Prévia do material em texto
CONSTRUÇÃO CIVIL Alessandra Martins Cunha André Luís Abitante Caroline Schneider Lucio Lélis Espartel Ronei Tiago Stein Vinicius Simionato Pinturas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Conhecer os sistemas de pintura. � Identificar os principais tipos de tinta e acabamentos. � Analisar a aplicação das tintas nos principais materiais utilizados na construção. Introdução Neste capítulo será abordado um tema que, a princípio, parece puramente estético: a pintura. Além da estética, a pintura possui, principalmente, o caráter de proteção do substrato, ou seja, a camada exposta da construção. Sem a tinta, a alvenaria, o metal e/ou a madeira estariam muito mais expostos às intempéries, umidade e tantos outros agressores. A qualidade da pintura aplicada reflete o cuidado e capricho que o profissional teve na obra como um todo. Pintura Para conhecer o sistema de pintura, primeiramente deve-se saber que pintura é uma camada de recobrimento de uma superfície (veja a Figura 1), com funções protetora e decorativa, obtida pela aplicação de tintas e vernizes, através de técnicas específicas. Deste modo, a pintura faz a edificação adquirir maior durabilidade (BRITZ, 2007). Figura 1. Representação das camadas no substrato. As tintas são constituídas basicamente de pigmentos, resinas, solventes e aditivos (CORAL, [2010?]), e podem ser classificadas em: � seladores/ fundos preparadores; � massas; � primers; � esmaltes; � tintas de acabamento; � vernizes; � e silicone. Para saber mais sobre os materiais constituintes, leia o texto Materiais constituintes em vernizes e esmaltes (AZEREDO JR., 2004). Sistemas de pintura A degradação dos revestimentos de parede, mesmo quando superficial, afeta a aparência dos edifícios (VEIGA, 2002), contudo, é importante considerar sua função tanto no aspecto decorativo como no aspecto de proteção e observando Construção civil338 este contexto torna-se relevante considerar sua característica psicológica, pois influencia no comportamento humano e no conforto do ambiente, daí a necessidade de critérios bem definidos na escolha de cores e do tipo de tinta utilizada nos sistemas de pintura. (FREIRE, 2006). Os sistemas de pintura podem ser classificados como (AZEREDO JR., 2004): � Pintura arquitetônica: tem a função decorativa, embora também protetora e deve ser considerada no processo de planejamento da edi- ficação, levando em consideração suas características e especificações. � Pintura de manutenção: são aquelas aplicadas primeiramente para proteção e incluem uma série de recobrimentos aplicados sobre metais, concreto, etc. � Pintura de comunicação visual: sua finalidade é a de identificação, advertência e delimitação de áreas. Os principais sistemas de pintura empregados na construção imobiliária são baseados nas resinas PVAs, acrílicas e alquídicas, e na construção industrial empregam-se sistemas de pintura formulados a partir de diversas resinas como de epóxi, de poliéster e de borracha clorada. Os constituintes dos sistemas de pintura são: � Tinta de fundo (primer): substância líquida, constituída por resinas, solventes (ou água), pigmentos e aditivos, inicialmente aplicado sobre um substrato, com a função de preparar a base para receber a massa e ou a tinta de acabamento. � Massa de nivelamento: substância pastosa, constituída por resinas solventes (ou água) e cargas inertes, aplicado sobre a superfície já preparada com o fundo, com a função de corrigir irregularidades e proporcionar superfície com textura lisa. � Tinta de acabamento: substância líquida, constituída de resinas, sol- ventes (ou água), pigmentos e aditivos, a qual, depois de ser aplicada e secar, converte-se em película sólida, aderente e flexível, com a função de acabamento final da pintura. � Verniz: substância líquida, constituída por resinas, solventes e aditivos, depois da aplicação, sofre um processo de cura, converte-se em uma película transparente, aderente e flexível com a função de beleza e proteção. 339Pinturas O aparecimento de manchas de mofo, são características de um grupo de seres vivos que se proliferam em condições de clima favorável, como em ambientes úmidos, mal ventilados ou mal iluminados. Nestes casos, recomenda-se lavar toda a área afetada com escova de nylon ou pano e uma solução de água e hipoclorito de sódio (cloro). Tipos de tintas e acabamento Os principais tipos de tintas e acabamentos são especificados abaixo: � Látex (PVA): é uma tinta à base de água, não lavável, de secagem rápida e média cobertura. � Acrílica: tinta à base d’água, com excelente lavabilidade e cobertura. � Esmaltes sintéticos: ótimo acabamento, resistência a intempéries; boa espalhabilidade e ótima resistência ao mofo. � Texturas: tinta à base d’água, com efeito de textura em alto relevo. � Tinta à óleo: possui ótima resistência a intempéries; é de fácil aplicação, e possui boa cobertura e flexibilidade. � À base de cal: é mais econômica, possui superfície fosca e lisa, e mistura-se à água. � À base de epóxi: possui alta resistência à abrasão e a agentes químicos e é sensível a raios UV. As