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Laboratório de Análises Bromatológicas e Toxicológicas Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Everton Carlos Gomes Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Análise de Lipídios e Vitamina C Análise de Lipídios e Vitamina C • Roteiro 1; • Roteiro 2. UNIDADE Análise de Lipídios e Vitamina C Roteiro 1 Introdução ao Tema Lipídios Os lipídios são compostos orgânicos altamente energéticos, contêm ácidos graxos essenciais ao organismo, atuam como transportadores das vitaminas lipossolúveis e estão presentes em alimentos do nosso cotidiano. O termo lipídio é empregado para gorduras e substâncias gordurosas. Eles são classificados em: simples (óleos e gorduras), compostos (fosfolipídios, ceras etc.) e derivados (ácidos graxos, esteróis). Os óleos e gorduras diferem entre si apenas na sua aparência física, sendo que, na temperatura ambiente, os óleos apresentam aspecto líquido e as gorduras, pastoso ou sólido. Os lipídios são substâncias insolúveis em água e solúveis em solventes or- gânicos apolares, tais como éter etílico, éter de petróleo, clorofórmio, acetona, álco- ois, dentre outros. Esses solventes extraem a fração lipídica neutra que inclui ácidos graxos livres, mono, di e triacilgliceróis e alguns mais polares, como fosfolipídios, glicolipídios e esfingolipídios. Esteróis, ceras, pigmentos lipossolúveis e vitaminas, que contribuem com energia na dieta, podem ser extraídos apenas parcialmente. O conteúdo de lipídios varia muito como tipo de alimento: Tabela 1 – Teor de lipídios nos alimentos Alimento Teor de lipídios (%) Manteiga ou margarina 81 Molhos para salada 40 a 70 Leite fresco 3,7 Leite em pó 27,5 Sorvetes 12 Cereais 3 a 5 Carne 16 a 25 Peixes 0,1 a 20 Ovos 12 Chocolate 35 Frutas 0,1 a 1 (abacate: 26) Vegetais 0,1 a 1,2 A determinação de lipídios em alimentos é feita, na maioria dos casos em três etapas: 1. Extração da gordura da amostra com solvente, por exemplo, éter; 2. Eliminação do solvente por evaporação; 3. Quantificação da gordura extraída por pesagem. A escolha do solvente vai depender dos componentes lipídicos existentes no alimento: • A extração com solventes é mais eficiente quando o alimento é seco antes da análise, pois existe maior penetração do solvente na amostra. Pode-se utilizar amostra que foi usada na determinação da umidade; 8 9 • A preparação da amostra para determinação de gordura deve ser cuidadosa, de maneira a evitar sua degradação. Em muitos alimentos processados, como produtos derivados do leite, pão, produtos fermentados, açucarados e produtos para animais, a maior parte dos lipídios está ligada a proteínas e carboidratos, e a extração direta com solventes não polares é ineficiente. Esses alimentos pre- cisam ser preparados para a extração de gordura por hidrólise ácida ou básica ou por outros métodos; • É necessário um controle de temperatura e tempo de exposição do material ao solvente. A eficiência da extração a quente depende de vários fatores: • Natureza do material a ser extraído; • Tamanho das partículas: quanto menor, mais fácil a penetração do solvente; • Umidade da amostra: a água presente na amostra dificulta a penetração do sol- vente orgânico por imiscibilidade; • Natureza do solvente; • Semelhança entre as polaridades do solvente e da amostra; • Ligação dos lipídios com outros componentes da amostra; • Circulação do solvente através da amostra; • A velocidade do refluxo não deve ser nem muito alta nem muito baixa, porque pode haver pouca penetração do solvente quando da velocidade muito alta; • Quantidade relativa entre solvente e material a ser extraído: quanto mais sol- vente, maior é a extração, porém, não se deve usar um excesso devido ao alto custo do solvente. Os