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Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Ciro Antonio Fernandes Djair Pereira Ciro Antonio Fernandes Djair Pereira Estratégico Planejam ento Ciro Antonio Fernandes Djair Pereira Código Logístico 59653 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6705-3 9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 0 5 3 Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Ciro Antonio Fernandes Djair Pereira Ciro Antonio Fernandes Djair Pereira Estratégico Planejam ento Ciro Antonio Fernandes Djair Pereira Código Logístico 59653 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6705-3 9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 0 5 3 Planejamento Estratégico Ciro Antonio Fernandes Djair Pereira IESDE BRASIL 2021 © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Olivier Le Moal/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F399p Fernandes, Ciro Antonio Planejamento estratégico / Ciro Antonio Fernandes, Djair Pereira. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021. 146 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6705-3 1. Planejamento estratégico. 2. Desenvolvimento organizacional. I. Pereira, Djair. II. Título. 21-72261 CDD: 658.4012 CDU: 005.51 Djair Pereira Ciro Antonio Fernandes Mestre em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Pós-graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Economia Solidária e Tecnologia Social na América Latina pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Administrador pela Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN). Consultor ad hoc do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Fundação Carlos Chagas (FCC) e consultor organizacional na Fundação Instituto de Administração (FIA) e na Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap). Professor universitário, lecionando as disciplinas de Empreendedorismo Social, Projetos de Inovação, Teoria da Administração e Marketing. No campo internacional, foi consultor da Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (ASDI) e da Cooperação Suíça para o Desenvolvimento Humano, com atuação na África, na cidade de Maputo, em Moçambique, em projetos organizacionais no Ministério da Administração e no Banco de Moçambique. Doutor em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Mestre em Administração pela Universidade Metodista do Estado de São Paulo (Umesp). Pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios pela Faculdade do Litoral Sul (Fals). Graduado em Administração também pela Fals. Docente no ensino superior nos cursos de bacharelado em Administração e nos cursos tecnológicos em Recursos Humanos. Ministra as disciplinas: Planejamento Estratégico, Gestão por Processos, Gestão do Conhecimento, Liderança e Cultura Organizacional, Gestão Estratégica de Pessoas, Fundamentos de Administração, Avaliação de Desempenho e Gestão por Competência. Leciona a disciplina de Finanças e Controladoria no Programa de Mestrado Profissional em Administração/Governança Corporativa. Atua também como avaliador do Inep/MEC e como pesquisador. SUMÁRIO 1 Introdução ao planejamento estratégico 9 1.1 Tipos de planejamento 10 1.2 Ambiente competitivo atual 20 1.3 Assimetria da informação 23 1.4 Vantagem competitiva 26 2 Inteligência competitiva 32 2.1 Conceitos fundamentais sobre inteligência competitiva 33 2.2 Análise do ambiente externo 41 2.3 Contrainteligência nas organizações 54 3 Inovação como estratégia competitiva 58 3.1 Gestão da inovação e da transformação digital 59 3.2 Business Analytics 63 3.3 Business Performance Management 68 3.4 Gamificação aplicada aos negócios 72 3.5 Design thinking 77 4 O líder estrategista 84 4.1 Características e competências do líder 85 4.2 Alinhamento organizacional na execução estratégica 96 4.3 Desenvolvimento de equipes de alta performance 101 4.4 Administração de conflitos e negociações 109 5 Implementação de estratégias organizacionais 118 5.1 Matriz de Ansoff e matriz BCG 119 5.2 Balanced scorecard (BSC) 126 5.3 Modelo das cinco forças de Porter 130 5.4 Estratégias competitivas 136 Resolução das atividades 142 Na extensa bibliografia de livros dedicados à gestão de empresas, encontramos diversos estudos e pesquisas acadêmicas voltados à administração estratégica, com ênfase no planejamento estratégico das organizações. Como o tema é vasto, muitas são as visões acerca do assunto, sobre o qual ora encontramos de maneira detalhada os passos para a elaboração do diagnóstico do planejamento estratégico, ora vemos estudos discorrendo sobre os níveis estratégicos, táticos e operacionais e suas relações com as diversas tipologias organizacionais. Todos têm o seu valor, mas, pensando em uma obra que pudesse expressar em seu conteúdo o pensamento dos estudiosos clássicos e contemporâneos da administração estratégica, criamos esta obra, Planejamento Estratégico. Este livro é o resultado de pesquisas e estudos acadêmicos e da participação em conferências, fóruns e seminários de gestão estratégica, administração e planejamento. Esses encontros acadêmicos nos fizeram pensar em como auxiliar de maneira prática o gestor de empresa no entendimento da construção do planejamento estratégico, integrando os três níveis da organização (estratégico, tático e operacional), e em como resolver o problema da assimetria da informação presente nas empresas. Vimos também que o planejamento estratégico requer uma boa dose de entendimento de como implementar as estratégias organizacionais apoiadas na inteligência competitiva da organização e na utilização das matrizes SWOT e G.E (McKinsey), abordadas de modo muito diferente neste livro. Gestores, estudantes e demais profissionais do mercado que buscam um melhor entendimento do tema são o alvo desta obra. Este livro trata da inovação como estratégia competitiva. Por isso, os temas Business Analytics, gamificação e design thinking são destaques no processo de compreensão da importância que recai sobre a inovação no desenvolvimento da cultura estratégica da organização. APRESENTAÇÃOVídeo 8 Planejamento Estratégico O sucesso do planejamento estratégico exige que haja, à sua frente, um líder estrategista com habilidade para fomentar a cooperação e a criação de valor. Desse modo, alinhamento organizacional e desenvolvimento de equipe de alta performance são temas deste livro e que enriquecem o conhecimento do leitor. Integrando esse conjunto de temas contemporâneos, a obra convida você, estudioso do tema, a conhecer a aplicação no planejamento estratégico das matrizes de gestão BCG e do balanced scorecard, bem como das cinco forças de Porter e suas estratégias de competitividade. Esperamos que este livro, com sua abordagem diferenciada e atual, contribua para as organizações, para o aprendizado e desenvolvimento da aplicação dos recursos que o planejamento estratégico pode lhes oferecer. Desejamos que esta obra esteja presente em seu dia a dia! Introdução ao planejamento estratégico 9 1 Introdução ao planejamento estratégico Ciro Antonio Fernandes Iniciando nossos estudos em introdução ao planejamento estratégico, ao longo deste capítulo abordaremos temas relativos às estratégias orga- nizacionais e às ações necessárias para sua formulação e implementação. Na primeira seção, conheceremos os níveis de planejamento – que são: estratégico, tático e operacional – e a razão para haver tipos diferenciados deplanejamentos, que reside no fato de que o planejamento estratégico é concebido com foco na empresa como um todo, enquanto os planejamen- tos tático e operacional são específicos para cada área funcional ou unidade de negócios. Os planejamentos tático e operacional permitem traçar metas e objetivos às áreas funcionais e/ou às unidades de negócio e alinha-as às políticas, às metas e aos resultados definidos para a empresa de maneira em geral. Na segunda seção, analisaremos como o ambiente competitivo atual pode influenciar as estratégias organizacionais, assunto que remete à ca- pacidade do gestor de estudar, compreender e gerenciar a empresa além dos limites geográficos e espaciais impostos pelas fronteiras físicas. Na terceira seção, trataremos da assimetria da informação, conside- rada uma variável que pode levar a grandes prejuízos para a empresa ou para o indivíduo. Ter a posse plena da informação e conhecer sua veraci- dade pode ser questão de vida ou morte para as empresas. Na quarta seção, veremos o conceito de vantagem competitiva, como as empresas podem obtê-la e como a gestão estratégica, devidamente estruturada e implementada, pode colaborar para esse objetivo. