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SBCM II - Resumo - 1 Bimestre

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SBCM II – 1º BIMESTRE 
 
NEUROLOGIA 
 
SENSIBILIDADE SUPERFICIAL E PROFUNDA 
- todos os testes devem ser feitos de olhos fechados 
- Existem dois tipos de sensibilidade, como o título da aula sugere. Essa divisão existe porque cada uma “percorre” por um trato diferente, o que 
permite a diferenciação de condições clínicas e, consequentemente, o diagnóstico. 
- Algumas patologias acometem somente a sensibilidade superficial, e outras, a sensibilidade profunda isoladamente 
 
SENSIBILIDADE SUPERFICIAL 
É representada pela sensibilidade tátil (grosseira e fina), sensibilidade térmica (quente e frio) e sensibilidade dolorosa (normalmente testada 
com pequenas "agulhadas") 
 
SENSIBILIDADE PROFUNDA 
Diz respeito a propriocepção (noção de localização do indivíduo no meio onde está inserido) 
 
1. NOÇÃO DE POSIÇAÕ SEGMENTAR 
- cinética postural 
- O indivíduo, de olhos fechados, sabe dizer qual a posição de seus membros. 
- Trata-se de uma sensibilidade muito grosseira, que não necessita de muitas fibras para “funcionar”. 
- se essa sensibilidade está prejudicada, a lesão em questão tem uma gravidade muito séria, e provavelmente outras sensibilidades também 
estarão prejudicadas 
 
2. SENSIBILIDADE PALESTÉSICA VIBRATÓRIA 
- Testada através do diapasão de 128hz. 
- Em comparação a “noção de posição segmentar”, é uma sensibilidade muito fina (necessita de muitas fibras íntegras para “funcionar”), 
portanto é uma das primeiras sensibilidades a se tornar disfuncional frente a lesões 
- O teste é feito através do toque do diapasão (vibrando) nas proeminências ósseas (osso frontal, clavícula, olécrano, crista ilíaca, patela, 
maléolos, etc) 
 
3. SENSIBILIDADE BARESTÉSICA 
Trata-se da pressão sentida ao mergulhar ou mesmo a pressão de alguma coisa comprimindo sua pele. 
 
4. TATO EPICRÍTICO 
- Feita com um compasso com uma distância pré-determinada de 4mm entre suas extremidades. 
- O examinador deverá aplicar uma leve pressão em algum ponto das mãos do paciente, e acima de 4mm, o paciente deverá ser capaz de 
diferenciar 2 pontos diferentes. 
- Se for incapaz, essa sensibilidade está prejudicada. 
 
5. ESTEREOGNOSIA TÁTIL 
O paciente de olho fechado receberá um objeto conhecido em suas mãos, fazendo o reconhecimento apenas com o tato 
 
6. ESTEREOGNOSIA VISUAL 
O paciente de olhos abertos deverá reconhecer um objeto com sua visão 
 
VIAS DE SENSIBILIDADE 
- devemos nos atentar para as os tratos (vias) ascendentes (ambas entram na medula pela raiz dorsal). No funículo posterior (localizado na 
porção dorsal da medula), encontra-se a sensibilidade profunda (propriocepção). 
- No trato espinotalâmico, encontra-se a sensibilidade superficial (tato, dor e temperatura). É importante lembrar que o funículo posterior é 
composto pelo fascículo grácil e cuneiforme, e também que o trato espinotalâmico apresenta uma porção lateral e outra anterior. 
- Todas as fibras sensitivas entram na medula pela região dorsal e todas as fibras motoras saem da medula pela região ventral. O trato 
corticospinal é a principal via motora 
 
SENSIBILIDADE PROFUNDA 
- entra e cruza lá em cima 
- As fibras sensitivas profundas entram pela raiz dorsal até o funículo posterior, ascendente em direção ao crânio sem decussar (cruzar) para o 
lado contralateral, ou seja, ascende do mesmo lado que entrou na medula. 
- Seu cruzamento só ocorre a nível de lemnisco medial. 
 
TESTES 
Os testes de sensibilidade profunda são diferentes nesse sentido: a noção de posição segmentar, por exemplo, é um tipo de sensibilidade que é 
muito grosseira – isso quer dizer que mesmo em grandes perdas de fibras dessa via ela continua funcionando. Portanto, não basta fazer apenas 
um teste para saber se todas as sensibilidades profundas estão íntegras. 
Sempre iniciar pelo lado lesado e sempre pedir para o paciente fechar os olhos. Pedir para o paciente apontar o local onde foi tocado (evitando 
confusões de esquerda/direita, pois nem todos sabem). 
 
 
SENSIBILIDADE SUPERFICIAL 
- entra e cruza 
- As fibras sensitivas superficiais também entram pela raiz dorsal da medula (mais especificamente no H medular), mas dessa vez em direção ao 
trato espinotalâmico e decussam imediatamente, ascendendo logo em seguida. 
- Uma hérnia que comprime a raiz dorsal afetará as duas sensibilidades, pois afeta a região anterior as vias ascendentes, que é comum a ambas 
vias. 
 
NERVO TRIGEMEO (V PAR) 
- sua função motora é relacionada à musculatura da mastigação (a maioria dos nervos são sensitivos e motores) 
- Esse nervo é responsável pela inervação sensitiva do vértex (ponto mais alto da abóbada craniana), seguindo anteriormente até a porção mais 
inferior da mandíbula (logo acima da proeminência laríngea [gogó]). 
- Esse nervo se ramifica em 3 ramos nervosos: oftálmico, maxilar e mandibular, responsáveis por ⅓ da sensibilidade da face cada um. O oftálmico 
inerva a porção mais alta (próxima da testa), o maxilar inerva a maxila (bochecha) e o mandibular, a mandíbula 
 
TESTES 
1. COMO TESTAR A SENSIBILIDADE TÁTIL 
- Ela será feita com um pedaço de algodão ou pincel. 
- O paciente deve sempre estar com osolhos fechados. 
- trato espinotalamico (sensibilidade superficial) 
 
1. Relar em um lado 
- Ex.: lado direito da testa p/ testar nervo oftálmico 
- Pedir para o paciente apontar onde o examinador relou 
 
2. Relar do outro lado 
- Ex.: lado esquerdo da testa p/ testar nervo oftálmico 
- Pedir para o paciente apontar onde o examinador relou 
 
3. Relar em ambos lados simultaneamente 
- Perguntar para o paciente se ele sente da mesma forma dos dois lados 
 
4. Proceder para um próximo ponto e fazer a mesma coisa 
- Testar p. Ex. o nervo maxilar 
- Proceder com a mesma lógica no sentido crânio caudal até os pés, passandopelo tronco, braços, mãos e pernas 
 
2. COMO TESTAR SENSIBILIDADE DOLOROSA 
- Ela será feita com uma agulha ou um palito quebrado (cuidado com a pele de idosos; são mais desidratadas, portanto frágeis). 
- O paciente deve sempre estar com os olhos fechados. 
- trato espinotalamico (sensibilidade superficial) 
 
1. Alfinetar em um lado 
- Ex.: lado direito da testa p/ testar nervo oftálmico) 
- Pedir para o paciente apontar onde o examinador alfinetou 
 
2. Alfinetar do outro lado 
- Ex.: lado esquerdo da testa p/ testar nervo oftálmico) 
- Pedir para o paciente apontar onde o examinador alfinetou 
 
3. Alfinetar em ambos lados simultaneamente 
- Perguntar para o paciente se ele sente da mesma forma dos dois lados 
 
4. Proceder para um próximo ponto e fazer a mesma coisa 
- Testar p. Ex. o nervo maxilar 
- Proceder com a mesma lógica no sentido crânio caudal até os pés, passando pelo tronco, braços, mãos e pernas 
 
3. COMO TESTAR SENSIBILIDADE TÉRMICA 
- Ela será feita com algo quente e frio (p. Ex.: um algodão embebido em água morna e gelo). 
- O paciente deve sempre estar com os olhos fechados. 
- trato espinotalamico (sensibilidade superficial) 
 
1. Tocar em um lado 
- Ex.: lado direito da testa p/ testar nervo oftálmico) 
- Pedir para o paciente apontar onde o examinador tocou 
 
2. Tocar do outro lado 
- Ex.: lado esquerdo da testa p/ testar nervo oftálmico) 
- Pedir para o paciente apontar onde o examinador tocou 
 
3. Tocar em ambos lados simultaneamente 
- Perguntar para o paciente se ele sente da mesma forma dos dois lados 
 
4. Proceder para um próximo ponto e fazer a mesma coisa 
- Testar p. Ex. o nervo maxilar 
- Proceder com a mesma lógica no sentido crânio caudal até os pés, passando pelo tronco, braços, mãos e pernas 
 
DERMATOMOS 
São representações do córtex sensorial no corpo, sendo que cada raiz nervosa (ex: T4, T7, T10 e T12) corresponde a uma faixa na pele. Se na 
região testada houver integridade, significa que dessa raiz para cima o paciente não apresenta problemas (afinal os estímulos sensitivos [ou 
eferentes] sempre ascendem). 
- T4: linha mamilar 
- T7: rebordo costal 
- T10: umbigo 
- T12: crista ilíaca 
 
GLOSSÁRIO 
1. Anestesia 
- Perda de uma ou mais modalidades de sensibilidade (termo mais empregado quando se pensaem perda de sensibilidade tátil, que é superficial) 
2. Analgesia 
- Termo referente ao bloqueio de uma sensibilidade dolorosa (também é superficial) 
3. Hipoestesia 
- Diminuição da sensibilidade 
4. Hiperestesia 
- Aumento da sensibilidade 
 
TESTES – SENSIBILIDADE PROFUNDA 
1. NOÇÃO DE POSIÇÃO SEGMENTAR 
- Também chamada de cinética postural. 
- Pode ser testada de forma grosseira: o paciente de olhos fechados terá seus braços elevados para o alto, neutro ou mantidos para baixo; deve 
ser capaz de dizer qual posição o braço está. Essa é a sensibilidade mais grosseira e a última a se perder. 
- Sempre comparar com o outro lado. 
- A cinética postural também pode ser testada de forma mais refinada, chamada de artrestesia: o dedo (quirodáctilos [mão] ou pododáctilos 
[pé]) do paciente é estabilizado lateralmente e, o examinador segura essa falange distal do paciente com movimento de pinça no sentido látero-
lateral (da mesma forma que se faz a estabilização, evitando assim a ativação da sensibilidade barestésia quando empurrar o dedo para cima e 
para baixo). 
- Mover para cima e para baixo, parando em uma posição. Peça para o paciente dizer se está para cima, para baixo ou neutro. 
- Realizar o teste bilateralmente (ambas as mãos). 
 