dois solventes mais utilizados são o éter de petróleo e o éter etílico, sendo este de extração mais ampla, pois se pode extrair dele também vitaminas, esteroides, resinas e pigmentos, o que constitui um erro quando se deseja determinar somente gordura (triacilglicerídios). Porém, esses compostos aparecem geralmente em pequenas quanti- dades, o que levaria a um erro aceitável. Por outro lado, ele é menos utilizado por ser mais caro, perigoso e pode acumular água durante a extração que vai dissolver mate- riais não lipídicos. Assim, o éter de petróleo é mais comumente utilizado. Em alguns casos, é conveniente utilizar mistura de solventes como no caso de produtos lácteos. Aplicação da Teoria na Prática Determinação de lipídios na batata pré-frita O exemplo proposto a seguir, foi retirado do artigo: Teor de Lipídios da Batata Pré-Frita: Fritura em Diferentes Óleos. Disponível em: https://bit.ly/31Qwvs4 9 UNIDADE Análise de Lipídios e Vitamina C As batatas, neste caso, podem ser adquiridas no supermercado, em uma quantidade de 400g de batata em palito pré-frita congelada (marca de livre escolha), bem como o óleo vegetal de soja e girassol (marca de livre escolha). As amostras foram conduzidas ao laboratório de Bromatologia, para determinação do teor de lipídios utilizando um Extra- tor de Soxhlet. As amostras foram separadas e levadas para fritar em 150 ml de óleo de soja em frigideira antiaderente a 180°C medindo com termômetro. Em cada fritura da amostra os óleos foram trocados por óleos limpos para não haver interferências. Foram utilizados os mesmos processos para o óleo de girassol. Após fritas, as amostras foram trituradas com pistilo, até se tornarem homogêneas para realizar a pesagens. Foram pesadas 5g das amostras para realizar a extração dos lipídios, as análises foram feitas em triplicata. Pesou-se a massa do béquer, a massa do papel manteiga e a massa das amostras, as quais foram acomodadas em papel manteiga em formas de “trouxinhas” e colocadas no dedal de celulose, tampando-o com algodão. Em cada vidro de ebulição, foi adicionado 100 mL de Hexano (C6H14). O Hexano foi manipulado dentro da capela com lâmpada e exaustor ligados. O extrator de lipídios foi acionado e permaneceu em funcionamento até o fim do processo de extração. Ao completar o processo de extração o aparelho foi desligado, retiraram-se os copos com os lipídios, colocando-os ao desse- cador para o resfriamento até atingir temperatura ambiente e assim realizar a pesagem. O teor de lipídios foi calculado de acordo com a equação. 100% ( )% ( ) x massa do lipídeos glipídeos massa da amostra g = • Cálculo efetuado para o teor de lipídios da batata frita no óleo de girassol: Foram extraídos, em média, 0,56 gramas de lipídios, o que corresponde a 11,2%, como mostra o cálculo abaixo: 5,000 g ––––––––100% 0,56g ––––––––– x x=11,2% • Cálculo efetuado para o teor de lipídios da batata frita no óleo de soja: Para o óleo de soja, obteve-se, em média 0,875g de lipídios, o que equivale a um teor de 17,5%. 5,000g ––––––––100% 0,875g –––––––– x x=17,5% As análises foram realizadas em triplicatas e com o auxílio do software EXCEL, da Microsoft®. A batata frita é um alimento tradicional na dieta mundial, é muito consumida como aperitivo e lanche, ou acompanhando as refeições. Através deste estudo, pode-se verificar a influência da utilização de diferentes óleos na fritura de batatas congeladas 10 11 comercializadas. As batatas fritas em óleo de soja resultaram em um valor médio de 17,5 g de lipídios absorvidos para cada 100g de amostra analisada. Já as batatas fritas no óleo de girassol apresentaram teor médio de lipídios de 11,2 g/100g. Em termos de consumo calórico, esse resultado se torna significativo, uma vez que as batatas