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • analisar a construção da estratégia de uma organização e os passos necessários para sua concepção. Objetivos de aprendizagem 10 Planejamento Estratégico 1.1 Tipos de planejamento Vídeo Vamos dar início ao nosso conteúdo sobre planejamento estratégi- co. Nesta primeira seção conheceremos os tipos de planejamentos que permitem às empresas formular e implementar suas estratégias de criação de valor com sucesso. Mas por que uma empresa tem a neces- sidade de definir e implementar estratégias? O que você pensa a res- peito disso? Qual seria a sua resposta? Uma estratégia é formulada quando a empresa precisa definir o que pretende fazer para enfrentar a concorrência, ou seja, quais compro- missos e ações deve adotar para explorar suas competências essen- ciais a fim de obter vantagem competitiva (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2019). Quando o desempenho da empresa é pensado de maneira global, estamos falando de planejamento estratégico. No entanto, quando as estratégias são formuladas para otimizar os resultados de determina- da área da empresa, o planejamento a ser formulado é o de perspec- tiva tática, ou, como é conhecido, planejamento tático. Há, ainda, uma terceira proposta de estratégia: o planejamento operacional, que bus- ca resultados específicos a serem obtidos pelas áreas funcionais, por meio de seus colaboradores (OLIVEIRA, 2018). Então, verificamos basicamente três níveis estratégicos neces- sários a toda empresa, que são definidas pelo planejamento estratégico, pelo planejamento tático e pelo planejamento operacional. Apesar de cada planejamento possuir características e objetivos próprios, todos eles devem estar ajustados e alinhados entre si, para que propiciem crescimento e sustentabilidade do negócio. A Figura 1 ilustra os três modelos de planejamentos e a abrangência de cada um deles. Figura 1 Níveis de planejamento Estratégico Tático Operacional Antes de prosseguir com o conteúdo, responda: para que servem as estratégias adotadas pelas empresas? Posteriormente, compare sua resposta com o conteúdo estudado e avalie se você estava no caminho certo. Desafio Introdução ao planejamento estratégico 11 Figura 2 Tipos de planejamentos Planejamento tático Financeiro Mercadológico Recursos Humanos Produção Organização Planejamento estratégico Planejamentos operacionais Resultados apresentados por unidades organizacionais Desenvolvimento e a busca de resultados específicos Fonte: Adaptado de Oliveira, 2018, p. 73-74. Fazendo a análise da Figura 2, temos inicialmente o planejamento estratégico, o qual é definido como um método que permite que a alta administração proponha ações que visem a uma maior interação e res- postas mais eficientes aos fatores não controláveis, característicos do ambiente externo (OLIVEIRA, 2018). Além do foco no ambiente externo, o planejamento estratégico também visa integrar e conscientizar a alta administração e os ge- rentes sobre questões pertinentes ao ambiente interno da empresa, a fim de “manter a organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente” (CERTO, 2005, p. 17). O planejamento estratégico é a ferramenta que o diretor executivo possui para organizar, dirigir, controlar e implementar as mudanças pretendidas, a fim de alcançar os resultados estratégicos esperados (OLIVEIRA, 2018). 12 Planejamento Estratégico Para formular um bom planejamento estratégico, é necessário que sua elaboração seja apoiada em bases metodológicas, orientadas por preceitos científicos capazes de reduzir os riscos para o negócio e sub- sidiar as diretrizes que melhorem o desempenho organizacional (OLI- VEIRA, 2018). Por isso, importante que estejam definidas as estratégias de negó- cio e as estratégias corporativas, de acordo com os objetivos e metas a serem atingidos pela alta administração. Essa definição deve ocorrer de maneira minuciosa, antes de se optar por qualquer tipo de estra- tégia. Ambas as estratégias são utilizadas para melhorar o desempe- nho organizacional e a conquista de vantagem competitiva, possuindo, cada qual, características e objetivos próprios, como veremos a seguir. A estratégia de negócios pode ser definida como um conjunto in- tegrado e coordenado de compromissos e ações em que os clientes são a essência para a obtenção de vantagem competitiva (HITT; IRE- LAND; HOSKISSON, 2019). Ao optar por essa estratégia, a empresa uti- lizará suas competências essenciais para explorar nichos específicos de clientes. Para isso são necessárias informações relevantes sobre os clientes, como: • quem será atendido; • quais necessidades do cliente-alvo serão atendidas; • como essas necessidades serão atendidas. Veremos, agora, as estratégias em nível corporativo. Esse modelo de estratégia diz respeito a mercados ou produtos, em que ou com os quais, respectivamente, a empresa irá competir. Ao optar por uma estratégia em nível corporativo, a empresa pode diversificar seus produtos, o que lhe permite assumir novas posições estratégicas em outros mercados, possibilitando a melhora de sua competitividade e o aumento do seu market share. A definição de estratégias em nível de negócios ou corporativo é essencial à formulação do planejamento estratégico, pois irá orientar o estabelecimento de diretrizes estratégicas – que precisam estar foca- market share: fatia de mercado ou grau de participação de uma empresa no mercado. Glossário das no mercado em que a empresa pretende atuar e no processo de tomada de decisões. Feita a abordagem inicial sobre o planejamento estratégico, ago- ra passaremos ao planejamento tático, cujo foco está na otimização dos objetivos de cada departamento. O planejamento tático precisa ser formulado de maneira que possa contribuir efetivamente com o planejamento estratégico. É importante salientar que cada departamento tem objetivos, estratégias e políticas próprias, por isso as metas e os objetivos delineados precisam estar ajustados às suas características e pro- pósitos, sempre em alinhamento com o planejamento estratégico (OLIVEIRA, 2018). Em relação ao planejamento operacional, nele se concentram o desenvolvimento e a implementação das estratégias, que criam condições para a realização das atividades diárias dos funcionários, considerando seus respectivos departamentos. Para que essas atividades alcancem os resultados esperados, elas precisam ser definidas pelo planejamento operacional, “por meio de um processo formal e orientadas por métodos que possibilitem o alcance dos resultados pertinentes a cada área funcional” (OLIVEIRA, 2018, p. 138). O gestor precisa ter em mente que cada área funcional pre- cisa contar com recursos que viabilizem o desenvolvimento e a implantaçãodas atividades propostas pelo planejamento opera- cional para que as metas e os prazos sejam atendidos (OLIVEIRA, 2018). Caso os departamentos não recebam os recursos (tangíveis e intangíveis) necessários, eles deixarão de entregar os resultados esperados, o que, consequentemente, afetará o resultado da em- presa como um todo. Feita essa breve explanação, seguiremos para as próximas se- ções, nas quais estudaremos como se dá a formulação do plane- jamento estratégico, do planejamento tático e do planejamento operacional. Introdução ao planejamento estratégico Introdução ao planejamento estratégico 1313 14 Planejamento Estratégico 1.1.1 Planejamento estratégico Após conhecer os conceitos e objetivos de cada tipo de planejamen- to, nesta subseção estudaremos a formulação e abrangência deles. Ve- remos quais são as informações necessárias à formulação de cada um e como eles são aplicados aos contextos com os quais se relacionam. O planejamento estratégico tem início com uma pesquisa detalhada e devidamente estruturada, tendo como objetivo conhecer em profun- didade o grau de interação da empresa com as variáveis ambientais não controláveis, as quais podem influenciar a sua performance eco- nômica e financeira (OLIVEIRA, 2018). É importante ressaltarmos que, por se tratar de uma pesquisa, é ne- cessário definir um método de investigação com regras e procedimen- tos capazes de produzir o conhecimento desejado. Definido o método, deve-se planejar as atividades de coleta e o tratamento dos dados, deli- neando a pesquisa de maneira coerente e ajustada com o seu objetivo. Voltando para a questão do método, existem algumas propostas metodológicas para a formulação do planejamento estratégico, como a de Oliveira (2018), que sugere um método dividido em seis fases, con- forme apresentado no quadro a seguir. As variáveis representam fato- res de interesse a uma pesquisa. São fatores que variam e que são passíveis de observação (inter- nos ou externos, quantitativos ou qualitativos); podem influenciar ou impactar o comportamento ou as características do objeto de estudo (por exemplo, as variáveis econômicas: taxa de juros e inflação, que podem afetar as vendas da empresa). Saiba mais Quadro 1 Método para formulação do planejamento estratégico FASES OBJETIVO GERAL OBJETIVO ESPECÍFICO AÇÕES 1 Delineamento das grandes questões estratégicas Identificar as grandes questões estratégicas; ve- rificar o nível de compreensão da alta adminis- tração em relação a essas questões; direcionar para essas questões o raciocínio e o processo decisório das pessoas; criar consenso em torno dessas questões. Identificação da visão e dos valores das pessoas represen- tativas da empresa; estabeleci- mento das macroestratégias e macropolíticas da empresa. 2 Análise interna e externa da empresa Identificar as variáveis internas e as variáveis externas; analisar os concorrentes; analisar a vantagem competitiva dos concorrentes e da própria empresa. Análise interna; análise externa; análise dos concorrentes; esta- belecimento das vantagens com- petitivas. 3 Estabelecimento da amplitude e da abordagem dos negócios Identificar missão, negócios, produtos ou servi- ços e os segmentos de atuação; delinear os ce- nários e sua interação com as principais ques- tões estratégicas da empresa; compreender a forma e a intensidade de atuação da empresa. Estabelecimento da missão da empresa; estabelecimento dos propósitos atuais e potenciais da empresa; estruturação e debate de cenários. 4 Estabelecimento das ações e dos resultados estratégicos Definir os objetivos a serem alcançados; definir ações ou estratégias a serem operacionaliza- das; definir políticas para desenvolvimento e operacionalização das estratégias. Estabelecimento de objetivos, desafios e metas; estabeleci- mento de estratégias e políticas da empresa. (Continua) Introdução ao planejamento estratégico 15 FASES OBJETIVO GERAL OBJETIVO ESPECÍFICO AÇÕES 5 Aplicação das decisões estratégicas Definir os projetos e planos de ação; definir a interligação com o orçamento e outros instru- mentos administrativos. Estabelecimento dos projetos e planos de ação; interligação com o orçamento e instrumentos ad- ministrativos. 