2. SENSIBILIDADE PALESTÉSICA VIBRATÓRIA 
- normalmente é a 1º sensibilidade a se perder em caso e lesão 
- Tocar com o diapasão vibrando no osso frontal; se o paciente dizer sentir vibrar só de um lado, está mentindo: o osso frontal é um só, portanto 
o estímulo é conduzido para o outro lado e o paciente sente. 
- Todo o restante do corpo tem sua percepção da sensibilidade unilateral, como por exemplo as clavículas. 
- Se o paciente sente uma clavícula e não sente a outra, sabe-se que há lesão na região daquela clavícula anestesiada. 
 
3 Formas de testar: 
1. Bater no diapasão e encostar na pessoa, pedindo que ele avise quando a vibração acabar (contar os segundos e comparar). 
- Há um problema com esse método: nem sempre o examinador baterá no diapasão com a mesma intensidade, o que cria um viés no relato do 
paciente. 
 
2. Bater no diapasão e encostar na pessoa. Pedir para o paciente avisar quando parar de sentir a vibração: imediatamente encostar o diapasão 
no osso contralateral. Se ele ainda sentir nesse segundo lado, significa que o primeiro lado possui lesão. 
- → método de escolha. 
 
3. Bater no diapasão e encostar nas pessoas, logo trocando de lado. Perguntar se o paciente sente da mesma forma. 
- Aqui também há um viés, pois caso o examinador demore para trocar de lado, o diapasão já estará vibrando menos, alterando a percepção do 
paciente (pode criar diagnósticos falsos positivos). 
 
3. Tato epicrítico 
- Faz parte da sensibilidade profunda: é o teste do compasso com distanciamento de 4 mm. 
- As mãos são mais sensíveis que qualquer outra parte do corpo (haja vista o tamanho de sua representação no homúnculo de Penfield). Sempre 
deve ser feito de olho fechado. 
 
4. Estereognosia tátil 
- Capacidade de reconhecer objetos com as mãos. Depende não só da via sensitiva íntegra, mas também do córtex parietal, uma vez que 
memórias e conhecimentos devem ser evocados para identificar o objeto de olhos fechados (além do paciente ter que conhecer e saber o nome 
do objeto previamente para poder realizar o teste). 
- Trata-se também de uma via cognitiva, além de sensibilidade profunda 
 
 
 
AVC NO CORTEX PARIETAL 
- Um paciente que sofre AVC no córtex parietal direito pode se tornar heminegligente esquerdo. Isso significa que se alguém pedir para esse 
paciente desenhar uma casa (ou qualquer outra coisa), esse paciente desenhará somente a metade do lado direito. 
- Simplesmente quando o cérebro dele tenta unir as informações, o lado esquerdo fica ignorado e ele não desenha (é como se não existisse) 
 
CASO CLINICO 
1. Um paciente X sofreu hemissecção medular à nível de T7 do lado esquerdo, o que foi evidenciado em uma tomografia; sensibilidade 
superficial esquerda e sensibilidade profunda esquerda: qual delas estará íntegra (capaz de conduzir o estímulo até o córtex)? 
- Primeiramente, T7 se localiza no rebordo costal; a sensibilidade superficial esquerda estará íntegra e a sensibilidade profunda esquerda estará 
comprometida, ou seja, abaixo de T7 esse paciente terá os testes de sensibilidade profunda alterados. Isso se dá porque houve uma hemissecção 
à esquerda da medula e as vias de sensibilidade superficial cruzam para o lado contralateral logo que entram na raiz dorsal da medula (e nesse 
caso ascendem pelo lado que não sofreu lesão, chegando ao córtex). 
- A sensibilidade profunda esquerda, entretanto, ascende até o nível do crânio (lemnisco medial) sem cruzar para o lado contrário, portanto esse 
estímulo não será capaz de ascender. Além disso, a sensibilidade superficial direita também será perdida, uma vez que ao entrar na medula, 
cruzará para o lado esquerdo da medula, onde houve a lesão 
 
DEGENERAÇÃO COMBINADA SUBAGUDA 
- Devido a deficiência de vitamina B12 (como anemia megaloblástica) alguns pacientes sofrem desmielinização (a vitamina B12 participa na 
síntese da bainha de mielina), o que afeta principalmente o funículo posterior (pois esse trato é o mais rico em fibras mielinizadas) em ambos 
os lados. 
- Consequentemente haverá perda de sensibilidade profunda, em membros esquerdo e direito. 
- Não haverá mais sensibilidade palestésica vibratória (diapasão), mas se o paciente for tocado com um alfinete, sentirá a dor. As vias do trato 
espinotalâmico são muito pouco afetadas, pois essas fibras fisiologicamente já possuem pouca mielina 
 
1. Se o paciente come carne diariamente e possui deficiência de vitamina B12, qual a via essa vitamina deverá ser administrada? 
- IM. Se ele come carne e possui deficiência de B12, significa que existe algum problema em relação ao seu TGI (gastrite atrófica, problemas de 
absorção no íleo, tênias do salmão, etc). 
- A degeneração pode ser identificada na ressonância magnética, mas uma boa imagem é rara 
 
COMO DOSAR B12: 
- A dosagem de B12 é um exame de baixa acurácia, o que significa que os valores mostrados no teste têm grande chance de estarem dentro do 
limite normal de forma falsa. 
- Nesses casos, abaixo de 350 de B12 sem sintomas faz-se a reposição e abaixo de 400 com sintomas faz-se a reposição. 
 
O QUE LEVA A DEFICIENCIA DE B12: 
- Deficiência nutricional, anormalidades gástricas, drogas que impedem a absorção de B12 (omeprazol e metformina atrapalham), doenças do 
duodeno, íleo e pâncreas, anormalidades genéticas (não se produz fator intrínseco), bariátrica, anemia perniciosa [deficiência de B12 por gastrite 
atrófica] 
- acomete principalmente os idosos 
 
SINAIS E SINTOMAS 
Queda de cabelo, apatia, depressão, dissociação de sensibilidade profunda e superficial (degeneração combinada subaguda; perde a 
sensibilidade profunda), paresia 
 
* Sinal de Lhermitte 
- não patognomônico 
- O sinal de Lhermitte é uma sensação repentina semelhante a um choque elétrico que passa pela parte de trás do pescoço e pela coluna, e pode 
irradiar para os braços e as pernas. 
- Geralmente, é desencadeado ao dobrar a cabeça para a frente em direção ao peito 
 
* Sinal de Romberg 
- Para o equilíbrio, são necessárias 3 estruturas: sensibilidade profunda, labirinto e visão. 
- O paciente perde a sensibilidade profunda e realiza o teste de Romberg (que fecha os olhos) e sofre queda. Isso se dá porque com a degeneração 
da sensibilidade profunda, o paciente não consegue identificar onde estão seus pés (e seu corpo, de forma geral), necessitando da visão para 
identificar essas características. Ao privar-se da visão, cai. 
- Pode estar alterado na perda de sensibilidade profunda, vestibulopatias e cerebelopatias. 
 
OBS: 
- Outras condições que podem causar dissociação de sensibilidade profunda e superficial (diagnóstico diferencial): HIV e sífilis. 
- Portanto, todo paciente que apresenta esse sintoma deve fazer a dosagem de B12, teste para HIV, teste treponêmico e VDRL (sífilis) 
 
TRATAMENTO 
- B12IM pelo resto da vida 
 
FORÇA E TONUS 
TÔNUS MUSCULAR 
- O tônus é o estado permanente de tensão dos músculos, ou seja, o estado de contração basal. Pode ser definido operacionalmente como a 
resistência à movimentação passiva. 
 
 
EXAME DO TÔNUS 
- Determinação da resistência dos músculos relaxados à manipulação passiva e a amplitude do movimento. 
- Importante reconhecer a amplitude do movimento pois pacientes hipertônicos possuem redução da amplitude do movimento, e pacientes 
hipotônicos possuem aumento da amplitude do movimento. 
 
ALTERAÇOES DO TONUS 
HIPOTONIA: 
- diminuição do tônus muscular. 
- Pode ser central ou periférica 
- Lesão cerebelar: hipotonia central; 
- Neuropatia periférica: lesão periférica; 
 
HIPERTONIA: 
- aumento do tônus muscular - lesões agudas centrais que afetam o trato corticoespinhal. 
 
Hipertonia plástica/ roda denteada: 
- quando o paciente tem uma lesão nos núcleos da base, há uma certa resistência durante o movimento, provocando um movimento que não 
sai “liso”, mas sim “fracionado”. 
- Ocorre, por exemplo, na Doença de Parkinson. 
- Os núcleos da base são núcleo caudado, putâmen, globo pálido e tálamo. 
 
Hipertonia elástica/ espasticidade: 
- ocorre em lesões que envolvem o trato corticoespinhal, como no AVC. 
- Geralmente a resistência é maior em movimentos rápidos, no início, e depois libera o movimento. Se o movimento é lento, pode haver pouca 
resistência; se rápido pode causar bloqueio (membro trava); 
 
FORÇA MUSCULAR 
- capacidade do músculo exercer o movimento e gastar energia. 
- Força = movimentação ativa. 
- A redução da força é chamada de paresia; 
- a ausência de força é chamada de plegia. 
 
Monoparesia 
- diminuição da força em um único membro; 
 
Hemiparesia 
- diminuição da força em apenas um dimídio do corpo; 
 
Hemiplegia 
- ausência da força em um apenas um diminuído do corpo; 
 
Paraplegia (crural ou braquial) 
- ausência de força dos dois membros do mesmo seguimento (duas pernas ou dois braços). 
 
FISIOPATOLOGIA 
- A via da motricidade voluntária compreende dois tipos de neurônios, um central ou neurônio motor superior que liga o córtex aos núcleos dos 
nervos cranianos ou espinais, onde se situa o neurônio periférico ou neurônio motor inferior, que inerva os músculos estriados esqueléticos. 
- O segmento central da via motora voluntária é constituído pelos neurônios motores superiores agrupados, constituindo uma via compacta e 
cruzada. 
- o déficit de tipo central é global, cruzado, se a via for atingida acima do cruzamento, e homolateral, se atingida abaixo. 
- O segmento periférico é constituído pelos neurônios motores inferiores, tendo sua origem ao longo do corno anterior da medula e distribuído 
pelas raízes, plexos e troncos nervosos periféricos. 
- O déficit de tipo periférico é, portanto, parcial, localizado em certos músculos 
 
TRATO CORTICOESPINAL 
O segmento central da via motora voluntária (feixe corticospinal ou piramidal) apresenta o seguinte trajeto descendente: 
 
Origem: 
- no córtex, predominantemente no giro pré-central. 
- As áreas do corpo capazes de executarem movimentos mais finos possuem maior representação cortical. 
- A estimulação elétrica do córtex cerebral determina movimentos contralaterais nos membros e na porção inferior da hemiface; enquanto os 
músculos do tronco, da mastigação, da porção superior da face, da faringe e da laringe respondem bilateralmente. 
 