fritas em óleo de soja apresentam 56,25% de calorias a mais que as batatas fritas em óleo de girassol. Dessa forma, batatas fritas no óleo de girassol se apresentam uma melhor opção para o consumo, com menor teor de lipídios, do que batatas fritas em óleo de soja. Roteiro de Atividade Prática Os lipídios são compostos orgânicos, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos apolares. Podem ser classificadosem simples, compostos ou derivados. Sua determinação, na maioria das vezes, é feita pela extração com solventes. O re- síduo obtido no final da determinação não são apenas lipídios, mas todos os com- postos que o solvente é capaz de extrair. A seguir, serão descritos os materiais e a metodologia da determinação de lipídios com solvente pelo método de Soxhlet, que é um método de extração de modo intermitente. Equipamentos e Materiais Equipamento Soxhlet Soxhlet utilizado para extração de lipídios, disponível em: https://bit.ly/3gA7LrZ • É um extrator que utiliza refluxo de solvente; • O processo de extração é intermitente; • Pode ser utilizado somente com amostras sólida; • A amostra não fica em contato com o solvente muito quente, evitando assim a decomposição da gordura da amostra; • A quantidade de solvente utilizado é maior porque o volume total tem que ser suficiente para atingir o sifão do equipamento; • Tem a desvantagem da possível saturação do solvente que permanece em con- tato com a amostra antes de ser sifonado, o que dificulta a extração. Materiais • Estufa; • Balança analítica; • Dessecador; • Balão de fundo chato; • Pinça; • Espátula; • Equipamento extrator de lipídios por Soxhlet; • Papel filtro; 11 UNIDADE Análise de Lipídios e Vitamina C • Cartucho de celulose; • Éter etílico; • Banho termostatizado; • Cornetas de Soxhlet (também conhecidas como balão de Soxhlet); • Condensador; • Mangueiras de circulação de água; • Frasco de reagentes para coleta do éter. Preparo das vidrarias 1. Ligar o banho termostatizado com 2h de antecedência para iniciar a re- frigeração da água de circulação; 2. Ligar simultaneamente os sistemas de aquecimento a 70 °C e o sistema de circulação de água refrigerada a 0 °C; 3. Conferir se a vidraria a ser utilizada está limpa; 4. Secar os balões em estufa a 105 °C por 2h; 5. Desligar a estufa, retirar os balões de fundo chato do seu interior, colocá-los no dessecador e deixá-los esfriar por 30min ou até chegar à temperatura ambiente; 6. Pesar os balões em balança previamente tarada e anotar a massa do balão na planilha; 7. Identificar os balões de fundo chato; 8. Montar o sistema do Soxhlet. Observação: Siliconar as juntas esmerilhadas da vidraria a ser utilizada, a saber: cornetas, condensadores e balões de fundo chato. Procedimento 1. Pese o balão extrator de Soxhlet em balança analítica, sem colocar a mão. O balão deve estar seco, livre de impurezas e previamente tarado; 2. Pese quantidade conveniente do material dessecado (cerca de 2 g) direta- mente dentro de um cartucho de Soxhlet montado dentro de um béquer. Tampar com um pouco de algodão; 3. Proceda à extração. Separado o éter por destilação (até cerca de 9/10 do volume), elimine o éter residual em Banho-Maria, seque o balão em estufa até que duas pesadas consecutivas não mostrem diferença de peso. Essa pesada corresponde diretamente à quantidade de lipídio tomada de ensaio; 4. Calcule para 100 g do produto. Para este caso, o balão extrator de Soxhlet deverá ser previamente tarado. Cálculo do teor de lipídios (%) 100(%) .1x NLipídio Eq P = 12 13 • Onde: » N = massa de lipídios (em gramas), ou seja, (massa do balão pós estufa) – (massa do balão limpo); » P = massa da amostra seca (em gramas). Caso os resultados sejam expressos em base úmida, deve-se fazer a conversão do teor de