasil
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