Medula: 
- Na medula, o feixe piramidal lateral apresenta-se como via agrupada e compacta na metade posterior do funículo lateral. 
- O déficit tipo medular unilateral é a paralisia homolateral, global e proporcional abaixo da lesão. 
- O déficit tipo medular bilateral é a paralisia bilateral global e proporcional, abaixo da lesão 
 
 
 
Faixas Ventrais: 
As raízes ventrais estendem-se conforme os miótomos embrionários, portanto, com distribuição topográfica e não funcional. 
- O déficit radicular ou segmentar é homolateral, localizado em determinados músculos pertencentes ao mesmo miótomo. 
- Em razão de os músculos apresentarem inervação plurirradicular, o déficit radicular é sempre incompleto 
 
EXAME DE FORÇA 
- Exame contra a resistência - Escala de força: 0 a 5. 
- Solicita-se ao paciente para realizar o movimento, e o examinador faz força contra o movimento. 
- Grau 0 chama-se plegia; grau 5 força preservada; e de 1 a 4, temse uma paresia. 
- É importante notar que cada grupo muscular tem a sua força, e isso deve ser levado em conta na avaliação 
 
Classificação: 
- Grau 0: sem contração; 
- Grau 1: apenas contração, sem movimento; 
- Grau 2: movimento com gravidade eliminada (no mesmo plano); 
- Grau 3: faz o movimento, porém não vence a gravidade (não sustenta); 
- Grau 4: movimento que vence a gravidade, mas não vence a resistência do examinador; 
- Grau 5: força normal - o paciente vence a gravidade e a resistência do examinador 
 
PADROES DE FRAQUEZA 
DÉFICIT COMPLETO X INCOMPLETO 
- Completo: compromete a face; 
- Incompleto: poupa a face. 
 
DÉFICIT PROPORCIONADO X DESPROPORCIONADO 
- Proporcionado: seguimentos corporais comprometidos de maneira semelhante, em igual intensidade; 
- Desproporcionado: um membro tem maior déficit muscular do que outro. 
 
DÉFICIT FOCAL X GENERALIZADO 
- Focal: são mais restritos a uma região; 
- Generalizado: são mais abrangentes, acometendo várias regiões; 
 
SÍNDROME DO PRIMEIRO NEURÔNIO 
- A síndrome do neurônio motor superior resulta da lesão de áreas motoras do córtex cerebral ou de vias motoras, especialmente do trato 
piramidal (córtico-espinal). 
- É caracterizada por paralisia espástica (paralisia com hipertonia e hiperreflexia), havendo discreta atrofia muscular. 
 
Sinais e sintomas: 
- Hiperreflexia espástica (espasticidade); 
- Hipertonia; 
- Perda da força. 
 
SÍNDROME DO SEGUNDO NEURÔNIO 
- É caracterizada por paralisia espástica (paralisia com hipertonia e hiperreflexia), havendo discreta atrofia muscular. 
- O sinal mais conhecido associado a esta síndrome é o sinal de Babinski (resposta plantar extensora) 
 
Sinais e sintomas: 
- Hiperonia; 
- Perda de força; 
- Hiporreflexia. 
 
MANOBRAS DEFICITÁRIAS 
- Manobras sensíveis para perceber déficits. 
- Servem para evidenciar déficits mais sutis. 
 
MMSS 
Manobra de braços estendidos: 
- paciente permanece com os membros superiores estendidos (palma da mão para cima ou para baixo), de olhos fechados. 
- Observar se há queda de algum dos membros ou da mão. 
 
Manobra de Raimiste: 
- paciente em decúbito dorsal, com braços fletidos sem encostar no tronco e de olhos fechados. 
 
MMII 
Manobra de Mingazzinni: 
- paciente deitado em decúbito dorsal, pernas fletida em 90º paralelas e sem encostar, com olhos fechados. 
 
Manobra de Barré: 
- paciente em decúbito ventral, com as pernas fletidas 90º. 
 
REFLEXOS 
- O reflexo pode ser definido como a resposta muscular produzida por estímulos específicos, que ocorre independentemente da vontade. 
- Existem duas respostas reflexas básicas: flexão e extensão. 
- O reflexo de flexão ou nociceptivo tem a função de proteger a integridade do organismo contra estímulos nocivos. 
- O reflexo miotático ou de extensão mantém o membro estendido, levando o organismo a manter a posição que antagoniza a ação da gravidade. 
- Assim, as funções primordiais dos reflexos motores são a proteção contra estímulos nocivos e a regulação da postura. 
 
São divididos em reflexos superficiais e profundos, e podem ser graduados de 0 a 4. 
Grau 0: 
- sem reflexo 
 
Grau 1: 
- hiporreflexia 
 
Grau 2: 
- normal 
 
Grau 3: 
- reflexo vivo (mais evidente do que o normal). 
- Mulheres jovens tem reflexos vivos normalmente, ou seja, são reflexos com amplitude e velocidade elevada. 
- É importante comparar os lados. 
 
Grau 4: 
- hiperreflexia: reflexo exacerbado e com tempo de latência diminuído (começa muito rápido). 
- Com clônus, ou seja, o membro fica “batendo”, indica lesão de primeiro neurônio. 
 
REFLEXOS PROFUNDOS 
Osreflexos profundos são inesgotáveis, ou seja, estarão presentes em todas as pesquisas. 
 
BICIPTAL (C5-C6): 
- antebraço apoiado e em semiflexão, mão em supinação. 
- Percute-se o tendão do bíceps na dobra do cotovelo com interposição do polegar do examinador; 
 
TRICIPTAL (C5-C6): 
- braço em abdução e sustentado pela mão do examinador, deixa-se cair o antebraço em ângulo reto com o braço. 
- Percussão do tendão distal do tríceps. 
- Como resposta, tem-se a contração do tríceps com extensão do antebraço; 
 
ESTILORRADIAL (C5-C6): 
- Antebraço em flexão sobre o braço e o punho sobre a mão do examinador. 
- Percussão sobre a apófise estilóide do rádio. 
- Como resposta, tem-se a contração do músculo braquiorradial com flexão e supinação do antebraço; 
 
PATELAR (L3-L4): 
- paciente sentado com as pernas pendentes ou com uma das pernas cruzadas sobre o joelho oposto OU paciente deitado em decúbito dorsal 
com joelho semifletido e apoiado na mão do examinador. 
- Percussão do tendão da patela junto à articulação do joelho. 
- Como resposta, tem-se contração do músculo quadríceps femoral com extensão da perna; 
 
AQUILEU (L5-S1) 
- Paciente de joelhos sobre uma cadeira e com os pés para fora do assento OU paciente sentado e as pernas pendentes - o tendão do tríceps 
sural é ligeiramente distendido pela dorsiflexão discreta do pé OU paciente em decúbito dorsal, com as pernas cruzadas sobre o joelho oposto, 
pé em ligeira flexão dorsal e apoiando-se a mão do examinador na parte anterior da planta do pé. 
- A percussão é realizada no tendão do calcâneo, e tem-se como resposta a contração do tríceps sural com extensão do pé sobre a perna 
 
REFLEXOS SUPERFICIAIS OU CUTANEOS 
- Nos reflexos cutâneos ou superficiais, o estímulo é aplicado à pele, evocando a contração reflexa do músculo. 
- Enquanto cada músculo tem o seu reflexo miotático, somente poucos respondem ao reflexo superficial 
 
REFLEXO CUTANEO-PLANTAR: 
- usa-se uma superfície pontiaguda, fazendo um movimento em curva na sola do pé. 
- Pode ocorrer um movimento em flexão ou em extensão. 
- O termo sinal de Babinski refere-se ao sinal do reflexo plantar patológico, quando há a extensão do hálux (1º dedo do pé). A presença do reflexo 
(extensão do hálux) é uma reação normal em crianças até 1 ano de idade 
 
SINAL DE HOFFMANN: 
- membro superior. 
- Realizado estímulo no 3º dedo, e observa-se a movimentação da mão em garra (patológico), indicando lesão do trato corticosespinhal; 
 
 
SINAL DE WARTEMBERG: 
- membro superior. 
- Realizado estímulo no tendão flexor dos dedos, e quando realizada a percussão com o martelo, observa-se a movimentação da mão em garra 
(patológico), evidenciando lesão no trato corticoespinhal; 
- Os dois sinais acima (Hoffmann e Wartemberg) indicam liberação piramidal (lesão de 1º neurônio). 
 
REFLEXO CUTANEO-ABDOMINAL: 
- apresenta 3 níveis de pesquisa, de fora para dentro (acima na cicatriz umbilical, no nível da cicatriz e abaixo da cicatriz), devendo ser realizado 
em ambos os lados. 
- O normal é o desvio da cicatriz umbilical para o lado estimulado. 
- Reflexo ausente ou abolido na síndrome piramidal. Pode ser dificultado em pacientes obesos ou com cicatriz cirúrgica abdominal. 
 
SENSIBILLIDADE 
- O processamento neural da informação sensitiva possibilita a experiência consciente dos objetos e acontecimentos do mundo externo. 
- Somestesia é o nome usado para designar a sensibilidade geral do corpo. Do ponto de vista clínico, a sensibilidade é dividida em: 
 
1. Superficial ou exteroceptiva: 
- Tátil; Térmica; Dolorosa. 
 
2. Profunda ou proprioceptiva: 
- Cinético-postural; Vibratória; Estereognosia; Duplo estímulo; Grafestesia. 
 
 
FISIOLOGIA 
A via da sensibilidade inicia-se junto aos receptores (mecanoceptores, termoceptores e nociceptores) e apresenta dois segmentos, um periférico 
(troncos nervosos periféricos e raízes posteriores) e outro central, composto de dois sistemas, o 
 
1. Lemniscal (sensibilidade discriminativa e proprioceptiva consciente): 
- As fibras das raízes posteriores, destinadas a formar o sistema lemniscal, penetram no corno posterior da medula, sobem do mesmo lado 
formando os fascículos grácil e cuneiforme, e terminam fazendo sinapse, nos núcleos grácil e cuneiforme, com o segundo neurônio. No bulbo, 
o segundo neurônio da via lemniscal cruza a linha mediana para formar, já no hemitronco cerebral oposto, em posição mediana, o lemnisco 
medial. Esse segundo neurônio termina no núcleo ventrolateral posterior do tálamo, onde faz sinapse com o terceiro neurônio, que se projeta 
no giro pós-central, na área somestésica primária 
- Vila Liminiscal: coluna dorsal medial – sensibilidade tátil fina, vibratória e propriocepção 
 
2. Extralemniscal (dor e temperatura): 
- As fibras das raízes posteriores, que formarão o sistema extralemniscal, fazem sinapse no corno posterior da medula. Em seguida, cruzam para 
o lado oposto, constituindo o feixe espinotalâmico. O trato espinotalâmico é subdividido em: trato neoespinotalâmico. O trato 
neoespinotalâmico é formado por fibras espessas e ocupa a porção mais dorsal do trato espinotalâmico. Ele atravessa o tronco cerebral e termina 
no núcleo ventrolateral posterior do tálamo. Deste núcleo parte o terceiro neurônio da via, que se projeta no giro póscentral, na área somestésica 
primária 
- Vila Extralemniscal: trato espinotalamico – sensibilidade dolorosa, térmica, baroestesica e tátil grosseira 
 
SUPERFICIAL 
1. Sensibilidade tátil (tátil grosseira/ tátil fina): 
- testar com algodão ou pincel macio. 
 