6 Acompanhamento, avaliação e aprimoramento do plano estratégico Consolidar o processo de acompanhamento e avaliação dos resultados do plano estratégico; definir as maneiras de consolidar os aprimo- ramentos contínuos e sustentados do planeja- mento estratégico. Interação com os indicadores de desempenho; plano estruturado para a melhoria contínua do pro- cesso estratégico nas empresas. Fonte: Adaptado de Oliveira, 2018, p. 74-87. O Quadro 1 ilustra as fases, os objetivos e as ações que precisam ser seguidos pela alta administração para produzir informações capazes de subsidiar a formulação do planejamento estratégico. Após concluído, o planejamento estratégico funciona como uma ferramenta administrativa apta a estabelecer a direção a ser seguida, orientando o comportamento esperado dos seus funcionários e crian- do condições que atendam às demandas estratégicas da empresa, con- tribuindo para a obtenção de vantagem competitiva (OLIVEIRA, 2018). Contudo, é preciso que o gestor tenha consciência de que o planeja- mento estratégico por si só não fará com que as estratégias aconteçam, ou seja, que serão colocadas em prática automaticamente. Como dito anteriormente, o planejamento estratégico é uma ferramenta adminis- trativa apta a estabelecer a direção a ser seguida pela empresa, mas que, se não for executada, não produzirá resultados. Assim, para que o planejamento estratégico seja efetivamente colo- cado em prática ou implementado, é preciso que a alta direção envolva toda a empresa, dividindo e atribuindo metas e objetivos a todos os departamentos e estes aos seus funcionários. É dessa divisão estraté- gica que trataremos a seguir, iniciando pelo planejamento tático, que é responsável pelas estratégias em nível departamental. 1.1.2 Planejamento tático Com a implementação do planejamento estratégico, é necessário que se faça a divisão e a interligação dos objetivos globais com as es- tratégias e projetos desenvolvidos para os departamentos. Essa ação dá origem ao planejamento tático, que é construído de maneira mais 16 Planejamento Estratégico detalhada, pois tem relação direta com as atividades de cada departa- mento da empresa (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Portanto, a implementação do planejamento estratégico e sua interligação com o planejamento tático deve respeitar as peculiari- dades de cada departamento para que estes obtenham resultados que auxiliem a empresa na consolidação de seus objetivos e metas (OLIVEIRA, 2018). Como estamos falando em nível departamental, é importante dei- xarmos claro que a quantidade de planejamentos táticos será igual ao número de departamentos, ou seja, para cada departamento conside- rado crítico aos objetivos estratégicos será formulado um plano tático. Essa distribuição tem a finalidade de otimizar a entrega dos resultados por departamento (OLIVEIRA, 2018). Exemplificando, a empresa pode formular um planejamento tático para o departamento de marketing ou de finanças, entre outros; o qual será subdividido em planos operacionais (algo que abordaremos na se- ção seguinte). Veja, por exemplo, o planejamento tático de marketing, que pode ser subdividido em: planejamento operacional de produtos; planeja- mento operacional de distribuição; e planejamento operacional de pro- moção (OLIVEIRA, 2018). As características do planejamento tático são ilustradas na Figura 3. Figura 3 Características do planejamento tático Horizonte temporal Abrangência Conteúdo Definição Planejamento tático Fonte: Adaptado de Chiavenato; Sapiro, 2020, p. 47. Introdução ao planejamento estratégico 17 As características apontadas na Figura 3 demonstram que o pla- nejamento tático possui uma perspectiva projetada parao hori- zonte temporal, de médio prazo ou para exercício anual. Quanto à abrangência, ela se relaciona à ligação com cada departamen- to, seus recursos específicos e como irão alcançar suas metas e objetivos. Reforçando o que estávamos falando ao longo deste capítulo, é imprescindível que as metas e os objetivos previstos para cada de- partamento dentro do plano tático estejam perfeitamente alinhados às metas e aos objetivos previstos para a empresa no planejamento estratégico. Da mesma maneira, o planejamento operacional, precisa estar alinhado e ajustado para atender e alcançar as metas e os objetivos predeterminados para os departamentos no planejamento tático para que possam entregar os resultados esperados. 1.1.3 Planejamento operacional O terceiro planejamento é o operacional, formulado com foco na execução das operações, ou seja, é aquele que direciona e regula as atividades diárias da empresa. O planejamento operacional é coordenado e articulado pelos ge- rentes do nível tático, e sua implementação possibilita que as ativi- dades sejam executadas dentro de uma lógica de regularidade, com foco na eficiência e na eficácia (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Para a formulação do planejamento operacional, é importante considerar as competências e os recursos internos (forças e fraque- zas) que serão utilizados na operacionalização das estratégias pelos funcionários – por exemplo: quadro de pessoal, controle de vendas, custos, controle de qualidade etc. (OLIVEIRA, 2018). Existe uma certa dificuldade na execução das estratégias em nível operacional, que precisa ser muito bem administrada pelos gestores. Estamos nos referindo à resistência ou à falta de comprometimento que pode ocorrer por parte de alguns funcionários. Isso se dá devido à falta de participação das áreas operacionais na formulação das estratégias organizacionais. Perante essa possível O filme Sete homens e um destino mostra como um planejamento bem detalhado e estruturado pode auxiliar no alcance dos objetivos. Direção: Antoine Fuqua. Estados Unidos da América: Sony Pictures, 2016. Filme 18 Planejamento Estratégico situação, o gestor precisa ter a iniciativa de liderar e coordenar a cria- ção de uma consciência de colaboração coletiva para que todos se es- forcem em desempenhar as ações estratégicas básicas com o objetivo de se evitarem fracassos (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Nesse sentido, algumas ações são esperadas do líder operacional, como as que são ilustradas na figura a seguir. Fonte: Adaptado de Chiavenato; Sapiro, 2020, p. 216. Figura 4 Ações da liderança operacional CONDUZ pessoas para a execução do trabalho IMPULSIONA o desempenho excelente INSPIRA lealdade e confiança FAZ PARCERIAS dentro e ao longo das equipes É OPERACIONAL (conhece e, se necessário, sabe fazer o que precisa) GERENCIA o trabalho cotidiano INFLUENCIA pelo seu poder pessoal OPERACIONAL (SUPERVISORES) Como podemos perceber na Figura 4, a liderança operacional requer do indivíduo competências cognitivas, comportamentais e éticas, tra- duzidas em uma atuação transparente que prestigie a participação dos funcionários nos assuntos corporativos e permita alcançar os resultados necessários ao crescimento da empresa. Para finalizar e melhor explicar a relação entre os três tipos de pla- nejamento, o exemplo dado na Figura 5 busca demonstrar a posição hierárquica que cada processo do planejamento ocupa em relação a outro, a interligação que há entre eles e os planos, que são próprios a cada um. Introdução ao planejamento estratégico 19 Figura 5 Processos de planejamento por nível hierárquico e por tipo de atividade Fonte: Adaptada de Oliveira, 2001, p. 46 apud Chiavenato; Sapiro, 2020, p. 48. Planos táticos Planos operacionais Fluxo orçamentário Plano de investimentos Plano de capacidade Plano de abastecimento Plano de cargos e salários Plano de treinamento Fluxo de caixa Plano de aplicações Plano de manutenção Programa de qualidade Plano de incentivos Plano de recrutamento e seleção Planejamento de produção Planejamento financeiro Planejamento de recursos humanos ALCANCE DE RESULTADOS Planejamento estratégico Como se vê na Figura 5, o planejamento estratégico é desdobra- do em planos táticos e estes orientarão os departamentos sobre as estratégias, as metas e os objetivos que devem alcançar. De posse dessas informações, os departamentos desdobrarão os planos táti- cos em operacionais, nos quais estarão definidas as estratégias, as diretrizes e os resultados esperados para cada uma das atividades próprias a cada departamento. 20 Planejamento Estratégico Para que os objetivos globais não sejam perdidos de vista, é ne- cessário ter indicadores de desempenho que permitam o monito- ramento constante da entrega de resultados pelos níveis tático e operacional. Esse controle permite aplicar medidas corretivas caso os resultados estejam abaixo do esperado, permitindo o sucesso do planejamento estratégico (CHIAVENATO; SAPIRO, 2020). Com base nessa visão global, podemos observar a importância do planejamento operacional para a empresa, pois é ele que promo- ve a plena execução das tarefas diárias ao adotar uma série de pro- cessos e medidas estratégicas que permitam o alcance das metas e dos resultados definidos pelo planejamento estratégico. Essa otimização de recursos e processos operacionais dará à em- presa condições de melhorar seu desempenho e conquistar vanta- gem competitiva. 