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APOSTILAAPOSTILA ANATOMIA, BIOMECÂNICA, TRATAMENTOS EANATOMIA, BIOMECÂNICA, TRATAMENTOS E DESAFIOS NA REABILITAÇÃO DO LIGAMENTODESAFIOS NA REABILITAÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR E MENISCOCRUZADO ANTERIOR E MENISCO Anatomia, biomecânica, tratamentos e desafios na reabilitação do ligamento cruzado anterior e menisco ___________________________________ Introdução Esta apostila tem como objetivo fornecer uma visão geral da anatomia e biomecânica do joelho, com foco especial no ligamento cruzado anterior (LCA) e menisco. Abordaremos os mecanismos de lesão, aspectos gerais, tratamento conservador e cirúrgico, além de discutir os princípios de reabilitação e um protocolo de tratamento publicado em renomada revista científica. Anatomia e Biomecânica do LCA O LCA é um ligamento fundamental para a estabilidade do joelho. Localiza-se no interior da articulação, conectando a parte inferior do fêmur (osso da coxa) à parte superior da tíbia (osso da canela). O LCA atua como um cabo que impede o deslocamento da tíbia para frente em relação ao fêmur. Localização do LCA O LCA inicia-se no côndilo lateral do fêmur e se estende até a região intercondilar da tíbia (área entre as duas elevações na parte superior da tíbia). Ele é dividido em duas bandas: • Banda anteromedial: Tensa em flexão do joelho, ou seja, quando dobramos o joelho, essa banda fica mais rígida. • Banda posterolateral: Tensa em extensão do joelho, ou seja, quando esticamos o joelho, essa banda fica mais rígida. Função do LCA O LCA desempenha um papel crucial na estabilidade do joelho, principalmente no controle de movimentos de rotação e deslocamento da tíbia para frente em relação ao fêmur. Mecanismos de Lesão do LCA A lesão do LCA geralmente ocorre em atividades que exigem movimentos bruscos de rotação e flexão do joelho, como: • Mudança rápida de direção durante a corrida. • Aterrissagem de um salto com o pé fixo no solo. • Impacto direto no joelho. • Esforço excessivo durante a prática esportiva. Diagnóstico da Lesão do LCA O diagnóstico da lesão do LCA é realizado por meio de exame físico e exames de imagem, como: • Radiografia: Importante para descartar outras condições como fraturas, avulsões e outras lesões ósseas. • Ressonância Magnética (RM): Exame padrão ouro para diagnosticar lesões do LCA, permitindo visualizar a anatomia detalhada do ligamento e detectar rupturas, estiramentos ou outras alterações. Tratamento da Lesão do LCA O tratamento da lesão do LCA depende da gravidade da lesão e da necessidade do paciente. Podemos ter: • Tratamento Conservador: Indicado para lesões leves, envolvendo repouso, gelo, compressão, elevação do membro, uso de medicamentos para dor e anti-inflamatórios, fisioterapia e exercícios de reabilitação. • Tratamento Cirúrgico: Indicado para lesões graves, geralmente quando há ruptura completa do ligamento. A cirurgia envolve a reconstrução do LCA com enxerto de tendão, utilizando tendões do próprio paciente ou de doador. Reabilitação Após a Cirurgia do LCA O processo de reabilitação é essencial para a recuperação funcional do joelho após a cirurgia do LCA. A fisioterapia é fundamental e envolve etapas progressivas: • Fase Inicial: Repouso, controle da dor e edema, alongamento e exercícios de amplitude de movimento (ADM). • Fase Intermediária: Fortalecimento muscular, propriocepção (consciência da posição do corpo no espaço) e treino de equilíbrio. • Fase Final: Retorno gradual à atividade física, incluindo exercícios de alto impacto e atividades esportivas. Anatomia e Biomecânica do Menisco O menisco é uma estrutura em forma de "C" que atua como um amortecedor entre a tíbia e o fêmur, ajudando a distribuir as forças que atuam na articulação e proteger a cartilagem. Existem dois meniscos em cada joelho: medial e lateral. Características dos Meniscos • Menisco Medial: Maior e mais fixo à tíbia, com menor mobilidade. Tende a ser mais lesado devido a sua menor flexibilidade. • Menisco Lateral: Menor e mais ovalado, com maior mobilidade, devido ao formato de "C" e ao menor número de ligações. Função dos Meniscos • Absorver impactos: Os