2. Sensibilidade térmica: 
- usar algodão ou tubo de ensaio com água gelada e água quente e perguntar a temperatura. 
 
3. Sensibilidade dolorosa: 
- testar com um objeto pontiagudo (levemente). 
 
TÉCNICA 
- sempre testar com o paciente de olhos fechados. 
- Sempre iniciar com o lado não lesado e sempre comparar os lados. 
- Seguir de superior para inferior. 
- Teste áreas simétricas em segmentos proximais e distais, seguindo os 
dermátomos; 
 
 
PROFUNDA 
- A sensibilidade proprioceptiva possibilita a noção de posição dos segmentos do corpo no espaço, sendo a base para a coordenação motora e 
o equilíbrio. 
- A sensibilidade cortical constitui, na realidade, uma forma de gnosia e atenção espacial, não propriamente uma modalidade sensorial específica. 
- A sensibilidade profunda corresponde à propriocepção 
 
 
 
 
1. Sensação palestésica (vibratória): 
- diapasão vibrando nas proeminências ósseas do paciente; testar todas as proeminências até fazer diagnóstico. Avaliar por quantos segundos o 
paciente sente a vibração. 
- O tempo normal em uma pessoa saudável e jovem é de 10 a 12 segundos. 
- Proeminências: dedos do pé, maléolo, patelar, crista ilíaca, ossos da mão, metacarpo, cotovelo e clavícula. 
 
2. Sensibilidade barestésica (pressão): 
- realiza-se pressão no músculo. 
 
3. Tato epicrítico: 
- diferenciação entre 2 pontos na pele. 
- Técnica: use um compasso e teste a capacidade de diferenciar dois pontos na pele; vai aumentando a distância das pontas do compasso. 
 
4. Estereognosia: 
- O paciente, com os olhos fechados, deve identificar objetos conhecidos colocados em sua mão como caneta, chave, moeda etc 
 
5. Grafestesia 
- O paciente, com os olhos fechados, deve reconhecer letras ou números escritos em sua pele com objeto de ponta romba 
 
6. Dupla estimulação simultânea: 
- Estando o paciente com os olhos fechados, aplicam-se estímulos de contatos em partes simétricas do corpo e de forma simultânea 
 
7. Sensibilidade cinético-postural: 
- É pesquisada colocando-se passivamente o segmento do membro em determinada posição, solicitando-se ao paciente que reconheça essa 
posição sem o auxílio da visão. 
- A noção dos movimentos passivos é pesquisada deslocando-se uma articulação em diferentes direções e, finalmente, detendo-se numa posição 
qualquer, que o paciente deve identificar 
 
MEDULA ESPINHAL 
- A deficiência de B12 faz lesão nos fascículos grácil e cuneiforme,e no trato corticoespinal. 
- A deficiência de B12 altera a sensibilidade profunda, pois lesa a porção posterior da coluna. 
 
ALTERAÇÕES DA SENSIBILIDADE 
- Analgesia: diminuição da sensibilidade dolorosa. 
- Anestesia: perda da sensibilidade dolorosa. 
- Hipoestesia: diminuição da sensibilidade; 
- Hiperestesia: aumento da sensibilidade 
 
LESOES NO CORTEX ASSOCIATIVO PARIETAL 
Negligência contra-lateral: 
- o paciente neglicencia um lado do corpo e do ambiente. Está relacionado com lesões no encéfalo 
 
NEUROPATIA PERIFÉRICA 
REVISÃO 
LESÃO DE 1º NEURONIO 
- O primeiro neurônio sai do córtex motor e segue em direção ao segundo neurônio – de certa forma, o primeiro neurônio faz uma função de 
controle do segundo. 
- O segundo neurônio sai do corno anterior da medula e segue em direção ao músculo, estimulando sua motricidade. 
- Se o primeiro neurônio é lesado, a manifestação clínica é de hipertonia, uma vez que o segundo neurônio fica sem controle e com tônus 
aumentado – o segundo neurônio sem controle fica “sem saber” a quantidade de tônus que deve aplicar em um músculo, aumentando-o 
(hipertonia). 
- A hiperreflexia é outro achado, uma vez que ao realizar um teste de reflexos profundos, o estímulo chega ao segundo neurônio e 
imediatamente volta à periferia (não chega a ter a modulação do primeiro neurônio). 
- Outro sinal da lesão de primeiro neurônio é que ele não apresentará grande atrofia, afinal o segundo neurônio continua estimulando a 
musculatura. 
 
LESÃO DE 2º NEURONIO 
- Ao seguir a mesma lógica descrita acima, sabe-se que a lesão no segundo neurônio levará a hipotonia, uma vez que não há nenhum estímulo 
(input) no músculo. 
- Ao realizar um teste de reflexos profundos, o estímulo chega à medula, mas não volta para o músculo, uma vez que o segundo neurônio, 
responsável pela movimentação reflexa, está lesado. Há, portanto, arreflexia. 
- Nesse tipo de lesão também ocorre atrofia da musculatura. 
- O músculo sem nenhum input pode sofrer fasciculação. São pequenas contrações em regiões não articulares causadas pela ausência de 
estímulo: o músculo fica “confuso” e eventualmente dispara contrações aleatórias. Pode acontecer fisiologicamente por altos consumos de 
cafeína e baixa quantidade de sono. 
- A diferença de fasciculação e espasmos é que o segundo normalmente envolve movimento de articulações e pode acontecer devido a lesão 
de primeiro e/ou segundo neurônio. 
 
 
 
NEUROPATIAS PERIFÉRICAS 
- São síndromes caracterizadas pela disfunção dos nervos periféricos. 
- São mais incidentes em idosos, uma vez que diabetes e hipertensão também tem uma mais prevalência nessa faixa etária e são doenças 
crônicas que podem causar as neuropatias periféricas. 
- Diabetes lesa a microvasculatura e vasa nervorum, dessa forma surgem as polineuropatias. 
- A hipertensão também lesa vaso nervorum, o que gera a polineuropatia. 
- As neuropatias periféricas tem basicamente 5 locais de acometimento: os nervos cranianos podem ser afetados (exceto o 1º e o 2º), assim 
como as raízes nervosas sensitivas e motoras, plexos cervicais, braquiais e lombo sacrais, os nervos espinais (incluindo suas raízes) e, por 
último, o sistema nervoso autônomo. 
- Algumas doenças afetam somente a porção sensitiva de um nervo misto, outras afetam mais o sistema nervoso autônomo, e assim por 
diante. 
 
CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICAS – POLINEUROPATIAS 
As polineuropatias podem ser hereditárias ou adquiridas; as crianças apresentam uma prevalência muito maior de hereditárias, uma vez que 
normalmente não apresentam doenças como HAS e DM. Nos adultos o quadro se inverte: possuem muito mais polineuropatias adquiridas que 
hereditárias. 
 
1. Polineuropatías adquiridas 
- Diabéticas; Metabólicas; Etílicas-carenciais; Carência de vitaminas (como B12); Amiloidoses; Desmielinizantes agudas e crônicas; Vasculites; 
Infecciosas; Tóxicas; Sarcoidóticas; Paraneoplásicas 
 
2. Polineuropatias Hereditárias 
- neuropatia hereditária sentivomotora (doença de Charcot-Marie-Tooth) 
- neuropatia hereditária com susceptibilidade à pressão 
- amiloidose familiar 
- porfiria 
- doença de Fabry 
- Doença de Tangier 
- Leucodistrofia matacromatica 
- doença de Refsum 
- doenças mitocondriais 
 
CLASSIFICAÇAO – SEGUNDO A VELOCIDADE DE INSTALAÇÃO 
DOENÇAS AGUDAS 
As doenças agudas possuem uma instalação abrupta que ocorre em menos de 4 semanas (apesar da sua manifestação clínica se prolongar). 
- neuropatia difitérica e neuropatia porfirinica 
- Polirradiculoneurite Aguda - Síndrome de Guillain-Barré é o melhor exemplo (atinge principalmente as fibras motoras). 
- Pode ser desencadeada a partir de infecções virais ou bacterianas; o sistema imune desenvolve anticorpos contra esse agente agressor 
(normalmente Campylobacter jejuni), que possui epítopos que são muito semelhantes à raiz nervosa, produzindo uma resposta cruzada 
(mimetismo molecular) o que produz uma doença autoimune que passa a atacar a raiz nervosa – mais especificamente a bainha de mielina. 
- O paciente passa a apresentar paralisia flácida, ascendente, arreflexa e com dissociação de células-proteína no líquor – apresenta pouca 
célula e muita proteína. 
- Há pouca quantidade de células de defesa no líquor, pois não há infecção vigente, mas existe muita proteína, afinal anticorpos estão sendo 
produzidos constantemente devido a condição autoimune. Lembre-se que os anticorpos são imunoglobulinas, ou seja, constituídos de 
proteínas. 
- Muitas dessas infecções podem ser assintomáticas, não sendo relatadas na anamnese. 
- O tratamento é feito a partir da imunossupressão. 
 
DOENÇAS SUBAGUDAS 
- As doenças subagudas acontecem entre 4 e 8 semanas. 
- As mais comuns são neuropatia alcoólica e neuropatia por deficiência de B12 (degeneração combinada subaguda). 
- Doenças menos relevantes são as neuropatias tóxicas provocadas por chumbo (comum em trabalhadores de fábricas de chumbo). 
- Neuropatia medicamentosa: comum em pacientes oncológicos. 
 
DOENÇAS CRONICAS 
- As doenças crônicas são caracterizadas por uma instalação que demora mais de 8 semanas para acontecer e começar a se manifestar 
clinicamente. 
- Os melhores exemplos são as neuropatias diabéticas, neuropatias alcoólicas de forma crônica e neuropatia por deficiência de B12 de forma 
crônica, neuropatia angiopática (LES, artrite reumatoide, poliarterite nodosa, granulomatose de Wegener), polirradiculopatia inflamatória 
desmielinizante crônica 
 
Outras da Forma Crônica (> 8 semanas) 
A Neuropatia Paraneoplásica é desencadeada por tumores que produzem anticorpos que passam a atacar os nervos periféricos. 
- PIDC (que é a síndrome de Guillain-Barré crônica), neurite hansênica e neuropatia amilóide (doença de deposição de substância amilóide, 
que também espessa os nervos). 
- A neurite hansênica acomete comumente nervos superficiais, principalmente ulnar e fibular, que passam a se espessar (hanseníase = 
espessamento dos nervos superficiais) 
 
 
Forma geneticamente determinada 
Idiopática 
- Doença de Charcot-Marie-Tooth e Polineuropatia de Roussy-Levy 
 
Metabólica 
- Doença de Fabry e Doença de Refsum 
 
CLASSIFICAÇÃO 
MONONEUROPATIA 
- Uma lesão focal de um nervo periférico. 
- Comum de traumas. 
 