lipídios de base seca para base úmida, considerando-se o teor de umidade da amostra. • Observação: Não remover ou introduzir cadinhos na estufa sem utilizar: » Pinças adequadas, de metal; » Protetor facial; » Luvas de amianto (para altas temperaturas); » Aventais e protetores de braços, se necessário; » Em todo material aquecido retirado da estufa, colocar aviso com a informação: “Material Aquecido”; » Usar cadinhos ou cápsulas resistentes a altas temperaturas. • Cálculo: Anotar os seguintes dados: » Peso do balão extrator de Soxhlet; » Peso da amostra antes e depois de colocar no dessecador (2 g); » Peso da amostra (cerca de 2 g) dentro do cartucho de Soxhlet montado dentro do béquer; » Peso do balão de fundo chato limpo e seco; » Peso do balão contendo amostra pós-estufa. Planilha para o registro de dados de determinação de lipídios Tabela 2 – Dados de Lipídios Matriz/ Alimento Identifi cação do cartucho de celulose Massa do balão limpo (g) Massa da amostra seca (g) Massa do balão pós-estufa (g) Massa de lipídio (g) Teor de Lipídios (%) Média Desvio padrão Questões para fixação do conhecimento: • É correto chamar esta análise de “determinação de lipídeos”? Explique: • No que se baseia a extração de Soxhlet? Explique brevemente o seu funcionamento. Calcule o valor do extrato etéreo de acordo com os dados fornecidos a seguir: • Peso da amostra seca que sofreu extração: 2,0138 g; • Peso do balão = 117,3234 g; • Peso do balão + Extratos = 117,9997 g. 13 UNIDADE Análise de Lipídios e Vitamina C Roteiro 2 Introdução ao Tema Dosagem de Vitamina C (Ácido Ascórbico) em Sucos de Frutas pelo Método da Titulação O Brasil é um dos maiores produtores de frutas do mundo. As frutas possuem um alto valor nutritivo, sendo seu consumo diário indicado por serem fontes de vitaminas, minerais e carboidratos de acordo com FDA (Food and Drug Administration – EUA), considerando que as frutas cítricas, como no caso da laranja, possuem nutrientes su- ficientes para serem considerados alimentos excelentes e saudáveis. As frutas podem ser consumidas ao natural ou utilizadas em várias preparações, processadas para a produção de suco, natural ou industrializado, que buscam obter o mínimo de perdas relacionadas às suas propriedades nutricionais. Os sucos de frutas são consumidos e apreciados em todo o mundo devido ao fato de serem uma fonte rica em carboidratos, carotenoides, vitaminas, minerais e outros componentes importantes. A determinação dessa vitamina também pode ser facilmente realizada em labora- tório. O nome químico ácido ascórbico (Figura 1) representa duas propriedades da substância, uma química e a outra biológica (proteção contra o escorbuto), já o termo vitamina C é utilizado como descrição genérica para todos os compostos que exibem atividade biológica qualitativa do ácido ascórbico. O ácido ascórbico tornou-se muito conhecido desde que Linus Pauling iniciou a campanha em favor de megadoses di- árias de vitamina C, em torno de 3,4 g, a fim de diminuir o número e a severidade dos resfriados e para tratar doenças como o câncer. 6CH2OH HO C5 H HC O O OHHO 3C C C 2 14 Figura 1 – Vitamina C (ácido L-ascórbico) O avanço da tecnologia de alimentos aliado à sofisticação das propagandas vei- culadas nos diferentes meios de comunicação possibilitam o aumento progressivo de novos produtos alimentícios principalmente no meio urbano. Como exemplo, têm-se os sucos industrializados disponíveis em grande número de variedades, capazes de atender às exigências da maioria dos consumidores. Atualmente, com o modelo de vida que prevalece, principalmente nos grandes centros urbanos, a alimentação está muito baseada em fast food, o qual, por sua vez, 14 15 não consegue suprir as necessidades nutricionais diárias recomendadas