1.2 Ambiente competitivo atual Vídeo Neste capítulo compreenderemos a influência do ambiente externo nas tendências do mercado mundial de negócios e no comportamento das empresas. Espera-se que o gestor tenha a capacidade de estudar, compreender e gerenciar sua empresa com base em premissas que ultrapassem os limites geográficos e es- paciais das fronteiras físicas que existem entre os paí- ses, destacando-se pela sua mentalidade global. O gestor com mentalidade global busca recur- sos que possibilitem à empresa reagir de maneira adequada e estratégica às situações impostas pelo ambiente para que ela supere seus concorrentes e conquiste vantagem competitiva (HITT; IRELAND; HOS- KISSON, 2019). A princípio, o ambiente pode ser dividido conside- rando-se o contexto externo, com o qual a organiza- ção se relaciona, e os fatores internos, que estão sob seu controle. Os ambientes apresentam as seguintes características: • Externo: constituído pelo macroambiente, ou ambiente geral, e pelo ambiente competitivo. Nesse ambiente encontram-se as Em Proposta de planeja- mento estratégico para melhorias na gestão de um Núcleo de Inovação Tecno- lógica (NIT) é analisado o atual cenário e proposto um planejamento estra- tégico para o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) de uma universidade do Paraná, visando aprimorar sua gestão interna. Leitura que contribuirá com o aprendizado da disciplina, uma vez que apresenta aspectos práticos relativos à formulação e implemen- tação do planejamento estratégico. Disponível em: http://revistagt.fpl. edu.br/get/article/view/1759/1133. Acesso em: 9 fev. 2020. Leitura Go ld en S ik or ka /S hu tte rs to ck Introdução ao planejamento estratégico 21 ameaças e oportunidades, que representam fatores que estão fora do controle das empresas. • Interno: constituído pelo ambiente de negócios, no qual estão inseridos os recursos tangíveis e intangíveis, as capacidades e as competências individuais e essenciais. Nesse ambiente estão as forças e as fraquezas da empresa, que representam fatores que as elas podem controlar. Para melhor compreensão sobre como o ambiente externo pode in- fluenciar na maneira como as empresas competem, focaremos nossas análises no macroambiente, ou ambiente geral, e no ambiente compe- titivo, conforme ilustrado na Figura 6. O ambiente interno será visto em outro momento. Macroambiente Econômico Político Tecnológico Jurídico Meio ambiente Nação Mundo Variáveisque podem afetar o ambiente competitivo. Obstáculos competitivos a serem superados. Competidores Barreiras de entrada Diferenciação de produtos Ambiente competitivo As variáveis determinarão as estratégias que a empresa deverá adotar para vencer os obstáculos competitivos. Figura 6 Ambiente organizacional Fonte: Elaborada pelo autor. Vimos representado na Figura 6, primeiramente, o macroambiente. Nele encontramos as dimensões mais amplas da sociedade, que ocor- rem em nível global e estão fora do controle das empresas. Por essa ra- zão, é vital que as empresas estejam sempre atentas a tais dimensões, buscando reconhecer seus padrões e tendências e com o objetivo de se 22 Planejamento Estratégico adaptarem às exigências atuais e futuras dos mercados nos quais com- petem. Dessa maneira, as empresas podem permanecer competitivas e aumentar seu market share. No ambiente competitivo estão localizados os fatores que determi- nam as estratégias competitivas das empresas. Assim, com base nas informações sobre concorrentes, produtos e obstáculos que dificultam suas operações, a empresa definirá qual é a melhor estratégia para alavancar seu desempenho financeiro. Como você pode perceber, o ambiente externo impõe fatores que podem afetar as operações de produção, de circulação de mercadorias, de investimento e até mesmo os empregos, por isso ele é considerado o principal determinante das ações estratégicas das empresas (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2019). Ao analisar o ambiente externo sob a ótica da globalização, vemos que sua influência sobre a capacidade da empresa em alcançar eficiên- cia competitiva e excelência empresarial é muito maior. Esse aumento da dificuldade em competir com concorrentes globais pode ser explica- do pela hiperconcorrência. A hiperconcorrência caracteriza a concorrência excessiva, cria instabilidade inerente e gera mudanças constantes às empresas no cenário competitivo. Ela resulta da dinâmica das manobras estratégicas entre concorrentes globais e inovadores. Trata-se de uma situação de concorrência que evolui rapidamente com base no posicionamento preço-qualidade; concorrência para criar know-how e estabelecer vantagem para aquele que chega primeiro (first-mover) e concorrência para proteger ou invadir mercados de produto ou mercados geográficos estabelecidos. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2019, p. 19) Para superar a hiperconcorrência, é necessário que as empre- sas adotem uma postura mais flexível de relacionamento com seus stakeholders, maior velocidade para se adaptarem às mudanças im- postas pelo ambiente e a adoção de uma cultura de inovação. Essas condições são consideradas essenciais para a sobrevivência do negócio a longo prazo. Como exemplo da necessidade de adaptação, a seguir é apresenta- da uma matéria feita pela Forbes (revista norte-americana de negócios e economia) que destaca como as empresas precisarão se adequar, no pós-pandemia, à economia global. stakeholders: todas as pessoas que se relacionam com a empresa. Glossário Introdução ao planejamento estratégico 23 Para competir em nível global, é necessário que a empresa tenha competência de se adaptar rapidamente às mudanças impostas pelo ambiente externo, a fim de evitar um cenário competitivo incerto e um ambiente de negócios perigoso, com potencial de levá-la ao fracasso (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2019). Por exemplo, se sua empresa quer competir nos Estados Unidos, ela precisará conhecer regulamentos, estruturas, políticas culturais, insti- tucionais e econômicas daquele país e se adaptar a essas exigências. Estando em condições de operar nos Estados Unidos, imagine que o concorrente da sua empresa venda um produto igual àquele que você irá negociar, mas com padrões de qualidade muito superiores e preço acessível. Considerando tal situação, responda: • Sua empresa possui competências e recursos para entrar nesse mercado? • Sua empresa possui estratégias bem definidas para oferecer me- lhores condições que seus concorrentes? • Sua empresa conhece suas forças e fraquezas e as ameaças e oportunidades que estão presentes no ambiente externo americano? Se resposta for não ou talvez, sua empresa terá grandes dificulda- des em ter eficiência competitiva e excelência empresarial. Entendeu? Em resumo, o ambiente competitivo atual, redefinido pela econo- mia global, mostra que já “não há mais fronteiras e que as informações, o capital e as inovações fluem no mundo inteiro à velocidade máxima, habilitados pela tecnologia e alimentados pelos desejos dos clientes”, os quais desejam o melhor produto pelo menor custo (OHMAE, 1995 apud DICKEN, 2010, p. 22) Leia o artigo A influência da capacidade de inovação sobre o desempenho internacional: um estudo com empresas de base tecnológica, publicado em 2016 na revista Economia & Gestão, e analise a influência da capacidade de inovação sobre o desempenho internacio- nal. A leitura desse artigo contribuirá com o apren- dizado da disciplina, pois apresenta aspectos práti- cos relativos à economia global e à maneira como as empresas desenvol- vem suas estratégias para competir em mercados internacionais. Disponível em: http://www.spell. org.br/documentos/ver/44086/a- influencia-da-capacidade-de- inovacao-sobre-o-desempenho- internacional--um-estudo-com- empresas-de-base-tecnologica--- . Acesso em: 9 fev. 2020. Leitura 1.3 Assimetria da informação Vídeo Como visto anteriormente, o ambiente apresenta grandes desafios para as empresas consolidarem-se à frente dos seus concorrentes, manterem-se competitivas e aferindo lucros acima da média. Além das variáveis ambientais, a consolidação também está intrinsecamente correlacionada à maneira como a empresa é percebida pelos seus sta- 24 Planejamento Estratégico keholders, ou seja, é por meio da maneira como a empresa se relaciona com seus parceiros que sua imagem e reputação serão construídas. Em tal contexto, a informação assume o papel de uma variável extre- mamente relevante no processo de consolidação, visto que uma informa- ção distorcida ou mesmo a falta dela pode representar risco à imagem da empresa, provocando prejuízos devastadores (MANKIW, 2019). Notadamente, percebe-se nas atividades econômica e financeira problemas referentes ao processo informacional, no qual, geralmente, há vieses que comprometem a extensão, a qualidade e a fidedignida- de da informação, criando o fenômeno conhecido como assimetria da informação. De maneira simples, pode-se dizer que a assimetria da informação ocorre quando uma pessoa sabe mais do que a outra quanto a um conhecimento relevante, isto é, um conhecimento essencial para a to- mada de decisão (MANKIW, 2019). Essa situação em que determinada pessoa ou empresa possui um conhecimento relevante e a outra não pode ocasionar desequilíbrios no mercado, prejuízos à imagem (empresa e/ou indivíduo) e cancelamento de negócios, provocando danos às relações comerciais ( MANKIW, 2019). Para melhor ilustrar, vejamos alguns casos decorrentes da assime- tria da informação. Quadro 2 Assimetria da informação CAUSA AÇÃO CONSEQUÊNCIA TIPO DE ASSIMETRIA Trabalhador O trabalhador age em desacordo com as políticas e normas da empresa por imprudência, negligência, imperícia ou motivado pela simples vontade de pre- judicar a empresa. Havendo a omissão desse comporta- mento ou dos resultados que ele pro- duz, a gestão não terá como monitorar, coibir ou corrigi-lo a fim de evitar pre- juízos. Ação oculta Omissão de característica Ao adquirir um bem, você não é infor- mado sobre as reais condições dele. Ex.: Ao comprar um carro, algumas ca- racterísticas ruins são omitidas. O comprador terá prejuízos quando tiver problemas futuros devido às ca- racterísticas ruins, e o veículo terá seu valor comercial reduzido. Característica oculta Fonte: Mankiw, 2019, p. 82 . Introdução ao planejamento estratégico 25 Como podemos ver, a parte detentora de um conhecimento relevan- te, poralgum motivo, seja escuso ou nobre, está ocultando informações relevantes à outra parte, o que pode provocar prejuízos à empresa ou à pessoa que não teve acesso à informação (MANKIW, 2019). No primeiro exemplo o patrão desconhece o comportamento do funcionário e, por isso, não tem como corrigir e monitorar suas falhas. Nesse caso, temos as ações ocultas, nas quais reside o chamado risco moral. Ele ocorre quando um funcionário, realizando alguma tarefa em nome da empresa, comporta-se de maneira inadequada ou imo- ral (MANKIW, 2019). Quando uma pessoa vinculada à empresa (funcio- nário, diretor ou proprietário) age de maneira antiética ou imoral, ela está afetando a imagem e os negócios da organização, uma vez que stakeholders passarão a percebê-la com desconfiança. Omitir informações sobre condutas ilícitas impede que a alta dire- ção ou os órgãos fiscalizadores ajam com o intuito de se fazer cessá-las. Como consequência, a empresa terá sua reputação e seus negócios prejudicados. Além disso, prejudicará também os funcionários, que po- derão perder seus empregos, já que a tendência para casos como a queda no faturamento e fuga dos investidores. Claro que o inverso também é verdadeiro – condutas éticas geram respeito e credibilidade –, mas, infelizmente, o que temos visto ultima- mente são escândalos de corrupção e desvio de dinheiro público. Voltando ao nosso quadro de exemplos, temos as características ocultas e, vinculada a elas, a seleção adversa. Como vimos, a carac- terística oculta ocorre quando um indivíduo omite uma informan- te relevante relacionada a um bem que está sendo negociado. De outro modo, a seleção adversa ocorre quando um cliente seleciona de maneira incorreta ou adversa, devido à falta de informação, um determinado bem que pretende adquirir. Por exemplo, o vendedor tem informações que o comprador não possui; por estar desinfor- mado, portanto sujeito à omissão de alguma informação relevante, o comprador adquire um bem de baixa qualidade (MANKIW, 2019). O exemplo clássico de seleção adversa é o mercado de carros usados, no qual os vendedores conhecem os defeitos dos veículos e os compradores não. Por isso, frequentemente os compradores acabam adquirindo um verdadeiro “abacaxi” (MANKIW, 2019). O objetivo da leitura do artigo Gestão da informação e o processo de negociação bancária, de Almir Lindemann e Cléa Beatriz Macagnam, publicado na Systems and Technology Manage- ment em 2009, é analisar a qualidade da gestão da informação, identificando deficiências nos sistemas de informação utilizados no processo de negocia- ção para concessão de crédito bancário. A leitura desse artigo contribuirá com o aprendizado da disciplina, por meio da apresentação de aspectos práticos que envolvem a assimetria da informação. Disponível em: http://www.spell. org.br/documentos/ver/3589/ gestao-da-informacao-e-o- processo-de-negociacao-bancaria. Acesso em: 9 fev. 2021. Leitura 26 Planejamento Estratégico Para Mankiw (2019), a informação assimétrica é uma condição que preocupa o mercado, já que algumas pessoas com menor quan- tidade de informações podem errar no momento de aplicar seus recursos, o que resulta em prejuízos. Dessa forma, a melhor manei- ra de evitar prejuízos provocados pela assimetria de informações é estar sempre atento aos sinais que vêm do ambiente. Esses sinais advêm de comportamentos que não correspondem às expectativas da empresa ou do mercado e que geram resultados diferentes da- queles esperados. Para evitar riscos desnecessários e estar sempre bem informa- do, é importante consultar diferentes fontes (pessoas, reportagens, documentos, balanços financeiros etc.). Busque obter informações validadas e consolidadas em canais de comunicação reconhecidos no mercado por sua reputação e imparcialidade na divulgação de dados. É preciso deixar claro que a assimetria da informação, ao mesmo tempo que prejudica alguns, beneficia outros, como no caso daque- les que possuem informações privilegiadas. De qualquer maneira, não é justo que a balança penda mais para um lado do que para outro. O correto é que a informação relevante esteja à disposição, de maneira simétrica, a todos os in- teressados para que possam tomar a decisão que mais se adequa à sua necessidade. 1.4 Vantagem competitiva Vídeo Finalizando o capítulo de introdução ao planejamento estratégi- co, nesta seção, abordaremos aquele que talvez seja o maior objeti- vo de todas as empresas: conquistar vantagem competitiva. Por se tratar de uma posição que gera riqueza e crescimento, a vantagem competitiva não é algo fácil de se obter. Para consegui-la, a empresa precisa ter competência para diferenciar seu produto ou serviço dos demais concorrentes. Essa diferenciação se torna complexa a partir do momento que a empresa precisa agregar uma característica que gere valor aos pro- dutos ou serviços e que seja de difícil imitação pela concorrência. Tal característica precisa ser valorizada pelos clientes de maneira que se torne mais atrativa que o preço (MAÇÃES, 2017). Introdução ao planejamento estratégico 27 Uma característica que cria valor a um produto ou serviço, di- ferenciando-o dos demais, pode ser tangível ou intangível, como exemplificado a seguir: • Tangível: tamanho, cor, materiais, desempenho, embalagem e serviços complementares. • Intangível: atributos não observáveis e subjetivos, como sta- tus, identidade da marca e desejo de exclusividade (marca) (MAÇÃES, 2017). Em alguns casos, as características agregam tanto valor que tor- nam o bem mais atrativo do que seus principais concorrentes, como exemplificado a seguir: A Toyota Motor Corporation incorporou ao Lexus atributos referentes à confiabilidade e durabilidade superiores, além de sistemas de som de alto desempenho. O preço de compra do veículo continua igual a outros automóveis de luxo, todavia os atributos exclusivos proporcionam um valor pelos quais os clientes estão dispostos a pagar (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2019). Portanto, podemos definir vantagem competitiva como um valor diferenciado e exclusivo, de difícil imitação, que a empresa cria para seus clientes. Esse valor, que é único no mercado, proporcionará à empresa uma posição ímpar e valiosa no segmento em que ela com- pete ( PORTER, 2004). Compreendidos o conceito e o objetivo da vantagem competiti- va, agora vamos analisar o modelo de administração estratégica que mais auxilia a empresa à sua obtenção. Inicialmente, o modelo de administração estratégica precisa estar sustentado por processos que o viabilizem e reduzam ao máximo os erros, aumentando, com isso, as possibilidades de a empresa alcançar os resultados desejados. Em nosso caso, a base para o modelo de administração estratégi- ca, que permite a obtenção de vantagem competitiva, é o modelo de gestão adotado pela empresa para operacionalizar suas atividades. É essencial que o modelo de gestão facilite e apoie a busca e o al- cance dos objetivos organizacionais, oferecendo o apoio necessário à formulação do planejamento estratégico, à organização, à direção, ao controle e ao desenvolvimento estratégico, conforme observado na figura a seguir. REAVALIAÇÃO MODELO DE GESTÃO DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ORGANIZAÇÃO ESTRATÉGICA DIREÇÃO ESTRATÉGICA CONTROLE ESTRATÉGICO Figura 7 Modelo geral de desenvolvimento e implementação da administração estratégica Fonte: Oliveira, 2018, p. 25. 2828 Planejamento EstratégicoPlanejamento Estratégico Na figura podemos observar seis grandes partes de um mode- lo de administração estratégica que podem auxiliar na aquisição de vantagem competitiva. Como vimos, o modelo de gestão, que repre- senta uma das seis partes citadas, será a base para a administração estratégica. Essa condição de base de sustentação decorre do fato de o modelo de gestão ser o responsável por desenvolver, operacionalizar e con- trolar todas as atividades, as metas e os resultados definidos parao crescimento e desenvolvimento sustentado da empresa. Na sequência temos o planejamento estratégico, que permite esta- belecer a direção a ser seguida pela empresa e uma maior interação com o ambiente externo. Prosseguindo com a análise do modelo geral de desenvolvimento e implementação da administração estratégica, temos a organização estratégica, que é responsável por otimizar a alo- cação de recursos. A direção estratégica, que vem logo em seguida, tem a responsabilida- de de supervisionar os recursos alocados para o alcance dos resultados, bem como dar eficiência ao processo decisório. O modelo se finaliza com o controle estratégico, que representa o acompanhamento e a avaliação dos resultados do planejamento (OLI- VEIRA, 2018). Um ponto importante é a compreensão do gestor em Introdução ao planejamento estratégico 29 relação ao desenvolvimento estratégico com foco na obtenção de van- tagem competitiva. Isso quer dizer que o gestor precisa estar ciente de que o desenvolvimento estratégico com foco na obtenção de vantagem competitiva está intimamente vinculado a uma mudança estrutural, cultural e comportamental planejada. Mudanças estas que têm como objetivo engajar as pessoas quanto às questões estratégicas da empre- sa e no alcance de resultados (OLIVEIRA, 2018). Figura 8 Modelo de gestão Organização estratégica Desenvolvimento estratégico Controle estratégico Direção estratégica Planejamento estratégico Modelo de gestão Portanto, não basta desejar ultrapassar seus concorrentes e se manter à frente deles; a vantagem, para ser caracterizada como com- petitiva, requer o engajamento e esforços de todos os envolvidos e da empresa de maneira geral. Nesse sentido, a empresa que tem condi- ções de adequar e implementar um modelo de administração estra- tégica capaz de conduzi-la à obtenção de vantagem competitiva terá condições de aumentar efetivamente seu market share e melhorar seu desempenho financeiro. Leia o artigo Inovação aberta: uma vantagem competitiva para pequenas e médias empresas, de Daniela Baggio, Iuri Ga- vronski, Vinicius