MONONEUROPATIA PERIFERICA 
- Vários nervos sendo acometidos, mas sem nenhum padrão. 
- Comum de vasculite (ao inflamar um vaso, o vasa nervorum também é acometido, gerando neuropatia em qualquer lugar do corpo. 
- Normalmente essas lesões são aditivas, somando-se. 
 
POLINEUROPATIA 
- Comum do DM. 
- Começa de forma distal, é simétrica e bilateral. 
- A parte mais distal dos nervos serão os lesados no DM, afinal é uma doença da microvasculatura; os pequenos ficam mais distais e possuem 
menor suprimento de oxigênio e nutrientes, apresentando lesões nos vasa nervorum. 
- Começa de forma distal, mas ascende. Por isso, o padrão mais comum é o de botas. Quando ultrapassa o nível dos joelhos, pode começar a 
comprometer a sensibilidade da ponta dos dedos da mão (parestesia). 
 
 
OBS: 
Se houver comprometimentode raízes espinais ou raízes e tronco dos nervos periféricos chama-se Polirradiculopatia ou Polirradiculoneuropatia. 
 
ETIOLOGIAS 
Lesão de plexos nervosos 
Braquial: trauma, pós-cirúrgico ou Síndrome de Pancoast (tumor que atinge o ápice pulmonar e comprime o plexo braquial) 
Lombossacral: trauma 
 
Lesão de troncos nervosos 
Nervo mediano: trauma, hanseníase, síndrome do túnel do carpo 
Nervo ulnar: trauma, hanseníase 
Nervo radial: trauma, saturnismo 
 
SINDROMES NEUROLOGICAS 
Síndrome do primeiro neurônio 
Síndrome do segundo neurônio 
Neuropatia periférica 
Síndrome extrapiramida (pode ser ocasionada por medicamentos, como metoclopramida [plasil]) 
 
NEUROPATIA PERIFÉRICA 
Pode acometer uma das 3 possibilidades abaixo: 
- Síndrome do segundo neurônio 
- Síndrome sensitiva periférica 
- Síndrome autonômica periférica 
 
Quadro Clínico: 
ALTERAÇÃO DA MOTRICIDADE 
- 2º neurônio motor ou inferior 
- O indivíduo pode apresentar fraqueza muscular de nível variável (paresia ou plegia) iniciando em pés e pernas, podendo causar marcha parética 
ou escarvante (pé caído). 
- O músculo pode apresentar atrofia ou hipotrofia (a menos que seja uma lesão muito recente). 
- Os reflexos se apresentam como arreflexia ou hiporreflexia e a musculatura apresenta fasciculações e cãibras. 
- atrofia de língua característica de esclerose lateral amiotrófica (ELA). 
- fasciculações e caibras, mas não são achados importantes 
 
ALTERAÇÃO DA SENSIBILIDADE 
Pode gerar parestesia, hiperestesia (aumento da sensibilidade) ou disestesia (a sensibilidade fica diferente; desagradável, mas não é como uma 
dor). 
- O paciente também pode apresentar hipoestesia, comum nas polineuropatias diabéticas. 
 
SINDROMES AUTONOMICAS 
Pode gerar anidrose (ausência de suor), hipotensão ortostática, impotência sexual, incontinência urinária e fecal, ataxia sensitiva, tremores 
 
 
 
Causas: 
N = NUTRICIONAL (B12 CIANOCOBALAMINA / B6 PIRIDOXINA) 
E = ENDÓCRINO (DM) 
U = URÊMICA 
R = REUMATOLÓGICA 
O = ONCOLÓGICAS 
P = PORFIRIA 
A = AMILOIDOSE 
T = TRAUMA 
I = INFECCIOSA (HANSENÍASE / HIV) 
A = ALCOÓLICA 
S = SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ 
 
Diagnóstico: 
- Essencialmente clínico; 
- na anamnese, não esquecer de perguntar sobre a ocupação trabalhista atual e pregressa. 
- O exame utilizado para avaliação de condições do sistema nervoso periférico é a eletroneuromiografia (ENMG). 
 
ENMG: 
- sempre para suspeitas de doença do SNP; 
- a topografia é a sua principal função (doenças medulares, da placa motora e dos musculos) 
- ajuda para determinação do prognostico 
 
Exames laboratoriais 
Glicemia de jejum e pós prandial 
Hemograma e VHS 
Função renal 
Dosagem de vitamina B12, homocisteína e ácido metilmalônico 
Hormônios da tireoide 
Pesquisa de HIV (vírus da imunodeficiência humana) 
Níveis séricos de tiamina (B1) 
 
Exames Complementares: 
1. Coleta de líquor 
- Feito em algumas situações, como na síndrome de Guillain-Barré (apesar de ser uma neuropatia periférica, acomete a raiz nervosa, que também 
é banhada pelo líquor). 
- Importante nas Neuropatias desmielinizantes (hiperproteinorraquia); 
- Se infecciosa pode sugerir com pleocitose; 
- SGB (dissociação proteino-citológico); 
- Polineuropatia Inflamatória Desmielinizante Crônica (PIDC) devida ao HIV pode haver pleocitose; 
- PN pelo citomegalovírus (CMV) existem polimorfonucleares no LCR. 
 
2. Biópsia de nervo 
- Não feita com frequência, uma vez que lesa os nervos. 
- Realizada em nervo sensitivo superficial (o sural); 
- Importante quando outros exames não invasivos não esclarecem o diagnóstico etiológico; 
- Mandatória para o diagnóstico de vasculite, hanseníase e amiloidose; 
- Achados anatomopatológicos podem ajudar no prognóstico mostrando se a PN está evoluindo ou em processo de regeneração 
 
Diagnósticos diferenciais 
MIOPATIA 
- Costuma ser proximal, 
- não apresenta acometimento sensitivo (apenas motor), 
- reflexos abolidos (o que é comum também nas neuropatias) 
- Pode ser diferenciada facilmente com dosagem de CPK e aldolase, enzimas que se elevam quando há lesão muscular. 
- miopatias metabólicas paroxísticas e agudas (ex: excesso ou deficienica de potássio) 
 
MIELOPATIA 
- abolição de reflexos profundos (o que faz pensar em neuropatia periférica) 
- A sensibilidade apresenta-se em nível (a neuropatia apresenta-se em dermátomos), 
- apresenta distúrbios esfincterianos e as queixas dolorosas são menores. 
- não há queixa dolorosa 
 
LESAO DO TRONCO CEREBRAL 
- Costumam apresentar hiperreflexia, mas caso haja choque medular (lesão muito grande) o paciente pode apresentar-se flácido no primeiro 
momento. 
- haverá alteração de consciência e comprometimento de múltiplos nervos cranianos; 
- pode ser feita a ressonância magnética para diagnóstico 
 
 
 
PSIQUIATRIA 
INTRODUÇÃO A PSIQUIATRIA 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
- A partir do exame do estado mental, deve ser extraída uma súmula (resumo) psicopatológica. Trata-se de um apanhado homogêneo de todas 
as funções mentais dessa pessoa, facilitando sua avaliação 
- Existe uma maneira sistematizada de analisar as funções psíquicas dos pacientes abordando sua atenção, memória, pensamento, etc. Alguns 
termos presentes no caso disparador: 
 
 Vigil: 
- trata-se de um paciente vigilante, consciente e atento ao ambiente que o cerca. 
 
Orientado no tempo e espaço: 
- o paciente sabe onde está e que dia é. 
 
Pensamento com fluxo coerente: 
- as falas do paciente fazem sentido. 
 
Pensamento acelerado: 
- muitas vezes reflete ansiedade e/ou depressão. 
 
Sensopercepção: 
- diz respeito a ligação do paciente com a realidade; um paciente que não possui sua sensopercepção íntegra pode vivenciar alucinações (o 
sujeito rompe com a realidade; pode acontecer por inúmeros motivos, como esquizofrenia em sua forma crônica ou uso de drogas psicoativas, 
como LSD). 
 
Humor hipotímico: 
- mesmo que humor rebaixado. 
 
Pensamentos intrusivos: 
- pensamentos que a pessoa não consegue controlar e/ou se livrar. 
 
Impulsividade: 
- o paciente que realiza um ato impulsivo tem consciência do que vai fazer, e, apesar dos riscos, o faz. 
 
Compulsividade: 
- o paciente tem consciência do ato e não quer fazê-lo, mas não consegue controlar; há dificuldade na interrupção da ação. 
 
DOENÇA PSIQUIATRICA x DOENÇA ORGANICA 
1. A saúde mental não apresenta marcadores biológicos adequados (Ex.: não se identifica depressão através de exames sanguíneos); algumas 
patologias orgânicas geram sintomas psíquicos, como hipotireoidismo, que pode rebaixar o humor, simulando um quadro depressivo (nesse 
caso há exames, mas perceba: originalmente não se trata de uma patologia mental, mas uma orgânica que acomete a psique). 
 
2. A anamnese psiquiátrica depende muito do avaliador, ou seja, possuem viés (Ex.: um médico alcoólatra normalmente não verá o alcoolismo 
de seu paciente tão problemático). 
 
3. Existe um guia para diagnóstico de doenças psiquiátricas chamado DSM. 
 
4. A diversidade das apresentações clínicas é muito ampla: a depressão, por exemplo, pode se apresentar de formas muito diferentes em cada 
pessoa. 
 
5. Trata-se de uma especialidade onde o exame físico e complementares não são essenciais. A anamnese é a melhor “arma” (e praticamente 
única) do psiquiatra para chegar ao diagnóstico. 
- Não existem doenças psiquiátricas assintomáticas, diferentemente das patologias orgânicas (hipertensão). Apesar disso, pode ser detectada. 
 
DIAGNOSTICO 
O diagnóstico psiquiátrico tem o objetivo de definir a terapêutica e prognóstico: 
- Sinais e sintomas: não existem patognomônicos na psiquiatria. 
- História clínica: pode ser determinante para se compreender qual a patologia presente; muitas doenças possuem gatilhos ambientais (p. Ex.: 
um ambiente muito estressante pode levar ao transtorno depressivo). 
- História familiar: muitas condições apresentam herança familiar. 
- Fatores de risco: fatores protetores (ou sua ausência), como uma rede de apoio, são muito importantes para evitar o desenvolvimento de 
condições mentais. 
- Exames complementares:como dito na página anterior, são raros ou praticamente não existentes; quadros demenciais podem ser avaliados 
através de ressonância magnética, mas em suma, são condições neurológicas, e não psiquiátricas 
 
Como Chegar no Diagnostico: 
- Como é uma especialidade que se baseia fortemente (e praticamente só) na anamnese, o vínculo entre o examinador e o paciente DEVE ser 
estabelecido, caso contrário, o paciente nunca revelará suas angústias ao médico. 
- A entrevista é centrada no paciente e o médico deve tentar de todas as formas aliviar seu sofrimento; chegar ao diagnóstico é uma 
consequência. Devemos evitar rotular comportamentos como pertencentes a uma doença. 
 