meniscos ajudam a absorver as forças que atuam na articulação do joelho, protegendo a cartilagem. • Aumentar a congruência: Os meniscos aumentam o contato entre os platôs tibiais e os côndilos femurais, proporcionando melhor congruência e estabilidade articular. • Lubrificar a articulação: Os meniscos ajudam a lubrificar a articulação, reduzindo o atrito entre as superfícies articulares. Lesões do Menisco As lesões do menisco são comuns, principalmente em pessoas com mais de 40 anos. Podem ser causadas por traumas, como torções e impactos, ou por degeneração do tecido. Diagnóstico das Lesões do Menisco O diagnóstico das lesões do menisco é realizado por meio de exame físico e exames de imagem, como: • Radiografia: Pode mostrar alterações ósseas que ocorrem junto com a lesão do menisco, como esporões, osteófitos, cistos ósseos e alterações degenerativas da cartilagem. • Ressonância Magnética (RM): Exame mais preciso para diagnosticar lesões do menisco, permitindo visualizar a estrutura interna do menisco e detectar rupturas, fissuras e outras alterações. Tratamento das Lesões do Menisco O tratamento das lesões do menisco depende da gravidade da lesão e da localização da lesão. Podemos ter: • Tratamento Conservador: Lesões pequenas, especialmente em pessoas mais jovens, podem ser tratadas com repouso, gelo, compressão, elevação do membro, medicamentos para dor e anti-inflamatórios e fisioterapia. • Tratamento Cirúrgico: Lesões graves, especialmente em pessoas mais velhas ou com lesões complexas, podem exigir cirurgia. As técnicas cirúrgicas mais comuns são a meniscectomia (remoção de parte do menisco) e a sutura (costura do menisco). Avaliando a Instabilidade do Joelho Na avaliação da instabilidade do joelho, um problema que pode comprometer a funcionalidade e a qualidade de vida do paciente. Abordaremos os mecanismos de lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) e do menisco, os tipos de instabilidade, além de apresentar testes específicos para o diagnóstico e discutir a importância da avaliação cinemática para a prevenção de novas lesões. Compreendendo a Instabilidade do Joelho A instabilidade do joelho ocorre quando a articulação perde sua capacidade de se manter estável, geralmente em decorrência de lesões nos ligamentos que dão sustentação à estrutura. Lesões do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) O LCA, um ligamento crucial para a estabilidade do joelho, conecta o fêmur à tíbia e impede o deslocamento da tíbia para frente em relação ao fêmur. A ruptura do LCA é uma lesão comum em atividades que exigem movimentos rápidos, como esportes de pivô e saltos. Tipos de Instabilidade A instabilidade do joelho pode se apresentar de diferentes formas: • Instabilidade Anterior: Ocorre quando a tíbia se desloca para frente em relação ao fêmur, geralmente devido à lesão do LCA. • Instabilidade Medial: Ocorre quando a tíbia se desloca para dentro em relação ao fêmur, geralmente por lesão do ligamento colateral medial. • Instabilidade Lateral: Ocorre quando a tíbia se desloca para fora em relação ao fêmur, geralmente por lesão do ligamento colateral lateral. • Instabilidade Rotatória: Ocorre quando o joelho gira de forma anormal, geralmente devido a lesões em mais de um ligamento ou em conjunto com lesões meniscais. Testes Específicos para o Diagnóstico Existem diversos testes específicos para avaliar a instabilidade do joelho. Os principais testes para o LCA, menisco e ligamentos colaterais são: • Teste de Gaveta Anterior: Avalia a instabilidade anterior, buscando identificar um deslocamento excessivo da tíbia para frente. • Teste de Lachman: Um teste mais sensível e específico para a detecção de ruptura do LCA, também realizado em flexão do joelho. • Teste de Pivot Shift: Avaliaa instabilidade rotatória, observando a rotação da tíbia em relação ao fêmur em diferentes ângulos. • Teste de Appley: Avalia a integridade do menisco medial e lateral, buscando identificar a fisgada típica. • Teste de McMurray: Avalia a integridade meniscal, buscando identificar o "clique" característico durante a flexão e extensão. • Teste de Bocejo: Realizado em extensão, avalia a amplitude de