Zanchet de Lima, publicado em 2019 na revista Ciências Administrativas, para identificar como a inova- ção aberta foi relacionada à vantagem competitiva para as pequenas e médias empresas nos principais estudos existentes. A leitura desse artigo contribuirá com a apresentação de aspectos práticos que demonstram como as empresas se estruturam para adquirir vantagem competitiva. Disponível em: https://periodicos. unifor.br/rca/article/view/7507/pdf. Acesso em: 26 fev. 2020. Leitura 30 Planejamento Estratégico CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos nesse capítulo a importância que o ambiente representa na condução estratégica das empresas e como ele influencia na busca pela vantagem competitiva. Esse breve resumo abarca a complexidade de se conduzir estrategi- camente uma empresa, cujo principal objetivo é expandir seus negócios, aumentar seus lucros e manter-se competitiva a longo prazo. Também é preciso considerar que tal complexidade recai diretamente sobre o gestor, e dele são exigidas capacidades e competências vincula- das diretamente ao conhecimento estratégico. Apesar das responsabilidades inerentes ao cargo de gestor, a empre- sa precisa, por meio da alta direção ou dos proprietários, dar apoio para que os gestores cumpram seu papel de estrategista, fornecendo todos os recursos, tangíveis e intangíveis, necessários para que as metas e os objetivos estratégicos sejam alcançados. De modo geral, podemos inferir que existe uma série de fatores que implicam na combinação de conhecimentos e recursos necessários à for- mulação e à implementação das estratégias organizacionais, em todos os níveis da empresa. Portanto, podemos afirmar que conhecimentos e recursos são partes fundamentais e complementares entre si para o sucesso do planejamen- to estratégico. ATIVIDADES 1. Explique a abrangência de cada tipo de planejamento, a saber: • Planejamento estratégico; • Planejamento tático; • Planejamento operacional. 2. Explique como um gestor com mentalidade global deve reagir diante das situações impostas pelo ambiente. 3. Explique como o risco moral pode afetar uma empresa. Vídeo Introdução ao planejamento estratégico 31 REFERÊNCIAS CERTO, S. C. et al. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento estratégico: da intenção aos resultados. Barueri: Atlas, 2020. DICKEN, P. Mudança global. Porto alegre: Bookman, 2010. HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração estratégica: competitividade e globalização. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2019. MAÇÃES, M. A. R. Vantagem competitiva e criação de valor. v. 2. Coimbra: Actual, 2017. MANKIW, N. G. Introdução à economia. Tradução da 8ª edição norte-americana. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2019. OLIVEIRA, D. P. R. Administração estratégica na prática: a competitividade para administrar o futuro das empresas. São Paulo: Atlas, 2018. PORTER, E. M. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 32 Planejamento Estratégico 2 Inteligência competitiva Ciro Antonio Fernandes Ao longo deste capítulo, aprenderemos a utilizar a informação a favor do crescimento e da melhoria de competitividade e desempenho organizacional. É importante lembrar que a informação gera conhecimento útil, que é aquele capaz de gerar valor, portanto, essencial à sobrevivência do negócio. A boa informação, aquela que atende plenamente às necessidades da empresa e promove a melhoria de seus processos, de sua estrutura e estra- tégias, requer inteligência para ser obtida. Nesse sentido, na primeira seção veremos os conceitos fundamentais de inteligência competitiva e como a Tecnologia de Informação pode ser sua alia- da na produção de conhecimento, por meio da coleta de informações úteis às empresas, e propiciar maior capacidade de compreender o ambiente e o mercado. Na segunda seção, abordaremos a análise do ambiente externo: a Matriz SWOT Cruzada, a Matriz G.E (McKinsey) e a Construção de cenários. Com a compreensão do funcionamento de cada uma dessas matrizes, é possível en- tender a relevância da análise de informações sobre as ameaças e oportuni- dades, características próprias do ambiente externo e que podem influenciar o desempenho das empresas. Por fim, na terceira seção, conheceremos a contrainteligência empresarial, que tem o objetivo de proteger informações estratégicas de vazamentos e furtos, evitando que projetos, bem como a segurança institucional ou opera- cional, sejam ameaçados. Com o estudo deste capítulo, você será capaz de: • entender e saber como planejar e implementar estratégias apoiadas na inteligência competitiva de maneira eficiente na organização. Objetivos de aprendizagem Inteligência competitiva 33 2.1 Conceitos fundamentais sobre inteligência competitiva Vídeo Nesta seção, abordaremos os conceitos fundamentais da inteligên- cia competitiva. O objetivo é compreender o seu funcionamento e a maneira que ele poderá contribuir para a melhoria do desempenho das organizações. A inteligência competitiva faz parte de um sistema que utiliza a in- formação como insumo principal para produzir conhecimento útil às empresas que buscam obter vantagem competitiva no segmento em que atuam. Para implementar um sistema de inteligência competitiva e tirar dele o melhor proveito possível, entretanto, as empresas precisam possuir habilidades para coletar, tratar e disseminar as informações de maneira eficiente e eficaz aos tomadores de decisão sobre o comporta- mento da concorrência, dos clientes e do mercado. Essas habilidades, consideradas como as bases que sustentam a inteli- gência competitiva, estão relacionadas ao encontro de informações corre- tas e relevantes “a respeito da competitividade imposta pela concorrência eà capacidade da empresa em enxergar as disrupções que ocorreram no mercado e interpretá-las de maneira imparcial” (FULLD, 2007, p. 1). Quando as empresas recorrem a tais habilidades, elas adquirem a capacidade de identificar tendências e construir cenários que auxilia- rão nos processos decisórios. Isso permite que os gestores posicionem a empresa de maneira estratégica no mercado, tornando-a mais com- petitiva (FULLD, 2007). Embora a empresa apareça como a grande articuladora das habi- lidades necessárias à construção de um sistema de inteligência com- petitiva, é no ser humano que as encontramos, uma vez que estão intrinsecamente relacionadas à cognição e à inteligência humana. A cognição e a inteligência, por sua vez, estão relacionadas, respecti- vamente, à capacidade de interpretar estímulos e à percepção e apren- dizagem que ocorrem pela interação do indivíduo com o ambiente à sua volta. disrupção: é a interrupção de um movimento regido pela “normalidade ou estabilidade”. Glossário 34 Planejamento Estratégico Agora, vejamos no Quadro 1, as diferentes visões relacionadas à ca- pacidade cognitiva e à inteligência e a sua influência na construção das habilidades necessárias à inteligência competitiva. Quadro 1 Aptidões adquiridas por meio da capacidade cognitiva e da inteligência INTELIGÊNCIA CAPACIDADE COGNITIVA AUTOR Capacidade humana para aprender com a experiência, usando processos metacognitivos para incrementar a aprendizagem, a adaptação ao ambiente que o cerca, a compreensão e o controle que as pessoas possuem de seus próprios processos de pensamento. Robert J. Sternberg (2010) Capacidade de resolução de problemas, aprendizado com o ambiente, desenvolvi- mento de estruturas cognitivas, orientação a metas. O desenvolvimento das estruturas cogniti- vas são processos internos que acontecem na mente, em decorrência da interação com o ambiente. Por meio da experiência, aprimoramos a capacidade de resolver problemas. Marvyn Minsky (1989) A inteligência tem sua construção na inte- ração entre indivíduo e ambiente, envol- vendo um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Resultado da interação do indivíduo com o ambiente; é o desenvolvimento de estrutu- ras cognitivas, esquemas e operações que refletem no comportamento do indivíduo. Jean Piaget (1961) Capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam importantes em determinado ambiente ou em uma co- munidade cultural específica. Howard Gardner (1995) Fonte: Adaptado de Medeiros, 2018, p. 18 -19. metacognitivo: consciência da própria capacidade de aprender e saber refletir sobre como se aprende. Glossário Como você pode perceber ao analisar o Quadro 1, a inteligência competitiva é um construto que, para dar o resultado esperado, neces- sita de grande capacidade intelectual, por parte dos líderes executivos, para coletar informações que permitam enxergar as ameaças e opor- tunidades para a empresa (FULLD, 2007). Quanto à sua relevância, a inteligência competitiva se revela como instrumento capaz de dar à empresa condições superiores de compe- titividade, conduzindo-a à vantagem competitiva. Um dos benefícios ao utilizá-la, segundo Chiavenato (2020), é a capacidade de se analisar, de maneira detalhada, os concorrentes diretos da empresa, por meio das seguintes questões: Inteligência competitiva 35 Quais são os objetivos dos concorrentes, atuais e futuros? Qual são suas estratégias? Quais são as crenças do concorrente sobre si próprio e sobre o setor? Quais são as ações que os concorrentes estão executando e o que ainda poderão fazer? Quais são as capacidades e os recursos do concorrente? Ao responder a essas questões, a empresa consegue definir o perfil competitivo e as estratégias adotadas por seus concorrentes. De pos- se desse conhecimento, os tomadores de decisão podem antecipar determinadas ações capazes de anular ou contra-atacar as estra- tégias competitivas de seus rivais (CHIAVENATO, 2020). Vale sa- lientar que realizar a avaliação competitiva dos concorrentes é um grande desafio à empresa, uma vez que requer conhecimento de seus pontos