para uma pessoa; contudo, em relação à vitamina C, é mais fácil de mantermos os índices indi- cados pela Organização Mundial de Saúde, pela facilidade de obter esse suprimento. Vitamina C é um sólido branco, cristalino com ponto de fusão entre 190 a 192 °C; é bastante solúvel em água e etanol absoluto, insolúvel nos solventes orgânicos co- muns, como clorofórmio, benzeno e éter. No estado sólido, é relativamente estável. A vitamina C presente no suco de laranja é sensível aos processamentos empregados para a conservação devido à instabilidade ao calor, sendo ela empregada como um indicador para medir os efeitos do processamento na retenção de nutrientes. A vitamina C, ou ácido L-ascórbico, é uma vitamina solúvel em água, sensível em pH alcalino e facilmente oxidada, principalmentepor íons metálicos (cobre e ferro) e outros catalizadores (luz, radiação, temperatura elevada). Aplicação da teoria na prática O artigo apresentado é um importante exemplo da aplicação da técnica e do entendimen- to da teoria aplicada diretamente sobre as amostras a serem analisadas. Disponível em: https://bit.ly/2ZKwHqf A vitamina C é essencial para o ser humano, apresentando um papel importante na suplementação diária por possuir propriedades que auxiliam na resistência imunológica. Quando a alimentação humana é deficiente em vitamina C, pode ocorrer a síntese defeituosa do tecido colagenoso e o desenvolvimento da doença conhecida como escorbuto. Os sintomas do escorbuto incluem: gengivas inchadas e com sangramento subcutâneos e cicatrização lenta. O problema que envolve a utilização de alimentos com vitamina C é sua instabilidade. Embora de modo geral, a estabilidade da vitamina C aumente com o abaixamento da temperatura e a maior perda se dê durante o aquecimento de alimentos, existem casos de perda durante o congelamento, ou armazenamento de alimentos a baixas temperaturas. Essa facilidade de oxidação da vitamina C e, consequentemente, a perda de suas funções, é devido ao grupo fortemente redutor, denominado redutona. Esse estudo busca avaliar a qualidade dos produtos e quantificar a taxa degradação da vitamina C nos sucos de frutas através do método de análise da Titulação Iodométrica, avaliando o método economicamente viável, assim como o método mais eficiente para a determinação de vitamina C nas amostras analisadas. O objetivo desse trabalho foi determinar o teor de vitamina C em amostras de sucos naturais de laranja, limão e acerola e uma amostra de suco industrializado, utilizando uma adaptação da titulação, voltada para o Ensino Médio. Para determinação dos teores de vitamina C, foram selecionadas 4 amostras, sendo duas de suco de laranja e limão in natura, uma de polpa congelada de acerola e outra de suco de laranja industrializado. As amostras foram tituladas através de uma metodologia adaptada das titulações iodométricas. Para a determinação dos teores de vitamina C nos sucos foram utilizadas soluções de iodo e amido e para traçar a curva padrão foi usada uma solução preparada à 15 UNIDADE Análise de Lipídios e Vitamina C base de aspirina. Obtendo os seguintes resultados para o suco natural de laranja 0,03 g; para o suco de limão, acerola e laranja 0,04g; para a polpa de acerola 0,08 g e para o suco de laranja industrializado 0,006 g. Os sucos foram mantidos sob refrigeração por uma semana e titulados novamente e se obtiveram os seguintes resultados: diminuindo a partir do suco de limão, acerola e laranja 0,03g, e de laranja natural 0,006g, e mantendo a sua concentração os sucos de acerola 0,08 g, e o suco de laranja industrializado 0,006g. Embora o método analítico tenha sido bastante simples, os resultados estão de acordo com o encontrado na literatura, apontando que é possível aplicar esta metodologia