abertura da articulação para identificar a instabilidade do ligamento colateral medial ou lateral. A Importância da Avaliação Cinemática A avaliação cinemática desempenha um papel fundamental na prevenção de novas lesões e na reabilitação do paciente com instabilidade do joelho. A análise do movimento do paciente durante a marcha, saltos e outras atividades permite identificar padrões anormais de movimento, como a valgo dinâmico. A correção desses padrões, através de exercícios específicos e programas de treino adequados, é crucial para reduzir o risco de novas lesões. Abordagens Cirúrgicas e Reabilitação do Joelho Reconstrução do LCA A reconstrução do LCA é um procedimento cirúrgico que visa restaurar a estabilid ade do joelho após uma ruptura completa do ligamento. Existem diferentes técnic as cirúrgicas que utilizam enxertos de tendão, e a escolha da técnica depende de diversos fatores, como a idade do paciente, o nível de atividade física, a história de lesões previas e o tipo de ruptura do LCA. Técnicas Cirúrgicas As técnicas cirúrgicas mais comuns para a reconstrução do LCA são: • Técnica com Tendão Patelar: Utilizando o tendão patelar, localizado na pa rte frontal do joelho. A técnica é conhecida por sua robustez e oferece boa estabilidade articular, porém pode gerar dor e tendinite na região do tendão . • Técnica com Tendão dos Flexores: Utilizando os tendões do semitendíneo e grácil, localizados na parte posterior da coxa. É uma técnica menos invas iva, com menor risco de dor e tendinite, porém a resistência do enxerto pod e ser menor. • Técnica Transtibial: Utilizando enxerto do próprio paciente, normalmente do tendão patelar, sendo o procedimento realizado por via artroscópica, co m menor invasão e recuperação mais rápida. • Técnica Transportal: Considerada a técnica mais anatômica, visa recriar a anatomia do LCA original, utilizando o tendão do semitendíneo e grácil e fix ando o enxerto com dois parafusos de interferência, um no fêmur e outro n a tíbia. Reabilitação Após a Reconstrução do LCA A reabilitação é um processo crucial para o retorno à atividade física após a recon strução do LCA, sendo essencial para a recuperação da função do joelho e para a prevenção de novas lesões. O programa de reabilitação é dividido em fases e deve ser realizado sob orientaçã o de um fisioterapeuta especializado, com exercícios progressivos e individualizad os: • Fase Inicial: Repouso, controle da dor e edema, alongamento e exercícios de amplitude de movimento (ADM) • Fase Intermediária: Fortalecimento muscular, treino de propriocepção (co nsciência da posição do corpo no espaço) e treino de equilíbrio • Fase Final: Retorno gradual à atividade física, incluindo exercícios de alto i mpacto e atividades esportivas Lesões Meniscais O menisco é uma estrutura cartilaginosa em forma de "C" que atua como um amo rtecedor entre a tíbia e o fêmur. As lesões meniscais podem ser causadas por trau mas, como torções e impactos, ou por degeneração do tecido, comum em indivíd uos com mais de 40 anos. Tipos de Lesões Meniscais • Lesão Longitudinal: Um corte vertical no menisco • Lesão Transversal: Um corte horizontal no menisco • Lesão em "Alça de Balde": Uma parte do menisco se desprende e fica solt a • Lesão Degenerativa: Uma lesão do menisco que ocorre ao longo do tempo , devido ao desgaste natural Tratamento das Lesões Meniscais O tratamento das lesões meniscais depende da gravidade da lesão, da localização da lesão e da idade do paciente. As opções de tratamento incluem: • Tratamento Conservador: Lesões menores, especialmente em pessoas m ais jovens, podem ser tratadas com repouso, gelo, compressão, elevação d o membro, medicamentos para dor e anti-inflamatórios e fisioterapia. • Tratamento Cirúrgico: Lesões graves, especialmente em pessoas mais vel has ou com lesões complexas, podem exigir cirurgia. As técnicas cirúrgicas mais comuns são a meniscectomia (remoção de parte do menisco) e a sut ura (costura do menisco). Reabilitação Após a Cirurgia do Menisco A reabilitação após a cirurgia do menisco segue os mesmos princípios da reabilita ção após a reconstrução do LCA, porém, com algumas adaptações, dependendo do