fortes e fracos e das ações que poderão realizar, a fim de se tornarem mais competitivas. Sem informações precisas e úteis, a empresa não tem como formular uma estratégia com- petitiva que consiga neutralizar as ações dos concorrentes ou mesmo ampliar sua participação no segmen- to em que atua (CHIAVENATO, 2020). Na Figura 1, podemos observar as ações necessárias para alimentar a inte- ligência competitiva com informações úteis. Figura 1 Ações necessárias à Inteligência Competitiva Fonte: Adaptado de Brummer, 2005. Di sse min ação An ál is e Necessidade Pla ne ja m en to Coleta Inteligência competitiva 36 Planejamento Estratégico A Figura 1 ilustra como ocorre a obtenção de informações necessá- rias à inteligência competitiva. Cabe ressaltar que a obtenção de infor- mações úteis à inteligência competitiva faz parte de um processo que tem início com a identificação daquelas que são realmente necessárias e como podem colaborar com a tomada de decisão estratégica. Definida as informações a serem obtidas, tem início a formulação do planejamento, que irá determinar os canais ou fontes em que as informações serão coletadas. Em seguida, sabendo onde coletar as informações, o próximo passo é determinar a maneira como será rea- lizada a coleta. As informações podem ser coletadas por meio de pes- quisa de campo, direto com os concorrentes, ou por meio eletrônico, via internet. Realizada a coleta das informações, inicia-se a análise. Nessa fase, as informações são tratadas e processadas. É na análise que as habili- dades humanas mais se destacam, pois as informações precisarão ser interpretadas de tal maneira que gere conhecimento capaz de orientar a tomada de decisão estratégica. Por fim, o conhecimento gerado será compartilhado com o tomador de decisão, a fim de que escolha as me- lhores estratégias e os melhores objetivos a serem perseguidos pela empresa (DOMENES; URDAN, 2019). A inteligência competitiva é cíclica, pois sempre que os gestores en- tenderem que existem novas necessidades de inteligência, o processo deverá ser reativado (DOMENES; URDAN, 2019). Dessa maneira, um novo ciclo é iniciado e com ele surgem novas fontes de pesquisa, ferra- mentas mais eficazes para coleta, reunião e utilização das informações necessárias à empresa, a fim de enfrentar seus concorrentes e melho- rar sua competitividade (FULLD, 2007). Quanto mais a empresa conhece seus concorrentes, mais apren- de sobre si. Isso porque a organização passa a saber quais forças e fraquezas possui para enfrentá-los. Dessa maneira, a possibilidade de adquirir vantagem competitiva aumenta (FULLD, 2007). Contudo, para utilizar a vantagem competitiva, as empresas devem considerar a ques- tão ética, que se coloca como crucial ao longo do processo de obtenção de informações. Veja, não é antiético obter informações, mas a forma como isso pode ser feito, sim. A empresa pode coletar informações abertas ao público, como em anúncios, ou mesmo frequentando feiras e exposi- Inteligência competitiva 37 ções comerciais, onde se pode adquirir catálogos dos concorrentes, ver demonstrações e ouvir debates sobre os seus produtos. No entanto, obter informações utilizando práticas como espionagem empresarial, escuta clandestina e furto de projetos é uma ação antiética e criminosa (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2019). Além disso, tais práticas comprometem a imagem da empresa pe- rante o mercado e seus stakeholders. Tenha sempre em mente que as informações devem ser coletadas respeitando a legislação e as con- venções sociais que definem o comportamento ético. Para lidar com a questão ética, as empresas devem estabelecer princípios, adotar códi- gos de prática profissional e tomar medidas consistentes para coleta e proteção das informações para uso da inteligência competitiva (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2019).Sabendo utilizar, a inteligência competitiva permite encontrar infor- mações precisas e relevantes sobre as estratégias dos concorrentes, visualizar as mudanças e rupturas que ocorreram no mercado e a ob- tenção de vantagem competitiva. 2.1.1 Tecnologia de informação e inteligência competitiva Agora, veremos como a tecnologia da informação pode contribuir com a inteligência competitiva. De acordo com o que estudamos até aqui, é possível deduzir que um sistema de inteligência competitiva somente pro- duzirá conhecimento útil se possuir recursos que possibilitem a coleta, a análise e a disseminação das informações de maneira eficiente e eficaz. Podemos dizer que, para um funcionamento básico, um sistema de inte- ligência competitiva precisa apenas de pessoas, para coletar e analisar as in- formações, e alguns recursos físicos, como dinheiro, veículos, móveis, salas. Dispondo de apenas esses recursos, é possível que um sistema de inteligência competitiva não atenda integralmente aos interesses da alta direção. Esse atendimento precário se deve à falta de tecnologias que permitam uma maior quantidade e qualidade de informações coletadas e, também, à limitação da capacidade para analisá-las e interpretá-las. Outra variável que impõe dificuldade a um sistema de inteligência competitiva, estruturado de maneira precária, é a velocidade dos pro- cessos de inovações disruptivas, que diariamente surgem no mercado No filme Duplicidade, ex-agen- tes secretos – agora a serviço de empresas privadas – precisam descobrir a fórmula química de um cosmético. Assista ao filme e observe atentamente as técnicas utilizadas pelos “espiões” no processo de coleta de informações. Reflita sobre a ética em suas operações. Direção: Tony Gilroy. EUA: Universal Pictures, 2009. Filme 38 Planejamento Estratégico competitivo, e das constantes mudanças que ocorrem no ambiente ge- ral e de negócios. Para que você entenda melhor, veja o seguinte exemplo: Durante as duas grandes guerras mundiais, os sistemas de inteligência dos exércitos uti- lizavam os mesmos métodos e recursos para obter conhecimento sobre as estratégias, as forças e as fraquezas de seus inimigos. Apesar de resultados que proporcionavam al- guma vantagem em relação uns aos outros, era uma ação arriscada e dispendiosa, pois, caso o agente fosse descoberto, seria morto, e o custo para bancar seu deslocamento e estadia era muito alto. Sem dúvida, atualmente, ainda existem espiões, no entanto, a tecnologia se tornou uma aliada inseparável das forças militares, pois, em vez de pom- bo-correio, agora utilizam satélites, robôs, drones, escutas de longa distância etc., para monitorar o inimigo e enviar mensagens e imagens. A tecnologia da informação permite aos governos e seus agentes alcançar qualquer pes- soa em qualquer lugar do mundo. Um exemplo recente foi operação americana para localizar e capturar Osama Bin Laden. Para essa opera- ção, foram utilizados, dentre outros recursos, um drone em formato de inseto, conforme pode ser visto no filme A hora mais escura (2012), que é tem base em relatos de agentes que fizeram parte da operação. Va n de r Z ee /S hu tte rs to ck Essa tecnologia de ponta, preservados os limites das questões éticas e legais, também está disponível para as empresas privadas. Ao utilizar a tecnologia da informação, as empresas adquirem a capacidade de aumentar a abrangência, a eficiência e a eficácia es- tratégica de seu sistema de inteligência competitiva, no momento de coletar informações e produzir conhecimento útil para auxiliar na tomada de decisão estratégica. No entanto, não podemos pensar a TI de maneira individualizada. Para que ela atenda às necessidades da inteligência competitiva, é necessária a formulação de um plano estratégico previamente estabelecido, sustentado pela objetividade, alinhado com os objetivos organizacionais e pela quali- dade das informações em relação ao mercado, aos concorrentes, aos clien- tes e ao modelo de negócio da empresa, no qual estão descritos os tipos de recursos e os processos que a empresa irá utilizar para criar valor aos seus produtos ou serviços e satisfazer suas necessidades e a de seus parceiros. Os componentes de um modelo de negócio estão ilustrados na Figura 2. Em A hora mais escura, agentes de inteligência norte-ame- ricanos precisam encontrar e capturar Osama Bin Laden. Para isso, eles utilizam recursos tec- nológicos que permitem obter informações de inteligência imprescindíveis ao alcance do objetivo. Assista ao filme e reflita sobre as estratégias para coleta de informações. Direção: Kathryn Bigelow. EUA: Columbia Pictures; Universal Pictures, 2012. Filme Inteligência competitiva 39 Figura 2 Componentes do modelo de negócios Recursos tangíveis e intangíveis Relacionamento com clientes e fornecedores Geração de fonte de receitas Segmento de mercado Atividades de apoio COMPONENTES DO MODELO DE NEGÓCIOS Atividades primárias PROPOSIÇÃO DE VALOR Fonte: Elaborada pelo autor. A Figura 2 ilustra alguns componentes a serem considerados em um modelo de negócio. É preciso esclarecer que esses componentes podem variar de empresa para empresa, de acordo com a necessi- dade, o perfil e os objetivos estratégicos de cada uma. Ao observar os componentes que integram o modelo de negócio, é possível verificar a necessidade de um sistema de inteligência com- petitiva que sustente a estruturação estratégica de cada um deles, ou seja, informações oriundas do ambiente externo são primordiais para que a empresa defina quais recursos e estratégias são neces- sários para disputar o setor com seus concorrentes e adquirir van- tagem competitiva. Para aumentar as possibilidades de melhora no desempenho, as empresas precisam adquirir recursos tecnológicos que deem supor- te aos recursos e às estratégias previstas no modelo de negócio e que aumentem a eficiência do sistema de inteligência competitiva. Com a Tecnologia da Informação apoiando a inteligência compe- titiva, é possível