nas aulas práticas de Bromatologia. Roteiro de atividade prática A Titulação por Oxidorredução consiste em uma técnica de análise de baixo custo, na qual ocorrem as reações de oxidação (remoção dos elétrons) e redução (doação de elétrons). Nessas reações, ocorre a transferência de elétrons, em que é necessário que o analito esteja apenas em um estado de oxidação que consiste na oxidação dos íons iodeto ou a redução de iodo. Dentre os métodos analíticos, a titulação é muito utilizada para determinar a con- centração de um reagente desconhecido e por ser uma técnica de baixo custo. Esse método de titulação volumétrica é baseado no volume medido de uma solução de amostra com concentração conhecida (solução padrão), que reage completamente com o analito. Consiste na adição de uma solução padrão em uma bureta e uma so- lução de analito, dosando a solução padrão até que a reação seja completa entre os dois. Para as análises de vitamina C, a mais utilizada é a titulação de oxidorredução, reação em que ocorre a transferência de elétrons e onde é necessário que o analito esteja apenas em um estado de oxidação. Porém, nos momentos que antecedem a titulação, alguns fatores convertem o analito em mais um estado de oxidação. Métodos Este método é aplicado para a determinação de vitamina C ou ácido L-ascórbico, em alimentos in natura ou enriquecidos, quando a quantidade da referida vitamina for maior que 5 mg e baseia-se na oxidação do ácido ascórbico pelo iodato de potássio. Amostras Para análise, utilizar sucos de fruta in natura e industrializados: laranjas pera, limões taitis e tangerinas nacionais e importadas. Os sucos industrializados foram sucos integrais, bebidas adoçadas e sucos em pó de marcas distintas. Materiais • Água destilada; • Papel de filtro qualitativo; • Dessecador; • Estufa; 16 17 • Balança analítica; • Béqueres de 50 e 250 mL; • Erlenmeyer de 300 mL; • Pipetas graduadas de 1 e 10 mL; • Pipeta volumétrica de 10 mL; • Buretas de 10 e 25 mL; • Balões volumétricos de 100 e 1000 mL; • Funil de vidro; • Proveta 50 Ml. Reagentes • Solução de ácido sulfúrico a 20% v/v; • Solução de iodeto de potássio a 10%, m/v; • Solução de amido a 1%, m/v. Solução de iodato de potássio 0,02 mol / L 1. Seque 5 g de iodato de potássio em estufa a 110 oC e esfrie; 2. Pese 3,5668 g, transfi ra para um balão volumétrico de 1000 mL e com- plete com água (1 mL iodato de potássio 0,02 mol/L = 8,806 mg de ácido ascórbico). Solução-padrão de iodato de potássio 0,002 mol / L • Pipete 10 mL da solução de iodato de potássio 0,02 mol/L e dilua até 100 mL com água em balão volumétrico (1 mL de iodato de potássio 0,002 mol/L equi- vale a 0,8806 mg de ácido ascórbico). Nota: Utilize a tabela de conversão. Tabela 2 1,0 g de ácido ascórbico 1,214 g de ascorbato de sódio 1,0 de ascorbato de sódio 0,889 g de ácido ascórbico 1, 0 UI (Unidade Internacional) 0,05 mg de ácido ascórbico Procedimento • Homogeneíze a amostra e pese uma quantidade que contenha ao redor de 5 mg de ácido ascórbico. Transfira para um frasco Erlenmeyer de 300 mL com auxílio de aproximadamente 50 mL de água. Adicione 10 mL de solução de ácido sulfúrico a 20%. Homogeneíze e, se necessário, filtre para outro frasco Erlenmeyer, lavando o filtro com água e logo após com 10 mL da solução de ácido sulfúrico a 20%. Adicione 1 mL da solução de iodeto de potássio a 10% e 1 mL da solução de amido a 1%. Titule com solução de iodato de potássio até 17 UNIDADE Análise de Lipídios e Vitamina C coloração azul. Dependendo da quantidade de vitamina C contida na amostra, utilize solução de iodato de potássio 0,02 mol / L ou 0,002 mol / L. Analise sempre a amostra em triplicata e faça uma prova em branco. Cálculo do teor de vitamina C (%) 100Vitamina C mg (%) m/m = .2xV x F Eq P = • V = volume de iodato gasto na titulação; • F = 8,806 ou 0,8806, respectivamente para KIO3 0,02 mol / L ou 0,002 mol / L; • P = n° de g ou mL da amostra. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Lipídios Totais e Ácidos Graxos na Informação Nutricional do Rótulo dos Alimentos Embalados: Aspectos sobre Legislação e Quantificação AUED-PIMENTEL, S.; ZENEBON, O. Total lipids and fatty acids in nutritional label information of packed foods: aspects on legislation and quantification. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.), São Paulo, v. 68, n. 2, 2009. https://bit.ly/3f8k0fi Métodos de Extração e Qualidade da Fração Lipídica de Matérias-primas de origem Vegetal e Animal BRUM, A. A. S.; ARRUDA, L. F. de; REGITANO-D´ARCE, M. A. B. Métodos de extração e qualidade da fração lipídica de matérias-primas de origem vegetal e animal. Quím. Nova, São Paulo, v. 32, n. 4, p. 849-854, 2009. https://bit.ly/2VUsxL0 Extração de Lipídeos da Amêndoa de Castanha de Caju Com CO2 Supercrítico LAMEIRA, C. P.; COELHO, G. L. V.; MOTHE, C. G. Extração de Lipídeos da Amêndoa de Castanha de Caju com Co2 Supercrítico. Ciênc.Tecnol. Aliment., Campinas, v. 17, n. 4, p. 405-407, Dec. 1997. https://bit.ly/3gET0V7 Avaliação das Metodologias de Prensagem a Frio, Soxhlet e Bligh Dyer, na Extração do Óleo de Pinhão Manso BENTO, J. A. C.; SILVA, M. O. M.; SILVA, N. P.; GONÇALVES, M. A. B.; EVANGELISTA, A. W. P.; MOURA, C. J. de; NOGUEIRA, R. G. Avaliação das Metodologias de Prensagem a Frio, Soxhlet e Bligh Dyer, na Extração do Óleo de Pinhão Manso. Revista Processos Químicos, v. 11, n. 21, p. 47-50, 2 jan. 2017. https://bit.ly/31TUypS Redução de Vitamina C em Suco de Caju (Anacardium occidentale L.) Industrializado e Cajuína LIMA, E. S. et al. Redução de vitamina C em suco de caju (Anacardium occidentale L.) industrializado e cajuína. Quím. Nova, São Paulo, v. 30, n. 5, p. 1143-1146, Oct. 2007. https://bit.ly/2ZJaoBf Quantificação de Vitamina C e Capacidade Antioxidante de Variedades Cítricas COUTO, M. A. L.; CANNIATTI-BRAZACA, S. G. Quantificação de vitamina C e capacidade antioxidante de variedades cítricas. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 30, supl. 1, p. 15-19, May 2010. https://bit.ly/2DkrNsn Ácido Ascórbico, Carotenoides, Fenólicos Totais e Atividade Antioxidante em Sucos Industrializados e Comercializados em Diferentes Embalagens THOMAS VALDES, S. et al. Ácido ascórbico, carotenoides, fenólicos totais e atividade antioxidante em sucos industrializados e comercializados em diferentes embalagens. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.), São Paulo, v. 71, n. 4, 2012. https://bit.ly/2De0QX7 Avaliação da Capacidade Antioxidante de Frutas e Polpas de 19 UNIDADE Análise de Lipídios e Vitamina C Frutas Nativas e Determinação dos Teores de Flavonoides e Vitamina C GONÇALVES A. E. de S. S. Avaliação da Capacidade Antioxidante de Frutas e Polpas de Frutas Nativas e Determinação dos Teores de Flavonoides e Vitamina C. São Paulo, Mar. 2008. https://bit.ly/3iEJjb6 20 21 Referências DEMODARAN, S.; PARKIN, K. L.; FENNEMA, O. R. Química de alimentos de Fennema. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. GONÇALVES, A. E. S. S. Avaliação da capacidade antioxidante de frutas e pol- pas de frutas nativas e determinação de flavonóides e vitamina C. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo. 2008. GONÇALVES, E. C. B. A. Análise de alimentos: uma visão química da nutrição. 2.ed. São Paulo: Varela, 2009. SILVA, J. L.; MOURA, C. L. Determinação de vitamina C presente em sucos naturais e industrializados. Brazilian Educational Technology: research and learning v. 3, n. 1, p. 1-11 Jan/Abr 2012. 21
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