tipo de procedimento realizado. É fundamental que o paciente siga as recomen dações médicas e as etapas de reabilitação para garantir a recuperação total da fu nção do joelho e prevenir novas lesões. Abordagens e Desafios na Reabilitação do Joelho Introdução Esta apostila tem como objetivo discutir as diversas nuances da reabilitação após procedimentos cirúrgicos no joelho, com foco na reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) e no tratamento de lesões meniscais. Abordaremos as principais considerações para a escolha do protocolo, os desafios e as estratégias para garantir uma recuperação completa e segura, bem como a importância de entender o impacto de fatores específicos na evolução do paciente. Reconstrução do LCA: Um Novo Começo A reconstrução do LCA é um procedimento cirúrgico que visa restaurar a função e a estabilidade do joelho após a ruptura do ligamento. O processo de reabilitação após a cirurgia é crucial para a recuperação completa da função e para o retorno seguro à atividade física. Estratégias de Reabilitação A reabilitação pós-cirúrgica do LCA é um processo individualizado, que deve ser adaptado às necessidades de cada paciente, levando em consideração: • Tipo de enxerto utilizado: O tipo de enxerto utilizado na reconstrução (tendão patelar, tendão dos flexores) pode influenciar o tempo de recuperação e a progressão do tratamento. • Nível de atividade física: A reabilitação deve ser planejada de acordo com o nível de atividade física desejado pelo paciente, com um retorno gradual para evitar sobrecarga e prevenir novas lesões. • Presença de outras lesões: Outras lesões associadas, como lesões meniscais ou de cartilagem, podem influenciar o tempo e a intensidade dos exercícios de reabilitação. Desafios na Reabilitação do LCA Alguns dos desafios mais comuns encontrados na reabilitação do LCA são: • Controle do processo inflamatório: O inchaço e a dor são comuns após a cirurgia, exigindo um manejo eficaz para a progressão do tratamento. • Recuperação da força muscular: É fundamental fortalecer a musculatura do joelho, principalmente os músculos que controlam o movimento de extensão, para garantir a estabilidade articular. • Treino de propriocepção: O treino de propriocepção é essencial para a recuperação da consciência da posição do corpo no espaço, fundamental para evitar novas lesões. • Retorno à atividade física: A volta gradual à atividade física, incluindo exercícios de alto impacto e atividades esportivas, exige um planejamento cuidadoso para evitar sobrecarga e garantir a segurança do paciente. Lesões Meniscais: Reabilitação Adaptável As lesões meniscais, muitas vezes associadas à ruptura do LCA, exigem um tratamento individualizado. A reabilitação após a cirurgia do menisco pode variar de acordo com o tipo de procedimento realizado: • Meniscectomia: A meniscectomia parcial (remoção de parte do menisco) geralmente apresenta um pós-operatório mais tranquilo, com menos restrições. • Sutura: A sutura (costura do menisco) pode exigir um período de repouso maior e um retorno gradual à atividade física, para garantir a cicatrização completa. Fatores a Considerar na Reabilitação do Menisco É crucial observar alguns aspectos importantes na reabilitação após a cirurgia do menisco: • Localização da lesão: A localizaçãoda lesão no menisco, como no corno posterior, pode influenciar a recuperação da função do joelho e a progressão da reabilitação. • Tipo de lesão: As lesões no menisco podem ter diferentes características, como longitudinal ou transversal, e o tipo de lesão influencia as estratégias de tratamento. • Idade do paciente: A idade do paciente pode ser um fator determinante na escolha do tratamento e na progressão da reabilitação. Pacientes mais jovens tendem a ter uma melhor recuperação, enquanto indivíduos mais velhos podem ter um processo de recuperação mais lento. Referências Bibliográficas ELIMAN, D. B.; BARRACK, R. L.; WRIGHT, R. W.; BUCHBINDER, R.; FU, F. H. Return to sport after anterior cruciate ligament reconstruction: a systematic review. J Am Acad Orthop Surg., v. 23, p. 283-289, 2015. PALERMO, M. 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