utilizar programas que otimizem a capacidade de 40 Planejamento Estratégico acessibilidade, de navegação e de gerenciamento das informações. Além do mais, esses programas contam com recursos estratégicos que auxiliam a melhoria dos processos de identificação, aquisição, avaliação, análise, organização e disseminação da informação (TO- LEDO, 2007). No Quadro 2, são demonstrados alguns programas e seus res- pectivos componentes, que possuem a capacidade de auxiliar o sis- tema de inteligência competitiva. Quadro 2 Componentes de estratégia utilizados pela Tecnologia da Informação SISTEMA FUNÇÃO Aplicativos Descreve as funções de negócio da empresa. Desenvolvimento de aplicativos Discute os planos de aquisições de novos sistemas e como eles devem ser adquiridos. Infraestrutura Fornece informações sobre os ativos físicos de TI na empresa. Manutenção Fornece a estratégia de suporte e manutenção para os componentes de aplicativos e da infraestrutura. Operações Inclui pessoal, controle de qualidade, treinamento de usuários e de apoio, centro de dado e recuperação de desastres. Segurança Detalhes sobre as políticas de segurança interna e externa, acesso e privilégios, firewall, bem como o procedimento de spam de e-mails e proteção antivírus. Fonte: Adaptado de Savin, 2004 apud Akabane, 2012, p. 67. Observe que todos os programas e componentes estratégicos demonstrados possibilitam que a empresa gerencie suas atividades sempre com foco no controle de seus negócios, na atualização e na manutenção de seus recursos humanos e tecnológicos e nas políticas de segurança interna e externa. Do mesmo modo, esses componen- tes permitem a coleta e a disseminação sistemática de informações a uma rede de especialistas, com competência de reconhecer seu valor e a relevância estratégica para a empresa (TOLEDO, 2007). No Quadro 3, são ilustradas outras ferramentas para extração, armazenamento e mineração de dados,com capacidade de trans- formá-los em conhecimento para a tomada de decisão. Inteligência competitiva 41 Quadro 3 Programas que auxiliam a inteligência competitiva FERRAMENTA FUNÇÃO Data Warehousing Gerenciamento e análise de dados avançada. Centraliza e consolida grandes quantidades de dados de várias fontes. Data Mining Realiza buscas em grandes bases de dados, a fim de detectar comportamentos com padrões repetitivos e estabelecer uma correlação entre eles. Extract Transform Load – ETL Extração e transformação de dados, de acordo com as necessidades de negócios. Banco de dados em Microsot SQL Gerenciador de banco de dados relacional. Modela os dados em linhas e colunas. Customer Relationship Management - CRM Permite estratégias, como foco na satisfação e geren- ciamento de clientes. Fonte: Elaborado pelo autor. O Quadro 3 ilustra alguns programas disponíveis que auxiliam na otimização do sistema de inteligência competitiva. São programas que fornecem aos tomadores de decisão maior quantidade e qualidade de informações estratégicas. Esses programas ajudam a reduzir o risco no momento de decidir sobre qual estratégia a empresa deverá ado- tar para vencer a concorrência e tornar-se mais atrativa aos clientes e investidores. Competir em um mercado globalizado e em constante mudança faz da tecnologia da informação um recurso imprescindível para as empre- sas que utilizam o sistema de inteligência competitiva, para melhorar sua capacidade de reação diante de seus concorrentes e para obter vantagem competitiva. 2.2 Análise do ambiente externo Vídeo Atualmente, as empresas vêm adotando novas posturas compe- titivas a fim de se adequarem às constantes mudanças ocorridas no mercado. Tais mudanças surgem em decorrência das instabilidades políticas, econômicas e sociais presentes no ambiente externo global. A adoção de novas estratégias competitivas, todavia, demanda uma análise detalhada do ambiente externo, com o objetivo de identificar possíveis ameaças e oportunidades que possam, de alguma maneira, influenciar o desempenho atual e futuro da empresa. Cabe ressaltar 42 Planejamento Estratégico que, para a formulação de uma estratégia competitiva eficaz, também é imprescindível a análise do ambiente interno, assunto que será abor- dado na próxima seção. Nesse momento, portanto, focaremos somente no aspecto exter- no do ambiente, que, se adequadamente analisado e compreendido, poderá contribuir com o direcionamento estratégico da empresa, uma vez que permite a realização de um prognóstico capaz de indicar as tendências para o ambiente em que opera. É importante lembrar que o ambiente externo é constituído do ma- croambiente, onde estão localizadas as dimensões econômicas, sociais, globais, tecnológicas, políticas, jurídicas e demográficas, e do ambiente competitivo, no qual estão concentrados os obstáculos impostos pelo mercado e pelos concorrentes. Nesse sentido, podemos dizer que o ambiente externo funciona como um guarda-chuva, englobando todas as empresas e sujeitando-as às mesmas intempéries. A grande quantidade de variáveis existentes no ambiente externo torna o cenário competitivo extremamente complexo, pois motiva as empresas a inovem constantemente seus processos, produtos e servi- ços, a fim de se diferenciarem de seus concorrentes. Esse movimento disruptivo contínuo, faz com que as empresas te- nham dificuldades de adequarem suas estratégias às condições impos- tas pelo ambiente competitivo (CHIAVENATO, 2020). Para uma melhor adequação na definição das estratégias e evitar erros, os gestores precisam compreender que uma dinâmica altamen- te mutável, como a do ambiente externo, é um grave complicador nas decisões estratégicas, podendo levar a empresa à falência. Para não colocar em risco a sustentabilidade e a perenidade do ne- gócio, portanto, os gestores precisam ter competência para ler e in- terpretar as variáveis externas, a fim de criar estratégias que possam garantir que a empresa seja capaz de entregar valor e inovação aos seus stakeholders (CHIAVENATO, 2020). Os desafios impostos pelo ambiente externo exigem dos gestores visão estratégica, que os ajudará a enxergar, de maneira abrangente, o mundo corporativo. Contudo, a visão estratégica não é algo simples; para que ela seja plena e tenha a abrangência esperada, são necessá- rias outras quatro maneiras de enxergar o ambiente externo, a saber: intempérie: termo relacionado a infortúnios, fatalidades, cala- midades, adversidades etc. Glossário Inteligência competitiva 43 Visão sistêmica: visualizar a totalidade para perceber o papel e as relações entre as partes que a compõem. Visão antecipatória: perceber as consequências de suas decisões no futuro da organização. Visão periférica: compreender o entorno, e interpretar como são as interações entre o sistema e seu ambiente de tarefa. Insight e intuição: imaginar, intuir e entender para onde a empresa está caminhando (CHIAVENATO, 2020). Dotado de visão estratégica e conhecedor da amplitude e com- plexidade do ambiente externo, o gestor necessitará realizar um diagnóstico das variáveis que atuam sobre a empresa, com o intuito de identificar as ameaças e oportunidades que podem afetar o de- sempenho organizacional (CHIAVENATO, 2020). Na sequência, abordaremos algumas ferramentas que são utili- zadas para realizar o diagnóstico do ambiente externo e que tam- bém são utilizadas para o diagnóstico do ambiente interno. É preciso destacar que o diagnóstico do ambiente externo, ape- sar de extremamente relevante e muitas vezes vital para a empresa, não terá valia se não for realizado conjuntamente com o diagnósti- co do ambiente interno. A realização do duplo diagnóstico (externo e interno) possibilita que a organização adeque estrutura, modelo de gestão, cultura, processos internos, produtos e serviços etc., de maneira a apoiar e suportar a estratégia corporativa em longo prazo (CHIAVENATO, 2020). Existem algumas ferramentas que podem ser utilizadas pela empresa para a realização da análise ambiental, são elas: a matriz SWOT (simples e cruzada); a matriz G.E.; e a construção de cená- rios. Cada uma dessas ferramentas, que veremos a seguir, oferece grande contribuição às empresas que buscam melhorar seu posi- cionamento estratégico e obter vantagem competitiva. Essas pos- sibilidades as tornam essenciais aos gestores para a tomada de decisão estratégica. 44 Planejamento Estratégico 2.2.1 Matriz SWOT cruzada A matriz SWOT surgiu nos anos 1960, na Harvard Business School, durante um debate sobre a utilização dos pontos fortes e fracos pe- las empresas na exploração das oportunidades existentes no merca- do competitivo ou para enfrentar as ameaças oriundas do ambiente (GHEMAWAT, 2002). O nome SWOT decorre da união das iniciais das palavras strengths (forças), weakness (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças). Observe que cada palavra corresponde a uma dimensão que deve ser considerada ao longo do processo de análise. Esse pro- cesso é feito com a elaboração de uma planilha, semelhante ao modelo ilustrado na Figura 3. Figura 3 Modelo planilha análise SWOT Análise SWOT Descrição do negócio Público-alvo Missão Ambiente interno (forças e fraquezas) Ambiente externo (ameaças e oportunidades) Pontos fortes Pontos fracos Ameaças Oportunidades Fonte: Elaborada pelo autor. É importante esclarecer que, apesar de aparentemente simples, a construção dessa planilha é extremamente complexa e morosa, uma vez que é necessário observar, identificar e analisar detalha- damente cada item que pode afetar o desempenho organizacional. Inteligência competitiva 45 Além de foco e do comprometimento ao longo de todo o proces- so de avaliação dos ambientes interno (forças e fraquezas) e exter- no (ameaças e oportunidades), as pessoas responsáveis precisam possuir profundo conhecimento desses ambientes, do mercado e do negócio da empresa. Mas o que são pontos fortes