NORMALIDADE 
CONCEITO 
- É um conceito controverso e de difícil definição quando se fala da saúde mental, afinal existe um grande espectro de comportamentos que 
podem ser considerados normais (o estado mental é heterogêneo). É muito fácil diferenciar um paciente que está alucinando do “normal”, mas 
condições mais leves, como ansiedade, são difíceis de diferenciar. 
- Atualmente o conceito de neurotípico e neurodivergente têm sido cada vez mais empregados: algumas condições psiquiátricas refletem no 
paciente apenas outro estado de funcionamento, sem grandes prejuízos na vida e/ou risco de morte, portanto não são tratados como doença. 
Apesar disso, existe uma terapêutica para cada caso, pois sempre há espaço para melhorar a qualidade de vida. 
- Na prática, o sofrimento psíquico tem que ser analisado além do paciente: também devem ser observados os impactos na família e grupos 
sociais próximos (aliás, muitas vezes a família é a fonte mais confiável das informações [Ex.: o médico psiquiatra pode levar em consideração as 
histórias do delírio do paciente; será necessária a visão de alguém que não rompeu com a realidade e vê o que acontece com o paciente]). 
Devem ser analisadas as disfunções que afetam o dia-a-dia (Ex.: o paciente em estado de mania se sente bem, mas não vai ao trabalho), 
intensidade e duração dos sintomas 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE COMO AUSENCIA DE DOENÇA 
- A normalidade enquanto ausência de doença não é um bom conceito, afinal, alguns pacientes não se sentem mal (ou doentes), mas mesmo 
assim estão doentes (pacientes em estado de mania acham que estão na melhor fase da sua vida 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE COMO ALGO IDEAL 
- Não existe a normalidade como algo ideal. Normalmente esse conceito é utópico e depende muito da cultura onde está o sujeito que diz o que 
é ideal ou não. 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE COMO ESTATISTICA 
- A estatística ajuda a definir a normalidade através da análise da média populacional: isso pode se aplicar ao valor médio de QI, por exemplo. 
Valores que destoam da média serão considerados anormais. Porém, nem tudo que é frequente é saudável, e essa definição também não é a 
melhor. 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE COMO BEM ESTAR 
- Segundo a OMS, saúde é considerada um “completo bem-estar físico, mental e social”. 
- Também é utópico, uma vez que praticamente ninguém se encaixa nessa definição. 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE COMO ALGO SUBJETIVO 
Pode faltar autocrítica por parte do paciente – ele acha que está bem, mas falta crítica para discernir que possui um estado patológico e não 
funcional 
 
CONCEITO DE NORMAIDADE COMO PROCESSO 
- Diz respeito ao entendimento do que é normal para a criança, adolescente, adulto e idoso. 
- É normal uma criança se sentir cansada e ficar em casa? É normal para um adulto não querer trabalhar e ficar só saindo com os amigos? Não 
para as duas perguntas. 
- É preciso olhar para o normal como um processo de vida; cada fase da vida possui um padrão considerado como “normal”. 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE COMO OPERACIONAL 
- é o que esta em guias 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE COMO FUNCIONAL 
- esse conceito faz muito sentido na psiquiatria. Considera-se o sujeito como saudável se houver ele apresentar funcionalidade e se o seu 
sofrimento e de grupo social for baixo ou inexistente. 
 
CICLO PERCEPÇÃO-AÇÃO 
- O ciclo percepção-ação diz respeito a pensar que o SNC está constantemente captando estímulos (papel da sensopercepção), processando a 
informação (papel da cognição) e produzindo respostas motoras. Esse pensamento não está completamente errado, porém as emoções também 
devem ser colocadas nessa equação, o que altera muito esse funcionamento. 
- Diferentes estados de emoção vão produzir uma resposta totalmente diferente frente ao mesmo estímulo; o processamento dessa informação 
captada pela sensopercepção pode mudar completamente a depender da emoção vivenciada no momento pelo indivíduo. 
- O processamento de informações (que na sua grande maioria são pensamentos conscientes, ou seja, metacognição [quando o indivíduo sabe 
“o que” e “em que” está pensando]) e a motricidade voluntária são produtos do córtex cerebral, mas existem influências subcorticais muito 
importantes que nesse processamento de informações. 
- A amígdala, tálamo, monoaminas, hipocampo, tronco encefálico, alteram o funcionamento desse ciclo. 
- Na prática, um sistema muito complexo de emoções (sistema límbico) interfere naquilo que o indivíduo vê, nos seus pensamentos e respostas. 
Esse grande sistema modula a forma que funcionamos. 
 
DESEQUILIBRIOS PROVOCADOS QUANDO AS MONOAMINAS ESTAO DISFUNCIONAIS 
Esses desequilíbrios são manejáveis neuroquímicamente (medicamentos receitados pelos psiquiatras), mas a fonte dos problemas 
majoritariamente é psicossocial, devendo ser abordado através da psicoterapia. 
 
Noradrenalina 
- Alterações do sono e ansiedade. 
 
Serotonina 
- Alterações de humor, ansiedade, processamento de dor e libido. 
 
Dopamina 
- Déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), psicoses, uso compulsivo e impulsivo de substâncias e Parkinson. 
 
FUNÇÕES PSIQUICAS NO EXAME DO ESTADO MENTAL 
Transtornos psico-orgânicos 
- Podem alterar o nível de consciência, atenção (também nos quadros afetivos [mania principalmente]), orientação, memória, inteligência e 
linguagem (também nos quadros psicóticos). 
 
Transtornos afetivos, neuróticos e da personalidade 
- Podem alterar a afetividade, vontade, psicomotricidade e personalidade. 
 
Transtornos psicóticos 
- Podem alterar a sensopercepção, pensamento, juízo da realidade e vivência do eu. 
 
MEMÓRIA 
A memória é muito mais complexa que o usualmente entendido como memória: não é só recordar de alguma coisa, mas também acompanhar 
a linha de raciocínio de uma aula, é saber escrever, etc. 
 
CURTA DURAÇÃO: 
- envolve foco de atenção. Enquanto há atenção em uma situação, a informação desse momento está arquivada. 
- Ao mudar o foco para outra situação, o evento inicial é esquecido. 
- Perdas de consciência (por trauma cranioencefálico, por exemplo) levam a perda de memória devido a interrupção da atividade 
eletrofisiológica, afinal ela é necessária para a manutenção da memória de curta duração. 
 
MEMÓRIA DE CURTA DURAÇÃO 
- É aquilo que depende de atenção e que depende do disparo contínuo de neurônios para marcar uma informação. 
- Modelos atualizados de memória operacional mostram que o sistema pré-frontal (que envolve controle) e sistemas de armazenamento e 
codificação de informações (o sistema parietal armazena temporariamente a informação e os sistemas sensoriais visuais, por exemplo, codificam 
qual a informação visual). 
- A memória de curta duração em uma criança é muito falha, uma vez que o desenvolvimento completo se atinge em média aos 21 anos de 
idade 
 
LONGA DURAÇÃO 
- é algo mais físico e que envolve conectividade cerebral (conexões sinápticas), e essas conectividades dependem da atividade do hipocampo 
(consolida as memórias de curta duração para se tornarem de longa duração) 
 
CASO HM: 
- a partir da remoção do hipocampo (estrutura essencial para consolidação da memória) em uma cirurgia para tratar epilepsia, o paciente HM 
perdeu toda a sua capacidade de construir memória anterógrada. 
- A sua memória de curta duração, entretanto, manteve-se normal, o que indica que esses dois tipos de memória possuem estruturasindependentes para seu funcionamento correto; ele ainda possuía a capacidade de manter uma conversa enquanto seu foco não era desviado 
para outros assuntos (se isso acontecesse, HM não conseguia retornar ao assunto anterior: ele esquecia) 
- O paciente do caso HM teve uma grande perda – além da capacidade de se recordar de novos fatos – em relação aos eventos passados. Ele 
não conseguia se recordar de situações (Ex.: primeira vez a ir na praia), mas conseguia recordar de fatos (nome de familiares, ano de eleições) 
 
Alterações Quantitativas: 
 - hipermnésia (raro) 
- amnésia (esquecimento total acerca de algo) 
 
Alterações Qualitativas: 
ILUSOES MNÊMICAS 
- falsas memorias 
- Muitas vezes assumimos a história de alguém como sendo de autoria nossa, ou mesmo incluímos acontecimentos de outra situação em uma 
outra história. 
- São detalhes falsos incluídos em uma história real 
 
ALUCINAÇÕES MNÊMICAS 
- criações imaginativas 
- Mais comum nas psicoses; são histórias que quebram com a física e a realidade, 
- ex: um elefante voador. 
 
CONFABULAÇÕES 
- Falsas histórias contadas pelo paciente como se fossem reais (inclusive o paciente acredita que são reais), porém são plausíveis com a realidade. 
- São histórias inteiramente falsas (diferente de ilusões mnêmicas, que são apenas parcialmente falsas). 
- É fácil acontecer esse tipo de coisa quando tentamos recordar de memórias e infância: elas podem ser alteradas completamente 
 
 
ATENÇÃO 
O que é atenção? 
- Um conjunto de processos que leva à seleção ou priorização no processamento de certas informações. Em outras palavras, é a capacidade de 
foco e concentração em uma atividade. 
- Quando se aplica um foco de forma seletiva, outros sons e situações em volta do paciente ficam inibidas. 
- Em termos de processo se trata de várias coisas: alerta, orientação e controle executivo (faz a pessoa ignorar o que não é o foco e fixar no 
ponto de interesse). 
- O lobo parietal está envolvido com orientação a pontos no espaço; a dopamina está envolvida no controle executivo e inibição. 
- Em suma, a atenção não é uma coisa só, mas um conjunto de processos 
 
CONSCIENCIA 
O que é consciência? 
- O sujeito que olha voluntariamente para o examinador está consciente. 
- Quando a pessoa está atenta, ela está consciente. A atenção é o melhor indício de consciência. 
- A consciência é algo que facilita a interpretação do mundo; a metacognição é a percepção que temos sobre o mundo e sobre nós mesmos. Sem 
atenção, há prejuízo de diversos processos, como a memória explícita. 
A atenção é integrante da memória operacional que é importante para que ocorra armazenamento de longo prazo. 
- A memória de longa duração é essencialmente composta de memórias implícitas e explícitas 
 
Memória Implicita: 
- é a capacidade de adquirir habilidades percepto-motoras ou cognitivas, através da exposição repetida a um estímulo ou atividade; estas 
experiências só podem ser aferidas pela melhora no desempenho do indivíduo, já que não são expressas de maneira consciente ou intencional 
 
Memória Explicita: 
- é a memória de longo prazo da qual você se lembra depois de pensar conscientemente sobre isso. 
 