condições ideais para a escolha da tinta é a facilidade na aplicação, rápida secagem, boa aderência e durabilidade e resistência após a aplicação. Construção civil340 Aplicação da tinta e de materiais utilizados na construção Em alvenaria, concreto, argamassa e gesso são utilizadas pinturas per- meáveis ao vapor d’agua, como emulsões à base de resinas PVA, acrílicas ou estireno-acrílicas, tintas à base de cimento ou de cal (caiação). Também podem ser utilizadas tintas impermeáveis ao vapor d’agua como alquídicas (esmaltes sintéticos), epóxi, borracha clorada e vernizes alquídicos, acrílicos ou poliuretânicos. Já em pinturas em madeira utiliza-se tintas alquídicas (esmalte a óleo, esmalte sintético), esmaltes acrílicos (base d’água) e vernizes (alquídicos, poliuretânicos). A madeira deve ser limpa, aparelhada, seca e isenta de óleos, graxas, sujeiras ou outros contaminantes e também receber tratamento bactericida e fungicida (fundo preservativo). Madeiras resinosas ou áreas que contenham “nós” devem ser seladas com verniz. É importante selar a parte traseira e os cantos da madeira antes de instalá-la, para evitar a penetração de umidade por esse lado. O cuidado com a vedação de furos, frestas, junções é necessária para prevenir infiltrações de água da chuva. Para pintura de metais, aplica-se tintas alquídicas (esmaltes sintéticos) e epoxidícas (de borracha clorada, de poliester). Este tipo de material é muito vulnerável à corrosão. O processo de preparo depende do tipo e concentração dos contaminantes e as exigências específicas de cada tipo de tinta. Alguns tipos de tinta têm uma boa aderência somente quando a superfície é preparada com jateamento abrasivo, que produz um perfil rugoso adequado para a perfeita ancoragem do revestimento (FREIRE, 2006). 341Pinturas Devem ser removidos todos os contaminantes que possam interferir na aderência máxima do revestimento, inclusive a ferrugem através de lixamento manual com lixa de ferro. Os óleos e graxas devem ser removidos através da fricção com estopa embebida em solventes. O lixamento mecânico com lixadeira elétrica ou por processos químicos também é utilizado, atentando-se para a eliminação total do produto após a remoção da oxidação (FREIRE, 2006). As superfícies galvanizadas que receberam um tratamento químico através da aplicação de uma camada de zinco eletrodepositada, necessita de um fundo aderente (primer para galvanizados ou wash primer). Pinturas e acabamentos texturizados, devem possuir uma espessura < 1,0 mm, ou seja, < 1 kg/m², aplicada a rolo ou com desempenadeira, para efeito texturado, dando textura rugosa a fim de disfarçar pequenas imperfeições da base. Caso a espessura seja de 2 a 3 mm consumo de 2 a 5 kg/m², aplicado com revólver e desempenadeira.Nos acabamentos texturizados usa-se base acrílica ou estireno-acrílica e aplica-se o fundo selador específico. Para garantir boa aderência do acabamento a ser aplicado, qualquer que seja o sistema adotado, massa PVA, acrílica ou esmalte ou a óleo, é fundamen- tal, após o lixamento, a máxima remoção do pó residual produzido. Limpar completamente o recinto, a fim de evitar o pó, para que não haja impregnação da tinta; O uso da escova é importante para não danificar o fundo nivelador, os quais dependem do tipo de superfície a ser pintada. Em seguida, deve ser aplicado um selador tipo incolor, (selador PVA, selador acrílico) que penetrará e selará a massa. Acabamentos à base de água devem ser diluídos, como regra, de 50 a 100% por volume. Acabamentos à óleo ou sintéticos devem ser Construção civil342 diluídos na condição máxima recomendada, conforme o método de aplicação e solvente (FREIRE, 2006). Para você ver mais um sobre Pinturas em alvenaria leia Patologia em paredes de alvenaria e entenda como trabalhar em paredes com defeitos. (SILVA; ABRANTES, 2007). 343Pinturas AZEREDO JR., H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. BRITZ, A. A. Diretrizes para especificação de pinturas externas texturizadas acrílicas em substrato de argamassa. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. CORAL. Manual de Orientação para pintura imobiliária e especificação técnica de produtos. São Paulo: Tintas Coral S/A, [2010?]. FREIRE, A. A. O uso das tintas na construção civil. 2006. Monografia (Especialização em Construção Civil) – Escola de engenharia da UFMG, Belo Horizonte, 2006. VEIGA, Maria do Rosário. Intervenções em revestimentos antigos: conservar, substituir ou...destruir. [S.l.: s.n.], 2002. Disponível em: <http://conservarcal.lnec.pt/pdfs/RV- -Patorreb_2006.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2017. SILVA, J. M.; ABRANTES, V. Patologia em paredes de alvenaria: causas e soluções. In: LOURENÇO, P. B. et al. (Org.). Seminário sobre paredes de alvenaria. [S.l.: s.n.], 2007. p. 65-84. Leituras recomendadas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11702:2010. Tintas para edificações não industriais. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13245:2011. Execução de pinturas em edificações não industriais. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Página em branco