ALTERAÇÕES DA CONSCIENCIA 
Vigil 
- sujeito em estado de alerta (considerar cansaço e sonolência) 
- variável em função do alerta 
 
Obnubilado 
- quando há rebaixamentos mais relevantes (indivíduo que precisa ser balançado para acordar); ocorre rebaixamento especialmente da 
sensopercepção 
- o paciente não consegue pensar direito, não consegue ter um raciocínio logico 
 
Torporoso 
- quando o paciente só resposta a estímulos dolorosos 
 
Coma 
- se o paciente não responder de forma alguma 
 
COMO AVALIAR A MEMORIA DO PACIENTE 
- Um bom teste é falar 3 palavras para o sujeito e pedir para ele repetir (presente no mini exame do estado mental). 
- O indivíduo com problemas de memória de curta duração não lembrará 
 
Curta Duração: 
- A memória de curta duração pode ser avaliada através de falta de atenção, se o indivíduo consegue ou não sustentar a atenção, se as perguntas 
precisam ficar sendo repetidas, se frases longas precisam ser reduzidas para o paciente entendê-las; 
 
Longa Duração: 
- A memória de longa duração apresentará prejuízos explícitos: há lembranças de infância e adolescência? Há competência para contar eventos 
passados? Há capacidade em contar histórias 
- Ex: primeira vez que foi parar na sala do diretor? Falta conhecimento factual (não sabe o endereço, não sabe quem é o presidente atual, etc)? 
 
ORIENTAÇÃO 
- A orientação é a capacidade de se situar quanto a si mesmo e quanto ao ambiente. 
- A orientação consiste no resultado dos rendimentos e integração de diversas funções psíquicas, 
- A orientação resulta especialmente da capacidade de apercepção, que, por sua vez, representa a capacidade de relacionar entre si as 
percepções para alcançar a significação do contexto. 
 
TIPOS DE ORIENTAÇÃO 
- a orientação pode ser dividida em autopsiquica e alopsiquica 
 
1. AUTOPSÍQUICA 
- Refere-se a própria pessoa e consiste em um dos elementos da consciência do eu. Ou seja, se refere a capacidade de orientação a si mesmo 
- É importante saber que a consciência do “eu” significa que o indivíduo sabe quem ele é, que ele se entende como algo individual e diferente 
de outras pessoas 
- Detalhes sobre a vestimenta do paciente serão anotados na ficha de anamnese do paciente (pacientes psicóticos podem chegar ao 
atendimento muito sujos e maltrapilhos). 
- O examinador só identifica o paciente que se encontra fora de si em termos de consciência do “eu” se perguntar seu nome. O que o paciente 
pensa sobre si deve ser ouvido mesmo que o nome dele já esteja registrado na ficha 
- Desse modo, é possível que um indivíduo se oriente autopsiquicamente a partir de uma consciência do eu, que, por sua vez, pode ser dívida 
em: 
* consciência da existência do eu 
* consciência da atividade do eu 
* consciência da unidade do eu 
* consciência da identidade do eu 
* consciência dos limites do eu 
 
2. ALOPSÍQUICA 
- Diz respeito à capacidade de se orientar em relação ao mundo externo, isto é, quanto ao espaço e quanto ao tempo; 
- Refere-se ao mundo externo e pode ser subdividida em: Temporal; Espacial; Quanto às pessoas; Situacional. 
- A desorientação alopsíquica pode ser total ou parcial 
* Orientação no tempo: saber o dia da semana, o ano e o mês em que está. 
* Orientação no espaço: Saber exatamente ondeestá (ex.: se está em um hospital, em qual rua, em qual bairro, em qual cidade). 
* Orientação quanto às outras pessoas: significa poder reconhecer as pessoas, identificá-las corretamente. 
* Orientação situacional: saber a razão pela qual está em determinado lugar e que tipo de relação se tem com as pessoas ali presentes 
 
Alterações da Orientação Alopsíquica: 
1) Desorientação confusional: 
- Está relacionada a um rebaixamento no nível de consciência e, consequentemente, a um prejuízo nas funções cognitivas. 
- ou seja, se refere a desorientação confusional, ocasionada a partir de um rebaixamento dos níveis de consciência (ex.: pacientes que acabaram 
de acordar = alteração fisiológica). 
 
2) Desorientação amnéstica: 
- Está relacionada a um prejuízo de memória, principalmente da capacidade de fixação. 
- desse modo, reforça-se o fato de que, para que um indivíduo possa uma orientação adequada, fazse necessário que ele possua outras funções 
psíquicas preservadas. 
 
3) Desorientação apática: 
- Está relacionada a um prejuízo quantitativo do afeto ou da conação, o paciente não se situa em relação ao mundo externo em função de 
desinteresse. 
- O paciente não tem interesse em saber onde ele está (falta a afeto). 
 
4) Desorientação delirante: 
- O paciente não reconhece um familiar ou amigos como tal, acreditando que o mesmo foi substituído por um sósia, fisicamente idêntico. 
- Ex.: Síndrome de Capgras. 
 
5) Desorientação por déficit intelectivo: 
- Ocorre na demência e no retardo mental, dificulta a apreensão do mundo externo e pode causar desorientação.6) Desorientação por estreitamento da consciência: 
- A alteração qualitativa da consciência que a prejudica apreensão do mundo externo 
- o paciente não consegue se orientar autopsiquicamente 
 
INTELIGENCIA 
- Pode ser definida como um conjunto de habilidades cognitivas que levam a capacidade de identificar e resolver problemas novos. 
- Tem alta correlação com o raciocínio lógico e abstrato, memória, vocabulário, velocidade de processamento (fator que menos interfere) e 
rendimento psíquico (com o mínimo de esforço, obtém-se ganho máximo) 
- Definição historicamente controversa. 
- Dalgalarrondo (2008): Conjunto de habilidades cognitivas do indivíduo. Capacidade de identificar e resolver problemas novos. Dimensão do 
rendimento psíquico: Com o mínimo de esforço, obtém-se ganho máximo. Tem alta correlação com: Raciocínio lógico e abstrato, habilidades 
espaciais, memória. Vocabulário e velocidade de processamento. 
 
SEMIOTECNICA: 
- Testes formais não são necessários para estimar inteligência. 
- Alguns minutos de conversa bastam. 
- A interpretação de metáforas é um bom parâmetro para detectar falta de inteligência; cálculos matemáticos simples também podem ajudar a 
perceber a inteligência do indivíduo. 
- A capacidade (ou incapacidade) de definir conceitos abstratos também pode ser aplicada para identificar inteligência (Ex: liberdade, amizade, 
saudade). 
 
LINGUAGEM 
- Diz respeito a expressão do eu. Lesões neurológicas podem afetar a linguagem com afasia e alterações do aparelho fonador podem acarretar 
em disartria. 
- Condições psiquiátricas também podem afetar a fala: mutismo, taquilalia, bradilalia, alterações da latência de resposta (todas essas são 
quantitativas). 
- As qualitativas: ecolalia (repetição do entrevistador), mussitação (paciente fala sussurrando), solilóquio (paciente fala sozinho) 
- A avaliação da linguagem pode ser feita através de comandos verbais (o paciente deve obedecê-los), pode ser investigada a partir do paciente 
nomear um objeto que o examinador pediu, ou ainda, escrever uma frase qualquer que o examinador pedir 
 
DEPENDENCIA QUIMICA – DROGAS E ALCOOL 
Glossário 
 
1. Uso indevido 
- Uso de um medicamento que difere da orientação médica. 
 
2. Abuso 
- Uso de um medicamento/droga para fins não médicos. 
 
3. Comportamento desviante 
- Comportamento que compromete a adesão do tratamento original. 
 
4. Dependência 
- Condição neurobiológica crônica, caracterizada por prejuízo no controle sobre uso de drogas, uso compulsivo, uso continuado apesar de 
prejuízo e/ou fissura. 
 
5. Pseudodependência 
- Simula a verdadeira dependência, mas os sintomas se resolvem com o alívio da dor. 
 
6. Dependência fisiológica 
- Adaptação farmacológica caracterizada pela abstinência quando o indivíduo cessa o uso de uma substância específica. 
 
7. Tolerância 
- Estado de adaptação em que a exposição a determinada dose de uma substância induz alterações biológicas que resultam na diminuição dos 
efeitos dela com o passar do tempo 
 
TRANSTORNO POR USO DE SUBSTANCIAS (TUS) ou DEPENDENCIA QUIMICA 
Esse tipo de transtorno possui dois componentes alterados: o componente comportamental e o componente neurobiológico. 
 
Comportamental 
- O paciente apresenta prejuízo na capacidade de inibir a busca por uma determinada substância mesmo possuindo os conhecimentos e valores 
que dizem o contrário, ou seja, que o indivíduo não deveria buscar essa substância. 
- O indivíduo sabe que a busca pela substância é errada, mas não consegue evitar. 
- Em um indivíduo que não sofre de TUS possui o componente comportamental como fator protetor; o indivíduo que sofre do transtorno tem 
esse fator protetor rompido. 
 
Neurobiológico 
- Alteração no sistema de recompensa e neurotransmissão decorrentes do uso crônico de uma substância psicoativa. 
- Tais alterações só são causadas por substâncias que ativam vias de prazer, como álcool, tabaco, cocaína, etc. 
 
COMO LAUDAR NO DIAGNOSTICO 
- Até duas drogas: descrevê-las. Acima disso, “múltiplas drogas”. 
- Fora de laudos é correto também usar o termo “dependência química”. 
- Exemplos: 
● Transtorno por uso de álcool 
● Transtorno por uso de álcool e cocaína 
● Transtorno por uso de múltiplas drogas (quando são mais de 3 drogas) 
 
DSM-V 
Critérios Diagnósticos do uso de substâncias (síndrome de dependência) 
Um padrão problemático de uso de uma substância, levando o comprometimento ou sofrimento clinicamente significativos, manifestado por 
pelo menos dois dos seguintes critérios, ocorrendo durante um período de 12 meses: 
 
1. A substância é frequentemente consumida em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido. 
 
2. Existe um desejo persistente ou esforços mal sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância. 
 
3. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da substância, na sua utilização ou na recuperação de seus efeitos. 
 
4. Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar a substância. 
 
5. Uso recorrente da substância, resultando no fracasso em desempenhar papéis importantes no trabalho, escola ou domicílio. 
 
6. Uso continuado da substância, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus 
efeitos. 
 
7. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso da substância. 
 
8. Uso recorrente da substância em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física. 
 
9. O uso da substância é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser 
causado ou exacerbado pela substância. 
 
10. Tolerância; definida por qualquer um dos seguintes aspectos: 
- Necessidade de quantidades progressivamente maiores da substância para alcançar a intoxicação ou efeito desejado. 
- Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade da substância. 
 
11. Abstinência; manifestada por qualquer um dos seguintes aspectos: 
- Síndrome de abstinência. 
- A substância é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência 
 
CICLO DA DEPENDENCIA 
- Dependência pode ser entendida como uma progressão do reforço positivo para o negativo. 
- E uma progressão de um transtorno impulsivo para compulsivo 
 
1. REFORÇO POSITIVO 
O ciclo da dependência no indivíduo que não tem problemas com a droga em questão apresenta o reforço positivo, ou seja, “pode usar a 
substância, pois isso te causa prazer”. 
 
ANTECIPAÇÃO 
- Quando esse indivíduo “saudável” pensa em fazer o uso de uma substância de abuso (medicamento/droga usada para fins não médicos), o 
sistema de recompensa ativa-se através da memória de um uso anterior. 
- Nesse momento, a memória de um uso anterior traz sensações boas. 
- Apenas o fato de antecipar o consumo de uma substância de abuso (em um indivíduo que não é dependente) já ativa o sistema de recompensa 
e produz sensações positivas. 
 
INTOXICAÇÃO 
- Ao usar a substância (p. Ex.: álcool), fase da intoxicação, obtém-se a recompensa: diversão. 
- Isso acontece em um indivíduo não adicto 
 
ABSTINENCIA 
- Após o uso, inicia-se o período de abstinência, que significa período de não consumo da substância. Nota: não confundir com síndrome da 
abstinência. 
- O indivíduo que não possui alteração do seu componente neurobiológico não sofre dessa síndrome quando se ausenta do consumo de 
determinada substância 
 
IMPULSIVIDADE 
- O ciclo de antecipação, intoxicação e abstinência desse indivíduo é movido pela impulsividade. 
- O impulso é uma atitude egossintônica 
- “Eu” tenho uma vontade (ego) e o “meu” impulso segue a mesma direção da minha vontade (estão em sintonia). 
- Diz-se impulsivo, pois existe um risco. Mesmo sabendo que posso me prejudicar, eu faço. “Quero prosseguir mesmo sabendo das 
consequências, pois quero sentir o prazer”. 
 
2. REFORÇO NEGATIVO 
- Quando o paciente tem o transtorno por uso de substância, ele tem o reforço negativo; consiste no paciente tera consciência de que no 
momento que vai usar a substância, está fazendo algo de errado. Conscientemente o paciente sabe que terá prejuízos, mas não consegue evitar 
(o componente comportamental como fator protetor foi perdido). 
- Diferente do ciclo da dependência do indivíduo que não possui transtorno de uso de substância (que é movido pela impulsividade e reforço 
positivo), o ciclo da dependência do indivíduo drogadito é movido pela compulsão e reforço negativo. 
- A compulsão é egodistônica 
- “Eu” sei que não devo usar a substância (ego), mas a compulsão segue no sentido oposto e comanda a atitude do indivíduo até que ele faça o 
contrário de sua vontade. A atitude compulsiva busca satisfazer as vias de recompensa. É fazer algo que te dá prazer, sem sentir prazer. 
 
ANTECIPAÇÃO 
- Quando o indivíduo pensa na substância, sua consciência se carrega de preocupação e culpa (o indivíduo saudável nesse momento sente 
prazer). Muitas vezes a fase de antecipação é acompanhada de fissura (vontade incontrolável de usar uma substância). 
- A partir desse momento, a compulsão “força” o indivíduo a se intoxicar. 
 
INTOXICAÇÃO E ABSTINENCIA 
- Após o consumo da substância, a sensação de compulsão é aliviada; a abstinência (momento a droga não é utilizada) nesse caso pode 
apresentar sintomas da síndrome de abstinência e o comportamento do indivíduo torna-se caracteristicamente disfórico (cheio de sentimentos 
de culpa, irritabilidade, arrependimento e depressão). 
- A dependência pode ser entendida como uma progressão do reforço positivo para o negativo, e uma progressão de um transtorno impulsivo 
para compulsivo. 
 
 
FATORES DE RISCO PARA DEPENDENCIA 
- Toda experimentação de determinada droga pode se tornar um abuso e consequentemente levar a dependência química (TUS). 
- No momento da experimentação, existem fatores de risco que aumentam as chances do indivíduo se tornar dependente. 
 
1. Ambiente 
- exposição pré natal; exposição precoce (uso dos pais); uso precoce; privação social precoce; estresse psicológico; preença de doença mental 
 
2. Caracteristica da Droga 
- especialidade farmacológica da substancias 
- via de administração (afeta os índices de absorção da droga pelo organismo) 
 
3. Genética 
- afeta a vulnerabilidade a dependência (não existe um único gene diretamente relacionado) 
- resultado de inúmeros fatores, muito parecidos com outros transtornos psíquicos 
- mecanismos epigeneticos (alteração na expressão genica): como exemplo, o estressa pré natal ou no inicio da vida, são capazes de alterar o 
circuito cerebral e, assim, aumentar o risco de desenvolvimento de dependência 
 
Após a exposição (associada aos fatores de risco), o paciente começa a fazer uso regular da substância. 
Cada droga possui uma característica e poder de adição (ordem decrescente): 
 
1. Heroína e opióides 
- fentanil, tramadol 
 
2. Crack 
- O poder aditivo do crack é muito elevado, pois ativa com muita intensidade as vias do prazer e seu tempo de ação é muito rápido (10 a 15 
segundos); 
 
3. Cocaína 
 
4. Maconha 
- a maconha, por sua vez, também tem potencial aditivo, mas é muito menor. Além disso, seu tempo de ação é longo (4h). 
 
OBS: 
O uso regular se torna abusivo, e após um período ocorrem neuroadaptações relacionadas à dependência. Essas neuroadaptações podem ser 
traduzidas como tolerância, onde o indivíduo precisa de doses cada vez maiores para se sentir intoxicado. 
Muitos fatores atuam aqui, como por exemplo. 
● Carga genética que predispõe dependência química 
● Transtornos psiquiátricos prévios 
● Exposição pré-natal (pacientes filhos de mães drogaditas) 
 
PADROES DE CONSUMO 
O ciclo da dependência é o mesmo para qualquer substância que traz prazer no sentido de existir antecipação, intoxicação e abstinência. Porém, 
cada grupo de drogas possui características diferentes. 
 
1. Opióides e álcool 
- drogas depressoras do SNC 
- Drogas que causam depressão do SNC produzem muita fissura (antecipação) e geram grande tolerância (intoxicação). 
- Esse é o único grupo de drogas que produz síndrome de abstinência com disforia profunda e dor física/sintomas físicos intensos. 
- Sintomas físicos intensos decorrentes de descargas simpáticas são característicos somente de depressores do SNC (tremores, taquicardia, 
sudorese, diarréia, náusea e vômito). 
 
2. Estimulantes 
- cocaína e outros estimulantes do SNC 
- Também apresentam fissura na fase de antecipação e geram tolerância na fase de intoxicação, porém na abstinência não apresenta sintomas 
de descarga simpática. 
- Existe apenas disforia (irritação, depressão, ansiedade, nervosismo, insônia, etc). 
 
3. Maconha 
- perturbador do SNC 
- Não gera fissuras na fase de antecipação (apesar de ter vontade). 
- Na intoxicação inicial apresenta-se intensa, e com o tempo transiciona para ingestão regular titulada (fumar antes de deitar, comer, antes de 
alguma atividade) 
Na fase de abstinência também existe disforia 
 
4. Nicotina 
- Gera fissura na fase de antecipação e na fase de intoxicação é altamente compulsiva, afetando a vida diária: o indivíduo sente uma necessidade 
incontrolável de fumar antes de comer, ao descer do carro, antes de entrar em um recinto, ao acordar 
- Na fase de abstinência apresenta disforia intensa, irritabilidade e distúrbios do sono 
 
 
CONSIDERAÇÕES CLINICAS 
- É comum indivíduos com um transtorno por uso de substância façam uso de mais de uma delas, o que complica o manejo dos pacientes. 
- O médico responsável por esse paciente deve tratar o uso de todas as substâncias. 
Indivíduos com transtorno por uso de substância também têm risco aumentado de: Suicídio; Comportamento agressivo; Comorbidades 
psiquiátricas 
- Quando o transtorno psiquiátrico e o uso de substância ocorrem simultaneamente é necessário tratar as duas condições (inicia-se o tratamento 
para as duas condições na primeira consulta). 
- Tudo deve ser abordado de maneira fluida e dinâmica, mas teoricamente existe uma prioridade para a ordem de tratamento: 
1. Álcool, estimulantes e abuso de substâncias em geral 
2. Transtornos de humor 
3. Transtornos de ansiedade 
4. TDAH 
5. Dependência de nicotina 
Na prática todas as condições terão início de tratamento a partir de uma consulta, com exceção do tabagismo (normalmente esse transtorno é 
adiado). 
 
TRANSTORNO POR USO DE ALCOOL 
SÍNDROME DE ABSTINENCIA ALCOOLICA (SAA). 
- “As complicações relacionadas ao consumo de álcool não estão necessariamente relacionadas ao uso crônico. 
- Intoxicações agudas, além de trazerem riscos diretos à saúde, deixam os indivíduos mais propensos a acidentes.” 
- A partir do momento que o indivíduo se intoxica com álcool, haverá prejuízo do juízo crítico e consequentemente acidentes 
- Os problemas relacionados ao consumo de álcool podem acometer indivíduos de todas as idades. 
- Eles devem ser investigados por todos os profissionais de saúde, em todos os pacientes. 
- O diagnóstico precoce melhora o prognóstico entre esses indivíduos 
- Possuem um padrão nocivo de consumo: devem ser motivados para a abstinência ou a adoção de padrões mais razoáveis de consumo. 
- Possuem diagnóstico de dependência de álcool: o encaminhamento para um serviço de tratamento especializado deve ser recomendada. 
 
Brasil: 
- álcool é responsável por cerca de 60% dos acidentes de transito 
- aparece em 70% dos laudos cadavéricos das mortes violentas 
 
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES 
- É comum que médicos generalistas façam “vista grossa” para o consumo problemático de álcool. 
- É comum que só exista atenção clínica quando existem complicações decorrentes do consumo abusivo 
 
Importante: 
1. não existe consumo de álcool isento de riscos 
2. o uso nocivo e a dependência de álcool são pouco diagnosticadas 
3. a ênfase pratica clínica geral diária está dirigida apenas às complicações clinicas do consumo 
4. a demora em fazer o diagnóstico piora o prognostico 
 
TRIAGEM DA DEPENDENCIA QUIMICA DE ALCOOL 
- Em serviços de atenção primária à saúde, recomenda-se a aplicação de questionários

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